Most Ardently escrita por Kori Hime


Capítulo 1
I do, I do like him, I love him.


Notas iniciais do capítulo

Alô você que chegou até aqui, não pule essa parte.

Depois de 15 anos decidi ler novamente Orgulho e Preconceito, minha mente deu uma guinada e as coisas fazem mais sentido agora.

O texto foi editado 1 vez, caso encontre algum erro de digitação, basta me informar no comentário.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/682391/chapter/1

"I do, I do like him" she replied, with tears in her eyes, "I love him. Indeed he has no improper pride. He is perfectly amiable. You do not know what he really is; then pray do not pain me by speaking of him in such terms."

Elizabeth Bennet - Pride and Prejudice


— Todos bem sabem que eu tenho problemas nos nervos. Quando minha Lydia partiu, esposada com Wickham, eu senti que um pedaço de mim era levado com ela. Minha menina tão jovem e já casada com um belo militar. Me deixou tão orgulhosa. E logo em seguida veio o noivado de Jane, apesar de não ter sido pega de surpresa, pois desde o primeiro momento que Mr. Bingley pôs os olhos em cima dela, meu coração de mãe soube que era amor verdadeiro. Juro para vocês que eu senti um calafrio percorrer a espinha. Fico até embaraçada em dizer tal coisa, veja só, dizem que mães possuem um sentido apurado para essas coisas. Tenho que dizer que somos muito abençoados, pois, logo em seguida, minha segunda filha me aparece com novidades sobre o pedido de casamento de Mr. Darcy. Tenho pra mim que ele sempre foi apaixonado por ela, mas tinha vergonha de se aproximar, já que ele sabe que somos uma família muito reservada e Mr. Bennet é um pai muito zeloso com suas cinco filhas. Ele não ia permitir que um estranho completo chegasse em casa e levasse nossa preciosa Lizzy para Debyshire. Primeiro era preciso mostrar-se merecedor de sua graça.

A voz de Mrs. Bennet podia ser ouvida por todo o salão, mesmo com a orquestra trabalhando para animar a festa de casamento.

Mr. e Mrs. Darcy dançavam no meio do salão, sendo observado por todos, aquela fora uma das cerimônias de casamento mais belas de toda a Inglaterra.

— Essa foi a primeira música que dançamos juntos. — Disse Mr. Darcy, segurando a mão de Elizabeth, girando-a ao redor de seu corpo. — Devo dizer que essa melodia esteve em minha cabeça por longos dias, senão semanas, até que eu consegui finalmente alguns segundos de silêncio.

— E o que aconteceu depois? — Elizabeth perguntou, parando em frente ao esposo.

— Eu a vi. — Ele respondeu, acariciando delicadamente os dedos sobre a luva dela. — Então eu ouvi aquela canção mais uma vez em minha cabeça.

Ela sorriu.

A dança terminou e o casal caminhou pelo salão para receber os cumprimentos dos convidados. Eram muitos, oriundos de várias localidades. Elizabeth não conhecia quase ninguém, mas se esforçou para estar bem apresentável ao lado de Mr. Darcy. No fim, passaram ao lado de Mrs. Bennet, ela tecia longos elogios sobre a cerimônia, a festa, e os vestidos de última moda que foram feitos em Londres, com uma das modistas mais procuradas da cidade. Além do pesado anel com diamantes que Elizabeth possuía em sua mão esquerda.

Elizabeth olhou para o esposo, ele lhe devolveu o olhar, mas era tarde para fugirem dali. Mrs. Bennet não poupava palavras para dizer como estava feliz naquela noite. Sem deixar de lembrar a falta que Lady Catherine de Bourgh fazia.

Com devota paciência, Mr. Darcy agradeceu a dedicação da sogra em tornar aquela noite também muito especial, com seus elogios. Educadamente, ele pediu licença para as damas e deixou que a esposa ficasse sob os cuidados das senhoras.

Com um olhar silencioso e cheio de súplicas, Elizabeth viu Darcy se afastar com um sorriso. Caso não tivessem passado por uma verdadeira batalha sentimental e psicológica, aquela era uma boa hora de irritar-se com ele. Mas sabia que não conseguiria.

— Conte, Lizzy, diga como foi nossa estadia em Londres. — A mãe de Elizabeth não parava de falar um só minuto, era incrível como ela não perdia o fôlego quando estava contando alguma história que achava excitante.

— Foi muito boa. — Elizabeth respondeu, sabendo que a mãe iria dar os detalhes com mais fervor.

— Boa? Ora essa. Foi uma maravilha. Nós fomos em diversas lojas e...

Elizabeth apenas sorria e acenava com a cabeça, ela já não estava ouvindo mais nada do que diziam ao seu redor. Buscou com o olhar onde estava Mr. Darcy, encontrando-o ao lado de Mr. Bingley e sua irmã, Miss Bingley. Ela, que estava vestida como uma verdadeira nobre, chamava a atenção de todos os olhares. Embora não conseguisse chamar a atenção do único olhar que ela desejava.

Não é que Elizabeth sentia ciúmes, na verdade ela sentia um comichão em seu coração cada vez que Caroline olhava para Darcy. Entretanto, esse sentimento passava quando ela notava o total desinteresse de Darcy para com ela. No fundo, bem lá no fundo, Lizzy sentia-se vitoriosa por todas as desagradáveis palavras que ouvira da boca de Miss Bingley.

O baile estava animado e deveras bonito, isso Elizabeth deveria concordar com sua mãe. A comida era farta, a música não parava e os convidados estavam se divertindo. É claro que, em alguns momentos, Elizabeth acabava ouvindo certos comentários desagradáveis. Ela não estava surpresa, a falta de Lady Catherine contribuiu para que os mexericos fossem uma das atrações da noite.

Depois de algumas horas, Elizabeth estava cansada e não via a hora de todos irem embora. E, ao mesmo tempo que desejava isso com todo o seu coração, o momento de ficar a sós com Mr. Darcy causava furor. Seu rosto esquentou apenas com o pensamento.

Lizzy sentiu o coração disparado e a garganta seca, ela estava precisando tomar ar, pois sentia que o ambiente estava pesado e quente demais. Então caminhou para longe da movimentação e dos convidados. Conforme se afastava, o barulho da música e das conversas paralelas se tornavam apenas um amontoado de zunido irritante em seu ouvido.

Ela abriu as portas duplas para o jardim e encontrou a paz e o frescor da brisa da noite. Após recuperar a tranquilidade em seu peito, Lizzy sentiu que era observada. Olhou para trás e encontrou o esposo parado ao lado da porta.

— Me assustou. — Ela comentou, esfregando as mãos em volta dos braços. Usava um vestido longo e branco, um decote singelo que deixava suas clavículas à mostra.

— O que veio fazer aqui sozinha? Sente-se mal? Precisa de alguma coisa? — Darcy perguntou preocupado.

— Apenas precisava respirar um pouco de ar fresco. Eu estava um pouco exausta de toda a agitação.

— Não gostou do baile? — Mr. Darcy aproximou-se de sua esposa e tomou sua mão com cordialidade. — Posso adiantar o término da celebração, assim poderá se recolher mais cedo.

Elizabeth sentiu a preocupação dele, mas também acreditou que estava sendo grosseira em não aproveitar o baile que lhe fora oferecido. Afinal de contas, nem todas as damas poderiam concretizar o sonho de um casamento tão magnífico.

— O baile está maravilhoso. Eu apenas quis me recompor um pouco e respirar ar fresco. A noite está favorável para um passeio.

— Seria uma honra acompanha-la, Mrs. Darcy.

Lizzy aceitou a companhia com muito agrado, mas eles caminharam poucos passos até serem descobertos pelas irmãs da noiva.

— Mamãe procura por você, Lizzy. — Kitty era a mais animada. — Vamos, é uma surpresa maravilhosa.

— Não conte a surpresa, Kitty. — Mary a repreendeu.

Jane apenas riu, pedindo para as duas entrarem de uma vez, notando que o casal poderia estar querendo ficar a sós. As meninas entraram.

— Está mais disposta? — Mr. Darcy perguntou.

— Sim, estou disposta. Preciso apenas de algo para beber e já terei me recuperado completamente. Posso até dizer que passaria a noite inteira dançando nossa melodia. — Ela respondeu animada.

— Prepararei eu mesmo uma bebida que aprendi quando mais jovem. Me mantinha sempre em alerta quando necessário. — Darcy deixou Elizabeth na companhia da irmã mais velha.

Jane aguardou que estivessem sozinhas para iniciar uma conversa com a irmã.

— Estou nervosa. — Elizabeth declarou. — Ansiosa, talvez. Não, muito ansiosa. E com medo. Não quero que ele me tome como uma tola, sem graça. Não sei o que esperar dessa noite.

Jane riu. Era a primeira vez que via a irmã naquele estado de nervos. E entendia exatamente o que ela estava sentindo. Afinal de contas, não fazia nem cinco meses que estava casada com Mr. Bingley.

Nas vésperas do casamento, Mrs. Bennet sentou-se com Jane para conversar sobre a intimidade do matrimônio. Os conselhos maternos eram de grande valia, mas um tanto confusos. Jane ficou horrorizada com o que sua mãe sugeriu para quando estivesse a sós com seu marido. O mesmo aconteceu com Elizabeth, a conversa foi um total desastre.

— Tenho certeza de que Mr. Darcy será carinhoso e gentil com você, minha irmã. Ele a ama e é notável em seus olhos que ele jamais a tomaria de maneira grosseira. Mas se te deixa mais tranquila, aconselho que deixe o seu amor por ele transparecer. Pois no mundo não existe nada mais belo do que duas pessoas unidas num só.

Elizabeth recebeu um abraço de Jane e então elas retornaram para o baile.

A festa foi longa, Elizabeth mal sentia os pés quando se despediu da última pessoa. Seu pai dormia em uma das cadeiras, enquanto sua mãe estava perdida em algum lugar da mansão. As meninas, todas instaladas em seus quartos, e, antes de ir para o seu, Lizzy encontrou-se com Georgiana, no corredor, seu quarto ficava próximo, e a jovem estava sem sono devida a agitação daquela noite. Ela então sugeriu que fosse encontra-se com suas irmãs Kitty e Mary, para conversarem um pouco antes de dormirem. Não restou dúvidas de que Georgiana seguiu o conselho da cunhada.

Elizabeth se viu sozinha no corredor, ela caminhou até a porta do quarto que dividiria com seu esposo e abriu. Encontrou uma das criadas preparando o lugar, ela arrumava a cama e salientou que havia preparado um bom escalda pés para que pudesse relaxar antes de dormir, pois deveria estar bastante cansada e com os pés doloridos. Lizzy agradeceu e aproveitou a água quentinha. Foi como renascer.

O lugar era requintado, não havia dúvidas de que ele foi decorado sem economia, mas de muito bom gosto. Algumas coisas chamaram a atenção de Elizabeth. Um quadro pintado de uma paisagem bem conhecida dela, o campo em que crescera. Outra curiosidade era a penteadeira com caixas de joias e todos os tipos de perfumes e produtos femininos. Eram mais do que ela poderia usar em um ano. As gavetas também estavam abastadas de vários tipos de objetos. No quarto de vestir, Elizabeth encontrou uma variedade de vestidos que havia sido encomendado em Londres, quando ela passou uma temporada de três semanas para os preparativos do casamento.

Todo o luxo e requinte era um sonho delicado. Mas seu sonho não se apegava ao material. Era algo mais forte do que isso. Lizzy estava sim deslumbrada com tanta beleza ao seu redor, só que nada daquilo teria tanto valor se o seu amor não fosse correspondido em tamanha proporção.

Apaixonada, ela podia entender um pouco da euforia de Lydia. Podia também entender um pouco da calmaria de Jane. Era um misto de sensações que a levava aos céus e trazia depois por terras.

Elizabeth decidiu vestir-se para dormir. Havia comprado também camisolas elegantes para usar. E estava indecisa sobre qual deveria vestir. Seu nervosismo aumentava com a ideia de que Mr. Darcy poderia aparecer ali a qualquer momento e flagrá-la.

Fechou os olhos e pegou o primeiro que sua mão alcançou. Ficou em um dilema entre manter os cabelos soltos ou presos. Optou então por deixar meio a meio. Ela sentou-se na cama macia e confortável e então aguardou que seu esposo viesse.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Os trechos em inglês foram retirados do livro original Pride and Prejudice, de algumas cenas memoráveis.Beijos.