Seirin no Basket [HIATUS] escrita por Nanahoshi, Heisenberg24, Rayel


Capítulo 8
Período 7 - Há quanto tempo


Notas iniciais do capítulo

Olá meus leitores divônicoooos! Tudo bem com vocês?
Bom, estamos voltando com mais um capítulo de Seirin no Basket com encontros bombásticos :v O negócio começou a ficar sério e tem muita coisa pra ser conversada :v (e jogada AUHSAHSUHAH).Queria deixar meu agradecimento especial aos leitores divônicos que nos encheram de amor mesmo depois do hiatus e que não abandonaram essa história q estamos escrevendo com todo o amor e a dedicação (cês n tem noção tem umas horas que a @_Heisenberg quer me matar com as perguntas que eu faço AUHSUHASH tem algumas cenas q dão muito trabalho UAHSUAH). Marylin C, sua divaaaa!! Sempre me deixa maluca com seus comentários mega foférrimos! Vou trazer muitas fofuras pra gente de KnB (e Haikyuu!!) pra gente surtar UAHAHSUHAHSH. E queria agradecer ao João Vitor (João eu n sei em qual plataforma vc lê então vô colocar em tudo, mas vc merece né? Afinal é o fã numero 1 da fic UAHSAUHSUAHH) por dar todo o apoio, me animando e me puxando a orelha quando eu enrolo pra escrever AUHSAUH JOÃO NÃO PODIA TER ARRANJADO FÃ NÚMERO 1 MELHOR Q VOCÊ (cê até shippa os OTPs - como ser tão divo?). Muito obrigada de verdade seus divooooos!
Bônus:
Bom, como sempre viajamos bastante na maionese com nossas fics, vez ou outra me pegava matutando sobre qual música seria a ideal para colocar de abertura para essa temporada de Seirin no Basket. E NÃO É QUE EU ACHEI ♥? Título melhor não havia, e ainda por cima da mesma banda que faz a maioria das openings de KnB (aqueles divos ♥): "Supernova", do GRANRODEO. Vou deixar o link nas notas finais para vocês escutarem hihihi
No mais, boa leitura!
Glossário
Screen - é um movimento usado em alguns esportes para bloquear a passagem de um jogador. Enquanto dois se enfrentam no mano-a-mano, um se posiciona atrás do adversário. O que está em posse de bola avança, e quando seu marcador tenta acompanhar, esbarra no que está atrás.
Shooting guard - ala-armador



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—E aí, tá preparada?

Kazuki riu com a pergunta do irmão. Estava sentada na cama, já de pijamas, fazendo seu ritual de todos os dias antes de dormir: ligar para Kazuko.

—Preciso estar. – ela respondeu ajeitando o telefone na orelha. Seu irmão estalou a língua de forma impaciente do outro lado da linha – Tá, ok, estou sim. Só um pouco nervosa.

—Ah, isso é normal. Primeiro jogo e etc. Mas você... Pelo menos, você tá mais calma em relação a... – Kazuko fez uma pausa do outro lado da linha, provavelmente buscando a palavra mais adequada. – tudo, não é?

Kazuki ficou alguns segundos em silêncio pensando em sua resposta. Ela girou o pescoço e olhou para a porta de seu quarto. Pendurado no cabideiro, o uniforme escolar que deveria pertencer a seu irmão balançava suavemente por uma brisa que entrava pela fresta da janela. Fixando o tecido escuro da jaqueta, Kazuki começou a repassar tudo aquilo que tinha passado naquela última semana como Murakami Kazuko. A garota sorriu tristonha, a pergunta do irmão ainda ressoando em sua cabeça. 

“Ele está naquele estado e é comigo que se preocupa?”, pensou apertando os lábios. Não queria trazer essa questão à tona, já que sabia que Kazuko ficaria incomodado.  

—Nee-chan? – chamou a voz do irmão, quebrando o silêncio na qual a irmã mergulhara.

—Ah, sim! – respondeu Kazuki piscando levemente sobressaltada quando o fio de seus pensamentos foi quebrado – Desculpe, acabei viajando aqui com sua pergunta... Eu estou melhor sim, Kazu-nii.

A garota sorriu olhando para os shorts de seu pijama.

—Eu estava muito apavorada no começo... Pelo fato de ter sido descoberta tão fácil pela Riko, e logo em seguida por dois dos meus veteranos. Mas eu já me acalmei. Vou me soltar mais... E acho que, com o amistoso de amanhã, vou poder me sentir parte do time de uma vez por todas.

Kazuko soprou por um instante, e Kazuki teve certeza que ele estava sorrindo.

—É... – sua voz ganhou um tom sonhador. – Queria conhecer os caras.

Kazuki se remexeu na cama sentindo um nó se formando no fundo de sua garganta.

—Você vai, nii-chan! Voc... – a voz da garota morreu quando um leve suspiro soou do outro lado da linha, fazendo-a entender o verdadeiro significado daquela frase.

Um momento de silêncio pesaroso se arrastou entre os irmãos, até que Kazuki retomou a palavra:

—E você? Está conseguindo...

—Sim. Uma hora cansei de reclamar. Decidi seguir o que a vovó disse.

Kazuki sorriu, tristonha.

—Olha, - a voz de Kazuko voltou a soar com energia – não fica pensando nisso, ok? Se você ficar pra baixo, não vai conseguir me imitar de forma convincente.

—Ei! – protestou Kazuki indignada, mas ficou óbvio que também lutava para segurar o riso. – Eu estou fazendo um Murakami Kazuko muito autêntico, tá? A Riko só me pegou porque eu arremessei.

—Eu tinha te falado antes: ia ser bem difícil enganar a Riko. Ela te reconhecer era bem previsível.

O sorriso de Kazuki desapareceu quando ela percebeu aonde o irmão queria chegar.

—Você acha que o Shin-kun... vai me reconhecer fácil como a Riko?

—Muito provável.

A garota apertou os lábios. Enfrentar Midorima Shintarou seria complicado, pois não haveria comportamento capaz de esconder Kazuki na aparência do irmão. Midorima conhecia todas as jogadas da amiga, afinal, fizera parte de todo o seu treinamento. Nada poderia passar facilmente despercebido pelo olhar clínico do jogador.

—E se eu não arremessar? – ela sugeriu num tom inseguro, buscando de alguma forma algo capaz de esconder sua verdadeira identidade. Sempre valia a pena carregar alguma esperança.

—Ficou louca? Se você não arremessar, não é o seu basquete. Além disso, depois de 5 anos, eu poderia muito bem ter mudado meu estilo de jogo focando em arremessos de três pontos. Não vai ser o arremesso que vai te entregar.

—Então o que...

—Esquece, Kazu-nee. O Shintarou nos conhece há tempo demais. Mesmo depois desses anos, ele vai te reconhecer. Afinal... Foi ele que te ajudou a criar o seu basquete.

Dando-se finalmente por vencida, Kazuki soltou um longo suspiro.

—Ai, fazer o quê?

—Não esquenta. Só tenha em mente que é bem possível ele te dar uma bronca depois que descobrir.

Kazuki riu e o irmão acompanhou-a. 

—Bem a cara dele. – disse a garota ainda lutando contra o riso.

—Você vai ter que me contar todos os detalhes do jogo depois, viu? – disse Kazuko elevando a voz de repente, a excitação permeando cada sílaba.

—Pode deixar! – respondeu Kazuki com energia.

—Aaah, queria tanto assistir... – lamentou o menino, e Kazuki pode ouvir nitidamente o som dos dedos de Kazuko bagunçando seu cabelo.

Enquanto o irmão murmurava lamentos do outro lado da linha, a garota baixou os olhos e fixou os dedos flexionados da mão esquerda. Vários questionamentos zumbiram em sua mente, mas um se destacou dos demais, escandaloso e irritante.

“Será que eu vou conseguir enfrentar o Shin-kun de igual pra igual agora?”

A frase ecoou incontáveis vezes, até que um novo som se sobrepôs, trazendo Kazuki de volta para a Terra.

—Oi, Kazuki! – chamou Kazuko, impaciente, fazendo o telefone chiar. – Tá me escutando?

—Ah, tô! Tô sim! – respondeu a garota piscando várias vezes e se endireitando na cama.

—Tsc, vai ser avoada assim lá longe... – resmungou Kazuko bufando baixo. – Eu preciso desligar. Mas antes, quero que me prometa uma coisa.

Kazuki arqueou as sobrancelhas e esperou.

—Promete que vai meter no mínimo quatro cestas de três no amistoso?

—Só quatro? – questionou Kazuki, incrédula, fazendo Kazuko cair na gargalhada.

—Nossa, tá bom, Senhorita Cestinha, pode fazer mais de quatro se está pouco para o seu gosto. Só quero que não pegue leve com o Shintarou.

Kazuki sorriu, e um arrepio de excitação fez seu corpo vibrar.

—Pode deixar... Vou jogar por nós dois.

Kazuko emudeceu do outro lado da linha por longos segundos, até que, por fim, disse:

—Obrigado, Kazu-nee. Boa noite. E bom jogo amanhã. Vou estar torcendo por você.

—Boa noite, nii-chan. E pode ficar tranquilo. Isso é o que irmãos fazem. Obrigada. Mande um beijo para a vóvó e o vovô.

—Mando sim. – e dizendo isso, Kazuko desligou.

Kazuki baixou o celular e fitou o aparelho que permanecia com a tela ligada mostrando sua lista de últimas chamadas. Estreitando os olhos de forma pesarosa, a garota imaginou o irmão deitado na cama depois de desligar o celular. Um nó incômodo voltou a se formar no fundo de sua garganta quando a voz de Kazuko tornou a soar novamente em sua cabeça. Lembrando-se da conversa, ela pôde perceber que, mesmo parecendo bem, Kazuko havia sido impregnado por uma tristeza constante. Sua voz estava diferente, e poderia nunca mais soar zombeteira e enérgica como antes.

Kazuki balançou a cabeça com energia, plugou o celular no carregador, deixando-o sobre o criado-mudo, e se deitou. Não ia pensar mais sobre isso. Estava fazendo o que ele tinha pedido pra fazer, e precisava dar o seu melhor. Tinha um jogo amanhã, e ela precisava estar bem e concentrada para jogar por eles dois e fazer uma atuação perfeita. Porém, ela sabia que seria impossível jogar 100% como Murakami Kazuko. Mas aquilo, no final das contas, não era de todo ruim. Iria enfrentar Midorima Shintarou depois de 5 anos, e queria mostrar a ele que Murakami Kazuki também tinha evoluído.

***

Antes de sair de casa, Kazuki deu uma última olhada no espelho. Ajeitou a franja irregular que estava idêntica ao do irmão e deu um tapa em cada bochecha.

—Beleza! – ela disse fazendo a melhor imitação da voz de Kazuko que conseguiu. – Hoje eu definitivamente serei Murakami Kazuko.

Checando a hora, a garota sorriu satisfeita e saltou para fora do apartamento. Menos de dois minutos depois já estava nas escadarias da guarita. Cumprimentou o porteiro e saiu a passos rápidos pelo portão. Alguns metros adiante, Kazuki estacou abruptamente, puxando sua pasta para frente e abrindo o zíper com urgência.

“Ai meu Deus! Será que eu peguei? Eu não posso esquec...”

O pensamento se interrompeu assim que seus dedos tocaram a corrente pousada no bolso interno da pasta. Kazuki suspirou aliviada.

“De jeito nenhum que eu vou para esse jogo sem meu amuleto”, pensou a garota sorrindo ao se lembrar do pingente de borboleta. Retomando a caminhada, Kazuki enterrou a mão nos bolsos e ergueu o rosto para olhar o céu. Porém, ela não chegou erguê-los por completo. Seu olhar se deteve numa figura alta trajando o mesmo uniforme que ela, fios ruivos coroando a cabeça. Sorrindo, Kazuki começou a correr na direção do vulto, que se afastava pesadamente, gritando:

—Oooi! Kagami-senpai!

Kagami interrompeu sua caminhada e se virou para procurar quem o chamava, o rosto vincado numa expressão confusa. Porém, assim que reconheceu Kazuki, sorriu e acenou.

—Bom dia, Murakami. – ele cumprimentou assim que Kazuki saltou ao seu lado.

—Bom dia, Kagami-senpai. – ela cumprimentou devolvendo o sorriso.

Kagami sorriu. Tinha sido bem estranho ser chamado de ‘senpai’ no começo, mas agora já se acostumara completamente... E até gostava.

—E então – disse o ruivo sorrindo de forma desafiadora – Preparada para o amistoso?

Kazuki balançou a cabeça positivamente com energia.

—Uhum! Mal posso esperar pra jogar. Quero ver o que posso fazer contra o Shin-kun, mas confesso que fiquei bem apreensiva com os outros jogadores... Principalmente com o armador, o Takao Kazunari.

Kagami franziu a testa ao se lembrar do jogo da Shutoku contra a Rakuzan nas semifinais da WinterCup. Os vincos se aprofundaram quando se lembrou do resultado da disputa pelo terceiro lugar, na qual a Shutoku teve uma vitória esmagadora sobre a Kaijo. Era óbvio que a Kaijo não teria chance sem o Kise para enfrentar Midorima, mas o fato de o placar ter sido tão discrepante mostrava a real força da Shutoku, já que os outros titulares da Kaijo passavam longe de serem desprezíveis.

—É, ele pode dar muito trabalho.

Kazuki franziu a testa e depois soltou um suspiro com um leve ar desolado.

— Ah, eu queria tanto marcar o Shin-kun, mas o Hyuuga-senpai vai jogar de shooting guard.

Kagami ergueu uma sobrancelha e coçou a bochecha com o indicador.

—Marcar o Midorima? Bem... – seu tom pensativo começou a vacilar para um leve desconcerto. – O Hyuuga-senpai seria mais... adequado... é...

Kagami gesticulava com as mãos para cima, tentando fazer com que pelos gestos, Kazuki entendesse o ponto em que ele queria chegar.

A garota riu, fazendo o ruivo arquear as sobrancelhas, confuso.

—Está falando isso por causa da minha altura, não é?

Envergonhado, Kagami coçou a nuca e desviou os olhos para a calçada.

—Er... Eu não... Quer dizer... Aah, deixa pra lá. É isso mesmo.

Kazuki tornou a rir e disse:

—Bem plausível. Porém, do tanto que joguei com o Shin-kun, sou capaz de marcá-lo de igual pra igual. – sua voz exalava confiança. – Para parar um arremesso dele, não é necessário ter altura.

O ruivo piscou, e depois arregalou os olhos gradualmente. Não era necessária altura? Midorima Shintarou fora um dos jogadores mais problemáticos de lidar exatamente por ser um shooter muito alto. Kagami fora um dos poucos que conseguira rivalizar com ele pelo fato de ser quase tão alto quanto e ter uma poderosa capacidade de salto. Tudo bem, ele sabia que no basquete não era tudo na base da altura, mas naquele caso...

—Como? – ele perguntou levantando uma sobrancelha.

Um sorriso maroto curvou os lábios de Kazuki, que se limitou a responder:

—Você vai ver no amistoso.

—Hm... Parece... interessante... – o ruivo soltou num tom pensativo depois de alguns instantes de silêncio.

Kazuki arqueou as sobrancelhas para ele com um nítido ponto de interrogação estampado no rosto.

—É que eu nunca tinha pensado sobre isso, sabe... Outra forma de parar um shooter alto.

 “É claro. Você nunca precisou se preocupar com altura, Kagami-senpai”, pensou Kazuki fazendo uma careta falsamente impressionada. 

— Me mostre isso num mano-a-mano um dia desses. – disse o Kagami olhando para frente, uma expressão completamente

determinada marcava seu rosto. – Ver uma vez não vai ser suficiente, e eu prefiro aprender as coisas na prática.

Kazuki abriu um largo sorriso. Agora que tudo se estabilizara, ela estranhamente se sentia agradecida por Kagami e Kuroko terem descoberto seu disfarce. Lidar com o time ficara muito mais fácil, e os dois haviam sido decisivos para que ela se enturmasse bem. Não estava mais acuada ou receosa. Muito pelo contrário: agora já se sentia à vontade perto de (quase) todos e conseguia agir normalmente. Além disso, o segredo que Kagami e Kuroko guardavam acabaram aproximando-os mais de Kazuki de forma inconscientemente protetora. Com isso, a garota sentira muito mais liberdade para conversar com eles, mesmo que às vezes ela não soubesse como lidar com a inexpressão de Kuroko e suas falas curtas e diretas. Porém, nessas horas, Kagami sempre recorria. Era até assustador a forma como era fácil conversar com ele, trocar ideias sobre basquete que já começavam a desmembrar-se em outros assuntos. E a forma como ele a tratava, mesmo sabendo que era uma garota, deixava-a extremamente tranquila, não só com relação ao disfarce, mas em relação ao basquete. E isso apenas se intensificava.

—Eu mostro sim! – ela respondeu, animada.

Kagami tornou a emergir em pensamentos, até que, subitamente, soltou uma exclamação.

—Ah! Eu preciso te entregar uma coisa.

Diante do olhar confuso de Kazuki, o ruivo puxou sua pasta, abriu-a e puxou um embrulho transparente para fora, estendendo-o para a garota.

—Seu uniforme. Recebemos ontem, no final do treino. A treinadora esqueceu de te entregar quando você saiu mais cedo.

Por um momento a garota entortou um nariz, já que tivera que sair do treino para poupar a perna. Porém, instantes depois, seu olhar baixou para o embrulho, e Kazuki sorriu de orelha a orelha ao ver a Jersey branca com o número 12 estampado em algarismos quadrados.

—Ah, obrigada! – ela exclamou sem conseguir conter a empolgação.

Kagami sorriu ao ver os olhos da menina brilhando ao admirar o uniforme. Lembrava-se de ter se sentido extasiado ao receber o seu, mas não o demonstrara da forma que Kazuki estava fazendo. A alegria da menina era genuína, que parecia segurar algum tipo de prêmio. Ela estava realmente maluca para jogar.

—Eu ia te ligar avisando que ia passar na sua casa para entregar, só que aí eu lembrei que não tenho seu número. – explicou Kagami ainda observando as reações de Kazuki.

—Ah! – ela soltou uma exclamação e voltou os olhos para o veterano. – É mesmo. Eu não passei meu número para ninguém do time... e nem peguei o de ninguém.

Dito isso, a garota puxou sua pasta e remexeu em seu conteúdo até encontrar seu celular.

—Me passa o seu, Kagami-senpai. Aí eu te mando uma mensagem e você já salva o meu.

Kagami ditou o número para Kazuki, que assim que salvou o contato, enviou o SMS.

—Prontinho. – ela disse tornando a abrir a pasta para guardar o celular e o uniforme. – Obrigada de novo pelo uniforme. Caramba! Mal posso esperar pra vesti-lo.

O ruivo tornou a sorrir de leve para a garota, ainda impressionado com o quanto ela estava empolgada. Voltando os olhos para cima, ele buscou na memória a imagem acuada e encolhida de Kazuki depois de ter sido descoberta por ele, Kuroko e Riko. Realmente, a diferença era grande da menina que sorria animada ao seu lado agora, e de certa forma, Kagami se sentia bem por vê-la se soltando. Kazuki era uma companhia muito agradável, e das vezes que haviam conversado, ele se sentia extremamente à vontade, já que era muito fácil conversar com ela.

Após mais alguns minutos de caminhada, o zumbido da conversa de uma multidão de alunos alcançou os dois estudantes da Seirin, que logo estavam adentrando os portões e dirigindo-se para suas respectivas salas. Assim que chegaram no primeiro andar, Kazuki saltou para o corredor e acenou para Kagami, dizendo com uma voz bem mais grave do que a que estava usando antes de entrarem na escola:

—Até mais tarde, Kagami-senpai. Obrigado de novo!

Kagami devolveu o aceno piscando diante da mudança súbita da menina. Suspirando, o segundanista tornou a subir as escadas. “Tem horas que esse disfarce realmente me confunde.”

***

—Ei! Garotas são proibidas aqui no vestiário! -gritou Takao jogando seu casaco alaranjado da Shutoku para a garota de cabelos alaranjados. Recebendo a roupa, ela riu e jogou de volta pra ele. 

Já completamente adaptada as brincadeiras de Takao, Nakatani Tatsumi observou os garotos da Shutoku, já completamente vestidos. Alguns amarravam cadarços e outros, como Midorima, mantinham seus velhos hábitos antes dos jogos. O rapaz de cabelos esverdeados apertava uma espécie de tesoura com o cabo azulado entre os dedos, concentrado demais para atentar-se a sua presença. Observava o objeto com dúvida e até tranquilidade. Já o calouro Haido digitava em seu celular avidamente, e pelo que conseguia enxergar, parecia um SMS bem longo. Tatsumi não sabia quase nada sobre ele, afinal, mantinha-se geralmente calado ou falando de basquete. A única coisa que sabia era que Haido estava sempre acompanhado de uma garota chamada Jiyan, que também era jogadora de basquete da Shutoku.

Vendo-o digitar de forma tão agitada, Tatsumi se aproximou. O gesto fez com que Haido erguesse a cabeça quase que instantaneamente, os cabelos cinzentos caindo um pouco para frente e cobrindo parte de sua testa.

—Nervoso? – perguntou a manager, apontando com o olhar os outros garotos do time. Ninguém parecia nervoso, entretanto tranquilos não estavam. Sabiam com quem estavam jogando e, para alguns, o último jogo era ainda uma lembrança fresca. – O Midorima-kun disse que já jogaram contra a Seirin antes… mas o problema é que não sabemos nada sobre os calouros. Provavelmente sentem o mesmo em relação a vocês.

Haido concordou com um aceno de cabeça. Apoiou o queixo nas mãos fechadas em punhos e observou seus veteranos. Midorima parecia muito tranquilo, apesar de quieto demais. O que demonstrava a falta de receio deles em relação aos novatos da Seirin era o fato de que Takao permanecia brincando, reclamando por algum motivo com

Midorima, talvez do seu item da sorte. 

“Se soubessem o que os espera não ficariam assim tão tranquilos e despreocupados”, pensou o rapaz, abrindo um pequeno sorriso. Estava tão ansioso que era evidente em seus olhos castanho claros. Contribuía em milhões para sua diversão saber o quanto seus colegas estavam despreocupados para o jogo que se seguiria em poucos minutos. Imaginar-se em quadra novamente com ele, com Jiyan assistindo... Seria quase como voltar àquela época.

Tatsumi preferiu deixar que o calouro se concentrasse e aproximou-se da outra dupla de titulares. Miyaji Yuuya, irmão de Miyaji Kiyoshi passava instruções para o calouro pivô, Kimura Isao. Assim como Yuuya, Isao havia ingressado na Shutoku por causa de seu irmão mais velho, Kimura Shinsuke. Não possuía a mesma estrutura bruta e sólida, mas sua altura e o porte esguio, somado à sua habilidade para rebotes e bloqueios, garantiu facilmente seu posto de titular como central.

—Posso ajudar em alguma coisa, Miyaji-kun, Kimura-kun? – disse Tatsumi num tom suave.

Os dois jogadores tiveram um leve sobressalto por estarem tão compenetrados na conversa, mas assim que viraram o rosto e viram Tatsumi, um leve sorriso fez suas expressões relaxarem.

—Nakatani-senpai. – disse Miyaji com um leve rubor nas bochechas. Ficara meio óbvio que o segundanista caíra por ela desde o primeiro dia que ela fora apresentada ao time.

Kimura apenas fez um leve aceno com a cabeça.

—Está t-tudo bem. – respondeu Miyaji. – Só estou passando mais algumas dicas para o Kimura.

Tatsumi alargou o sorriso de forma doce. Kimura, com seus olhos estreitos, o cabelo liso curto arrumado com perfeição, a expressão séria passava um ar de equilíbrio e calma. Mesmo sendo calouro, não parecia nem um pouco nervoso. Já Miyaji demonstrava sua calma de forma completamente contrária a Kimura: falava alto e com energia sobre screens, bloqueios e rebotes.

—Qualquer coisa que precisarem é só me chamar. – disse Tatsumi num tom prático, para logo depois se afastar na direção do centro do vestiário.

—Hai! – bradou Miyaji alto demais. Kimura se limitou a acenar rapidamente com a cabeça.

Por fim, Tatsumi voltou a sentar-se no banco ao lado de Midorima, que apenas lançou a ela um olhar sério. Empurrou os óculos para mais perto dos olhos e então apertou novamente a ‘tesoura’.

—Obrigado pelo meu item da sorte, n-nanodayo – ele agradeceu, arrancando um pequeno sorriso da colega de time. – Eu nem sabia onde procurar por isso quando saiu no Oha Asa. 

—Não há de que, Midorima-kun. Curvex é um item obrigatório numa bolsa feminina – ela comentou, sorrindo para ele e também Takao, que observava os dois com um sorriso entretido.

—Você evitou uma crise aqui, Tatsumi-senpai! – brincou Takao tentando pegar o curvex das mãos de Midorima, mas o rapaz encolheu o braço e evitou que ele tocasse em seu item da sorte. - Mas sério, como que se usa isso?

Estendendo a mão para o curvex, Midorima não hesitou em emprestá-lo para a dona do objeto. Realmente, mesmo que o comentário de Takao fosse desnecessário e inconveniente, era uma verdade. Sem o item da sorte por quase todo o dia, aquelas pareceram as horas mais penosas de sua vida. Estava incrivelmente incomodado com alguma coisa, provavelmente por saber que jogaria com o amigo de infância naquele dia sem o mínimo de sorte se não fosse por Tatsumi. Embora ainda tímido demais para agradecer apropriadamente, ganhara o respeito por ela quase que imediatamente após aquilo.

O clima entre os jogadores da Shutoku era incrivelmente aconchegante, e Haido pôde perceber isso aos poucos desde que entrara no time. Observou a forma com que a jersey alaranjada encaixava perfeitamente em si e como combinava com sua expressão e cabelos. Não quisera a princípio ir para aquele colégio devido a uma mínima antipatia por ter que abandonar os amigos, mas quando soubera que Jiyan e a irmã mais nova iriam para o mesmo, não demorou muito a se adaptar a ideia.

E agora ver como todo mundo brincava entre si o tranquilizava imensamente. Abriu um pequeno sorriso ao ver a gerente do time indo atrás de Takao com aquele objeto para apertar-lhe os cílios e os outros rapazes do time conversando entre si, comentando sobre o jogo que estava vindo. 

“Me pergunto o quanto vou me divertir nesse jogo... Ou se vou passar raiva.”, um sorriso desafiador rasgou o rosto de Haido.

De repente, Midorima levantou-se vestindo seu casaco e chamou os jogadores para o centro do vestiário. A brincadeira tinha acabado, e por um instante, a tranquilidade parecia ter desaparecido. Reunidos, com Tatsumi ao lado deles sorrindo afim de trazer confiança, Midorima começou a falar:

—Nós não sabemos nada sobre os calouros da Seirin desse ano, portanto tenham cautela e sempre lembrem das jogadas que treinamos – o capitão tornou a empurrar os óculos para mais perto dos olhos esverdeados. Olhou de relance para Tatsumi, que sorria para ele, os olhos cor de mel atentos aos seus. A manager entregou a ele o curvex, e imediatamente o veterano sentiu as orelhas arderem. – Ah, sei que a Nakatani-senpai ficará de olho e que nos passará todas as informações que perdermos durante uma jogada, então colaborem. Contamos com você, nanodayo.

Tatsumi assentiu, e então lançou um olhar encorajador para os rapazes. Encaminhou-os então para porta do vestiário, as figuras trajando uniformes alaranjados se agitando diante da eminência do começo do tão esperado amistoso. Era sua primeira vez como gerente, e estava orgulhosa demais por ter conseguido orientar seu time e principalmente fazer parte dele, assim como o calouro Haido.

—Boa sorte meninos! Estarei de olho em vocês e na Seirin também.

—Obrigado, nanodayo – respondeu Midorima pelo time, enfiando o curvex então no bolso de sua jaqueta. – Vamos.

***

  Quando o time da Seirin surgiu na porta do ginásio da Escola Shutoku, já havia um número considerável de alunos aglomerados na passarela do piso superior e nas laterais das quadras. Um amistoso da Shutoku contra o atual campeão nacional do basquete colegial não passaria despercebido de forma alguma.

Os jogadores da Shutoku imediatamente pararam de se aquecer e se aglomeraram na lateral da quadra para receber a Seirin. Midorima se prostrou à frente do grupo, com Takao à direita e Tatsumi à esquerda. Adiante do grupo da Seirin vinham Aida Riko ladeada pelo capitão Hyuuga e o vice, Izuki Shun.

—Boa tarde. – cumprimentou Riko olhando um pouco insegura para Midorima, já que não via sinal do técnico Nakatani. – Obrigada por nos receber.

Tatsumi se adiantou prontamente, sorrindo de forma agradável.

—Boa tarde! – cumprimentou a manager. – Sou Nakatani Tatsumi, nova manager da Shutoku. Estarei responsável por eles durante o amistoso. Prazer em conhece-la!

A atmosfera ao redor da treinadora da Seirin mudou imediatamente, colocando os jogadores em alerta.

“Isso só pode ser brincadeira”, pensou Riko olhando a silhueta de Tatsumi de cima a baixo, os olhos castanhos colhendo dados automaticamente. “Por que todas as managers dos outros times parecem ser feitas pra me sentir...”

A treinadora não ousou concluir o pensamento, já que acabaria apenas mais irritada. Piscou de forma prolongada tentando afastar os números das circunferências do quadril, da cintura e do busto de Tatsumi, e forçou o melhor sorriso que pôde.

—Ah, prazer!

Nesse instante Hyuuga se adiantou para cumprimentar Midorima, seguido de perto por Kuroko, Kagami e Izuki.

—Já faz um tempo, hein, Midorima. – Hyuuga estendeu a mão para o jogador. – Parabéns por se tornar capitão.

—Obrigado, nanodayo. – respondeu Midorima apertando a mão do capitão da Seirin.

—Midorima-kun. – a voz de Kuroko soou subitamente, fazendo Hyuuga e Izuki, que estavam mais à frente darem um pulo. Os dois veteranos se viraram para dar passagem para Kuroko e Kagami, que se aproximaram com um sorriso no rosto. – Estou feliz que vamos poder jogar de novo.

—Húnf – fez Midorima ajeitando os óculos. – Não pensem que por ser um amistoso vamos pegar leve, nanodayo. Nós ainda estamos devendo.

O sorriso de Kagami se alargou.

—Pode apostar que não viemos aqui pra pegar leve, Midorima.

Nesse instante, alguém se agitou no meio do aglomerado de jogadores da Seirin fazendo-os abrir passagem. Como era mais baixo que todos outros, Midorima só pode vê-lo por completo quando esse se desvencilhou da silhueta alta de Kagami e parou entre ele e Kuroko. Mesmo sabendo de quem se tratava, Midorima não pode deixar de arregalar levemente os olhos quando os olhos bicolores de seu amigo de infância se fixaram nele.

—Há quanto tempo. – disse Kazuki curvando o canto da boca num sorriso zombeteiro. – Shintarou-kun.


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Notas finais do capítulo

O que acharam??? Estão gostando meu amores?? Ansiosos para o início do amistoso? E os reencontros?? AUHSUAHSUAHUAH
Espero que tenham gostado, e tentarei trazer a continuação o mais rápido possível para vocês ♥ Muito obrigada a todos os meus leitores, e um beijão especial para aqueles que tiram um tempinho precioso para nos encher de carinho e apoio. Muito obrigada mesmo!
Link da música: www.youtube.com/watch?v=UMgclg3pR54
Beijos da Nana-chan e até o próximo capítulo!



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