A festa estava em tal ponto que nem era mais Emmeline a atender a porta, era qualquer pessoa que estivesse passando ou ouvindo.

— Os pais dela são loucos! — murmurou Alice, olhando o mar de pessoas.

— Que nem os meus — retrucou Lily.

— Sim, mas Petúnia convidou aos colegas da faculdade. Essa daí deixa entrar qualquer um — defendeu Marlene.

Alice e Lily não concordaram muito com esse ponto de vista, mas calaram-se.

— Eu mal andei dois passos, e já sinto dor de cabeça — comentou Alice — Quantas luzes, e música alta...

— Você precisa ir para mais festas — disse Marlene, em um tom um pouco crítico.

Um garçom passou, com pequenos copos de bebida na bandeja. Marlene aproveitou para pegar dois.

— Exibida — debochou, dando um gole rápido em um dos copos, e fazendo uma careta — Terrível!

Ela virou-se, dando o outro copo para Alice.

— Vamos! Você precisa se embebedar uma vez na sua vida! — disse Marlene.

— Não, muito obrigada — disse Alice, olhando assustada para o líquido laranja.

— Deixa de ser galinha! — insistiu Marlene.

— Deixa ela! — disse Lily, pegando o copo, e dando um gole ela mesma.

— Não sabe o que está perdendo! — disse Marlene, sorrindo.

— Já está bêbada... — disse Alice.

— Não, ela é bem resistente — retrucou a ruiva — A desgraçada.

Marlene apenas gargalhou. Ela não estava alterada pelo álcool, ela já era alterada por natureza, principalmente estando em um ambiente festivo.

— Esperem! Eu preciso fazer uma coisa! — ela disse, afastando-se.

— Ai, meu Deus! O que ela vai fazer? — murmurou Alice, fechando os olhos.

— Eu quero ver! — disse Lily, repentinamente.

— Tá de brincadeira! — disse Alice, incrédula.

No entanto, Lily não estava de brincadeira. Ela esgueirou-se por entre as pessoas, pela mesma direção em que Marlene foi.

— Lily! Lily, espere! — gritou Alice.

Sem opções, seguiu a garota por entre a multidão, chamando-a periodicamente, mas sem receber resposta. Em um certo ponto, a música parou, e todos começaram a murmurar, estranhando.

— Marlene vai aprontar alguma! — Lily dignou-se a comentar com Alice.

Contudo, a garota aproximou-se delas, sorrindo maliciosamente, e puxando-as para a acompanharem.

— O que você está aprontando? — perguntou Alice, desconfiada.

— O pessoal está indo para o lado de fora — disse Marlene.

— Como assim? — estranhou Lily.

Lily arregalou os olhos, repentinamente, entendendo o que ia acontecer.

— Trotes — disse, acusadora — Sua traidora!

— Vamos! Vai ser divertido! — disse Marlene, puxando-as com força.

Além da força de Marlene, também tinha os veteranos impedindo que elas escapassem, rindo em voz alta.

— Eu pensei que você ia aprontar com a Vance! — protestou Alice.

— E quem disse que não vou? — sussurrou ela.

Chegando no lado de fora, Alice sentiu-se sendo empurrada, e logo depois a água gélida entrando por todos os seus poros.

A piscina.

Ela começou a se mexer, tentando submergir.

— Marlene McKinnon! — ela gritou, assim que chegou à superfície, tremendo de frio.

A garota apenas gargalhava, junto com os veteranos. Até o momento em que ela virou-se, dando de cara com Sirius, que sorria maliciosamente.

Uma coisa Alice tinha certeza: se fosse com ela, sairia correndo.

Contudo, era óbvio que Marlene jamais faria isso. Ela devolveu o sorriso, puxando a gola da camisa dele, aproximando-o para lhe dar um beijo. Isso só fez com que os veteranos assobiassem mais. No meio do beijo, os dois caíram na piscina, junto com os outros calouros.

— Dona Marlene terá de nos explicar direitinho isso — disse Lily, nadando para perto de Alice.

— Tomara que eles tenham toalhas... — murmurou Alice, sentindo seus dentes baterem.

— A noite só começou — disse Lily.

Elas começaram a nadar para a margem, quando viram a Marlene e Sirius submergirem, gargalhando.

— Aqui! — Ian ofereceu uma mão para elas, tentando conter o riso.

Lily pegou a mão dele, puxando-o para a piscina.

— Trouxa! — um dos colegas de Ian zombou, começando a rir.

Frank foi mais inteligente, puxou a Alice pelos braços, ajudando-a a sair, e envolveu-a em uma toalha.

— Desculpe por isso — sorriu, envergonhado — Já fizeram pior.

— Não tem problema — ela sorriu, passando a ponta da toalha sobre o rosto — Vocês colocaram gelo nessa água?

— Para falar a verdade, sim — ele riu.

— Depois a cerveja fica quente, e ninguém sabe o porquê — brincou.

— Vem, lá dentro está mais quente! — ele ajudou-a a se levantar — Melhor evitar um resfriado.

— Obrigada — ela sorriu, envergonhada.

— É o mínimo... — ele deu de ombros.

A música tinha voltado a tocar, em um tom mais moderado (os vizinhos devem ter reclamado do volume). Sentando-se em uma das cadeiras, Alice viu a Marlene esquivando-se da multidão, indo em direção às escadarias, mas sozinha.

— Vem cá... Como que a Marlene sabia do que aconteceu? — Alice virou-se para perguntar a Frank.

— Isso é algo que me interessa também — Lily sentou-se ao seu lado, também enrolada com uma toalha.

— Ela participava de muitas festas, desde que estudava em Hogsmeade, você sabe disso — ele deu de ombros — E tendo Ian como irmão... Ela faz parte do grupo do WhatsApp do segundo ano. Ela e aqueles dois: Sirius e James.

O olhar de Lily ficou tão mortal que até Frank encolheu-se na cadeira.

— Eu já volto! — ela deu um sorriso macabro.

Levantando-se, deixou a toalha cair em cima da cadeira, e afastou-se dos dois.

Assim que ela sumiu de vista, Frank pegou o celular do bolso, e começou a digitar.

— Vamos evitar um assassinato — ele brincou, os olhos fixos na tela.

— Se fosse assim, ela teria que matar todos os veteranos — disse Alice, sorrindo.

— Incrível que vocês não ficaram chateadas — disse, desviando o olhar para ela — Quero dizer, vocês se arrumaram para...

— Não adianta chorar pelo leite derramado — ela deu de ombros, apertando mais a toalha — Lene sempre teve essas duas personalidades estranhas...

— Como assim “personalidades”? — perguntou Frank, bloqueando a tela, e guardando o celular.

— Ah! Você sabe! Ela tem um lado feminino, e outro mais... Masculino — ela disse.

— Todas as garotas com irmãos mais velhos aprendem a se defender melhor — ele disse — Estatística.

— Nem todas. Tem garotas que se tornam mais mimadas — retrucou Alice.

— Marlene é mimada, convenhamos, mas em uma medida moderável — disse, rindo.

— Eu acho que é isso que faz todos os homens caírem de quatro por ela... Ela pode ser feminina, mas também tem esse lado contraditório dela. Ela gosta de todos os esportes, sabe puxar uma conversa que não fique muito entediante... — murmurou Alice, pensativa.

— Depende do tipo de homem. Principalmente quando você não é chegado a esportes. É bom estar perto de uma garota de verdade, que fale de assuntos femininos, mesmo que não prestemos a menor atenção — disse Frank, olhando para ela.

— Eu já volto! — foi o que saiu da boca de Alice, quando ela levantou-se apressada.

Encostando na parede, do outro lado da sala, ela tentava controlar as batidas de seu coração. Frank era completamente diferente de qualquer garoto que ela tivesse conhecido, embora isso fosse bem repetitivo de uma garota dizer.

— O que houve? Parece que viu um fantasma! — Marlene surgiu ao seu lado, sorrindo empolgada.

Alice franziu o cenho, aproximando-se dela para ver uma coisa.

— Esse perfume é diferente! — exclamou, arregalando os olhos.

— Quantas vezes preciso dizer que eu e Sirius não temos um relacionamento? — Marlene revirou os olhos, afastando-se, com o sorriso morto em seu rosto.

— Você fez isso para quê? Provar a sim mesma que o que sente por Sirius não é paixão? — provocou Alice, desgrudando da parede.

— Não viaje! — retrucou a garota, irritada — Eu e Sirius temos um relacionamento aberto. Ele também está com uma garota agora mesmo... É uma festa! Precisamos nos divertir!

Ela passou por Alice. No entanto, quando a garota virou-se para lhe falar, ela voltou instantaneamente, puxando-a para outro lado.

— Vamos por aqui! — disse, nervosa.

— O que houve, Lene? — perguntou Alice, afastando seu braço das mãos dela.

Virando-se, ela viu uma cena que fez com que o seu coração paralisasse, assim como o resto de seu corpo.

Emmeline Vance estava sentada em cima de Frank, beijando-o.