Tempestade escrita por Dani R


Capítulo 2
II - The Heart Wants What It Wants


Notas iniciais do capítulo

O segundo capítulo tá aqui! E a música da vez é The Heart Wants What It Wants, da minha musa linda Selena Gomez. Ela praticamente resume TODO esse capítulo, que eu realmente espero que vocês gostem. Beijinhos ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/683041/chapter/2

And every second's like torture
Hell won't endure no more, so
Finding a way to let go
Baby, baby, no, I can't escape

[...]

Save your advice, 'cause I won't hear
You might be right, but I don't care
There's a million reasons why I should give you up
But the heart wants what it wants

 

Com pastas e livros na mão, Lily esperava o diretor Dumbledore na sua sala e batia as pontas dos dedos da mão não ocupada na mesa. O nervosismo da ruiva era perceptível; nunca havia dado uma aula antes e precisava dos conselhos do diretor antes de dar uma. Saber o porquê de contratá-la para uma das melhores escolas de Londres, sem ela ter nem um pouco de experiência e ser recém-formada.

O ponteiro do relógio indicava que a hora era sete e meia. Em meia hora ela apresentaria sua primeira aula, e Dumbledore só chegara dez minutos após isso, faltando vinte minutos para a aula.

— Senhorita Evans! Devo dizer que não é surpresa eu te encontrar aqui. — O diretor disse ao entrar na sala, com seu humor que mesmo com a idade mais avançada, não mudara.

Albus Dumbledore era um diretor muito velho, porém muito sábio. Ele fora praticamente o “conselheiro” de Lily durante seu período escolar, mesmo tendo um cargo elevado para tal. Evans adorava ele

— Eu… Eu só queria um conselho antes da minha primeira aula. E saber o porquê de o senhor me contratar, sabendo que não tenho nenhuma experiência. Eu mandei meu currículo achando que nem ia dar certo, mas só para tentar na sorte. Eu sei que você deve me achar inteligente, mas ter inteligência não significa ter capacidade de passar ela para os outros.

O diretor Dumbledore sentou-se na ponta da mesa e olhou fixamente para Lily, a quem conhecia desde a pré-escola e tinha conhecimento que ela era esperta desde aquele tempo.

— Senhorita Evans, eu não lhe contratei apenas pela inteligência. Contratei-a porque sei que fará um bom trabalho. Sempre foi dedicada e paciente com todos, além de muito bondosa. — Ele abriu um sorriso confortador, e Lily sentiu como se estivesse falando com seu próprio avô — E pelo que me lembro, no último ano você ensinou quase todas as matérias para o Sr. Potter, Sr. Black e suas amigas em uma noite e eles passaram em todos os exames. Então posso dizer que lhe contratei por puro instinto de que essa vida foi feita pra você. Compartilhar sua inteligência, tanto escolar quanto mundial, com quem quiser.

Mesmo sendo uma conversa curta, Lily ficou satisfeita com ela. Em pouquíssimas palavras, Dumbledore sempre conseguia fazê-la sentir-se capaz novamente, até em seus tempos de adolescência. Com sua moral restaurada, ela pisou na sala de aula dos “sophomore”* com toda a motivação do mundo.

Como de costume entre professores, ela escreveu seu nome no quadro e não tirou o sorriso do rosto, tentando parecer simpática; o que os alunos gostaram.

— Bem, turma, eu sou Lily Evans e sou sua nova professora de Literatura Inglesa…

 

%

 

James mal esperava para chegar em casa e tirar todo o suor do treino em seu corpo. Odiava o fedor de suor, embora gostasse de ver os resultados depois. Mas sentir sua camisa grudar no corpo por causa daquilo era horrível.

Remus Lupin era sua carona, já que tinha recém saído de seu trabalho como jornalista e queria almoçar com James. Eles se conheciam desde o Ensino Médio, e Remus era o cara mais inteligente que ele conhecia — sem separação de gênero, era praticamente empatado com Lily. Na verdade, Lupin era a Lily homem. Ou a Lily era o Lupin mulher. Tanto faz.

— Cara, eu juro, ela é a garota mais bonita e simpática que eu já vi. — Remus continuava falando da mulher que conhecera duas semanas atrás, Dorcas Meadowes. Ele não parara de falar dela desde então. Eles tiveram dois encontros, e Lupin podia jurar que ela era a pessoa mais perfeita do mundo.

James estava feliz pelo amigo, de verdade, mas estava preocupado. Remus nunca foi de se apaixonar tão rápido, e tinha medo que ele se machucasse. De amigo machucado emocionalmente, já bastava Sirius que além de ser seu amigo, morava com James. Dramas 24h por dia.

Potter era capaz de gritar um “graças a Deus” e se deitar no chão e beijar o concreto ao estacionar o carro no estacionamento do prédio onde morava. Era um alívio estar finalmente em casa e nunca mais queria deixá-la.

Quando pisou no chão frio de seu apartamento, ele literalmente gritou. Deu um grito tão alto que Remus se assustou, mas agradeceu o fato de Sirius não estar ali; se não, ele xingaria James até a morte.

— Você é um drama queen, Potter. — Remus apontou, mas James nem ligou.

A barriga de Lupin pedia urgentemente por almoço ao roncar tão intensamente, mas o corpo inteiro de James implorava por um chuveiro.

— Cara, preciso tomar um banho agora. Se quiser, tem lasanha congelada no freezer para aquecer. — O Potter disse e Remus teve vontade de esganá-lo.

— Eu vim aqui jurando que ia comer a comida do chef do grupo e descobri que comerei uma lasanha de legumes congelada. Obrigado pela consideração. — O amigo respondeu, mas James já estava no banheiro procurando por toalhas naquele ponto.

— De nada! — Ele gritava do local onde se fazia presente — Afinal, a vida não é justa.

James ria internamente da miséria do amigo, mas, mesmo assim, entrou no chuveiro. Ele não conhecia sensação melhor do que a de tomar um banho quente após horas de treino. Era um momento de relaxamento intenso.

Mas também era um momento de pensar na vida, e ele pensou na única coisa que ele tinha proibido a si mesmo de se perguntar: como estava Lily. Ela tinha lhe dito que aquele seria seu primeiro dia no trabalho antes de voltar para o apartamento na noite de ontem, e James queria saber como ela tinha se saído. Suspirou e tentou tirar a ruiva de sua mente, mas sem sucesso. Quando ele ficava sozinho, sem nada para se distrair, tudo que ele conseguia pensar era nela. Mesmo quando Lily passou os quatro anos fora, de vez em quando aqueles olhos verdes surgiam na mente de James, e agora que ela estava perto — e com um namorado aparentemente agressivo — tudo ficava difícil.

Ele tentava. Jurava que tentava tirar Evans da sua mente, mas infelizmente James nunca conseguiu controlar os próprios pensamentos. Já ouviu muitas vezes que “não se esquece o primeiro amor”, e ele não queria esquecer ela, pois Lily foi importante na sua vida em algum ponto. Só queria que ela não aparecesse ficcionalmente para James toda hora.

Não chegou a saber quanto tempo ele ficou no banho, mas sabia que ele foi preenchido por todas aquelas reflexões. Ao acabar de se enxaguar, decidiu sair do banho o quanto antes para não deixar Remus sozinho por muito tempo.

— E aí, quer almoçar comida de verdade agora? — James fingia animação mesmo com o que pensara durante o banho, mas não reparou que tudo que “vestia” era apenas uma toalha enrolada em seu quadril.

— Claro. — Respondeu Remus com uma expressão que Potter já sabia que lá vinha um tom de sarcasmo. — Totalmente aceito você cozinhando na minha frente com o risco de essa sua toalha cair daí e eu ver as suas partes íntimas. É o meu sonho.

James revirou os olhos, mas concordou com Lupin e foi se trocar. Após isso ele cozinhou arroz, salmão grelhado e algumas batatas cozidas. Honestamente, ele mal sabia como ele tinha ficado tão bom na cozinha tão rápido. Quando foi morar com Sirius, ele apenas leu alguns livros de receitas e seguiu suas instruções e maioria das comidas davam certo.

Após saborearem um ótimo almoço, os dois jogaram um pouco de videogame antes de voltarem ao trabalho. Eles estavam jogando FIFA, cujo James sempre acabava ganhando, mas eles faziam aquilo pela diversão. Era engraçado ver o convencimento de James e a irritabilidade de Remus causada por sua competitividade.

Ao abrirem a porta para fazerem seu caminho até o estádio do OSL, James foi pego desprevenido; um homem alto, magro, com cabelos médios negros e oleosos e pele pálida estava parado na frente do apartamento de Lily com uma mala na sua mão. Sem ver o Potter ali, ele bateu na porta do apartamento de Evans, que atendeu com um sorriso e praticamente pulou no desconhecido por James como forma de abraço.

— Sev! — Ela disse, com um sorriso. — Achei que só viria amanhã.

— Queria te fazer uma surpresa. — A voz de “Sev” era grave e baixa, além de nada animada.

James só ficou ali, encarando os dois enquanto Remus puxava sua manga para que eles fossem embora. Mas antes que ele ficasse lúcido novamente para ir embora, Lily viu os dois ali. E sentiu-se muito desconfortável.

— Hum… Hum… — A ruiva tentava achar palavras. — Severus, esses são James Potter e Remus Lupin. James, Remus, esse é o meu namorado, Severus Snape.

Remus engoliu em seco, e olhou para o amigo que parecia estático. Quatro anos, quatro anos, e ele ainda parecia não ter superado Lily. Era ele com Lily e Sirius com Marlene. A diferença era que Sirius namorou Marlene, e James não moveu um dedo para que aquilo acontecesse com ele e Evans.

Severus encarava o moreno na sua frente com desgosto. A namorada havia lhe mencionado um tal de Potter, o qual ela era apaixonada nos tempos de escola e não tinha certeza de que a amasse de volta. Snape, como um bom dramático, considerava aquele ali um idiota e covarde. Mas agradecia sua covardia, afinal talvez não estivesse com Lily se ela namorasse com ele. Os dois se cumprimentaram com um aperto de mãos rápido e antipático, então Severus percebeu que o sentimento era mútuo, mas nem ligou.

Lily também foi capaz de perceber o clima que pairava sobre o corredor entre seu namorado e ex-melhor amigo. Na noite passada, quando admitiu que Severus era agressivo, viu que James ficou um pé atrás sem sequer conhecê-lo. A ruiva tentou fazer com que ele e Sirius acreditassem que o namorado nunca tinha feito nada com ela além de agarrar um pulso, mas aparentemente não conseguiu; afinal, era uma mentirosa terrível.

Novembro de 2014

Tinha sido uma daquelas noites horríveis. Mais uma festa da faculdade, e mais uma vez Lily tendo que cuidar de seu namorado drogado. Ela queria amaldiçoar Lucius Malfoy, um idiota dos tempos de colégio que foi para a mesma faculdade que ela e que induziu Severus ao mundo das drogas.

— Sinceramente Severus, eu não aguento mais ter que cuidar de você. Isso faz mal, e eu cansei de te avisar! — Ela disse no tom mais calmo porém mais cansado possível, mas o namorado parecia não entender. Com suas veias entupidas de heroína, a sensação que tinha era como se ela estivesse o desrespeitando.

— Então não cuide. Você não é a minha mãe. Mas bem que você podia ser, né? — Ele falava como se estivesse cuspindo veneno de sua boca. — Pelo menos desse jeito você estaria enterrada no chão e não me incomodaria.

Severus, mesmo que extremamente tonto, pegou um maço de cigarro e retirou um dali, logo acendendo-o e tragando-o, ignorando completamente a namorada magoada por suas palavras diante dele. Lily parecia a ponto de explodir.

Dois anos atrás, ele era seu melhor amigo. Parecia se importar muito com a ruiva e estava sempre lá por ela, sendo gentil e a conquistando amorosamente. Mas depois de conhecer Lucius e virar seu amigo, foi como se Snape tivesse mudado de forma grotesca; o seu vício em heroína e cocaína depois da morte dos seus pais o tornou agressivo e possessivo. Quando sóbrio, mesmo cansado e desejando drogas e bebidas a todo o momento do dia, até que tratava Lily bem. Mas quando drogado ou bêbado, só sabia a magoar e machucar os outros fisicamente.

Não conseguindo mais suportar tudo aquilo, Evans tirou o cigarro da boca de Severus a força e pisou nele. Vendo que havia um maço de cigarros em sua mão, também retirou e jogou pela janela do quarto em que estavam. Lily estava cansada de ficar com ele todas as noites, com medo que sofresse uma overdose; cansada de limpar seu vômito e aguentar suas agressividades verbais, sem obter nada em troca, já que no dia ele sempre diz que “não se lembra de nada”.

A reação de Severus foi violenta; e dessa vez, não foi sentimental — para a surpresa de Lily, foi física. Mesmo sabendo que ele era agressivo com outras pessoas, nunca pensou que seria com ela até que sentiu a ardência na sua bochecha, causada pelo forte tapa na cara que Severus lhe deu.

— Você não manda em mim, Evans, nem nas minhas ações! — Ele gritava e apontava para a namorada, que ficou horrorizada com os atos.

— Pois então morra, Severus, tenha uma overdose! Eu não me importo mais. Pra mim já deu. — Batendo pé e quase expelindo fumaça pelos ouvidos, Lily bateu a porta do quarto muito forte quando saiu, extravasando toda a raiva que sentia.

Mas aquilo de nada adiantou; Severus, sóbrio no dia seguinte e arrependido, clamou que não lembrava de nada, que agiu daquele jeito por causa da droga e implorou para que Lily voltasse para ele, jurando que aquilo não aconteceria nunca mais. Com o coração de manteiga e com o maldito carinho que sentia por ele e medo de deixá-lo sozinho, ela acabou aceitando. E realmente ele nunca mais a agredira fisicamente, mas ainda jogava os sentimentos de Lily fora como se fossem papel usado. E disso, ela nunca se esquecerá.

 

%

 

Severus sentou-se no sofá confortável da sala de Lily com seu jeito rabugento e reservado de sempre. Ela sentou-se ao seu lado, esperando ele falar alguma coisa, mas ao invés disso só olhou para ela e abriu um sorriso amarelo.

— Então… como foi o voo? — Ela perguntou, e Severus apenas deu de ombros.

— Normal. Como foi o primeiro dia no trabalho? — Ele retrucou a pergunta, mas Lily se animou com ela.

— Foi tão bom! Sev, eles me amaram! Eu na verdade ouvi uma aluna falar que eu era uma professora melhor do que a anterior. Com um dia de aula! — A ruiva estava positivamente agitada, mas Severus não acompanhou.

— Que bom, Lily. — Foram as únicas palavras que ele disse.

Após alguns minutos de um silêncio desconfortável, Snape decidiu que tomaria banho, deixando Lily ali para pensar se estava fazendo a coisa certa a continuar um relacionamento daquele jeito.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Se gostaram e querem deixar reviews, não vou reclamar xD Digam-me o que amaram, o que odiaram, se tem algum erro de gramática que eu não percebi e etc. Beijos de luz e até o próximo capítulo!
*Sophomore = equivalente ao segundo ano do Ensino Médio



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Tempestade" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.