Seirin no Basket [HIATUS] escrita por Nanahoshi, Heisenberg24, Rayel


Capítulo 3
Período 2 - Esse não é o seu basquete


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Tudo bem com vocês?
Peço que leiam as notas, pois a partir desse capítulo teremos um pequeno glossário explicando os movimentos utilizados no decorrer do cap. E sim! Tem jogooooo!!! AEEEEEE!!!
Bom, espero que vocês curtam o capítulo, deu um trabalhão pra escrever AUHSUHHUS demorei seis horas tirando o tanto que eu estudei o material do Rayel sobre basquete (esse manja).Além disso, nossa linda PixelTyrell tinha que revisar e aprovar! No final do capítulo eu tenho uma surpresinha pra vocês nas notas finais!
Uma ótima leitura para vocês!

>Glossário

Eurostep - é um modo de infiltração em que o jogador desvia a bola dos adversários e usa o corpo pra proteger a bola. Ele consiste em dar três passos segurando a bola com as duas mãos, sendo que o terceiro será convertido num layup ou bandeja;

Layup - é qualquer jogada que o jogador jogue a bola para a cesta, usando a tabela ou não (é diferente dos lançamentos);

Runner/teardrop/floater – (inspiração do Phantom Shot) arremesso realizados por jogadores de menor estatura infiltram e fazem um lançamento no qual a bola só é arremessada quando o jogador se encontra no ponto mais alto do pulo. O arco da bola é mais alto que um arremesso normal (é como uma cesta de três só que dentro da linha dos três pontos);

Fast Break – São contra-ataques rápidos a partir de uma roubada de bola, ou após um rebote ou ponto sofrido. A bola é lançada para o ataque rapidamente, pegando assim a defesa desorganizada, mas nem sempre termina em pontos.



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Todos encaravam os recém-chegados. Até os calouros haviam se virado para analisar melhor seu colega do primeiro ano. Os veteranos alternavam o olhar entre Kazuko e Kuroko.

Não é possível que esse cara..., os olhos de Hyuuga se arregalavam gradualmente à medida que ele alternava entre os dois jogadores.

É sério que ele joga basquete?, Izuki encarava o calouro com seus olhos de águia, mal acreditando nas proporções.

Ele... ele é mais baixo que o Kuroko, concluiu Kagami suspirando pesadamente.

—Hm? – Kazuko olhou para os garotos enfileirados. – Ah! Deixa eu me apressar! O treino começou, né?

O novato correu para o banco para deixar sua mochila e virou-se para Riko:

—Eu vou trocar de roupa rapidinho. Tudo bem, Riko?

—Uhum – ela fez que “sim” com a cabeça e acrescentou – Depois quero saber da sua irmã!

—Hai! – o garoto gritou antes de desaparecer pela porta do vestiário.

A colegial virou-se para os outros calouros:

— Muito bem, enquanto o Kazuko-kun termina de se trocar, vou repassar alguns detalhes sobre os treinos para vocês...

Enquanto a treinadora falava, o capitão do time se aproximou sorrateiramente de seu vice e sussurrou:

—Eu não gostei desse calouro.

—Hã? – o garoto dos trocadilhos virou-se para o amigo. – Mas ele acabou de aparecer!

—Tsc... Ele mal apareceu e já vem com esse tom animadinho, chamando a treinadora pelo primeiro nome... Ele me irrita mais do que o Kagami quando entrou no time! Além disso, quanto de altura ele tem? 1,60? Como vai conseguir competir com monstros feito o Murasakibara da Yosen? Ele tem cara que mal dá pro cheiro pra gente da nossa altura...

Izuki deu uma risadinha.

—Acalme-se, capitão. Sua posição como veterano não está ameaçada...

—O quê você quis dizer com isso, Izuki!?

Mitobe e Koganei observavam a discussão dos líderes do time.

—Isso me traz lembranças... – suspirou o garoto com cara de gato.

Mitobe assentiu.

—Ah, você acha!? – Koganei colocou a mão sob o queixo fazendo uma expressão pensativa. – É, pensando melhor, ele parece bem mais irritado que no ano passado quando os calouros apareceram...

O garoto silencioso tornou a sacudir a cabeça.

—Hã? Oh, Mitobe, não sabia que você era observador para esse tipo de coisa... Faz sentido...

Nesse instante, Kazuko apareceu na porta do vestiário trajando uma camisa azul marinho e shorts pretos.

—Alinhe-se, Kazuko-kun! E tire sua camisa.

O garoto se encolheu e olhou meio sem jeito para o chão.

—Ano... Sobre isso, não vai fazer muita diferença...

—Como assim? – a treinadora ergueu uma sobrancelha castanha.

—É que eu estou todo enfaixado... Eu, a Kazuki e meus avós sofremos um acidente de carro nas férias e eu ainda estou com muitas cicatrizes por fechar...

Todos soltaram uma exclamação muda coletiva.

—M-mas você está bem!? – ela correu para o amigo e apalpou seus braços e seus ombros, subindo para a cabeça. – Não teve traumatismo craniano? Nem um osso quebrado? E a Kazuki? Ela está bem!? Ai meu Deus! E seus avós?

—Calma, calma, Riko... Estão todos bem. Os arranhões foram muitos, mas foram superficiais... Um outro mais grave, mas nada que tenha sido preocupante.

Dando ênfase ao que tinha dito, o novato tirou a blusa revelando uma atadura que envolvia todo o seu tronco até a altura das axilas. Arranhões avermelhados e levemente inchados enfeitavam a parte superior do peitoral do garoto, além dos ombros e dos braços. Do lado esquerdo, a ponta de um machucado arroxeado sobressaía levemente da atadura, mas era o suficiente para saber que aquele tinha sido profundo.

O time fez uma careta ao analisar os danos.

—Nossa... Que terrível, Kazuko-kun. Fico feliz que todos estejam bem. – a treinadora olhava o amigo de infância com um vinco de preocupação na testa.

—Uhum. Agora tá tudo bem! – ele abriu um sorriso radiante.

—Ah, é! – o rosto de Riko se iluminou com uma lembrança – E a Kazuki? Ela não viria para a Seirin também? Eu não a vi no primeiro dia de aula...

Kazuko ergueu as sobrancelhas, surpreso com a pergunta, mas ao assimilá-la, soltou uma risada.

—Ah, é verdade! Ela viria sim! Só que ela conseguiu a bolsa pela qual estava brigando lá nos Estados Unidos e acabou indo pra lá.

—Ah... Entendo – Riko olhou tristonha para o chão. Seria tão legal ter a amiga ali... Pelo menos uma garota para fazer companhia para ela no meio de tantos meninos. Além disso, Kazuki não perderia a chance de poder treinar, mesmo que informalmente, com o time de basquete da Seirin. Vê-la jogar, principalmente junto com o irmão gêmeo, trazia sensações muito boas para a veterana.

—Ahm, Riko. – alguém cutucou a menina, fazendo-a dar um pulo. – Não íamos começar os treinos?

A treinadora piscou, ainda zonza por ter sido arrancada de seus pensamentos, e focalizou Tsuchida.

—Ah, sim! – ela levou o apito a boca e soprou-o com energia. – Alinhem-se! Vou dar uma última olhada em vocês!

Ela andou novamente diante dos novatos, transformando o contorno dos corpos em dados com seu olhar castanho. Ao chegar diante de Kazuko, sua testa se vincou.

Mesmo que ele esteja enfaixado, dá pra ter uma noção, mas... Será que isso é algum efeito do acidente!?, seus olhos corriam sem parar de cima a baixo.

Ela fez uma anotação na prancheta e se afastou.

—Certo! – ela avançou até os coletes que Mitobe havia separado e pegou cinco. – Faremos uma partida de quinze minutos sem intervalo! Os veteranos contra os calouros!

—O quêêê!? – Jun e Tsuneo estremeceram ao encarar os campeões da última WinterCup.

—Isso vai ser legal! – comentou Kashka com um sorriso.

Marcus apenas meneou a cabeça.

—Não é!? – concordou Kazuko saltitando onde estava. – Oh, sugeeee! Você é realmente alto, ahm...

—Kashka. Kashka Buttenbender. Prazer! Seu nome é Murakami Kazuko, né?

—Aham! – o pequenino estendeu a mão para seu colega. – Tomara que a gente fique na mesma sala!

O nigeriano riu, apertando gentilmente a mão do menino.

—E você? – Kazuko se virou para Marcus com os olhos heterocromáticos brilhando.

O loiro voltou a inclinar a cabeça, olhando fundo nos olhos de Kazuko.

Que assustador!, arrepiou-se o menino.

—Seus olhos são legais. Sou Marcus Vinicius. E vocês podiam parar de perguntar o meu nome...

—Ah, desculpe, desculpe! – o outro garoto balançou as mãos diante do corpo. – É que quando você se apresentou eu não tinha chegado...

PIIIIIII!

O apito de Riko penetrou dolorosamente o ouvido dos jogadores.

—Podem começar a se aquecer! Ah, e não se esqueçam do alongamento! Vinte voltas, vamos lá!

—Vinteeee!? -  time exclamou em uníssono.

—É por terem chegado atrasados!

—Como diabos você quer que a gente jogue depois!? – berrou Kagami parando o alongamento de sua perna esquerda no meio do caminho.

—Cale a boca, Bakagami! Corram quinze voltas então, e nenhuma a menos!

Depois de berrar os comandos, a treinadora se aproximou do jogador mais silencioso da Seirin.

—Mitobe.

O menino virou-se para ela.

—Eu preciso que você me faça um favor...

***

—Muito bem, vou anunciar os que jogarão no time dos veteranos. – Riko pigarreou e chamou – Hyuuga, Izuki, Koganei, Kagami e Kuroko.

Os olhos de Kazuko brilharam.

—Isso! Vamos jogar com uma das formações que eles usaram contra a Rakuzan!

—Na verdade, está faltando o Teppei-san. – corrigiu Jun olhando com um ar cansado para a animação do colega do primeiro ano.

—Mas todos eles jogaram na final! Eu acompanhei todos os jogos da Seirin na WinterCup! Eles são demais! 

—Murakami-kun, sua animação está me deixando enjoado... – queixou-se Tsuneo.

—Por quê?

—Como consegue ficar animado na iminência de uma surra!?

—Surra? – Kazuko parecia visivelmente chocado. – Ah, que isso! Nós não somos tão ruins assim...

—Ano... Murakami-kun. – Kashka se aproximou do garoto. – Você já viu os senpais jogando?

—Uhum!

—Como é a formação deles? – o nigeriano estava visivelmente interessado.

—Bom, a Seirin é um time que tem uma essência ofensiva. O estilo deles é o run-and-gun, sabe? A troca de passes deles, principalmente por causa do Kuroko-senpai é monstruosa. Ah, e o Izuki-senpai...

Os calouros mergulharam numa discussão acalorada nos minutos de descanso antes da partida. Riko observava o grupo de garotos pensativa, batendo a ponta superior da lapiseira contra os lábios.

—Hyuuga-kun, venha aqui um minuto.

O capitão, que discutia alguma coisa com Izuki e Kagami, virou-se para a treinadora e apontou para seu próprio rosto.

—Eu?

Ela assentiu.

Quando ele se aproximou, percebeu o quanto ela estava séria.

—Repasse isso para o time. Eu quero que vocês forcem o Kazuko-kun a fazer uma infiltração no garrafão. Quando ele fizer, não aliviem.

O capitão arqueou as sobrancelhas.

—Por que isso?

Os olhos acastanhados de Riko encararam os cinza-esverdeados do garoto de óculos.

—O principal motivo de eu ter me animado tanto com os calouros foi o Kazuko-kun. Ele tem um talento latente que pode ser equiparado ao da Geração Milagrosa. Mas eu estou com medo que ele esteja mentindo para mim sobre esse acidente, e que tenha sido grave o suficiente para afetar a capacidade física dele permanentemente. Vamos pressioná-lo ao máximo, e assim eu saberei.

O veterano engoliu e assentiu. Por trás de sua confusão, uma ardência incômoda fazia seu sangue borbulhar.

A Riko está dando muita bola pra esse Kazuko-kun, esnobou mentalmente.

—Ok. – ele suspirou e virou as costas. – Vamos começar.

A treinadora distribuiu os coletes amarelos para os calouros, e Mitobe fez o mesmo com os azuis, só que para os veteranos. Enquanto entregava, as ordens de Riko ressoaram em sua mente:

“Fique de olho no Marcus,  Kashka, Inoue e Kimura. No começo do jogo e em momentos cruciais do ataque do time de calouros, eu vou direcionar minha atenção para o Kazuko-kun. Alguma coisa não está me cheirando bem naquela lesão dele. Você é um bom observador, então vai poder me dar um relatório decente no final da partida.”

Ao concluir o pensamento, o garoto moreno percebeu que faltava um colete pendurado em seu antebraço. Ele olhou para os lados, procurando quem havia ficado sem o colete.

—Com licença. – alguém o cutucou, fazendo o girar 180 graus bruscamente. Era Kuroko.

Mitobe sorriu como se estivesse pedindo desculpas e entregou o último colete azul para o jogador fantasma.

—Não tem problema. – Kuroko agitou uma mão e se aproximou de seus colegas de time.

Riko apitou.

—Posicionem-se.

Kashka se adiantou até o círculo central e parou diante de Kagami. O ruivo analisou-o de cima a baixo.

É realmente enorme... Parece até..., quando a lembrança preencheu sua mente, o ás da Seirin riu.

—Vamos lá, Kashka. – ele desafiou. – Vamos ver se você vai dar trabalho.

O garoto nigeriano sorriu.

—Vou me esforçar!

Eu ainda não estou acostumado com toda essa educação dele... Até desarma a gente..., lamentou-se o camisa dez.

Marcus observava o time adversário silenciosamente. Seus olhos vazios fixaram-se no jogador de cabelos azuis. A voz de Kazuko soou clara novamente:

“O estilo da Seirin é run-and-gun. Vamos dar a eles um jogo à altura. Entretanto a gente tem que tomar cuidado... Não temos um especialista em passes como o Kuroko-senpai...”.

Passe a bola pra mim, fora o que ele dissera. Assim que a bola estiver em jogo, posicionem-se o mais rápido possível. E prestem atenção no Kuroko...

Riko aproximou-se do centro da quadra com uma bola de basquete em mãos. O apito rosa já estava em sua boca.

Kazuko se agitou onde estava, dando pulinhos. Kagami encarou o calouro estrangeiro e sorriu em desafio.

Isso vai ser interessante.

O apito soou. A bola foi lançada no ar. Os dois jogadores posicionados no centro saltaram.

—Uoooooh! – Kagami saltou absurdamente alto, ultrapassando rapidamente o braço estendido de Kashka. O calouro arregalou os olhos.

Com um tapa, a bola foi lançada para trás, diretamente para as mãos de Izuki. O vice-capitão abriu o braço, sinalizando para que os colegas se posicionassem enquanto driblava a bola. Quando ela pingou pela quarta vez e voltou a subir, o garoto dos olhos de águia segurou-a por baixo, pronta para passá-la para o jogador fantasma. Com um rápido movimento do braço, a bola flutuou para o lado esquerdo quadra, numa trajetória perfeita para as mãos de Kuroko. Ela já estava quase lá, faltava muito pouco para tocar as mãos do menino pálido, mas um vulto apareceu repentinamente, mudando a trajetória da bola.

O quê!?, Izuki arregalou os olhos cinzentos.

Impossível!, exclamou Hyuuga virando o pescoço para sua quadra de desefa. Ele viu onde o Kuroko estava? Mesmo entre os jogadores!?

Esse cara..., Kagami esqueceu Kashka, que estivera marcando-o impiedosamente e disparou para trás. O nigeriano o seguiu.

Enquanto os veteranos se recuperavam do choque, Marcus driblava energeticamente a bola em direção à cesta.

Eu sabia que tinha alguma coisa estranha com ele, Riko assistia à jogada com os olhos trêmulos. Quem diria que ele teria uma percepção equiparável a do Takao da Shutoku! Alé-

Ela não concluiu o pensamento, pois algo de tremendamente errado aconteceu. Quando a treinadora focalizou o lado da quadra para o qual Marcus corria, ela viu um vulto pequeno parado debaixo da cesta.

Não pode ser! N-não era... Não era pro Kazuko estar lá!, berrou a menina para si mesma.

—Aqui! – Marcus gritou, firme.

A bola foi lançada com força para frente, e o garoto de cabelos negros rebeldes segurou-a prontamente. A aparição repentina do calouro tão distante na quadra distraiu todos os veteranos, retardando sua volta para a quadra de defesa.

Quando diabos esse cara chegou ali!?, o Kagami xingou mentalmente.

Ele estava na minha frente agora a pouco!, Koganei se censurava internamente. Como eu não consegui sequer vê-lo se mover!?

O ruivo, numa explosão de velocidade, alcançou Kazuko quando ele estava em plena preparação para um arremesso. Sem pensar, ele saltou.

—Não tão rápido! – berrou em desafio.

Os olhos heterocromáticos do garoto se fixaram nas íris escarlates do ás da Seirin, e sua boca se curvou num sorriso leve. Ele estava quase saindo do chão, e a bola com certeza seria bloqueada pelo braço de Kagami.

Tump, tump.

Passos pesados soaram atrás do ruivo, traçando uma linha reta na direção da cesta que estava logo atrás do camisa dez.

—Kazuko!

Kashka se aproximava com passadas longas, vencendo os outros veteranos. O menino mais baixo recuou seus braços, passando a bola para o lado direito. Sua mão encaixou-se perfeitamente sob a bola, que foi lançada numa curva suave para cima, contornando o corpo do ruivo. Ela subiu perfeitamente na direção da cesta, e interrompeu a trajetória quando estava quase ultrapassando a altura da tabela. Entretanto, o nigeriano agarrou-a rápida e prontamente, saltando para enterrar. A esfera laranja atravessou o aro violentamente, fazendo a rede branca se contorcer para cuspi-la na direção do chão.

Ela quicou uma, duas, três vezes. O barulho ressoou na quadra. Todos olhavam em choque para o trio de calouros que acabara de fazer uma das jogadas mais espetaculares já vistas no estilo run-and-gun.

Hyuuga foi o primeiro a despertar, caminhando em direção a bola.

—Oi, idiotas, acordem! – ele pegou a bola e se preparou para lançar. Todos se agitaram, reposicionando. – Vamos colocar esses calouros no seu devido lugar.

Ele lançou para Izuki, e depois avançou pela lateral direita, encontrando-se de frente com seu marcador, Marcus.

Tudo bem que nosso estilo é run-and-gun, mas isso foi ridículo. A roubada de bola desse cara não foi normal. Ele previu a trajetória da bola antes de Izuki iniciar o movimento, e se movimentou sem que eu suspeitasse que ele iria roubá-la!, o capitão remoía a jogada internamente.

Hyuuga olhou para os lados, buscando o jogador fantasma. Kuroko estava sendo marcado por Jun, mas era visível que havia uma sombra sobre seus olhos azuis. Ele fora pego de guarda baixa, pois jamais imaginara que um calouro tão apagado quanto Marcus seria capaz de antecipar-se daquela forma, e ainda por cima notá-lo!

Enquanto isso, dentro da linha de três pontos, próximo ao garrafão, Kagami sofria sob a marcação intensa do nigeriano.

Isso é brincadeira! É como se estivesse jogando contra o Murasakibara de novo!

Koganei marcava Kazuko energeticamente, os olhos de gato correndo por toda a silhueta do adversário.

Você não vai me enganar de novo! Eu vou ver quando você correr!

A bola girava no jogo. No momento, Kuroko acabara de fazer um passe, e a bola se encaixara perfeitamente nas mãos de Kagami, que estava dentro do círculo do garrafão, de costas para a cesta. Kashka se agitantou sobre ele, abrindo os braços e flexionando as pernas. A marcação era cerrada.

—Kagami!

O ruivo ergueu o rosto e viu Hyuuga disparando para sua direita com Marcus em seus calcanhares. Abaixando-se para mudar seu centro de gravidade, ele conseguiu reunir forças em suas pernas o suficiente para criar espaço, livrando a bola dos braços longos de Kashka ao passa-la para o capitão do time. Ao recebe-la, Hyuuga flexionou seus joelhos e encaixou a mão direita sob a bola, apoiando-a com a esquerda.

—Não brinquem... com seus veteranos! – dizendo isso, o garoto de óculos saltou, lançando a bola numa parábola perfeita antes que Marcus ou mesmo Kashka saltassem para interceptá-la. Ela atravessou o aro exatamente no centro. Fukuda, que estava responsável pelo placar, puxou a plaquinha com o número três para frente.

Na lateral da quadra, Riko e Mitobe observavam tudo silenciosamente. O garoto mantinha sua cara de paisagem enquanto vigiava os calouros, mas Riko tinha os ombros tensos e mordia sua lapiseira sem parar.

É mais assustador do que quando o Kagami e o Kuroko entraram, ela refletiu. O fato de Marcus ter interceptado a bola não significa que ele tenha um campo de visão equivalente ao do Izuki. A jogada nem havia começado. A única explicação plausível é que ele sabia exatamente qual seria a jogada a ser realizada. Provavelmente ele observou a posição dos jogadores, confrontando com seus respectivos marcadores e deduziu para quem Izuki ia passar. Se ele conseguiu, isso significa que ele deve ter muita experiência como armador. Ele está coordenando um time perfeitamente que jamais jogou junto na vida!

Neste exato momento, o garoto de cabelos tingidos iniciava uma jogada após um contra-ataque frustrado dos veteranos.

Algo me incomoda nele, a treinadora fitou o rosto inexpressivo do novato. Mesmo que eu tenha certeza da minha análise, é como se ainda estivessem faltando informações... Não... É como se eu nunca fosse capaz de reunir todas as suficientes. Ele parece esconder tanta coisa...

Ela mordeu sua lapiseira mais três vezes, e Kashka, que avançava pela esquerda da quadra, reverteu a jogada para o outro lado. Jun recebeu a bola, passou para Marcus que estava mais adiante, e esse por sua vez tentou infiltrar, mas foi barrado por Kagami e Koganei. O loiro recuou, passando a bola para Kazuko, que estava mais centralizado, mas ainda atrás da linha de três pontos.

Eu tenho um palpite, mas me parece precipitado demais..., ela voltou seus olhos castanhos para Kashka. Sobre ele eu não preciso pensar muito. O talento corre nas veias dele. Pela forma como retardou sua aparição no garrafão no primeiro ataque, presumo que não esteja acostumado a participar de finalizações, e muito menos enterrar. Além disso, eu nunca vi alguém do tamanho dele jogar de forma tão elegante. É como se ele estivesse seguindo uma coreografia ou medindo cada ângulo de movimento.

A bola quicou próximo à eles, saindo pela lateral. Riko apitou.

—Bola azul.

Koganei veio cobrar o lançamento lateral, e Kazuko se agitou ali perto, estendendo os braços. A treinadora colocou a lapiseira entre os dentes e mordiscou-a furiosamente.

Agora, a principal questão... Murakami Kazuko.

Os calouros iniciaram um contra-ataque. O garoto de olhos bicolores chegou ao garrafão primeiro. Entretanto, antes que ele pudesse saltar, Kagami contornou-o, erguendo os braços diante do garoto. O novato recuou, e os outros jogadores finalmente os alcançaram. Olhou para a esquerda, depois para a direita. Koganei havia invertido com Kagami, e marcava (não muito efetivamente) o gigante nigeriano. Por mais que Kashka pudesse marcar fácil se pegasse a bola, nada garantia que o passe de Kazuko chegaria até ele com Kagami como marcador. Ao redor dele, todos os outros estavam completamente bloqueados.

Só tenho uma opção..., o garoto inspirou e ergueu a mão esquerda para segurar a bola.

Kagami estreitou os olhos e se preparou... Mas ninguém, nem mesmo ele, estava preparado para o movimento que se seguiu. Kazuko jogou o corpo para a esquerda tão bruscamente, que Kagami instintivamente o acompanhou. O pé canhoto do menino deslizou levemente na mesma direção. Tão bruscamente quanto se virara para a esquerda, o menino de cabelos rebeldes voltou seu corpo para a direita, jogando o pé do mesmo lado adiante e levando a bola com as duas mãos para longe do alcance do ás da Seirin. Além da distância, seu tronco inclinado formava mais uma barreira entre a mão do marcador e a esfera laranja. O menino colocou-se embaixo da cesta com seu segundo passo, para esquerda. Fora tão rápido que ninguém conseguira reagir, nem mesmo seus companheiros de time.

Você tá zoando...!, Kagami exclamou mentalmente.

Isso foi..., Izuki tinha seus olhos vidrados no calouro dentro do garrafão.

Um eurostep!?, Hyuuga tentou se virar para defender, mas o garoto já saltava. Entretanto, havia alguma coisa em seu caminho.

Prriiii!

O apito de Riko soou.

—Falta ofensiva. Bola azul.

Caído quase fora da demarcação da quadra, Kuroko olhava inexpressivo para Kazuko.

—Oh, Kuroko-senpai! – o menino piscou para o jogador de cabelo azul. – Gomen, eu não tinha visto você.

Ele estendeu a mão e ajudou o outro a se levantar.

—Não tem problema. – respondeu Kuroko ajeitando suas munhequeiras. – Mas foi realmente sorte eu ter chegado ali. Não sei como conseguiu passar tão rápido pelo Kagami-kun.

Kazuko riu, encabulado.

—Ah, eu costumo ter um estilo de jogo bem rápido. – um leve rubor se espalhou por suas bochechas. – Arigatô, Kuroko-senpai.

De fora da quadra, Riko assistia ao jogo com uma tensão cada vez maior.

O que está acontecendo!? Isso está muito errado!, ela berrou mentalmente.

Ela olhou para o placar. A disputa estava acirrada. Os veteranos estavam à frente por quatro pontos, e faltava apenas um minuto para o fim do jogo. Os veteranos atacavam, com Kagami já posicionado para enterrar caso uma brecha aparecesse. Kuroko desviou um passe de Izuki para Hyuuga, que estava prestes a ser interceptado por Marcus, e a bola se encaixou perfeitamente nas mãos de Koganei. O menino olhou para os lados buscando uma alternativa de lance.

—Koganei! – berrou o ás do time resistindo à marcação de Kashka e correndo para dentro da linha de três pontos.

Koganei deu um leve pulo para passar, e quando a bola estava quase nas mãos de Kagami, um vulto barrou o caminho rapidamente. Kazuko disparava num contra-ataque frenético.

—Fast break! – berrou Hyuuga.

O time de azul recuou. Marcus avançava para o ataque, seguido de perto por Tsuneo. O loiro dirigiu-se para o lado oposto da quadra ao de Kazuko, sinalizando para que Tsuneo permanecesse onde estava e para que Kashka avançasse mais rápido. O nigeriano avançou, e Kagami estava logo atrás. Kazuko passou para Jun, que se interrompeu no meio da corrida, sendo ultrapassado por Kagami e Kashka, que avançaram direto para o dentro da linha de três pontos. Jun inverteu para Marcus, e este avançou furiosamente para o garrafão. Hyuuga parou derrapando diante do loiro e ergueu os braços. Os olhos violeta opacos do menino viraram-se para a esquerda, e seu pé seguiu o movimento juntamente com a bola, que pingava dominada pela canhota do novato. O garoto de óculos seguiu-o, mas antes que pudesse abaixar os braços para tentar roubar a bola, Marcus driblou a bola para o lado oposto, recebendo-a com sua mão direita, e seu corpo seguiu bruscamente o movimento.

C-crossover!?, berrou o capitão internamente.

Marcus venceu seu marcador e avançou para pontuar. Mas Kagami estava bem ali, se esticando diante dele.

—Não vai passar! – e dizendo isso, saltou instintivamente.

Um sorrisinho de deboche brotou nos lábios de Marcus, o primeiro desde que chegara à escola, e impulsionando os braços para frente e para baixo, ele quicou a bola entre as pernas de Kagami, passando para Kashka, que estava logo atrás. O garoto de pele cromada recebeu-a com as sobrancelhas arqueadas de surpresa, mas não hesitou em saltar para enterrar. Quando jurou que a bola atravessaria o arco, uma mão enorme surgiu bloqueando a finalização.

O quê!?, Marcus arregalou os olhos opacos.

Como ele consegue se mexer desse jeito em pleno salto!?, espantou-se Kashka diante do bloqueio do ruivo que tinha acabado de ser driblado.

Kagami deu um sorrisinho de lado.

—Não me venham com essa cara de deboche, seus calouros metidos! – ao finalizar a frase, espalmou a bola para longe da cesta.

Kuroko se precipitou na direção dela em plena trajetória na direção do chão, mas alguém a alcançou primeiro. Os olhos azul-celeste do menino fantasma se arregalaram ao ver Kazuko recuperar a bola antes que ela tocasse o chão e sem permitir que ela saísse de dentro da linha dos três pontos. O jogador de cabelo azul pulou para o lado barrando a infiltração do novato. O menino de olhos bicolores sorriu animado. E tão repentinamente quanto aparecera para pegar a bola, Kazuko saltou. O pulo não foi muito alto, mas foi o suficiente para que a bola saísse do alcance de Kuroko. Quando o menino sentiu que atingira o ápice do salto, lançou a bola.

Isso é...!, os olhos normalmente inexpressivos de Kuroko se arregalaram.

Teardrop!, Riko, que estivera sentada por um instante no banco, levantou-se bruscamente e se precipitou para a lateral da quadra. Não pode ser... Esse teardrop...

A bola pareceu erguer-se no ar em câmera lenta. O arco acentuado que descreveu foi tão suave que, ao atravessar o aro da cesta, mal se escutou a rede balançar. Com dificuldade, Riko levou o apito à boca e sinalizou o ponto. Agora só havia a diferença de dois pontos entre os calouros e os veteranos.

Estes últimos iniciaram o contra-ataque. Faltavam trinta segundos.

—Não deixem eles marcarem! – berrou Marcus autoritariamente.

Kuroko espalmou a bola, entregando-a perfeitamente nas mãos de Izuki. O garoto dos olhos de águia ergueu os olhos. Kagami estava posicionado para enterrar, mas a marcação tornava o passe difícil. Se conseguisse combinar os passes certos, ele poderia finalizar.

Koganei passou correndo pelo armador, que passou a bola. O menino de cabelos castanhos recebeu o passe em plena corrida e parou derrapando próximo ao final da quadra. Kazuko avançou para marcá-lo. Pelo canto do olho esquerdo, Koganei viu Kuroko se esquivando e infiltrando -se no garrafão. Segurou a bola com as duas mãos, agitando-a para a direita, depois para a esquerda, e novamente para a direita, forçando Kazuko a se movimentar e erguer os braços. Acelerando o ritmo, o veterano jogou o corpo para a direita, e jogou os braços na direção oposto, e a bola voou certeira para as mãos do jogador fantasma. Kuroko deu um pequeno tapa na bola, que subiu exatamente na posição certa para que Kagami enterrasse.

—Uooooooh! – berrou o ás saltando para marcar. Sua mão esquerda encaixou-se na bola, e seu pulso flexionou para a enterrada, mas algo impediu que a esfera laranja atravessasse o aro.

—!!! – Kagami deixou uma exclamação muda escapar.

Kashka saltara junto com ele, e agora era o nigeriano que bloqueava a enterrada. Copiando o movimento do ruivo, o garoto espalmou a bola para longe da cesta. E como num dejavù, Kazuko a alcançou primeiro.

—Contra-ataque! – dessa vez foi Marcus quem gritou.

Todos correram atrás do garoto de olhos bicolores. Kazuko corria tão desesperadamente que acabou tropeçando, diminuindo o ritmo de sua corrida. Isso foi o suficiente para que Kagami, Kuroko e Izuki o alcançasse. Ele gingou, jogando o corpo para a direita. A bola e o seu pé seguiram o movimento. Quando Izuki seguiu-o, Kazuko inverteu violentamente a direção da jogada num crossover brusco. Ao passar pelo armador, o calouro foi barrado pelo ás da Seirin e o garoto fantasma.

—Faltam cinco segundos! – berrou Fukuda que controlava o cronômetro.

Não vai dar pra passar... Eu preciso lançar!

Naquele instante o mundo pareceu desacelerar. O menino entrecerrou os olhos e sentiu o corpo ficar absurdamente leve. Uma voz distante ecoou em sua mente:

“Eu já disse. Pontos a distância são melhores. Eles valem mais.”

Sem saber exatamente como seu corpo se mexia, ele sentiu seus joelhos se flexionando e os braços elevarem a bola acima de sua cabeça. Sua mão direita se encaixara perfeitamente sob a esfera, e sua mão esquerda servia de apoio. Lentamente suas pernas tornaram a se esticar, elevando seu corpo num pulo suave e firme. Seu pulso se flexionou e a bola foi alavancada para o alto.

Ela traçou um arco absurdamente alto, cortando o ar na direção da cesta. O único som que se ouviu foi o da bola forçando passagem através da rede quando ela finalmente se encaixou no centro do aro. A esfera cheia de ar quicou no chão, novamente deixando uma trilha de ecos em sua trajetória.

O apito soou.

Todos olharam para o placar.

38 a 39.

—IOSHÁ! – berrou Kazuko jogando as mãos para o alto.

Jun e Tsuneo olhavam maravilhados para o garoto de olhos bicolores. Marcus trazia um sorriso muito leve nos lábios, mas pelo raro brilho que aparecera no violeta opaco de seus olhos, era possível deduzir que ele estava satisfeito.

—Mandou bem, Murakami-kun! – Kashka correu até seu companheiro de time e deu-lhe um belo tapa nas costas.

—Itê! – o menino se curvou para frente.

—Ah! Desculpe, desculpe! Achei que não tinha colocado tanta força...

Desde que apitara o fim do jogo, Riko não conseguia se mexer. Olhava com os olhos completamente vidrados para seu amigo de infância.

Não é possível..., seus lábios tremiam.

Enquanto via Kazuko ser cumprimentado por seus colegas de time, o choque que tomara conta de seu corpo foi aos poucos substituídos por raiva.

—Alinhem-se! – ela bradou alto demais.

Os jogadores obedeceram prontamente.

—Bom – ela colocou as mãos na cintura enquanto caminhava de um lado para o outro diante do time de basquete da Seirin – Estou muito satisfeita com o jogo de hoje. Irei trabalhar nos dados e pensar no que cada um irá trabalhar. Estão dispensados!

—Ha!

Todos seguiram para o vestiário. Riko foi até o banco e pegou sua prancheta, fazendo algumas anotações. Mitobe, que recolhia os coletes, olhou para ela e assentiu.

—Depois você me passa tudo certinho. Eu preciso falar com os calouros antes.

Adiantando-se, a treinadora chamou:

—Os calouros, aqui!

O grupo, que conversava animadamente com os veteranos, interrompeu sua caminhada e deram meia volta. A menina esperou até que eles estivessem perto o suficiente.

—O jogo de hoje não significa que vocês já fazem parte do time. – ela puxou algumas folhas que trazia debaixo da que estava rabiscada com suas anotações – Esse é o termo de ingresso oficial. Preencham se ainda quiserem entrar no time e me entreguem segunda-feira de manhã no telhado da escola.

—No telhado? – perguntou Kashka enquanto recebia sua folha.

—Sim, eu ouvi alguém falar algo sobre isso no primeiro dia... – comentou Jun se encolhendo ao encarar a ficha que deveria preencher.

Kazuko recebeu seu termo com um sorriso radiante.

—Arigatô, Riko! Eu com certeza estarei no telhado na segunda-feira!

Ela parou de frente para o amigo, encarando-o com um vinco na testa.

—Estão dispensados. – ela anunciou, mas acrescentou rapidamente – Menos você, Kazuko-kun.

Ele ergueu os olhos bicolores arregalados.

—Eu? O que foi que eu fiz?

—Nada. – ela forçou uma risada. – Eu só quero conversar melhor com você sobre a Kazuki e seus avós.

O menino sorriu e seguiu a treinadora.

—Vamos ali para a sala onde guardamos os materiais de limpeza e as toalhas. Preciso verificar uma coisa.

Os dois seguiram para lá. Riko entrou e se afastou para que o amigo passasse. Quando este passou, a treinadora fechou a porta.

Do lado de fora, Kagami e Izuki haviam acompanhado a trajetória dos dois para a sala de materiais. O ruivo esfregava uma toalha no rosto suado, e Izuki tinha as sobrancelhas abaixadas de forma tensa.

—Kagami... – o armador começou. – Eu estou com uma sensação estranha sobre a cesta de três daquele calouro.

O ás da Seirin parou se limpar o rosto e encarou o vice-capitão.

—Ah – ele concordou. – Eu tive a mesma sensação...

De dentro do vestiário, alguém berrou:

—Ué, cadê o Kuroko!? O armário dele tá aberto...

Kagami esfregou a toalha na cabeça. Izuki vincou ainda mais a testa na direção da porta pela qual o menino desaparecera.

—Aquele arremesso...

—Sim. – Kagami desistiu de tentar secar todo o suor e arrancou a camisa. – É o mesmo arremesso do Midorima Shintarou.

***

—Procure rolos de toalha. – instruiu Riko. – Da última vez que vim, eles tinham trocado de lugar.

Kazuko remexia nos armários procurando as toalhas brancas. Riko acompanhou-o, mas logo parou e começou a encará-lo. Ao perceber o olhar intenso da amiga sobre si, o menino parou de procurar e virou-se para ela.

—O que foi? – ele perguntou sem jeito.

—Até onde você pretende ir com isso? – ela perguntou com uma voz tão dura que Kazuko recuou assustado.

—Hã?

A colegial mordeu o lábio e bateu com o punho fechado nos armários.

—Não se faça de inocente. Achou mesmo que ia me enganar!?

O garoto piscou atônito para a amiga de infância, sem entender. Ela cerrou os punhos com raiva e começou a andar de um lado para o outro dentro do cubículo branco.

—Pra começar, a atadura no tronco. Por mais que você realmente pareça ter sofrido um acidente, achou mesmo que ia disfarçar os seus dados com isso!? Suspeitei logo de cara quando botei os olhos em você!

O novato apalpou involuntariamente seu tronco enfaixado. A treinadora parou de andar e, erguendo uma mão para contar, listou:

—Alta velocidade de movimento, excelente coordenação motora, eurostep brusco, teardrop... Kazuko, esse não é o seu basquete.

O garoto recuou, encolhendo-se. Riko parou e encarou-o com um olhar feroz.

—Você vai me contar o que está acontecendo!?

O calouro tentava responder, mas nenhuma palavra saía de sua garganta.

—Não vai dizer nada!? – a treinadora berrou mais alto, com a voz cheia de raiva.

—R-Riko, não grite... – gaguejou Kazuko sentindo o coração acelerar.

Nesse momento, o menino percebeu que Riko trazia lágrima nos olhos.

—Eu não consigo acreditar que você tentou me enganar... Achou que eu não ia perceber... Eu, sua melhor amiga!

O menino se atrapalhava todo, completamente perdido nos olhos pesarosos da menina.

—Riko, eu nã-

—Não! – ela berrou elevando a voz novamente. – Se for tentar me contradizer, continue sem falar nada!

Ela limpou os olhos e voltou a encará-lo.

—Eu tinha minhas dúvidas, achei que estava imaginando coisas, mas no decorrer do jogo, cada movimento confirmou minha suspeita.

Kazuko recuou mais, batendo as costas contra os armários.

—R-riko, eu posso...

—Sim, é melhor que você possa explicar mesmo, Kazuko-kun— ela enfatizou o nome com deboche – Quero que você me explique aquele arremesso de três no final do jogo.

O susto que se apoderara dos olhos bicolores do menino foi substituído gradativamente por uma expressão de rendição.

—Se você não tivesse arremessado, – a menina olhou bem fundo em seus olhos, o castanho claro deles tremia de raiva e indignação – você podia até ter escapado. Mas só existem duas pessoas capazes de copiar o arremesso de três pontos de Midorima Shintarou.

Os olhos heterocromáticos finalmente se ergueram, e ambos se encararam de frente.  Num tom solene, como se desse a sentença final de um julgamento, Riko concluiu:

—Eles são Kise Ryouta e Murakami Kazuki.


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Notas finais do capítulo

E aí galerinha o que vocês acharam!?
Precisamos muuuuuito do feedback de vocês para saber se está bom, se é preciso fazer os jogos de forma mais fácil de visualizar... Critiquem, opinem, sugiram!
E a supresinhaaaa! Tchatchatchaaannn!
Nós sabemos como é difícil visualizar as jogadas no basquete. Então, eu e a PixelTyrell criamos um tumblr para mostrar através de gifs e pequenos videos jogadas feitas por jogadores reais (ou até de animes) que ilustram bem os movimentos dos calouros da Seirin e de outras escolas. E tem mais! Não vamos nos limitar a apenas isso! Vocês podem pedir gifs (pode ser pelos comentários ou pelo nosso ask no tumblr) para saber mais sobre os personagens (como eles seriam ficando com verginha, tomando sorvete, rindo...). Então corram lá no endereço seirinnobasketgifs.tumblr.com e já podem perguntar!
Um beijããão meus leitores divooos e até o próximo capítulo!