Maps escrita por Paulie


Capítulo 5
Capítulo V - Existir para Fugir.


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores ♥
É com muita tristeza - e alegria, e um misto de emoções confusas - que anuncio o último capítulo de Maps.

Espero que gostem.
Até as notas finais.



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Capítulo V - Existir para Fugir.

Inspirar, expirar. Inspirar, expirar. Inspirar, expirar. Com os braços perfeitamente esticados, as pernas levemente abertas, vista de cima certamente Lily Evans pareceria uma estrela do mar. “Uma estrela do mar gigante”, ela riria com o pensamento, mas se contentou com a risada mental pois não queria perder o equilíbrio que com custo havia conseguido.

Boiava nas águas do lago, sendo levada de lá para cá pelo ritmo que o vento impunha nas ondulações. Estava apenas de roupa íntima, nada de biquíni, somente calcinha e sutiã. Mas, sinceramente, quem se importa?

Pelo que parecia, ela não. A tranquilidade dali, mesmo sem ter de se obrigar a “murchar a barriga” ou a “andar com a postura ereta”, ou ainda um “coma menos, assim você vai engordar” lhe proporcionava paz. Paz interior. Sem preocupação com estar mostrando ou não as pequenas celulites da perna, ou coisa do tipo.

Ela era assim. “Eu sou Lily Evans, eu sou assim. Eu sou assim”, ela murmurava, baixinho, como se o vento levasse suas palavras para alguém, distante dali. “Let it be”, repetiu agora o mantra que um Potter que insistia em ocupar seu pensamento em algumas horas do dia havia lhe ensinado.

E, naquele instante, ela pode jurar que ouviu um “Let it be” em resposta.

***

“Vamos com calma, James. Você consegue”, ele sussurrou, mais mentalmente do que realmente falando. Ok, a missão não era tão difícil assim. Sair de um quarto onde Sirius Black – pedra em pessoa – e Remus Lupin – o ronco suave denunciava o sono pesado – estavam dormindo não podia ser tão complicado.

Mas havia se tornado no momento em que James Potter caminhava por um espaço minúsculo entre os amigos e tentava estender a mão até o criado mudo (do lado oposto da cama onde estava Remus, passando pelo colchão de Sirius e por uma série de tábuas que certamente fariam algum barulho) para alcançar as chaves do carro.

“Mais uma vez”, ele disse estendendo a mão sobre a cabeça de um Lupin com os cabelos completamente desgrenhados (“Olha que gracinha, até parece que ensinei certo assim”) e a mão sob a orelha. Alcançou o chaveiro e, torcendo para que ele não balançasse demais fazendo barulho (“Maldita hora para ter um chaveiro com quatro desenhos de animais de metais se batendo”), o trouxe até a segurança de sua mão junto ao peito.

Voltando até a porta, pegou a mochila que estava apoiada ali, pregou um papel na parede (“Chicletes nosso de toda hora, amém”) e abriu a porta, que rangeu como prometia fazer desde a hora que soube que devia ser algo silencioso.

—James? – Lupin murmurou, passando a mão nos cabelos e pela boca, limpando eventuais babas.

—Sou eu – ele murmurou, sentindo o suor frio descendo em uma gota solitária pelas costas – Dor de barriga – lamuriou, torcendo para que o amigo estivesse muito sonolento para vê-lo.

—Ah – ele disse deitando-se novamente – Ainda bem que teve consciência de não ir no banheiro do quarto. Tranca a porta.

Virou-se para o outro lado, enquanto Potter saia do quarto e fechava rapidamente a porta atrás de si, soltando um audível suspiro. Sabia que devia ter acordado os amigos e simplesmente contado que Lily havia lhe contado para onde iria.

Mas James não sentia que era isso que devia fazer. Talvez depois se arrependesse mas... Ah, quem ele estava querendo enganar? James Potter não iria se arrepender porque ele queria isso. Ele queria dirigir para lá e encontrar Lily, lhe dizer que não era apenas naquela noite que a entendia. E, lógico, ela aceitaria o incrível James, e o beijaria e estaria tudo bem.

Talvez seu ego estivesse exagerando as coisas um pouco. Mas quem poderia lhe culpar? “Adoro ser James Potter”, ele sorriu de lado enquanto ligava o carro do amigo e encaminhava-o para a rodovia. “Espero que Remus não surte”.

***

—Como assim “James saiu”? – Marlene gritou, entrando no quarto dos garotos balançando o celular no rosto de Sirius.

—Tipo... James saiu? – ele respondeu.

—ELE PEGOU O MEU CARRO! – Remus andava de um lado para o outro – Ele pegou o meu carro. Tem noção do que é isso?

—Sim, Moony, nós sabemos o que significa – Sirius disse – Não precisa continuar gritando.

—Não é normal estar dormindo, em uma busca pela amiga ruiva desaparecida, e acordar com uma mensagem dizendo que um dos integrantes do grupo simplesmente saiu.

—É como falar que o John Lennon saiu dos Beatles. Não dá. – Dorcas comentou, aparecendo com a cabeça sobre os ombros da amiga.

—Você sabe que ele morreu, né? – Sirius falou confuso.

—Foco – Marlene rolou os olhos. – Agora dá pra explicar o “James saiu”.

—Bem, resumidamente... – Remus começou – A gente estava dormindo, eu na cama de cá, ele na de lá e Sirius no colchão. Deve que eram umas sete horas, por aí. A porta do banheiro estava trancada, e a janela também, embora a gente estivesse com muito calor, aí ligamos o ar e...

—James pegou as chaves do carro e deixou um bilhete a la Evans “Estou bem”. Só que com o detalhe Prongs da coisa: ele colou com chicletes na parede.

—Não precisava ter interrompido, Padfoot, eu ia chegar nessa parte – Remus reclamou.

—Claro, depois de nos contar até a cor da cueca que estava usando.

—Então, basicamente... estamos sem veículo num lugar distante e não sabemos onde nenhum dos dois estão?

 -Exatamente – Sirius sorriu, acenando.

 -E o que nós vamos fazer agora? – Dorcas perguntou.

—Bem, acho que é uma boa hora para café da manhã – Sirius comentou, colocando a camisa que estava jogada no colchão.

—Como assim vamos tomar café? – Marlene perguntou – Sirius, nós estamos em um lugar que não conhecemos, sem carro, com dois amigos em algum lugar que não sabemos onde é, nem sabemos se é o mesmo lugar. E você ainda consegue pensar em comida?

—Primeiro, eu nunca vou deixar você esquecer que você me chamou de “Sirius”. – ele disse segurando os ombros dela – Depois, do que vai adiantar ficarmos aqui e com fome? Se for pra ficar aqui, que seja de estômago cheio.

—Ok. – ela disse, não sem antes o fulminar com o olhar – Vamos trocar de roupa primeiro, Dorc.

Depois que elas saíram do quarto e combinaram todos de se encontrar na recepção em dez minutos, Remus virou-se para Sirius.

—Você realmente está tão calmo assim? – o primeiro resmungou.

—Meu melhor amigo sumiu. E não sumiu para beijar uma garota, ou sumiu para comprar algo antes de mim. Ou para chegar na lanchonete antes. Sumiu do tipo eu não tenho a mínima ideia de onde ele está. Como você acha que eu realmente estou?

—Ele pegou o meu carro. – Remus repetiu – E eu não estou dando a mínima. Só espero que eles estejam bem.

***

“Como que alguém consegue entender esse mapa?”. James estava estacionado no acostamento de uma estrada, e logo a seguir ela se dividia em três. Não sabia por qual delas deveria ir, a placa que tinha ali era ainda mais confusa que o mapa em si. E qual era o lado daquele negócio, de qualquer modo?

Desistindo de tentar decifrar, adivinhar, ou o que quer que faziam com aquele pedaço de papel, guardou-o novamente no porta-luvas, virou o carro na estrada para voltar até uma pequena venda que passara agora a pouco.

Trancou o carro do amigo, subindo os degraus de madeira pintados de branco – “Jesus, o quão clichê isso ainda pode ficar?” – e abriu a porta, que tocou um sininho indicando sua entrada – “Tão clichê assim”, ele mesmo se respondeu.

“Agora só falta um velho de macacão jeans e blusa de flanela xadrez vermelha e vai estar completo”. Ao contrário do que esperou, essa parte contrariou o resto do clichê: uma garota, com seus talvez doze anos, estava atrás do balcão, lendo um livro qualquer.

—Olá! – ela respondeu, sorrindo com os dentes ainda meio tortos.

—Hun... Oi. 

—Meu nome é Elizabeth, mas pode me chamar de Liz, e o que você procura? – o sorriso da garota cresceu ainda mais (se é que isso era possível) a medida que falava.

—Então... eu sou o James.

—Oi James! Posso te chamar de Jay, né? Ok, vou te chamar de Jay.

—Eu estava querendo saber para que lado fica o Lago Tahoe.

—Bem, se você for pensar, para todos os lados você chega nele uma hora.

—Sim, eu sei, mas eu queria a estrada que ia até lá mais rápido.

—A estrada não vai – ela mostrou os dentes novamente – Você vai com seu carro pela estrada, mas ela continua parada no mesmo lugar.

—Sim, eu sei. Mas eu queria mesmo chegar ao Lago Tahoe. E se você pudesse me arranjar um chicletes... Vocês vendem Trident?

—Hun... Não. Tem desses, servem? – ela mostrou uma caixinha.

—Vai ter de servir. – James pegou alguns.

—Você é engraçado. Parece com uma garota que passou aqui a algum tempo.

—Uma garota? – ele perguntou, interessando-se – E como era essa garota?

—Engraçada. Estava com o cabelo todo bagunçado, e franzia o nariz como se não estivesse acostumada com o cheiro daqui. E o cabelo dela era engraçado, era diferente. Ele era todo vermelho. E ficava parecendo uma chama de vela balançando toda hora que ela mexia.

—Essa moça te falou o nome dela?

—Lila, Lith, algo assim.

—Lily? – ele perguntou esperançoso.

—É, acho que sim. Lembra lírio, não?

—Sim, lembra exatamente um lírio – ele sorriu, feliz. – Aqui – colocou uma nota no balcão e saiu, fazendo o sininho tocar de novo quando saiu pelas escadas.

—Hey, James? – a garotinha chamou.

—Hun?

—Você esqueceu da estrada. Aquela ali, a da esquerda, é ela que leva ao Lago.

—Obrigado – ele completou, se virando novamente para seguir seu caminho.

—Jay? – a garota chamou novamente. – Você vai procurar ela, não vai? A moça do cabelo de vela?

—Sim, eu vou – ele sorriu ao responde-la.

—Diga que eu mandei um oi.

—Eu direi, Liz. Eu direi.

***

—E então? – Dorcas perguntou esperançosa a um Remus que acabara de conversar com o recepcionista.

—Bem, tem uma notícia boa e uma ruim.

—Vamos lá, não pode ser tão ruim assim. – Sirius comentou.

—A boa primeiro.

—A boa é que tem um restaurante maravilhoso aqui perto. E uma cidade.

—E a ruim?

—A ruim é que o “perto” deles é 12 quilômetros de asfalto.

—Doze? – as garotas disseram juntas.

—Mas tem outra notícia boa – ele disse, sorrindo para os amigos – Tem um ônibus que vai passar daqui alguns minutos que leva direto para a cidade.

—Bem, vamos lá – Sirius passou o braço pelo pescoço das duas garotas, andando com elas até o ponto de ônibus.

Não tiveram nem ao menos de sentar: assim que chegaram um ônibus parou na frente do ponto convidando-os (e mais um passageiro que esperava ali) a entrar.       -Isso é o ônibus? – Dorcas murmurou ao entrarem no veículo.

O “veículo”, por ser uma linha que passa por pequenas cidades de não muito tráfego, não estava lá em suas melhores condições.

—Bem, não se esqueça das galinhas – Marlene apontou para o bagageiro que possuía alguns desses animais em pequenas gaiolas.

—Vão dizer que nunca passearam com as galinhas da vovó, garotas? – Sirius comentou, brincalhão – Vamos lá, vai ser legal. Podemos até cantar uma daquelas músicas.

—Músicas? – Marlene perguntou, enquanto se sentavam no meio do ônibus.

—É, você sabe. Aquelas “o seu Lobato alguma coisa ia ia ô”.

—Você canta tão bem, Black, fico impressionada.

—Música de verdade? – Dorcas ofereceu um dos seus fones a Remus, que sentava a seu lado.

—Nunca vou conseguir te recompensar de verdade por isso – ele respondeu encaixando-o na orelha.

***

—Olá? – James Potter bateu a porta do carro, pisando na areia quente que se estendia antes da imensidão do lago azul – Tem alguém aí?

Não obtendo respostas, trancou o carro e andou pela orla dali, chutando pequenas pedrinhas pelo caminho. As coníferas começaram em algum lugar por ali, e, andando por meio delas, encontrou uma pequena clareira, onde havia uma barraca, marcas de uma fogueira e algumas roupas estendidas em uma pedra ao sol.

—Você só pode estar brincando – ele comentou, rindo.

Sentou-se na pedra ao lado das roupas da ruiva, fechando os olhos e aproveitando o calor. Finalmente, ele agora sabia onde estava Lily Evans.

***

Quando o sol, mesmo que não muito forte, começou a arder sobre a pele da sua barriga, Lily Evans pensou que talvez já fosse hora de sair dali.

Nadou até a beirada do lago, onde havia deixado uma toalha, enrolando-se na mesma. Os pés tinham areia grudada neles, mas não importava: depois bastaria que ela viesse até o lago novamente com seus chinelos e estaria pronto.

Os cabelos estavam horríveis, disso tinha consciência. Aquele momento começando-a-secar era o pior, principalmente considerando que estavam completamente embaraçados.

Deu de ombros, ainda continuando seu caminho até a clareira. Tinha noção de que ter encontrado aquela clareira fora completamente sorte, e agradecia por isso: não tinha ideia de onde colocaria sua barraca improvisada de última hora se não a encontrasse.

Agora seria uma boa hora para continuar a ler um dos livros que trouxera. Talvez O Morro dos Ventos Uivantes; ou quem sabe Os Miseráveis. Ou ainda O Apanhador no Campo de Centeio; Viagem ao Centro da Terra...

—Olá lírio! – uma voz vinda literalmente do nada a assustou.

—Puta merda – ela gritou, se escondendo atrás de uma árvore (“Ótimo esconderijo, mesmo”) e ajeitando a toalha.

—Eu até perguntaria se sou tão feio assim, mas eu sei que não sou – James Potter sentou-se na pedra onde antes estava deitado, ajeitando os óculos no rosto.

—Potter? – ela estava confusa. Quer dizer, como ele estava aqui?

—Surpresa! Sei que você não estava me esperando, mas acho que tem espaço para mim também na sua barraca.

—O que você está fazendo aqui? – ela disse pegando uma regata e um short qualquer na bolsa e indo atrás da pedra para se vestir, mandando James ficar em alguém lugar por ali.

—Bem, não é óbvio?

—Você veio atrás de mim?

—Sim e não.

—Como assim “sim e não”?

—Eu vim por você, mas também vim por mim, Lily.

—Estou a ouvidos, Potter – a ruiva disse, agora já com short e regata, sentando-se em frente ao garoto.

—Eu lembrei da noite de sexta – ele deu de ombros – O que você tem para comer aqui?

—Hun... Isso não explica por que você está aqui.

—Por que, Lily? Porque você sumiu, simplesmente sumiu, e deixou a todos nós preocupados. E, quando eu lembro, quando eu sei onde você está, eu só sei que eu devia estar aqui também. Porque, Lily, não é só você que precisa ser, eu também. Lily, nós estamos todos preocupados.

—“Nós”?

—Sim. Dorcas, Marlene, eu, Remus, Sirius, seus pais. Um bilhete de “tudo bem” não é muito explicativo.

—Eu sei que não, mas eu precisava de estar aqui.

—Eu sei, Lily. Eu sei. Eu só... senti a sua falta. Eu não quero só fingir que sou seu amigo em uma noite de bebedeira, Lily. Eu quero ser seu amigo. Bem, na verdade quero mais, mas podemos relevar isso por enquanto.

James havia se aproximado de Lily e, sem esperar autorização, a abraçou. Simplesmente a abraçou, tendo seu pescoço abraçado pela ruiva que, mesmo sem admitir, sentia falta de todos eles.

—Você fica falando sem parar de “nós” mas só vejo você – ela brincou – Cadê os outros mosqueteiros?

—Hun... Eu meio que, só meio, fiz a mesma coisa que você fez com eles.

Ela riu, uma risada gostosa, e sorriu para ele.

—Bem, acho que talvez eles merecem um áudio no Whatsapp. Você está com seu celular aí?

***

—Se eu disser que vou ficar cheirando galinha por uma semana, eu juro que não vai ser exagero – Dorcas comentou quando desceram do ônibus.

—Se eu disser – Sirius comentou – que acabei de receber um áudio do Prongs, o que eu ganho? – ele sorriu de lado.

Deu play no celular, aumentando o volume para que todos – que já tinham se amontoado em uma rodinha em sua volta – pudessem ouvir.

“Oi pessoal” a voz de James se fez presente.

“Oi gente”, dessa vez foi a voz de Lily.

—Lily! – Marlene faltou abraçar o celular.

—Você sabe que ela não consegue te escutar, certo? – Sirius comentou.

—Shiiiiu – Remus fez, apontando para o celular.

“Perdão por ter saído e só deixar um bilhete”, James continuou, “e perdão por pegar seu carro, Moony. Prometo que vou devolver em bom estado de conservação, e com o tanque cheio. Ou talvez pela metade, não sei”

“E mil desculpas, mesmo, por ter saído sem nem ao menos me despedir. Desculpe, Lene e Dorc, eu não queria preocupar vocês, os meninos ou meus pais. Só precisava espairecer. Espero mesmo que me entendam e me perdoem. Eu estou bem. Nós estamos bem”

“Devolvo seu carro em breve, Moony. Estou com saudades, Pads”

“Estou com saudades, garotas.”

“Até breve!”, disseram em uníssono e depois a mensagem terminou.

—Nenhuma informação de onde estão? NADA? – Marlene gritou.

—Só isso? Sério? – Dorcas também estava decepcionada.

—“Devolvo o carro em breve”, sério? – foi a vez de Remus.

—Bem, ele disse que está com saudades de mim. Ou seja: ainda não o perdi pra Evans – Sirius sorriu. E completou – Tem uma foto também.

Ele mostrou a tela do celular, onde os dois sorriam em uma selfie improvisada.

—Eu conheço esse lugar – Remus comentou, e sorriu marotamente depois (sendo um ótimo exemplo de situação em que comprovavam o nome do grupo) – Alguém aí a fim de ir ao Lago Tahoe?

—Tudo menos outro ônibus com galinhas – Dorcas implorou, mas ria.

—Tudo menos outra viagem ao lado de Sirius Black – Marlene brincou.

***

James Potter e Lily Evans estavam lado a lado, deitados na grama, observando o céu já pontilhado de estrelas, em semelhança à notória noite de sexta onde tudo aquilo se iniciou. Dessa vez, o garoto narrava a ida dele e dos amigos até o Museu do Star Wars na busca pela ruiva.

—Sério que eles brigaram por causa de uma coxinha de catupiry?

—Mas era a última, e isso é muito importante – ele olhou para ela, rindo.

—E eram Sirius e Marlene, o que também é muito relevante – ela olhou de volta, também rindo.

Apesar de continuarem com o sorriso no rosto, um súbito silêncio se abateu.

—James? – a ruiva chamou baixinho.

—Lily? – ele respondeu, ainda brincalhão.

—Eu juro que poderia te beijar agora.

—Eu sei, eu sou um cara muito bonito para só se ver e...

—Não estraga tudo, James – ela riu, enquanto o garoto se aproximava para beijar os lábios da garota.

Sorriram ao se afastar, logo se aproximando novamente. Agora que haviam começado, era difícil ficarem longe do outro. Suas mentes, seus corpos, clamavam por isso, e em meio a risadinhas continuaram assim.

—A-rrã – uma voz veio da beirada das árvores – Se queriam privacidade, eram só falar que apareceríamos amanhã – era Sirius, e ao seu lado estavam todos os amigos.

—Não enche, Pads – James disse, mas mesmo assim riu, ao se levantar e ajudar a garota.

Subitamente, as amigas logo vieram abraçar a ruiva e murmurar que estavam com saudades e essas coisas melosas de garotas – ou de nem todas as garotas. Remus, Sirius e James sorriram em cumplicidade (mesmo que internamente o primeiro estava querendo matar certo Potter por ter pego seu carro.)

—Nunca mais pegue meu carro assim – ele disse em meio a um sorriso.

—Tudo em nome do amor, certo? – James estendeu a mão, esperando o toque do amigo.

Remus sorriu, ergueu a mão e então respondeu:

—Não – e abaixou a mão, deixando o Potter no vácuo.

Assim que Marlene e Dorcas conseguiram ser desgrudadas de Lily, Sirius se aproximou dela e de James.

—É o seguinte, Evans. Vocês podem começar a namorar, a se pegarem, ou sei lá o que vocês vão fazer. Vocês podem até se casar. Mas, em hipótese alguma, o James vai deixar de ser meu. Entendido?

Lily riu.

—Só seu. Exclusivamente.

—Exatamente. Não gosto de dividir. A propósito, se você quebrar o coração dele (que é muito frágil), eu te mato – ele sorriu, amigavelmente, dando as costas em seguida.

—Super amigável – Lily comentou.

—Assim fico até orgulhoso – James limpou uma lágrima inexistente. – Vamos lá, vamos ficar junto deles.

—James? – Lily lhe chamou.

—Oi?

—Obrigada por vir me procurar. – ela sorriu, beijando-o ternamente mais uma vez.

Sentaram-se todos em volta da fogueira improvisada, resolvendo que iriam passar ali aquela noite. Trocaram histórias: James contou como descobriu que Lily estava ali (omitindo algumas muitas partes da sexta, que continuaria sendo só deles), Lily contou sobre o aperto que passou com um esquilo em uma noite, os outros quatro contaram sobre o ônibus das galinhas.

Sim, existimos para fugir, Lily concluiu naquela noite. Mas, às vezes, não é necessário fugir sozinho. Podemos fugir junto daqueles que amamos. E Lily amava cada um que estava ali, individualmente, coletivamente e de um jeito diferente.

Os mapas, afinal, não conduzem a um só lugar. Os mapas podem ser decifrados, basta olhar de outra visão. Os mapas não mostram a resposta, mostram o caminho para ela.

E, aqueles ali, juntos a ela, eram a resposta. Os mapas da vida lhe mostraram isso.

Aconchegada no peito de Potter, adormeceu enquanto ainda conversavam. Adormeceu com um sorriso no rosto. Não precisava mais fugir, havia encontrado seu homizio.


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Notas finais do capítulo

Então... É isso. Acabou.

Gostaria de agradecer a todos, todos mesmo, que tiraram um tempinho precioso para ler essa história. Gostaria de agradecer a todos que, através dos comentários mais lindos do mundo, me fizeram escrever e me inspiraram. Gostaria de agradecer ainda, a todos que disseram "Um amém, igreja" toda vez que eu postava um novo capítulo e ia dizer isso no MPF.
Vocês foram muito importantes. Concluir essa história é muito importante para mim.

Nesse ano conturbado de vestibular, essa história de certo modo foi meu homizio. E vocês, minha fuga.

Está tudo bem fugir de vez em quando. Não se sintam culpados por fugir. Só fujam com as pessoas certas.

Espero ver vocês qualquer dia desses, em algum lugar.

Um super beijo, de todo meu coração.

Paulie ♥