Mudblood escrita por Ella


Capítulo 4
Coragem


Notas iniciais do capítulo

Hey, moços e moça ♥
Eu nem devia estar postando esse capítulo hoje, mal comecei o 5. Mas cá estou eu, sentindo falta de comentários bonitinhos, necessitada de atenção. Aí resolvi postar.
Quero agradecer a todo mundo que comentou até hoje. Até meus amigos amam vocês. Ando por aí com print dos comentários de vocês pra mostrar pros outros como vocês são fofinhos.
Era pra eu ter escrito mais e deixado com 10.00 palavras certinho. Afe. Que agoniaaaa. Eu vou terminar essa fic com três zerinhos no final nem que eu tenha que (insira algo radical pq fiquei olhando dois minutos pra essa frase sem conseguir pensar num final decente).
Aqui está o capítulo de vocês.



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   Talvez, em algum lugar do Guinness Book, o meu nome esteja escrito com o status de maior covarde que já existiu. Talvez eu tenha puxado isso de Neal.

   Norrie estava tentando me acalmar. Claro que estava. Ela parecia mais feliz com esse encontro que eu. Eu nem feliz estava. Eu estava ansiosa, não de um jeito bom. De um jeito muito, muito ruim. Do jeito que eu acho ruim e Norrie acha bom.

   — Motivo número seis para não gostar do Malfoy barato: ele me faz parecer uma sádica que conspira contra a felicidade dele. E deve fazer isso de propósito!

   Se eu fosse um pouco mais normal, me sentiria mal com os olhares que andava recebendo. Se não era o olhar “Que vadia, negou a pobre alma gêmea dela”, era o olhar “Coitada, vai morrer sozinha”.

   — Bom, você está tentando morrer sozinha, então diria que você é mais masoquista mesmo.

   — Não vou morrer sozinha, tenho você – passei o braço por cima dos ombros dela. Ela tirou ele, me lançando uma feição irritada.

   — Pra mim ainda resta a opção convento, duvido muito que ao menos deixem você entrar lá. Te afogariam em água benta antes.

   Na minha cabeça, a cena parecia bem plausível. Ignorei e continuei o discurso.

   — Motivo número sete: Ele tem pé grande. E eu sei que isso parece fútil, mas não é. Na nossa valsa do casamento, ele pode pisar no meu pé. Você acha que eu sobreviveria àquilo? – apontei sutilmente para o pé do homem que estava do outro lado da quadra, falando com o professor de Educação Física.

   — Eu não reclamaria disso se fosse você.

   — O quê?

   — Você sabe o que dizem sobre homens de pés grande? – ela me deu o sorriso mais impróprio da face da terra. Nada bom viria daí. Balancei a cabeça, confusa. Ela então sussurrou no meu ouvido.

   E foi assim que minha cabeça se desligou do encontro.

 

 

   Nesses quatro dias que passaram, Taylor tentou se aproximar de mim. Ele começou a ir me buscar de moto e me levar ao colégio (Ele tinha idade pra isso?), e se alguém acha que prefiro ir no ônibus fedido do colégio, está louco. O cheiro dele é muito melhor.

   E vamos ignorar esse último pensamento.

   Nas aulas, ele quase sempre sentava perto de mim. Os professores não se importavam com o fato de ele passar toda a aula conversando comigo, principalmente a professora de Literatura. Ela andava radiante e usava nossos nomes como referência a romances famosos. A única coisa que eu tinha em comum com Julieta era a vontade de morrer.

   Eu tinha recebido um A+ com ela e mesmo que pra mim isso não tenha sido uma grande surpresa, pro resto da sala tinha. Todos tinham tirado notas altas. Até o Carlos, que só aparecia na escola nas quintas. Aquilo era anormal. Ou foi meu pensamento até descobrir o porquê. 

    — Ela foi roubada no domingo – Eleanor deu aquele sorriso sonhador.

   E tudo fez sentido. A Sra. Ward tinha seus quarenta anos, quinze ensinando do colégio. Fazia parte da tradição dos babacas do time de futebol mandarem rosas para ela nos dias dos namorados, como uma zombação. Era difícil alguém demorar tanto para conhecer sua alma gêmea. Até o Diretor, que fazia coleção de selos e jogava xadrez, tinha achado alguém que o aturasse. Como a fofa e adorável professora de Literatura ainda não?

   No ano passado, Chay, a sobrinha dela, acabou por espalhar que no pulso dela estavam as palavras “Me passa a carteira”. Seria engraçado, se não fosse trágico.

   E aqui estava ela, feliz por ter sido roubada.

   O mundo parecia romântico demais aos meus olhos.

 

 

   Norrie tinha me emprestado seu vestido florido, juntamente com sua sapatilha de bolinhas. Ela talvez achasse que se eu parecesse fofa, o Taylor não fosse perceber a minha cara de desgosto. No fim, não usei. Inclusive, fiz questão de colocar a minha calça jeans mais gasta.

   Ás seis e meia, Malfoy parou a sua moto na porta da minha casa. Minha mãe se levantou para abrir, mas Kurt fez questão de ir em seu lugar.

   Continuei no meu quarto, dizendo pra mim mesma que só estava tentando irritar ele fazendo-o esperar mais, quando eu sabia que estava apenas com medo do jeito que essa noite se desenrolaria.

   A partir daí, fiquei na porta do quarto ouvindo meia hora de conversas entre os três. Kurt tentando aparentar ser um ser responsável, enquanto perguntava para Taylor suas intenções comigo. Mamãe se contentava em contar as histórias da minha infância, falando sobre a vez que eu tentei fugir da cidade com o dinheiro do Monopoly. Ela também estava mostrando pro Taylor as fotos do meu trabalho de verão. E, olhe, uma eu vestida de golfinho-meio-lontra não era a melhor das visões. Como Taylor ainda não havia saído correndo pela porta era um mistério.

   Quando abri a porta, Kurt sorriu pra minha calça, provavelmente reconhecendo quão previsível eu era. Jenn perguntou sobre camisinhas mas apenas beijei sua testa e puxei Taylor para a porta.

   — Sua mãe é bem legal – Taylor agarrou meus dedos, me levando para a sua moto.

   — Sim, ela é – seja irritante. Seja irritante. Seja irritante.

   Não que seja muito difícil pra mim.

   — Pra onde a gente tá indo? – meu voz soou abafada através do capacete.

   — É surpresa.

   — Odeio surpresas.

   A noite seria longa.

 

 

   Luzes. Crianças perdidas. Palhaços do elenco de American Horror Story. Cavalos girando com pirralhos em cima.

   Taylor tinha me levado para um parque de diversões. E, do fundo da minha alma, eu esperava que a minha felicidade não estivesse estampada no meu rosto.

   — Norrie disse que você gosta de parques e zoológicos. Duvido que ver macacos seja a melhor definição de romântico, então... Aqui estamos nós.

   — Claro que ela disse.

   Ele estendeu a mão, esperando que eu a segurasse. Bem, meus planos são complicar a sua vida, Draco. Tirei a bolsa do ombro, jogando ela na sua mão aberta. Taylor se abaixou um pouco com o peso, olhando questionador para mim.

   — Eu quero algodão doce.

   Depois disso, as coisas fugiram um pouco do controle. Taylor me arrastou para aquelas xícaras demoníacas que giravam. Eu saí verde, meio tonta enquanto ele se segurava em mim para rir da bagunça que era o meu cabelo. O dele continuava lindo. Eu poderia adicionar aquele como um dos motivos para odiar ele.

   Em alguma parte da noite, eu realmente parei de me importar com tudo; marcas, Jenn, Norrie e nota em Física. Gastamos dez dólares com um daqueles jogos das latas, só parando quando Taylor ganhou uma barra de chocolate. Depois disso, ele conseguiu pra mim um ornitorrinco roxo no brinquedo de bater o martelo. Prometi a mim mesma que não iria no carrossel, porque eu sabia que me deixaria mais enjoada.

   Depois de ir no carrossel, paramos – depois de Malfoy me subornar com o chocolate – para tirar fotos nas cabines. Meu rosto saiu verde na maioria, mas ainda assim ele me olhava como se Scarlett Johansson estivesse do seu lado. Na penúltima foto, ele beijou minha bochecha esquerda. Na última, eu olhava pra ele irritada enquanto o mesmo morria de rir. Foi a preferida dele. Bastardo.

   Alguns momentos, meu olhar se voltava para a frase marcada em seu pulso. Eu ainda o odiava, mas o chocolate tinha feito me esquecer essa parte.

   Taylor ficou meio pálido quando o puxei pra montanha russa. Pra começar, vamos ignorar a cara de maníaco do homem que regulava os passageiros. Mas, tirando isso, a montanha era realmente enorme.  Ver o medo estampado no rosto dele só me fez querer ir ainda mais.

   — Algum problema, Darling? – minhas mãos acariciaram seus ombros. — Se você não quiser ir, eu vou entender.

   — Não, sem problemas. Adoro montanhas russas – disse enquanto olhava diretamente para o loop.  Ele mentia muito mal, se quer saber a minha opinião.

   Na fila, Taylor não parou de estralar os dedos. Isso pelo menos evitou meia hora de silêncio constrangedor. Nesse momento de paz, meus olhos se voltaram pros pés dele. Norrie conseguia me fazer rir até quando não estava por perto.

   Quando chegou a nossa vez, Taylor sentou em silêncio, parecendo cada vez mais pálido.

   — Você pode segurar a minha mão? – assim, do nada.

   — Cite um bom motivo para eu fazer isso.

   — Eu tenho medo de altura – olhei para seu rosto, a palidez sendo substituída pelo vermelho. Estava dividida entre rir ou perguntar se ele era idiota.

   — Então, por que diabos você aceitou vir? – ele era confuso demais para minha pobre mente.

   — Porque você iria vir também. Olhando pelo lado bom, se eu for morrer agora, pelo menos vai ser do lado da minha alma gêmea – ok. Morrer tinha lados bons?

   Romântico. Fofo. E suicida. Aquele cara era assustador.

 

 

   Foram os cinco minutos mais bem gastos da minha vida. Taylor não tinha gritado, nem se mexido, nem soltado a minha mão. Eu sentia minha garganta queimar, tanto pelos meus berros, quanto pela risada histérica que eu soltei toda vez que olhava para Malfoy.

   E agora, aqui estávamos nós, jogados na grama do laguinho que tinha do lado do parque. Quem quer que olhasse de longe, veria um casal de mãos dadas olhando pro céu, pensando em como o olhar do outro era mais bonito que o céu estrelado e blá-blá-blá.

   O que realmente estava acontecendo era: Taylor ainda estava em estado de pânico, metade disso provavelmente porque seu cabelo estava bagunçado. Ele não tinha soltado a minha mão e se recusava a voltar pro parque. Eu me sentia meio culpada, já que eu o tinha feito ir. Sua respiração era ofegante e eu não conseguia arranjar coragem para tirar a minha mão da dele.

   — Eu senti a minha alma sair do meu corpo – Taylor finalmente falou. — Deve ser isso que eles chamam de experiência quase-morte.

   — Exagero. Nem foi tão ruim assim.

   — Desculpe, você falou alguma coisa? Ainda estou meio surdo por causa do som dos seus gritos – ele falou aquilo com um sorriso vencedor no rosto, um sorriso vencedor muito socável.

   O silêncio caiu entre nós e aquilo foi o bastante pra me fazer pensar sobre o quanto eu estava gostando daquela noite. Parecia terrivelmente errado.

   — Sabe, eu sei que você ainda me odeia um pouco por não adorar Harry Potter tanto quanto você, – ele disse isso como se fosse a coisa mais absurda do mundo — mas provavelmente eu e você temos alguma coisa em comum. Além da teimosia, é claro.

   — Duvido muito. Você parece ter um gosto ruim pra qualquer tipo de coisa.

   — Eu mereço uma chance, você não acha? – bem. Não. Mas como o intuito daquele encontro era mostrar como aquilo nunca daria certo, vamos lá.

   — Okay – voltei um olhar para o céu. Não tinha uma estrela, iria chover a qualquer momento. — Começando com o básico: Friends.

   — Já assisti The Big Bang Theory, vale?

   — Eu vou ignorar a sua resposta. Menos um ponto pra você.

   — Okay, próximo.

   — The Vampire Diaries.

   — True Blood.

   — Batman?

   — Homem de Ferro.

   — Cachorro?

   — Alergia – tocou a ponta do nariz. — Mas tenho um gato.

   — Café?

   — Eu gosto! – ele parecia feliz por ter algo em comum comigo.

   — Bom, eu odeio. Tem gosto de terra e açúcar.

   — Blasfêmia.

  — Star Wars? – depositei minha última esperança. Se ele não gostasse de Star Wars tudo estaria perdido.

   — Star Trek! – Star Wars e Star Trek nem era parecidos! Ele queria me irritar, era a minha teoria.

   — Eu desisto – eu me rendia. Eu tentei, Deus sabe que eu tentei. Ele simplesmente não tinha nada em comum comigo.

   — Você gosta de Beatles? – ele perguntou esperançoso. Quem não gosta de Beatles?

   Me lembrei da vez que achei todos os CDs da banda no porão que Jenn tinha. Ela e Neal tinham se conhecido ao som de Yesterday. Lindo, não? Pena que ele no final tenha se mostrado um filho da puta.

   — Claro que sim. Porquê, você prefere Rolling Stones?

   — Gosto de Beatles também.

   Ele continuou me olhando daquele jeito idiota de sempre. Do jeito que me fazia querer acreditar na marca. Do jeito que me fazia acreditar que aquilo poderia dar certo.

   — Eu ainda acho Harry Potter bem melhor – Taylor riu alto dessa vez, encostando seu corpo mais perto do meu. O riso dele era bonito, me fazia lembrar propagandas de margarina. Acabei rindo também, sem um motivo aparente. Taylor deitou o rosto no meu ombro e o momento estava bom demais para eu considerar tirá-lo.

   Os pingos gelados começaram a cair nos nossos rostos, tirando qualquer calmaria que tinha se estabelecido. Taylor puxou a minha mão, correndo em direção à saída. Quando chegamos na moto, era tarde demais; estávamos encharcados e sem fôlego. Ele colocou sua jaqueta em mim, como se soubesse que eu recusaria se oferecesse. Se Norrie estivesse aqui, bateria palmas e soltaria algumas lágrimas. Eu coloquei no ornitorrinco, ele precisava mais que eu.

   Na porta da minha casa, Taylor beijou minha mão e fez uma reverência.  A porta atrás de mim rangeu alto, logo depois uma risada baixa saiu pela fechadura.

   — É agora que a gente se beija de verdade?

   — Boa noite, Taylor.


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Notas finais do capítulo

Amo todos os fantasminhas que só acompanham ou favoritam, juro que amo. Mas falem comigoo. Pode ser um "continua, miga" ou "meu deus, como a andy é burra". Juro que amo cada um deles.