Eu nada fiz durante o resto do dia. Nem mesmo sai do quarto. Nem mesmo sai da cama. Mayra apareceu algumas vezes dizendo que não faltava muito para que me petrificasse no lugar. Não respondi nenhuma de suas provocações, não tinha capacidade mental para isso. Estava pensando e desejando ansiosamente para que as horas passassem de pressa, e realmente passaram, não tanto quanto eu gostaria. Mayra entrou no quarto, pela terceira vez, e seguiu em direção ao banheiro sem dizer nada, voltando algum tempo depois com os cabelos molhados.

— Olha, tá tudo bem? – perguntou – Você nem pisca!

Assenti minimamente.

— Tem certeza? – insistiu, se aproximando aos poucos, com cautela – Não temos intimidade nenhuma, eu sei disso. Mas eu durmo com você, cara. Acho que podemos no mínimo conversar.

Sentei-me na cama, de modo com que minha coluna reclamasse pelas horas intermináveis sem se mover. Ela esbouçou um sorriso e eu me limitei a retribuir. Mas, tinha que dizer algo a ela. Então, imaginei rapidamente o que falar, sem abrir o jogo totalmente, em quanto ela sentava-se no pé da cama. Desviei os meus olhos para o relógio, anunciando que em meia hora seria o toque de recolher.

— Vou me encontrar com alguém daqui a algum tempo – falei.

— O carinha da foto? – franzi o cenho com sua pergunta e ela apontou para o retrato com Paul na escrivaninha – Aquele?

— Não – admiti – É outra pessoa.

— Você parece uma morta-viva – disse, levantando-se – Eu não gostaria de me encontrar com você. Ainda mais anoite. Parece assustador.

Realmente era assustador.

— Não é bem um encontro – rolei os olhos – É um acerto de contas. É, exatamente, um acerto de contas.

— Devo perguntar mais alguma coisa? – perguntou e eu neguei – Tudo bem então. Se aparecerem, eu te cubro.

— Obrigada – agradeci, pegando uma toalha e indo na direção do banheiro.

— Não tem de que – sorriu, ironicamente – Não esqueça que me deverá uma.

XXX

Dean recebeu o recado de Tyler, mas até que o ultimo raio de sol desaparecesse do céu azul, não tinha sua resposta concreta de que apareceria para Katherine, talvez ficasse de longe, olhando até onde a garota iria. Olhando seu semblante frustrado e ao mesmo tempo derrotado. Ou então podia simplesmente aparecer e ver o seu sorriso, favorito e, diabólico no rosto da garota na qual era ligado. Por via das duvidas, ele estava no local na hora marcada, e pode sentir o cheiro na hibrida de longe. Ela estava um pouco longe dele, mas o bastante para não notar a sua presença, mesmo sendo incrivelmente poderosa, Dean era bem mais do que isso e ambos sabiam.

O coração de Katherine parecia bater mais rápido do que nunca, causando uma pulsação irritante do lado esquerdo de sua cabeça. Ela estava começando a ficar irritada com a ideia de que ele pudesse não aparecer, e que estava correndo risco atoa. Poderia ser pega por algum vigilante, mas antes disso desapareceria no meio da floresta, sem deixar rastros. Não que se importasse muito com aquela faculdade, mas tinha um motivo pela qual estava ali. Lutaria pelo motivo até que tudo estivesse acabado.

A garota ouviu passos vindo logo atrás de si, e aspirando o cheiro pode perceber de quem se tratava. Sem ao menos se virar para ele, falou as palavras que tanto havia ensaiado, repletas de sarcasmo.

— Bom te ver, Dean.

E virou-se para ele com o sorriso diabólico que ele tanto havia esperado para rever.