O campus era enorme, e estava repleto de pessoas por toda parte, grande maioria delas se despediam de suas famílias entrando nos seus respectivos quartos, que não eram muito grandes, diga-se de passagem. Alice insistiu horrores para que eu tivesse meu próprio apartamento em Nova Iorque, para que não tivesse de dividir quarto com alguém e que ficasse mais confortável. Mas, nada daquilo faria sentido se realmente estivesse disposta a mudar, e eu estava. O quarto tinha um tamanho bom, considerando que tudo dentro dele tinha dose dupla. Duas camas, dois armários, duas mesas. Só não havia dois banheiros. O quarto era localizado no segundo, e ultimo, andar da ala das garotas. Tinha uma janela que nos dava visão privilegiada da floresta. Imaginei que passaria um bom tempo dentro dela. Mas, garotas normais não faziam isso, então eu também não deveria fazer.

Escolhi um lado do quarto, para começar a me instalar, antes que minha companheira de quarto chegasse. Fiquei por vários minutos imaginado como ela seria. Esperava que fosse legal e ao menos higiênica. Nunca tive de dividir um quarto na vida, essa seria a primeira vez, e não queria que fosse uma experiência frustrante.

Pouco tempo depois que as minhas coisas estavam devidamente instaladas, entrou uma garota loira, abrindo a porta num rompante. Ela largou a mala em cima da cama vaga, que certamente seria a sua, e me olhou abrindo um enorme, e falso, sorriso.

— Tive um péssimo dia – disse. – Sinto muito.

Olhei no relógio dourado preso em meu pulso.

— Não são nem dez horas ainda.

— Sinal de que o dia será péssimo – ela se aproximou, e eu fiquei de pé. – Sou Mayra.

— Katherine.

Ela estendeu a mão e eu aceitei de bom grado, voltando a sentar na cama em seguida, em quanto ela se afastava analisando o quarto.

— Esperava menos – falou.

— Eu também – ela deitou-se, em sua cama de forma desajeitada. – Acho melhor arrumar suas coisas. Teremos algo hoje atarde no campus.

— Algo? – perguntou.

Durante a minha trajetória pelo corredor três garotas diferentes me barraram dizendo que teria uma festa no lado essa tarde, e que deveria estar lá. Se eu deveria, Mayra também deveria.

— Uma festa no lago – dei de ombros. – Algo do tipo.

— Hummm ... estou com preguiça – disse.

— Não vou arrumar pra você – falei, antes que ela pedisse.

— Não pediria isso.

Soube pelo seu tom de voz que, sem duvidas, ela pediria isso. Murmurei um uhum, voltando minha atenção ao livro que havia ganhado de Jasper antes de me mudar. Pude observar, pelo canto do olho, Mayra indo até o banheiro, voltando com uma toalha na mão em pouco tempo. Ela abaixou na frente da porta e do mesmo instante eu fechei o livro para observa-la melhor. A garota se levantou em seguida, pegando algo de dentro de sua mala. A toalha, que antes estava no banheiro, agora tapava a pequena fresta debaixo da porta. Com as janelas e cortinas fechadas, balancei a minha cabeça já imaginando o que ela ia fazer.

— Vai fumar? – perguntei.

— Você quer? – ofereceu, antes de dar a primeira tragada.

— Nem ao menos perguntou se eu me importava.

— Você se importa? – perguntou, rolando os olhos.

— Sim – indaguei. – Dividimos o quarto, lembre-se disso!

— Como eu queria poderia esquecer?

Andei até ela puxando o cigarro de entre os seus dedos e dando uma tragada, soltando a fumaça em seguida. Ela apenas me olhava coma sobrancelha erguida.

— Só acho que devemos nos ajudar, já que agora estamos morando juntas.

Dei outra tragada no cigarro, entregando para ela em seguida e voltando a deitar em minha cama, com livro nas mãos.

— Seremos boas amigas, Cullen.