Tempestade escrita por Dani R


Capítulo 4
IV - Where's My Love


Notas iniciais do capítulo

AHHHHHHHHH MEUS AMORES, QUANTO TEMPO!!! Eu tava com MUITA saudade. Como expliquei nas notas de Sintonia, eu tive uma série de contratempos (notebook estragado, cirurgia e agora uma caxumba bem inesperada), mas aqui estou eu, com o novo e sonhado capítulo de Tempestade. A música de hoje é "Where's My Love" - Syml. Embora a fic e boa parte do cap seja focado em Jily, essa música se remete a situação do Sirius e da Marlene que vocês logo irão entender.
Preparem-se que tem tretaaaa!



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Cold bones
Yeah, that's my love
She hides away like a ghost
Does she know that we bleed the same?
Don't wanna cry but I break that way

James, claramente nervoso pelo jantar no apartamento de Lily, mal conseguia escolher uma mísera roupa para vestir e ficava zanzando na frente do espelho do corredor dos quartos como uma abelha.

— Ah, cara, tudo isso por um jantar? — Sirius mostrava sua indignação.

— Nem vem com essa, Black. — James retrucou enquanto experimentava um blazer. — Você provavelmente deve estar suando só de saber que a Marlene vai estar lá.

— C-Claro que não! — o amigo estava com a voz estremecida. — Eu já superei a Marley, cara.

O Potter apenas soltou uma risada duvidosa antes de se virar para Sirius.

— Como estou? — perguntou.

— Sei lá. — Black ergueu as sobrancelhas. — ‘Tá legal.

James revirou os olhos, mas, cansado de experimentar tantas roupas, decidiu que iria com a que estava usando; um blazer marrom escuro, uma blusa branca e calças jeans. Não deveria ser nada muito chique, mesmo. Ele se certificou que o amigo estava pronto e pegou uma garrafa de vinho que levaria para o jantar como um presente antes de ir.

Quando tocou a campainha do apartamento de Lily, suas mãos tremiam e suavam, seu coração parecia capaz de pular e sair pela boca de tanto nervosismo. Sentia-se assim desde que a viu naquele mesmo corredor que ele se encontrava parado, seu reencontro. Aquele sentimento era tão estranho, pois apesar de ter sido apaixonado por ela quase que a vida inteira, quando eram adolescentes James não era assim — agia com naturalidade na frente da ruiva, pois estava acostumado com a sua presença desde os cinco anos. Mas agora tudo mudara, o que o deixou um pouco ansioso.

— Vocês vieram! — a reação alegre de Lily ao abrir a porta contagiou James, que também recebeu um abraço inesperado, que foi bem apreciado.

— Eu trouxe vinho. — ele entregou a garrafa para ela, sorrindo.

— Ah, Jay, não precisava. — o sorriso de Lily para James aqueceu seu coração como uma lareira.

— Precisava de um modo para agradecer pelo convite. — justificou-se.

A ruiva cumprimentou Sirius logo depois, que parecia no mundo da lua. Ela logo percebeu que deveria ser provavelmente por causa da melhor amiga.

— Ela vai se atrasar um pouco. — disse, olhando para ele.

— O que? — Sirius se fazia de desentendido. — Marlene? Ah, estou pouco me lixando.

Lily lançou um olhar confuso para James, que não pôde evitar rir.

— Ele sempre fica meio sensível quando falam de Marlene e depois diz que não tem nada a ver. Virou um hábito. — o Potter sussurrou no ouvido dela.

— Ah. — ela continuava com uma expressão desnorteada, mas sorriu quando Sirius mostrava curiosidade com o que eles dois falavam.

Lily avisou que iria até a cozinha pegar taças e servir o vinho, mas não o fez por esses motivos apenas; precisava de um momento sozinha para refletir sobre o que estava fazendo. Assim que fechou a porta do cômodo, encostou-se nela e respirou fundo três vezes. Toda vez que ficava perto de James, era como se a Lily de dezessete anos voltasse para dar-lhe um tapa na cara. E, dessa vez, passaria boa parte da noite com ele, mesmo que fosse a segunda vez e não fosse sozinha, o que trazia certo nervosismo.

Mas havia um motivo de alegria para aquele jantar: Severus fora para a casa de seu amigo, Lucius, então não compareceria, o que causaria menos discórdia.

Não foi muito depois que ela colocara as taças já cheias de vinho na bandeja que a campainha voltou a tocar, então rapidamente serviu o vinho para James e Sirius e foi abrir a porta.

Marlene, em toda sua típica — mas no momento, falsa — alegria, deu um abraço forte na amiga assim que a viu.

— Lily, mas quanto tempo! — ela brincou com o fato de elas terem se visto mais cedo.

— Tempo demais. — a outra respondeu, rindo.

Foi como se a vida congelasse para Sirius. Não via a ex-namorada desde que ela terminara com ele e, de certa forma, ela parecia mais linda do que nunca. Os cabelos loiros lisos estavam ainda mais longos, batendo na sua cintura e os lábios carnudos foram pintados com um vermelho vivo. Porém, quando os olhos pequenos e azuis o encontraram, ele pôde perceber o quão triste ela parecia, mesmo com toda sua beleza.

— Black. — ela pigarreou, tentando parecer brava, o que indignou Sirius. Foi ela quem terminou com ele, não o contrário.

— McKinnon. —ele respondeu de forma seca, o que a fez suspirar.

Percebendo a tensão presente no ar, James decidiu interromper o momento.

— Então, Lily, seu namorado vem? — perguntou.

— Não, acho que só mais tarde. — ela respondeu com um sorrisinho, mas logo mudou de assunto. — Espero que gostem do jantar, vou fazer salmão com molho de queijo e um purê de cenoura.

— Parece delicioso. — Sirius a elogiou.

—Acho que tenho uma rival para a cozinha. — brincou James.

— Você não me vencia nem nas notas da sua matéria favorita, prepare-se para perder o posto do grande chef. — Lily entrou na brincadeira, até botou a língua para fora e piscou para ele.

— Vamos ver. — James piscou de volta.

— Ah, igual aos velhos tempos. — Marlene disse, rindo da situação e bebendo o vinho como se fosse água.

— Não, não é igual. — Sirius falou com tal frieza, que o que disse atingiu todos ali. Ele até recebeu um olhar desagradável de James.

McKinnon sentiu-se tão ofendida que pediu para que Lily a acompanhasse até a cozinha porque queria falar com ela. Assim que as perdeu de vista, James puxou o amigo pela manga para repreendê-lo.

— O que aconteceu, estou estragando a sua noite com a Lily? — Sirius ironizou, revirando os olhos.

— Não, não é isso. Está a deixando desconfortável, é claro, mas está sendo muito grosso com a Marlene. — disse James.

— Ela partiu o meu coração, cara. O que quer que eu faça? — ele fez uma expressão de filhotinho abandonado.

— Eu sei que ela foi um pouco imprudente quando terminou com você e eu também não gosto de te ver machucado, mas faz tempo que isso aconteceu e ela também não parece ser a pessoa mais feliz do mundo. Toda vez que ela olha para você, toma um gole enorme de vinho. — o Potter concluiu.

— Lene sempre foi assim, sempre bebeu muito. — Sirius tentava ignorar tudo que o melhor amigo dizia, mas era inútil.

— Eu não estou pedindo que volte a tratá-la como um namorado, mas como uma pessoa civilizada. — James lançou um olhar de confiança para Sirius, que cedeu.

— Certo, vou parar de provocá-la. — ele disse, mas fazendo uma careta.

As duas amigas só voltaram quase quinze minutos depois, quando a comida ficou pronta, e deram essa desculpa por terem demorado. Porém, a verdade era que Lily ficou aquele tempo todo consolando Marlene, que queria e ao mesmo tempo não queria falar sobre o câncer para Sirius, que tinha medo que ele a rejeitasse, que não a aceitasse e não quisesse que ela fizesse a cirurgia. Além de Sirius, ela também estava apavorada pelo que ela passaria, dizia que seu corpo ia ficar feio e que tinha medo de nunca mais amar a si mesma. A ruiva consolou a amiga e secou suas lágrimas, mas sentia que nada funcionara; Marley parecia uma múmia.

Sirius não demorou a notar a situação da ex; namorou ela por cinco anos, sabia muito bem quando ela estava triste ou não, mas daquela vez ela não parecia apenas triste. Parecia distante, como se já não quisesse mais estar ali. Depois da conversa que teve com James e depois de refletir sobre as coisas que disse durante aquela noite, não podia evitar culpar a si mesmo por Marlene estar daquele jeito — mal sabia Sirius Black que não era o principal motivo da dor dela.

— Desculpe se eu disse algo que te ofendeu mais cedo, Lene. — ele disse, quando já estavam na mesa, jantando.

— Está tudo bem. — ela respondeu, mas cabisbaixa e quase sussurrando. Aquilo só o preocupou mais ainda.

Lily e James, porém, estavam muito ocupados com si mesmos na competição de chefs. Ele a elogiava pela deliciosa comida, mas dizia que faria melhor.

— Ah, é mesmo? — perguntava a ruiva, e ele murmurou um “uhum” como resposta. — Então por que não me convida para outro jantar um dia desses para vermos quem é o melhor?

James quase engasgou quando ela se convidou para jantar, mas disfarçou com uma risada.

— Ok. Até chamarei esses dois para serem juízes. — ele complementou a ideia.

— Está definido, então. — ela sorriu. — Só temos que ver o dia.

— Claro.

Os quatro ficaram ali, na mesa, conversando agitadamente mesmo depois de terminarem de comer, discutindo sobre quem cozinhava melhor. Cada um ficou do lado do respectivo melhor amigo, Sirius no lado de James e Marlene no de Lily. Aquela discussão rendeu boas risadas e memórias engraçadas sobre aquela noite.

Quando se acalmaram, cada “casal” se separou; James e Lily foram conversar enquanto apreciavam a vista da sacada do apartamento, enquanto Sirius e Marlene ficaram na sala vendo um filme aleatório.

O céu naquela noite estava estrelado, e o clima estava agradável. James e Lily ficaram parados ali, por minutos, quietos, apenas bebendo vinho e olhando para a paisagem. Os dois ficaram tão inspirados pela cena, que não demorou para que começassem a falar.

— Você pensa que podemos melhores amigos como antes? — ele perguntou.

Lily suspirou e refletiu um pouco antes de responder.

— Acho que não. — ela balançou a cabeça negativamente e olhou no fundo dos olhos castanho-esverdeados dele.

— Por que não?

— Bem, a primeira coisa é que eu estou namorando e nós nos beijávamos demais para dois “melhores amigos”. — a ruiva fez aspas com os dedos. — E a segunda é a nossa situação. Nós convivíamos um com o outro todos os dias, não havia nada que não fazíamos juntos e nossas vidas eram completamente diferentes do que são agora. Será que conseguiríamos retomar as coisas?

— Quer que eu seja sincero? — James questionou, recebendo um aceno positivo com a cabeça como resposta. — Acho que conseguiríamos, sim. Nossa amizade foi a melhor coisa que aconteceu comigo e eu tenho certeza que podemos ser uma bela versão adulta daqueles dois adolescentes atrapalhados.

— Agora podemos ser dois adultos atrapalhados. — disse, rindo.

— Isso mesmo. — ele riu também. — E eu prometo que não haverá beijo nenhum. Aquilo só acontecia porque eu tinha uma queda enorme por você naquela época.

Admitir aquilo foi difícil para o Potter, mas, mais difícil ainda foi fingir que não nutria mais os mesmos sentimentos de antes. A reação de Lily não foi ruim, mas ela não esperava que ele dissesse aquilo. Achava que ambos trancariam seus sentimentos a sete chaves, mas James trouxe aquilo à tona mais rápido do que ela pensou.

— Bem, eu retribuía os beijos, então isso significa que eu também tinha uma enorme queda por você. — ela confessou e abriu um sorriso, mesmo com o coração a mil.

— Fico feliz em saber. — James sorriu de volta, mas por dentro parecia que fogos de artifício eram estourados.

Os dois simultaneamente beberam um gole do vinho, tentando consolar a si mesmos pela estranheza e aleatoriedade daquele momento.

Quando voltaram para dentro do apartamento, Lily foi surpreendida pelo namorado que já chegara da noite que tivera com os amigos tentando comprar briga com Sirius, que tentava acalmá-lo.

— Severus! O que está acontecendo aqui? — ela estava furiosa, com o rosto quase da cor do cabelo com tamanho constrangimento.

— Ah, então é com ele que estava, hein? — o homem de cabelos compridos estava claramente embriagado. — James Potter, ouvi muito sobre você nos dois primeiros anos de faculdade. A paixão da vida dela, mas não passava de um garoto mesquinho, como disse meu amigo Lucius.

James não disse nada e nem reagiu à ofensa de Severus, apenas assistiu enquanto ele caminhava ameaçadoramente em sua direção.

— O que está fazendo? — Lily perguntava enquanto o namorado caminhava até James.

Todos foram surpreendidos quando Severus agarrou o Potter pela gola da camisa e o levantou do chão, mostrando mais força do que o seu corpo magrelo aparentava ter.

— Por que toda vez que eu te vejo, você está com a minha namorada? — ele perguntou com uma voz de quem estava visivelmente bravo.

James chegou a fechar o punho, mas não fez nada para não causar mais discórdia.

— Sev, solte o James agora! — a ruiva exigia, o que deixou o namorado ainda mais enfurecido.

— E você ainda o defende! — ele chegou a soltar James para ir em direção à namorada, agarrando seu braço de uma maneira tão forte que provavelmente deixaria um hematoma mais tarde. — Eu sempre soube que você era uma vadia infiel.

— Não fale assim com ela! — James e Marlene gritaram ao mesmo tempo, irritados pelo tratamento que ele dava à Lily.

— Lily é minha namorada e eu falo do jeito que quiser com ela. — Severus se defendeu.

A ruiva deu um jeito de se soltar das mãos — ou melhor, garras — do namorado e parecia uma bagunça de tantas emoções.

— Não, você não fala do jeito que quiser comigo! Eu sou sua namorada e exijo respeito, principalmente na frente dos meus amigos.

Depois do que disse, Lily deixou Severus como um cachorro arrependido, com o rabo entre as patas, e o arrastou até o quarto para continuar a briga particularmente.

James, Sirius e Marlene ficaram parados no meio da sala de estar, tensos e esperando que eles terminassem a briga. O primeiro estava nervoso, querendo intervir e tirar todos os órgãos do corpo daquele sujeito com as próprias mãos. Infelizmente, aquilo era ilegal. Os outros dois também não estavam com sentimentos muito diferentes daquele; Marlene era protetora com todas as pessoas que amava, enquanto Sirius odiava o tratamento que Severus e outros caras que conheceu durante a vida davam a suas namoradas. Se você ama alguém e está junto da pessoa amada, não deve tratá-la com nada além de respeito, certo?

Lily não tardou em voltar e se desculpar profundamente pela situação.

— Ele está bêbado e, quando bebe desse jeito, fica irado com qualquer cara que encontra perto de mim. É bem irritante. — ela disse, com uma risada nervosa logo após. — Vou fazer ele se desculpar com vocês amanhã de manhã, quando estiver descansado e sóbrio.

— Ah, nem se incomode. — James tentou acalmá-la. — Mas acho que vou embora, você deve estar bem exausta.

— Não posso negar que estou, sim. — ela abriu um sorrisinho amarelo.

— Pois então acho que vamos também. — disse Sirius, fazendo James e Lily estranharem a conjugação na primeira pessoa do plural.

— Ele disse que me daria uma carona quando estávamos conversando aqui na sala e vocês na sacada. — Marlene justificou.

Os três despediram-se de Lily, elogiando honestamente o jantar, mas logo a deixando sozinha novamente com suas dúvidas e pensamentos.

%

O sol da manhã batia no rosto de Marlene, fazendo-a acordar com um humor não muito feliz. Perguntava-se que horas eram, logo olhando no celular presente na sua mesa de cabeceira. 9h30min de um domingo. Ela agradeceu aos céus, achando que era dia de semana.

Não querendo sair da cama, graciosamente trocou de lado, mas gritou quando viu um homem de cabelos negros ao seu lado. Sirius Black.

— Você me acordou, sua louca. — apesar do adjetivo, ele parecia estar com bom humor.

Então tudo da noite anterior voltou para a mente da McKinnon em um flash; toda a conversa romântica que tiveram no apartamento de Lily, o beijo inesperado na frente da porta do prédio e a excitação logo após. Não conseguia acreditar que tinha cedido aos encantos do ex-namorado, a quem tanto queria evitar.

Sirius acariciou a bochecha de Marlene com um sorriso charmoso.

— Como eu tinha sentido falta de acordar assim. — ele disse, suavemente.

A loira deixou escapar uma lágrima, o preocupando.

— Está tudo bem? — o Black perguntou.

— Você precisa ir. — foi tudo que ela disse.

— O quê?! — Sirius parecia indignado.

— Você precisa ir, Sirius. Isso foi um erro. — Marlene possuía a voz embargada e os olhos marejados. Estava quebrando o coração dele mais uma vez.

— Não acredito... depois de tudo que me disse ontem? Que sentia minha falta, que foi um erro ter terminado comigo?

— É complicado. — ela estava soluçando de tanto chorar.

— Não, Lene. Não é complicado. Pelo menos não para você, que não tem pressa em quebrar meu coração quando ele já estava quase se recuperando da última vez. — Sirius pulou da cama e começou a se vestir.

As lágrimas de Marlene preenchiam os lençóis brancos. Não queria deixá-lo ir uma segunda vez, queria dizer a verdade para ele. Mas não queria que Sirius a rejeitasse depois da cirurgia, não queria que ele pensasse que ela era um monstro.

— Sinceramente, não te reconheço mais. A Marlene que eu amava não era tão egoísta como você. Vai saber onde ela se escondeu. — ele olhava para o chão. — Quem sabe algum dia eu a encontre de novo.

E embora ele foi, deixando Marlene completamente desolada.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! E eu agradeço a paciência de vocês por esperarem esse capítulo. Danizinha ama vocês. ^~^ ♥



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