Amai Desu Ka? escrita por Mildrith


Capítulo 3
Perdido.


Notas iniciais do capítulo

LevYaku, sim!
Desculpa qualquer erro, meh. ;u;



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/682638/chapter/3

                                               Perdido.

“Estou... perdido?” Se questionou, com os olhos agitados, pela décima vez.

Era assim que Lev se sentia – e de fato estava – enquanto caminhava pelos corredores do shopping.

Seus pais e Alisa tinham sumido de sua vista num piscar de olhos, sendo levados pela multidão de pessoas que sempre abarrotavam ambientes como aquele nos fins de semana. Foi o tempo que levou para correr até a vitrine de uma loja de artigos esportivos e babar em uma bola profissional de vôlei. Uma ambição distante, mas como toda criança, tinha o direito de sonhar.

Mas o sonho se esvaiu assim que se afastou e não encontrou mais ninguém conhecido ao redor. Pessoas sem rosto esbarravam no pequeno – não tão pequeno – corpo, fazendo-o girar e quase perder a sacola de guloseimas que tinha em mãos.

Mama, papa! Alisa-nee-san!— gritou, com a voz chorosa e prestes a vacilar.

Mas ninguém veio ajuda-lo.

Onde estão?

Por que me deixaram aqui?

Não me querem mais?

Com as mãos tremendo, tentou decidir por onde começar a procurar. Mas maldita seja sua falta de atenção, não sabia nem mesmo onde estavam antes de se afastar!

Decidiu então por entrar nas lojas aos redores, mas não encontrou-os em lugar algum. E o desespero era tanto e a idade tão pouca, que a ideia de questionar algum atendente nem mesmo passou por sua cabeça avoada. Levou uma das mãos trêmulas até a franja clara, retirando-a dos olhos como se daquela forma pudesse observar melhor o lugar.

Mas não mudou nada, o lugar parecia uma selva!

Por mais que fosse alto para sua idade, ainda era um cisco perto de alguns adultos, o que dificultava e muito a sua procura. Em poucos minutos, já estava irritado, com medo e chorando descaradamente. Sentiu o frio do ar condicionado se agarrar à sua roupa quentinha e ultrapassá-la, fazendo-o tremer. Mas se de frio ou temor, não sabia dizer.

Estava tão ocupado em fungar, apertar a sacola em mãos e tentar olhar por cima das pessoas que esqueceu-se de olhar para frente – ou para baixo, como no caso -, e se assustou quando algo se chocou contra seu peito.

— Olha por onde anda!

A reclamação veio em seguida, mas o Haiba mais novo levou longos segundos para entender que vinha de baixo. Abaixou o olhar surpreso e encontrou um garotinho ali, que aparentava ser mais novo e bem mais pequeno que si.

— Ah... d-desculpe... – fungou de novo, erguendo um braço e esfregando a manga da blusa no rosto, limpando as lágrimas quentes. Quando conseguia ver melhor com a ausência da visão embaçada, voltou a encarar o menino. – Você viu a minha mãe?

— O quê? – o mesmo garotinho questionou, estreitando os olhos castanhos que refletiam em uma tonalidade quente.

— E-eu não sei onde eles estão...– e mais lágrimas vieram, dando-lhe um ar muito mais infantil que o normal. – Nunca mais vou vê-los!

Para sua surpresa, sentiu uma mão pequena e quente agarrar a sua.

— Vem, eu também ‘tô procurando a minha – informou a criatura menor, entrelaçando os dedos nos seus e começando a puxá-lo. – Tem um lugar que a gente pode dar o nome e esperar.

— Tipo um achados-e-perdidos? – questionou, voltando a limpar as lágrimas fujonas com as costas da outra mão. O pequeno lhe deu um olhar estranho.

— Não, nós damos nossos nomes, e eles chamam pelo microfone, ai...

Lev não escutou mais. Escutar, escutou, mas não entendeu ou deu atenção.

Moveu os olhos verdes até as mãos de ambos, juntas, entrelaçadas de maneira firme. Nem havia percebido quando devolveu o aperto, mas a sensação de estar perdido com alguém era muito melhor do que estar perdido sozinho.

— Qual seu nome? – questionou mais uma vez, a voz ainda fraca, mas as lágrimas já haviam cessado para a satisfação de ambos.

— Yaku Morisuke – se apresentou, sem olhar para trás, confiante e ainda guiando-o para o dito lugar que o maior apelidou, mentalmente, de “achados-e-perdidos humano”.

— Eu sou Lev!

Anunciou, mesmo que a pergunta não lhe tivesse sido feita, mais alegre que minutos antes. Só então se lembrou da sacola que vinha trazendo.

— Quer chocolate, Yaku-san?

Morisuke apenas acenou positivamente. Com isso, o mais alto soltou – mesmo que relutante – a mão quentinha e enfiou a própria dentro da sacola. Puxou uma barrinha de chocolate ao leite, sua preferida.

— Vamos dividir, assim, chegamos mais rápido!

— Qual a lógica nisso? – resmungou Morisuke, fitando com intensidade a barra ainda embrulhada em suas mãos.

Lev quase achou que ele fosse babar.

— Aqui – ignorou a pergunta anterior, estendendo o doce para o menor sem deixar de andar, agora ao seu lado. – Pode morder primeiro.

Yaku pegou sem hesitar, afinal, era chocolate e por mais que fosse um tanto recluso, ainda era uma criança! Mordeu um pedaço considerável, mastigando enquanto devolvia-lhe o restante. O mesmo fez o mais alto, enquanto caminhavam bem pertinho para evitarem se perder um do outro. Trocaram o chocolate de mão em mão, até chegarem na entrada e se aproximarem de um dos seguranças. Este, levou-os até uma cabine e deixou-os junto de uma moça muito bonita.

— Quais são seus nomes e idade? – ela perguntou com gentileza, afagando a bochecha ainda sutilmente molhada de Lev e fazendo-a ficar ainda mais vermelha do que já estava.

— É... Haiba Lev e... Yaku Morisuke! – se adiantou em dizer ambos nomes, observado com os cantos dos olhos o menor lamber os dedos para aproveitar o chocolate que tinha sujado-os. Olha, talvez tivessem algo em comum! Talvez ele também amasse chocolate ao leite! Em seguida, anunciou a idade com orgulho, voltando os olhos para a nee-san à sua frente. – Eu tenho sete anos!

— Nove – murmurou Yaku, para a surpresa tanto de Lev quanto da moça.

Quando ela se afastou e foi até o microfone, Haiba puxou-o pela mão e sentaram-se no sofá que tinha ali, cansado de andar por tanto tempo.

— Waaaah! Você é mais velho que eu, eu nunca desconfiaria! – comentou com admiração sincera, sem soltar a mão do menino que estava meio grudenta e podia parecer nojenta, mas ele não se importava. Os olhos do mais velho se estreitaram.

— O que quer dizer com isso?

— Quer dizer que você é tão pequeno e- Ouch! O que foi isso? – afagou o ombro, onde um punho pequeno – mas forte – acertara-o sem dó.

— Não sou pequeno, seu gigante babaca, 'tô em fase de crescimento!

Dividiram mais uma barra de chocolate, com sorrisos satisfeitos e os queixos sujos. Aquilo era divertido e o temor anterior passara fácil com a distração. Poucos minutos depois, ambas famílias estavam ali, puxando-os para abraços apertados e pedidos de desculpas, e claro, uma bela bronca.

— Desculpe – murmuraram em uníssono, observando os próprios pés. As bochechas coradas e um beicinho em cada par de lábios.

Após tanto a família Yaku quanto a Haiba agradecerem a moça, saíram, juntos pois Lev se recusava a abandonar de cara o outro garoto.

— Onde você estuda?

— Como é ser mais velho?

— E tão pequeno?

— Você gosta de vôlei?

As perguntas eram uma avalanche, todas ignoradas, exceto a última. Quando descobriu que tinham mais aquilo em comum, decidiu que de fato era o destino!

— É o destino Yaku-san! Amigos? - sugeriu, olhos brilhantes enquanto finalmente se separavam. 

Levaram alguns segundos até a resposta vir; um aceno positivo e um sorriso sutil.

— Destino, Lev, mas só se me dar mais chocolate!

Estar perdido nem sempre é tão ruim, não quando se tem a oportunidade de esbarrar no pequeno Morisuke, que apesar de comer mais chocolate do que seu tamanho dava a entender, não soltava a mão da sua de forma alguma.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Amai Desu Ka?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.