Most Ardently escrita por Kori Hime


Capítulo 2
I admire and love you


Notas iniciais do capítulo

Última parte do conto.
Não sei nem o que falar, só sentir. Foi divertido brincar de Mr. Darcy, mas muito complicado. Toda hora eu pensava "Isso não é Mr. Darcy!" ou "Isso poderia ser Mr. Darcy". A verdade é que ninguém conseguirá fazer um Mr. Darcy tal como a Jane Austen. Mas dá para a gente continuar brincando de ser feliz ♥



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“In vain have I struggled. It will not do. My feelings will not be repressed. You must allow me to tell you how ardently I admire and love you.”

Mr. Darcy – Pride and Prejudice


Mr. Darcy encontrava-se retido na sala de jogos, em companhia de Mr. Gardiner e seu amigo Charles Bingley. Seu sogro, Mr. Bennet havia sido encaminhado para um dos quartos de hóspedes, com a ajuda de um criado. Assim que Mrs. Bennet finalizou um discurso de agradecimento, ela foi ao encontro do esposo.

Os senhores bebiam e congratulavam Darcy. Algum tempo depois, eles também se recolheram. Charles deixou a biblioteca dando algumas batidinhas nos ombros do amigo, mais uma vez, lhe parabenizando e desejando toda a felicidade do mundo, pois ele era mais do que merecedor.

Sentado em sua cadeira, Mr. Darcy reorganizava seus pensamentos. O último ano foi de grande valia e conquista pessoal. Inicialmente, sua ideia de um casamento perfeito era íntimo, apenas a família e amigos próximos. Todavia, durante suas visitas a família Bennet, ao longo do noivado, Mr. Darcy foi bombardeado pela euforia e entusiasmo de Mrs. Bennet. Afinal de contas, a festa era de costume ofertado pela família da noiva. E, mesmo que Elizabeth tenha dito que queria algo menor, sua mãe não estava disposta a ceder.

Após o casamento de Jane, a situação da família Bennet não estava das melhores, devido à baixa renda que Longbourn oferecera nos últimos meses. Mas isso não foi suficiente para deter Mrs. Bennet. Ela estava obstinada em fazer com que o casamento de suas filhas fossem o tópico mais apreciado nas rodas de conversas de toda a Inglaterra.

Elizabeth esgotou o fôlego ao se desculpar todos os dias pelas ideias exageradas da mãe. E Mr. Darcy finalmente cedeu aos caprichos da sogra. Não por ela, mas por todos os sorrisos que Elizabeth oferecia cada vez que Mrs. Bennet realizava em voz alta, o casamento em detalhes minuciosos. Darcy estava seguro de que Elizabeth limitava sua expressão para não dar mais corda para os sonhos de sua mãe. E que, no fundo, não achava uma ideia tão ruim.

Com a ajuda de Mr. Gardiner, conseguiu um acordo justo quanto ao dote de Elizabeth e a festa de casamento. Ele não queria, de maneira alguma, ofender a família, diminuindo o valor do dote. Pois, Elizabeth era uma mulher de grande valor e dotes inestimáveis.

Mr. Bennet não estava inclinado a aceitar tamanha generosidade de Mr. Darcy, entretanto, seu irmão foi de grande ajuda na hora de convencê-lo. Ficou afirmado que o dote de Elizabeth seria todo investido em Longbourn, criando assim uma sociedade entre Darcy e Bennet. Sobre a festa de casamento, Mr. Darcy ofereceu sua mansão como local da festa e ficou por sua conta a comida, bebida e músicos. Além de adiantar a mesada de um ano de Elizabeth, para que ela fosse até Londres preparar seu enxoval e o vestido de casamento. Mr. Bennet se encarregaria de cuidar dos demais detalhes.

Ao saber do acordo, Elizabeth se pronunciou contra a mesada adiantada, mas não levou muito tempo para que fosse convencida por sua mãe e irmãs, de que, querendo ou não, o dinheiro seria lhe dado de bom grado depois do casamento. Poderia ver aquele ato nobre como um empréstimo pessoal.

Mr. Darcy temeu que as ideias e sentimentos de Elizabeth sobre ele mudassem após aquele acordo. Mas, ao contrário do que seu coração sofria antecipadamente, Lizzy agradeceu a bondade do futuro marido, e deixou claro que, nos seguintes dozes meses, não iria receber um centavo sequer das mãos dele. Além de esclarecer que aceitou unicamente pensando em seu pai, que não possuía muitos recursos para tal extravagância. Darcy concordou imediatamente com a proposta.

E ali encontrava-se agora, fora tudo memorável.

Estava levemente preocupado com Elizabeth, devido ao cansaço acarretado pela cerimônia. Por isso, achou mais adequado deixa-la repousar e se refrescar após o baile, antes de compartilharem o mesmo quarto.

Em uma conversa íntima que tivera com o amigo Charles Bingley, Darcy revelou sua dificuldade em expressar os sentimentos, verbal e fisicamente. O que não era uma novidade para Charles, pois ele conhecia muito bem o amigo e sabia que ele não era dado as frivolidades da vida, em especial, as de caráter leviano. O que fazia Charles respeitá-lo ainda mais. Darcy era um gentleman, sua índole refletia em seus atos. E como o amor ainda não havia aquecido seu coração, era compreensível que, agora, em sua atual posição, estivesse pronto para desfrutar do desejo carnal, com alguém que ele realmente amava.

Após terminar sua bebida, Mr. Darcy levantou-se de sua cadeira e seguiu rumo ao quarto em que compartilharia de agora em diante com Elizabeth. A cada passo ele sentia o coração acelerar no peito, ao abrir as portas do quarto, encontrou a esposa deitada.

Sem demora, Lizzy sentou na cama, abraçando o corpo em volta dos seios. Darcy permaneceu imóvel próximo da porta. Então ela quebrou o silêncio.

— Demorou. — Elizabeth falou, soltando os braços lentamente. — Achei que estivesse com algum problema.

— Eu apenas não queria incomodá-la. — Ele respondeu prontamente. — Deve estar cansada após um dia tão atarefado.

— Não me abato facilmente, Mr. Darcy. Lembra-se, sou a mesma mulher que atravessou um campo para cuidar de uma irmã febril.

Ele riu minimamente, mas sincero, abaixando a cabeça por alguns segundos.

— Tem razão. Eu não queria ofender.

— Não o fez. — Elizabeth se levantou da cama, enquanto Mr. Darcy acompanhava-a com os olhos seus passos pelo quarto. — Estou muito lisonjeada por tantos mimos que me cerca.

Ela parou diante da penteadeira, e pegou um frasco de perfume, sentindo seu cheiro, com um sorriso de satisfação.

— Devo ser honesto e dizer que a maioria foi escolha de minha amada irmã. — Darcy caminhou até Elizabeth, parando alguns passos antes de ficar muito perto dela. — Sinto em desapontá-la. Sou um pouco inexperiente nos gostos femininos. Mas espero poder me retificar o mais breve possível. Tenho a esperança de que, ao meu lado, poderá me dar algumas dicas valiosas.

— Será um prazer, Mr. Darcy. — Elizabeth parecia ligeiramente mais a vontade, ela retornou para a cama, ficando de costas para o marido.

É certo que aquela não era a primeira vez que eles se encontravam no mesmo ambiente sozinhos. Mas não era a mesma coisa estando em um quarto conjugado. Darcy desabotoou seu colete e passou a mão em seus cabelos. Inquieto e com o coração agitado, ele decidiu tirar de vez o colete e removeu o cravat que mais lhe apertava o pescoço e dificultava a respiração naquele momento.

Mr. Darcy mal podia imaginar como Elizabeth se mostrava tão tranquila diante daquela situação. Seu rosto, com traços suaves, os belos olhos a lhe observar, transpareciam amabilidade e confiança. Ela era linda, inteligente e, agora, sabia que também era dona da situação, tamanha era sua serenidade. Sentiu então um embaraço profundo diante da mulher que amava.

O que ele não imaginava era que, naquele momento, Elizabeth unia forças para manter-se dignamente em pé, pois suas pernas bambeavam de ansiedade. Nunca antes sofrera com tal problema, mesmo depois de fazer uma longa caminhada.

Em consequência do silêncio que se instalou no quarto, Elizabeth se sentiu no direito de falar algumas palavras.

— Mr. Darcy. — Ela começou a falar, recebendo toda a atenção do esposo. — Nos últimos meses temos nos encontrado quase que diariamente. E, ainda assim, há tanto para se compartilhar. Me sinto alegre na sua presença. E, se me permite dizer, também me falta fôlego cada vez que eu imagino o que vem pela frente. O que eu posso dizer, neste momento, é que não existe outro lugar que eu não gostaria de estar, senão aqui, junto do senhor. Pois é onde eu me sinto mais viva do que nunca.

O coração de Darcy se contraiu em alegria e paixão. Ele cortou a distância que os separava em poucos passos, tomando-a em um abraço afetuoso. Deixando de lado as etiquetas que tanto lhe fora cobrado ao longo de sua vida.

A mulher que amava retribuía o abraço com a mesma intensidade e carinho. Os corpos não poderiam ficar mais perfeitos naquela união.

— Não sabe como é agradável ouvir essas palavras. — Darcy falou, beijando delicadamente a mão de Lizzy. Sentindo toda aquela paixão dominar seu corpo.

— A mim, me agrada mais ainda tê-lo feito sorrir. — Elizabeth corou ao fechar os olhos. Seus lábios foram gentilmente tocados pelos de Darcy.

Ele a segurou pela cintura, sentindo o desejo a flor da pele. Abrandando aquela excitação ao espalhar os beijos pelo corpo da amada, derramando caricias em torno de seus seios ao repousá-la na cama, tirando suas vestes. Sussurrando em seu ouvido a paixão que ela despertava dentro de si. Recebendo a permissão de sua amada para tê-la por completo aquela noite, e todas as demais que estariam por vir.

O dia amanheceu e o quarto foi tomado pela luz natural do sol. Mr. Darcy piscou algumas vezes, forçando os olhos contra a claridade. Ele tencionou se levantar para fechar as cortinas. Não via objeções para ficar até mais tarde desfrutando da companhia de sua esposa, mas a tarefa pareceu mais difícil pois Elizabeth estava com a cabeça sobre seu peito, e a mão pousava suavemente em suas costelas, enquanto ainda dormia.

Mr. Darcy não se moveu por longos minutos, permitindo que a esposa dormisse um pouco mais. Ele acariciou os cabelos dela, levemente, para não acordá-la. Um misto de relaxamento e prazer era saboreado por ele naquele instante. Poderia passar o resto da vida daquela maneira.

Elizabeth mexeu o corpo e mudou de posição. Ela movia-se com frequência na cama, algo que Darcy notou ao longo da noite. Ele possuía um sono levíssimo, acordou em todos os momentos que Lizzy se mexeu. Aquilo não o incomodou, de maneira alguma, achava graça na maneira que ela se sentia livre compartilhando a cama com alguém. Darcy soube que era costume as irmãs Bennet dividirem a cama, Lizzy lhe contou que já estava acostumada. Mas ela afirmou que era diferente estar ao lado de um homem, a julgar pelo tamanho dele e de Mrs. Bingley, a diferença deveria ser gritante.

Aproveitando que Elizabeth havia se virado, Darcy se levantou, ajeitando as calças em seu corpo. Ele fechou as cortinas para bloquear o sol, criando um clima aconchegante dentro do quarto. Infelizmente ele não conseguiu dormir. Seu corpo funcionava prontamente àquela hora do dia, mesmo que tentasse se esforçar para aproveitar mais um pouco daquele momento agradável, sentia-se inclinado a se levantar da cama. Ele lavou o rosto no quarto de banho e vestiu-se em seguida. Retornou para o quarto quando Elizabeth acordava, esfregando os olhos preguiçosamente.

— Muito bom dia, Mr. Darcy. — Elizabeth sorriu para ele, levemente corada, com os olhos ainda sonolentos.

— Bom dia, Mrs. Darcy.

— Já é dia. Mas pode voltar a dormir, precisa descansar e repor as energias.

— Nossa primeira manhã compartilhada. — ela sentou-se na cama, ajeitando o cobertor. Seus cabelos estavam soltos e caíam pelos ombros. — Espero não ter sido muito inconveniente durante a noite. Jane sempre me acordava com sacolejos, pedindo para eu me endireitar.

— Tem minha palavra de que jamais a acordaria dessa forma. — Darcy segurou a mão de Lizzy, depositando um beijo na pele quente. Ela riu. — O que é engraçado?

— Estamos tendo uma conversa de marido e mulher, pela manhã. — Ela olhou para o esposo, em pé ao lado da cama, que não parecia compreender. — Eu estava com um certo medo ontem a noite, confesso que meu corpo tremeu de ansiedade, pois não sabia como agir assim que aquela porta fosse fechada. É como se aqui dentro nós pudéssemos ser livres de tudo o que nos obrigam a carregar nos ombros. As etiquetas e regras. Embora ainda existam regras a seguir, mesmo que ninguém veja. Eu poderia tê-lo ofendido de alguma forma com minhas atitudes. Mas decidi continuar sendo quem sou.

— Entendo. — Darcy refletiu sobre o que a esposa falava, sentando-se na cama. —Devo admitir, nessa conversa tão sincera, que também tive meus momentos de ansiedade, ao qual eu tive dúvidas sobre como agir na sua companhia. A razão me dizia para fazer uma coisa, enquanto meu coração tomava conta do controle de meu corpo. Eu acredito que uma parcela da culpa seja sua.

— Minha? — Lizzy perguntou.

— Eu me sinto a vontade ao seu lado. — Darcy respondeu. — A ponto de expor minhas fraquezas e meus desejos. Eu me vejo em um dilema entre razão e paixão. Qual deve ceder? Como se comportar diante de tais emoções?

— Pois eu me sinto da mesma forma, Mr. Darcy. — Lizzy pousou a cabeça no ombro do marido, segurando-lhe a mão. — Mas hoje é apenas o primeiro dia do que ainda está para ser escrito em nossa história. Cabe a nós escrevermos da melhor forma possível. Mesmo que cometamos erros no caminho. O amor prevalecerá.

Darcy acariciou o rosto da esposa, sentindo que não poderia viver sem aquele toque de intimidade.

— Dedicarei o meu máximo para ser merecedor de estar ao seu lado nessa história.

Elizabeth exibiu um sorriso iluminado, beijando a mão do esposo. Darcy a abraçou de modo carinhoso e apaixonado, sentindo uma vibração em seu corpo. Ela tinha toda razão quando dizia que ali poderiam se ver livres de etiquetas e regras. Mas era Elizabeth quem lhe dava asas para voar e alcançar os sonhos que pareciam tão distantes.


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Notas finais do capítulo

Na minha cabeça não processa Mr. Darcy fazendo coisinhas para os outros lerem, tanto é que apaguei as cenas mais ousadas HUSAUHSAHUSHAUSHUASHA
Obrigada por ler. Qualquer erro de digitação, me avise.
Beijos.