Amai Desu Ka? escrita por Mildrith


Capítulo 5
Medo.


Notas iniciais do capítulo

Olááá, demorei né, mas a culpa é da escola - e da minha procrastinação, porém, principalmente da escola e seus trabalhos insanos.

É IwaOi de novo, e muita gente tá perguntando se terá KageHina, terá sim! Porém, ainda não escrevi e não pensei num tema. Vocês amorzinhos que leem podem me dar ideias, hm? Sugerir temas, eu to pensando em KageHina e sorvete, yay, mas não gosto tanto de sorvete, então não sei. (que) Não sei se entenderam, mas podem dar ideia de shipp e tema dos capítulos, ok?

Vou parar de enrolar, socorro, desculpem-me e também perdoem os erros de digitação que deve ter aqui e não desistam de mim. q Boa leitura.

Ahh, mudei a capa, yay.



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Medo.

Oikawa estava animado. Muito animado.

E não era nada difícil ter noção daquilo – bastava observá-lo -, assim como não era difícil entender o motivo.

Afinal, era a primeira vez que Iwaizumi iria dormir na sua casa. Na verdade, era a primeira vez que qualquer criança iria dormir ali. E é claro, então, que sua ansiedade estaria a mil, fazendo seu coração saltitar com a mesma intensidade com que ele próprio saltitava na ponta dos pés, esperando sem paciência alguma.

— Tooru, se acalme – sua mãe pediu, rindo do menino enquanto terminava de preparar os biscoitos – de chocolate, claro! - que levariam lá para cima.

Estava quase na hora do garoto chegar. Como ela queria que ele se acalmasse?!

Entretanto, assim que ouviu a repreensão, tentou fazer o que foi pedido. Firmou os pés o chão, gelados apesar de cobertos pelas meias. Decidido a usar aquilo como distração, correu escada acima, buscando sua tão adorada pantufa. Teve de se abaixar para pegá-las embaixo da cama – ainda arrumada, mas isso provavelmente não duraria muito – antes de calçá-las e deitar um olhar sobre o quarto. Acenou positivamente para si mesmo, satisfeito. Estava tudo limpo e arrumado, do jeito que gostava. A TV estava ligada e o filme que veriam já estava configurado. Apesar de já ser noite, o garotinho mesmo assim fechara as cortinas para não ter nenhuma luz no ambiente, exceto a da tela e dos adesivos do teto, que tanto pareceram agradar o amigo.

Mordeu o lábio nervosamente, inseguro de súbito acerca do filme. Era um dos tipos que gostava, mas era considerado pesado para a idade deles - segundo sua mãe, que apenas o deixava vê-los por saber que não teria pesadelos. Oikawa era muito corajoso, em certos aspectos. Mas talvez Hajime não fosse gostar, talvez...

— Tooru, a campainha!

E assim que a voz gritada da sua mãe chegou aos seus ouvidos, desceu correndo, ignorando a reflexão acerca do que assistiriam como se esta nunca tivesse passado por sua cabeça. Qualquer coisa, era só mudar os planos! O menino tropeçou no último degrau, mas não fez cerimônia sobre aquilo.

— Iwa-chan! – anunciou alto assim que abriu a porta. Era tão bom saber que o mais velho deles não só quisera voltar à sua casa – mesmo depois de descobrir do seu fanatismo com aliens—, como também aceitara dormir ali. Cumprimentou a mãe do garotinho com timidez inesperada, o que era comum quando tratava de socializar com adultos. Porém, estava tão feliz que não conseguiu esconder o sorriso por muito tempo; seus lábios tremiam para liberá-lo e assim o fez quando voltou a olhar para o amigo. Após uma troca de olhares silenciosa, agarrou o pulso do moreno e passou a puxá-lo para dentro da casa.

— E-ei! Espera, Oikawa! – tentou argumentar, mas o Tooru era mais forte que seus finos braços davam a entender. Resignado, Hajime acenou por cima do ombro para sua mãe - que ficou para conversar um pouco com a daquele que agora o puxava escada acima -, enquanto acompanhava os passos ligeiros. O quarto continuava da mesma maneira qual lembrava-se. — Eu nem consegui me despedir! – reclamou, puxando o pulso para longe do sorridente menino, que logo, assim que ouviu sua afirmação, corou até as orelhas.

Se limitaram ao curto silêncio enquanto o mais velho pousava a mochila no chão.

— Por que ‘tá tão escuro? – questionou, desconfiado. Oikawa agradeceu pela quebra no silêncio e resistiu à vontade de enfiar a língua no buraquinho do dente que começava a nascer, substituindo o que caíra há algum tempo. Não podia fazer daquilo um hábito, sua mãe dissera que o dente nasceria torto. Se o fizesse e se assim fosse, Iwaizumi iria implicar ainda mais com sua cara. Aquilo não podia acontecer.

— Vamos assistir, legal, né?! – explicou, percebendo também a forma como sua voz saia um tantinho chiada pela abertura incomoda entre os dentes branquinhos, a maioria ainda de leite.

— Que filme? E por que você já ‘tá de pijama? Achei que ia me esperar!

— Ah... ah!

Para fugir daquelas perguntas – ambas quais não queria responder -, se encaminhou até a cama. Bateu com a palma da mão no espaço livre ao seu lado enquanto pegava o controle remoto.

— Eu não ia me trocar na frente do Iwa-chan!

— E você tem algo que eu não tenho? – o menino questionou, carrancudo, mas se acomodando ao seu lado. Os olhos verdes estavam fixos na estampa boba do pijama alheio; cheio de bichinhos e uma blusa azul turquesa. Tooru riu, brincou um pouco com o controle nas mãos mas logo o soltou. Queria conversar.

— Meu corpo é mais magro que o seu – comentou, um pouco rancoroso, e apesar do ar de riso, falava sério. Mesmo que fosse mais alto, sentia-se muito mais franzino perto do amigo. Observou-o refletir por algum tempo, e então, soltar um som qualquer.

— Eu vou colocar o meu, então.

Oikawa aproveitou o tempo que o convidado se trocava no banheiro para ir buscar os biscoitos, junto de dois copos de achocolatado quente. Foi difícil conseguir equilibrar tudo na bandeja sem derrubá-la – e cair junto – escadaria abaixo. Pelo menos tivera a esperteza de manter a porta aberta, caso contrário, teria de acampar ao lado de fora de seu quarto e aguardar a boa vontade de Iwa-chan em ir procura-lo – o que provavelmente demoraria muito.

O pijama de Hajime era muito menos infantil. Uma calça verde clara e uma camiseta branca. Fez um beicinho enquanto comparava ambas roupas, ambos corpos. Até mesmo quando o mais velho sorria gostava de comparar.

“Quantos dentes seus já caíram, Iwa-chan?”

“Quantos centímetros você cresceu, Iwa-chan?”

“Quanto você ‘tá calçando, Iwa-chan?”

Era comum certas questões do gênero, seu amigo apenas não sabia que, todas elas vinham da imensa admiração que Tooru sentia pelo menino. Queria ser como ele.

— Que foi? – Iwaizumi questionou, confuso com sua demora em finalmente começar a andar em direção a cama e pousar a bandeja ali.

— Meu pijama é mais bonito – foi o que disse, inclinando o pescoço e analisando-o novamente. Quando focou nos olhos verdes, notou-os estreitos e as bochechas, rosadas.

— Não me importo!

Oikawa cantarolou em resposta, tomando cuidado para não derrubar os copos enquanto subia novamente para a cama.

— Iwa-chan tem medo de alguma coisa? – perguntou, pegando um dos biscoitos e passando a roê-lo. Era tão bom! Sua mãe definitivamente fazia os melhores biscoitos de chocolate, e a expressão que seu amigo fizera ao prova-los revelava que pensava o mesmo.

— Que pergunta é essa? 

— Responda~ - exigiu, pegando o copo com ambas mãos e encarando-o. Mal sabia que suas bochechas estavam cheias de farelos.

— Não, claro que não!

E Hajime anunciou, como qualquer criança orgulhosa no auge de seus sete anos. Oikawa sorriu amplamente. É claro que Iwa-chan não teria, afinal, era o Iwa-chan!

Pousou o copo novamente na bandeja e deu play no filme. Iwaizumi não parecia se importar muito sobre que filme era, já que não voltara a questionar. Entretanto, conseguiu captar a confusão e receio nas expressões rudes do menor, com o cantinho dos olhos.

Iwaizumi Hajime tinha medo daqueles filmes.

Apesar de ter negado com tanta confiança, era um tanto obvio e visível na maneira como mordia os biscoitos ou engolia com dificuldade, ou mesmo, na forma como seus olhos estavam estalados.

“Distrito 9”, era o nome do filme.

Era o nome do filme que aquele garoto gravaria apenas para nunca mais assisti-lo.

Quando os biscoitos chegaram ao fim, Tooru observou-o abraçar os próprios joelhos e trazê-los até o peito.

— Iwa-

— Calado.

Suspirando, se levantou para levar a bandeja de volta para baixo. Os pés aquecidos pelo cobertor que antes dividiam tocaram o piso gelado e duro.

— Onde você vai?!

— Hã? – se virou, confuso, quando estava na metade do caminho até a porta. Hajime parecia indignado, os olhos mais arregalados que antes e a boca entreaberta. Oikawa imaginou o que aconteceria se uma mosca entrasse ali.

— Levar na cozinha. Iwa-chan, tudo bem?

— Não! Sim! Eu vou junto, ‘tá?

A resposta atrapalhada conseguiu intensificar sua confusão. Sem tentar mais entender, deu de ombros e se virou para continuar o trajeto.

Iwa-chan gosta da minha companhia!

Pensou extasiado, surpreso quando abriu a porta e encontrou apenas breu. As luzes do corredor já estavam apagadas e seus pais provavelmente já dormiam. Nem mesmo percebera que mais de uma hora já havia se passado. Engoliu em seco, mas seu amigo vinha logo atrás e não queria parecer covarde.

Pisou para fora, sendo seguido bem de perto enquanto esbarravam-se e quase derrubava a bandeja.

— A-a-a luz, Oikawa – sugeriu uma voz próxima, tanto que as palavras pareceram se chocar contra sua nuca, assustando-o. Saltou no mesmo instante, resmungando enquanto ouvia Hajime prender a risada. Tateou a parede até encontrar o interruptor e deslizou o dedo sobre ele. Se não fosse a luz que provinha da TV em seu quarto e iluminava parcamente o corredor, provavelmente já teriam rolado escada abaixo.

Quando conseguiram descer, ainda meio receosos com o que poderiam encontrar lá embaixo, ambos soltaram a respiração que prenderam sem nem perceber.

— Oikawa, sua casa é assustadora.

— Não, não é.

— É, sim – o menino insistiu, acendendo a luz da cozinha e se virando para o amigo. – Aliás, tem bolacha na sua cara.

— Uh? – se colocou na ponta dos pés e deixou a bandeja na pia, para em seguida, levar a manga do pijama até a bochecha e esfregar ela ali. Hajime fez uma careta com a cena. - Iwa-chan, por que não disse que tinha medo?

— Medo do quê? – a resposta veio em forma de pergunta, alguns segundos depois, enquanto subiam os degraus novamente, desta vez mais tranquilos.

— Do filme!

Conhecendo o amigo como conhecia, Tooru esperava uma negação, mas ao contrário disso, recebeu apenas um resmungo em concordância.

— Podemos ver outro – Oikawa sugeriu enquanto se enfiavam novamente embaixo do cobertor.

— Podemos dormir.

— Não seja assim, Iwa-chan – reclamou, percebendo que o filme havia ficado rodando sozinho. Se esticou e retirou o DVD, afinal, já havia assistido aquilo várias vezes. Estava prestes a puxar a caixinha de filmes quando sua mão foi agarrada. – O que foi?

Sem resposta, Iwaizumi apenas continuou a segurar sua mão. Mas desta vez, fez questão de ajuda-lo a escolher um filme que não lhe causasse pesadelos.

— Assim é difícil de colocar o DVD - o mais novo brincou, rindo enquanto tentava puxar a mão, mas aqueles dedos eram firmes demais.

Os dedos mais ásperos – pela péssima mania que Hajime tinha de cavar a terra com eles – se enrolaram totalmente aos seus.

— Não se preocupe, se algum alien estúpido tentar nos atacar, eu dou um jeito!

Os olhos verdes focaram o rosto orgulhoso do melhor amigo; Oikawa anunciava aquilo com tanta confiança que deixou-se relaxar minimamente, soltando o ar com um suspiro.

— Tem certeza? – questionou, receoso, enquanto sentia o aperto ser devolvido.

— Claro que sim, eu sou um nerd, lembra?

Foi a última coisa que ouviu antes do novo filme ser iniciado. Este era alguma aventura em animação, mas ambos meninos sentiam que logo desabariam de cansaço. Vez ou outra, Tooru olhava para o melhor amigo e sorria, o buraco onde ficava o seu dente saudando a visão do mais velho, sem nunca desfazerem o aperto de mãos desajeitado.


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Notas finais do capítulo

Sério, me desculpem pelos erros. Sou paranoica com erros.



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