Trevas escrita por kevin henri


Capítulo 2
II - Horizontes de Areia.


Notas iniciais do capítulo

Bem, demorou um pouco, mas atualizei, eu tenho pouco tempo para me dedicar a isto, mas aqui está, se houver qualquer erro, por favor, avisem-me

Boa leitura



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“-Levante-

 

Disse a voz para o pequeno jovem de cabelos dourados, que estava no chão, sem camisa, com o que restava de uma calça rasgada, deslaço, com vários cortes sobre o corpo, busto, costas, braços e pernas, ele sangrava, muito, estava quase pálido.

 

—Eu mandei levantar-

 

A dona da voz o puxou pelos cabelos com força o suficiente para fazê-lo ficar de pé, seus olhos estavam opacos, sem vida, ele estava inconsciente, mesmo assim, seu corpo continuava lutando, resistindo.

 

Ela simulou um soco, ele saltou para trás, se colocando em posição de defesa, ela sorriu.

 

—Enfim aprendeu não é mesmo? -

 

A voz, dessa vez, saiu suave e dócil, o jovem se ajoelhou e caiu, até mesmo o corpo tinha um limite, a dona da voz, ruiva, foi até ele, se ajoelhando e tocando sua testa com seu dedo indicador, vapor saia de seus ferimentos, os fechando, de maneira que até mesmo a sujeira fosse limpa de seu corpo, ela sorriu, uma presa foi vista no canto direito de sua boca, ela olhava o jovem com interesse, depois olhou as estrelas, pelo buraco no teto, na manhã seguinte, ele despertou."

 

—Bom dia -

 

Ela não sabia explicar, a voz dele era como música para seus ouvidos altamente aguçados, tanto, que a deixava arrepiada, não era amor, deuses não amam, não que não possam aprender, apenas, não era de sua natureza.

Os olhos escarlates o olharam, a fenda negra como o abismo o encarou, ele não piscou, e sorriu, ao olhar em seus olhos, ela percebera onde estava, o cheiro doce dele, o calor do corpo dele, os lábios dele, tão perto dos seus, sentiu vergonha, então saiu de cima dele, se afastando lentamente, ela sorriu.

 

—Bom dia -

 

Disse, enquanto o via levantar, se espreguiçando, alongando os músculos que ganhara com o treinamento, mesmo tendo apenas quatorze anos, podia se considerar um garoto de beleza quase divina, olhar em seus olhos, era como denunciar suas fraquezas, como se ele conhecesse até mesmo sua alma, como se soubesse seus pontos fracos, e lhe dando a certeza de que ele iria usa-los contra você.

O sorriso, mostrando os caninos longos, resultado este de outro treinamento, esboçava felicidade em vê-la, ali, com ele, lhe dando atenção, afeto e carinho, mais e mais ele a via como uma irmã mais velha, inteligente, esperta, bonita, até mesmo sexy, e forte, e ela como seu irmão mais novo, insensato, um pouco ingênuo, destemido, corajoso… livre.. Indomável.

—Nosso ultimo treinamento exigiu muito de você-

 

Disse ela, com a voz serena, com ele analisando seu corpo, ele sorriu.

 

—Não se preocupe, sei que não faria isso se não fosse necessário, confio totalmente em você, sei que nunca me machucaria com más intenções- A frase surpreendeu a deusa, que lhe sorriu, com as bochechas rosadas, nunca fora a costumada com elogios.

 

—Bem, já estou pronto, irei até a cidade, ver como anda o curso da guerra, e ver como os Uchihas estão se saindo, talvez dê uma passada em outro lugar antes- Disse ele com naturalidade, enquanto procurava suas roupas

 

—Os Uchihas estão poderosos como sempre foram, com aqueles olhos amaldiçoados, ansiando guerra apenas para provar suas “superioridade”, nem todos a cortejam, de fato, mas a maioria sim, as maçãs podres devem ser eliminadas-

 

—Essa é a voz da razão falando? Ou a personificação da raiva e do ódio? - Seu questionamento foi mais para si mesmo do que para ela, ele tirou a calça, ficando apenas com uma cueca box preta, vestiu uma calça negra, botas marrons de cano alto, protegendo os pés com o couro grosso, uma camisa de mangas curtas, um pouco surrada, negra, e uma capa marrom por cima do corpo, sua única defesa, uma espada, uma simples espada, contra inimigos, ladrões, assassinos, uma tempestade de areia, contra todas as possibilidades, ele apenas levava sua determinação inabalável, e uma espada.

Essa ideia, de desafiar a tudo e a todos, mesmo que a derrotada fosse certa, atitude costumeira do rapaz, a deixava quase que extasiada, nunca conhecera alguém como ele, nunca nem mesmo ouvira falar, em meio a tantos humanos,  deuses, até mesmo os mortos, nunca houvera alguém como ele, por isso sentia a necessidade de protegê-lo, de torna-lo forte, por que ele não podia simplesmente morrer.

 

—Tome cuidado, e volte inteiro pra mim -

 

A voz soou preocupada, por mais confiante que aquela figura pudesse parecer, por um breve segundo, houve preocupação em sua voz.

 

—Eu sempre vou voltar pra você - Disse ele, ajeitando suas vestimentas e, com um sorriso em seus lábios, começou a andar, desafiando aquele mundo a para-lo, e, mesmo sabendo que o munda tentaria, de todas as formas e maneiras de o parar, seria inútil, não se pode acorrentar um coração que já nasceu livre.

 

[...]

 

  Foram dois dias de caminhada, graças a seu treinamento, sempre pesado, podia ficar dias sem comer ou dormir, porém, como em tudo, sempre há um preço a se pagar, deveria compensar esse gasto de energia quando fosse descansar, esses eram seus pensamentos, até serem interrompidos por uma visão, longa e distante, uma construção, atrás de uma muralha de terra, pedras, barro e areia, ele finalmente havia chegado até seu objetivo.

 

Suna.

 

  A única cidade conhecida que conseguia viver em tais condições, com guerreiros tão fortes e formidáveis que até mesmo o próprio deserto se dobrava diante de sua vontade, considerados os mais resistentes contra a natureza, pois a própria natureza os ajudou a crescer e se desenvolver.

  A cada passo, sangue pingava, se misturando e sumindo na areia e no vento que a carregava, mas não era seu sangue, em uma mão, levava uma grande sacola de pano, encharcada de sangue, na outra, um cadáver, de uma criatura, quase duas vezes o tamanho dele, sendo que o levava com muita facilidade.

  Ao entrar na cidade, notificou aos guardas que estava apenas de passagem, tendo o seu caminho liberado, após ser revistado, levando o saco ensanguentado e o cadáver da criatura até um posto avançado.

  Postos avançados podem ser usado como pontos de troca, onde se troca algo valioso, mas inútil para um, por dinheiro, enquanto que, nestes postos, aquilo que era trocado, adquiria algum valor, como transformar uma parte do corpo de um animal em uma arma, ou a couraça de um grande besouro em uma armadura resistente, no geral, eles comprar matéria prima, e depois, refinam.

 

— Quanto ganho por isso? -  O questionamento chamou a atenção dos atendentes, que olhavam para ele, incrédulos.

 

—Primeiro, traga quem matou esse escorpião vermelho, depois teremos um…-

 

—Está vendo mais alguém me acompanhando, com as mãos sujas de sangue, carregando um escorpião vermelho de mais de dois metros ?-  O questionamento irônico calou o atendente, que o olhou, analisando-o detalhadamente.

 

—Pois bem, o corpo vale 2.000 Ryos - Disse o atendente, analisando o corpo da criatura, pinças enormes, três caudas, seis patas, oito olhos negros, vermelho sangue, grande pra espécie, isso, que era apenas um filhote.

 

—Quanto me dá pelo veneno? - Perguntou ele, enquanto abria seu manto, mostrando uma bolsa, cheia de frascos com um líquido verde brilhante, aquilo pareceu atiçar as habilidades de comércio do vendedor, até que, um mais velho, bem mais velho, tomou o lugar do anterior, com toda a educação, pedindo para cuidar daquele caso em especial.

 

—Boa tarde, eu sou o dono da loja, meu nome é Ori, por todo esse veneno, eu lhe pago 5000 Ryos, e pelos ferrões dele, 750 Ryos, cada, isso totaliza 9250 Ryos. - O velho sabia analisar um bom produto, era notável, Naruto prontamente aceitou a oferta, lhe entregando o escorpião e os frascos de veneno.

 

Saiu dali satisfeito, com uma pequena sacola presa ao corpo, e logo entrou em outra loja, esta diferente, um pouco rústica, com várias armas na vitrine, e várias estantes de madeira, com as armaduras amostra, ele sorriu

 

—Bom dia - Falou naturalmente, ouvindo um pequeno estrondo

 

—Ai… Minha cabeça… Bom dia- Disse uma garota, acariciando a cabeça, tinha cabelos amarronzados, olhos um pouco mais claros, usava uma bandana azulada, uma camisa simples beige, e uma saia que alcançava seu joelho, com uma sandália simples.

 

—Desculpe, você está bem? - Perguntou Naruto, acariciando a cabeça da garota, que corou um pouco pelo acontecido.

 

—Sim, estou bem… mas… em quê posso ajuda-lo? - Perguntou ela, ele sorriu.

 

—Eu gostaria de afiar a minha espada, a lâmina está quase cega - Disse ele, tirando a bainha do cinto e colocando-a na mesa, a garota a analisou cuidadosamente, tirando-a da baínha até certo ponto, para analisar o que deveria ser feito.

 

—Fica por 50 Ryos senhor…

 

—Naruto, Apenas Naruto, tenho apenas quatorze anos, por favor… Sari - Disse ele com um ar descontraído, a garota se surpreendeu, por mais que tivesse seus 15 anos, parecia até mesmo mais nova do que o jovem loiro, ele apontou para a direção ao lado dele, onde, na porta, havia uma plaquinha, escrita Sari, ela rapidamente tirou de lá.

 

—Desculpe, eu estava esculpindo para passar o tempo, não temos muitos clientes, não são muitos que confiam em uma ferreira mulher - Comentou, constrangida.

 

— Tolos, veja bem, eu treino desde os meus seis anos de idade, eu sei reconhecer um material de boa qualidade aqui, se foi mesmo você quem forjou a maioria das coisas que está aqui, então posso te dar a certeza de que vou comprar apenas aqui, eu quase posso sentir seu coração em todas essas armas- Ela corou com as palavras do loiro, porém, sorriu.

 

—Então, esse trabalho é por conta da casa, sem reclamações sem negações - Foi a vez dele sorrir e vê-la atravessar o balcão e ficar frente a ele e, lentamente, lhe abraçar.

 

—Ninguém nunca elogiou meu trabalho assim, com, tanto carinho- Disse ela, enquanto Naruto retornava o abraço, sorrindo.

 

—Então…  - Dizia Naruto, até ser interrompido por alguém entrando no local.

 

  Era um homem, cabelos negros, olhos cinzentos, barba mal feita, vestindo uma capa e botas negras, com um singelo balançar da capa, Naruto viu que ele empunhava uma faca, ele apertou Sari entre seus braços, gerou, desviando-a do golpe que acertaria sua garganta, chutando-o em seguida, prendendo-o no balcão.

  Golpeou seu joelho, com tal força que quebrou sua perna, em seguida com um soco, fez sua cabeça afundar na madeira do balcão, logo, mais alguém entrou, porém, este era um guarda, com a armadura prateada, com uma espada em mãos, usando o brasão de Suna, que era uma ampulheta cm um risco em cima desta.

     Ele se aproximou do homem inconsciente para verificar seu estado, olhou espantado para Naruto, e, em seguida, mais dois guardas entraram, levando-o arrastado, enquanto Naruto mantinha Sari perto de si.

 

  -Obrigado por nos ajudar a capturar esse ladrão, ele provavelmente entrou aqui querendo um refém, ou uma arma melhor do que a que tinha- Disse o guarda, saindo em seguida

 

—Desculpe, eu pago o estrago - Disse ele, alcançando a bolsa com moedas, porém, foi impedido gentilmente

—Não, você já pagou, salvou minha vida, então não se preocupe com isso, eu…- Ela foi interrompida, por um forte tremor, tudo parou, por um minuto, tudo parou, até que gritos foram ouvidos, Sari e Naruto correram para fora, e viram ao longe, uma grande cortina de areia vindo em sua direção, Naruto viu, aquele mesmo velho de antes olhar para lá.

 

—O que é isso ? - Perguntou Ori, enquanto olhava para lá

 

—Lembra daquele bichinho que eu trouxe? É a mãe dele- Naruto disse com naturalidade, enquanto arrumava a bainha, que havia pego pouco antes de sair da loja, em seu cinto, desembainhando a espada levemente, indo até o portão

 

—Esperem aqui - Disse ele, correndo em direção ao que parecia uma tempestade

 

Logo, da terra, surgiu um grande escorpião vermelho, de mais de dez metros, cinco caudas com ferrões grandes, longas pinças, olhos buscando vingança pela perda de seu filho.

Naruto viu a areia se mexer novamente, dessa vez, de forma diferente, dando lugar para um ruivo, usando uma camisa de mangas longas, vermelha, com um colete de apenas uma manga, cobrindo seu ombro direito, uma grande cabaça em suas costas, usava uma calça negra, uma faixa na cabeça, um contorno negro em seus olhos.

Ele apenas ergueu sua mão, e uma onda de areia abalou o grande escorpião, em seguida, prendeu suas patas, porém, os ferrões a libertaram rapidamente.

 

—Maldito insistente -  A voz soou fria e sem sentimentos, várias estacas de areia surgiram da terra, porem, as pinças a cortaram rapidamente, as pessoas correram para mais atrás das muralhas, enquanto a criatura avançava pelas paredes de areia, criadas para detê-la.

 

—Todos para trás! irei protegê-los!- Gritou o ruivo, com a voz forte, que não lembrava em nada a voz sem sentimentos de outrora, Naruto olhou para sua bainha, fechando os olhos e pensando, lentamente, sua mão alcançou o cabo da espada, estava pensativo, até que...

 

—Guarda, por favor, empreste-me sua lança - Disse ele para o guarda, que auxiliava a multidão, ele, observou o porte do rapaz, como se estivesse de brincadeira, porém, o olhar sério, este que nenhuma criança deveria ter, o obrigou a dar-lhe a lança, com o cabo prateado e a lâmina dourada, a lança era quase duas vezes o tamanho do garoto, chegava até a ser engraçado, este, por sua vez, agradeceu e se foi, direto para as muralhas.

 

Ele subiu rapidamente as escadas que levavam até o topo da mesma, obtendo uma vista privilegiada do que se passava, logo, uma forte ventania lançou o escorpião gigante vários metros para trás, logo, a fonte de tal acontecimento foi revelava, logo abaixo de onde estava o ruivo, havia uma garota loira, com os cabelos presos em quatro coques bagunçados, olhos verdes selvagens e irritados, expressão raivosa, vestia um colete branco, com uma camisa negra por baixo desta, sendo a manga esquerda longa e a direita curta, calças negras e sandálias longas que quase alcançavam seus joelhos.

 

—Gaara! tente pensar em algo para penetrar a armadura! irei atrasa-lo! - Gritou ela para o ruivo, que agora sabia se chamar Gaara, de suas costas, retirou o leque que estava preso, balançando-o, lançando um tornado forte, quase maior que o escorpião, porém, este não saiu do lugar.

Gaara atacou o escorpião por baixo, criando várias estacas de terra, que o atingiram com tanta força que o fizeram perder, momentaneamente, o contato com a terra e, ao cair, levantou grande poeira, apenas para, depois que fosse soprada para longe, mostrasse o monstro, intacto.

Ele avançou, agora com toda a velocidade contra os dois, enquanto a loira lançava tornados contra ele, a fera simplesmente se enterrou na areia, porém, o ruivo, abriu um buraco, parecido com um poço, revelando a criatura, funda na terra, esta mergulhou novamente, vendo que sua estratégia falhara, voltando para a superfície.

A criatura olhou ao redor, pensando em fugir, mas, quando viu Naruto, na muralha, rugiu furiosamente, o reconhecendo como o assassino de seu filhote, avançando agora com o dobro da velocidade, resistindo a todos os ataques, tanto do ruivo quanto o da loira.

Uma mão de areia surgiu, agarrando uma de suas caudas, girando-a com força e lançando-o para longe da cidade, porém, voltou a correr rapidamente.

  As pinças, abriam e fechavam furiosamente, as caudas destruíam tudo o que Gaara tentava criar usando areia, a armadura resistia ao vento da loira.  

  

—Essa droga tem algum ponto fraco? - Perguntou a loira para o ruivo, que cada vez mais recuavam para as muralhas, Gaara agarrou todas as patas da criatura, e, criando mãos gigantes, esmagou os ferrões da besta, que, após isso se libertou rapidamente.

 

—Tudo e todos possuem um ponto fraco, Temari- Disse ele, trazendo-a para o alto com uma nuvem de areia, ficando ao lado dele.

 

— –Gaara, sem duvidas esse não é do tipo comum, o que faremos? - Disse ela, vendo a criatura se aproximar, e viu também um loiro pular do alto da muralha, indo para dentro da cidade, visto que o escorpião passaria pela muralha.

Ele olhou fundo em cada um dos olhos da besta, olhos sedentos por sangue, seu sangue, raiva, ira, ódio, sentimentos que ele conhecia bem, mesmo assim, continuou olhando-a, estudando os movimentos de seu corpo.
  Ele olhou fundo, na alma da criatura, ela rugiu e avançou contra ele, derrubando a barreira de areia do ruivo, derrubando todo e qualquer obstáculo em sua frente.
  O loiro se posicionou, segurando o pedaço de madeira em posição de lançamento, a ponta, quebrada e afiada, como uma lança, o braço direito, estendido na direção do escorpião descontrolado.
  As pernas afastadas, firmes aos solo, dando excelente sustento, ele não piscava, a poeira do deserto se quer tiravam sua concentração.
  
  -"Ah, se ela pudesse me ver agora"-

  Foi seu único pensamento antes de lançar a arma, que decolou, rápido, comparado com uma flecha, ficando exatos cinco segundos no ar.
  Acertou o centro do local onde se encontravam os olhos, mesmo assim, a besta continuou correndo, sedenta, as pinças, abrindo e fechando violentamente, as caudas, agitadas, furioso.
  O ruivo tentou para-la, porém, a criatura se mantinha firme e forte, Naruto sorriu.
  A criatura chegou até os portões, passando por cima deles, dessa vez, com passadas lentas de suas patas, a criatura parou, a frente de Naruto, todos olhavam,  com medo, apavorados.
  Sari estava encolhida, olhando a criatura, que cercava Naruto, chegou até mesmo a aproximar as pinças, seus olhos chegaram perto dele, e, então, surpreendentemente, a criatura despencou no chão, cansada.
  O ruivo chegou ao local rapidamente, temendo pela população, pronto para agir, até perceber que tudo se encaminhava para o fim, ele olhou, intrigado.
  Naruto tocou sua pinça, olhando-a nos olhos.

  - Me perdoe -  

  Ele sussurrou, em seguida, algo molhado tocou a areia no chão, que rapidamente tratou de absorver, a única lágrima que percorreu o rosto do loiro, ele se ajoelhou, enquanto sentia a vida abandonar o corpo da criatura, o ruivo se aproximou.

  - Por que choras sobre o corpo de um animal que você mesmo matou ?-

  A pergunta chamou a atenção do loiro, que enxugou o rosto com a mão e se levantou, olhando o corpo.

  - Aprendi que toda a vida tem valor, e tira-la de alguém por raiva, ou por ódio, não tem significado, mas matei, porque tinha que fazê-lo, porque pessoas dependiam disso -

  Ele disse mais para si mesmo do que para qualquer um, em seguida, ele se retirou, porém...

  - Posso saber seu nome?-

  Ele se virou, olhando-a nos olhos, azuis cristalinos, beirando a inocência, que poderia se transformar em uma tempestade em segundos

  -Naruto... Apenas Naruto -


  [...]

  Nada se falava na cidade, além do misterioso loiro de olhos azuis que, com uma lança, abateu um escorpião de mais de sete vezes o seu tamanho, porém, ninguém viu o seu rosto, e isso o tornava irreconhecível, enquanto que este, sentado no teto da torre mais alta da muralha, observava o horizonte, que trazia velhas lembranças à tona.

 

[...]

 

Depois de um tempo, ele percebeu porque as pessoas evitavam ele, porque a maioria das pessoas nem se quer o olhavam nos olhos, par ele, até mesmo o próprio bairo, onde se encontrava sua casa, e “familia” era proibido, a voz falou pra ele, a voz que rondava sua mente, melodiosa e sedutora como os raios do sol de uma manhã fria de inverno.

Ele sentia o lado ruim das pessoas, e fazia todas ao seu redor sentirem isso também, ele sentia o lado obscuro da alma de todas, trizteza, amargura, depressão, decepção, raiva, ira, ódio, todos os sentimentos negativos, ele sentia, e, parte deles eram refletidos para as pessoas ao seu redor.

 

Como ele sabia disso? A voz o dissera, lhe explicara, cada detalhe, como se fosse uma mão, ensinando um filho pequeno, ele tinha quatro anos, quase cinco, já que faltava um mês para seu aniversário.

Ele olhava a janela de sua casa, e via seus pais, junto de sua irmã menor, rindo, felizes, quentes nesse inverno de neve e nevascas tão gélidas que gelarias os ossos de qualquer um.

Mas ele não era qualquer um, ninguém além dele aguentava o frio extremo, o mesmo valia para o calor, quando sentiu que nenhum dos dois extremos afetava seu corpo, foi bem na hora certa.

  Há muito tempo, um desastre ocorrera naquelas terras, uma criatura mística havia conseguido fugir de sua prisão, há muito construída para prender a besta, ela deixou um rastro de destruição inigualável, com facilidade, suas caudas, com um balanças, destruiam montanhas, seus rugidos causavam furacões, seus grandes e afiados dentes eram como espadas, suas garras longas eram como lanças, sua pelagem vermelho alaranjada era como uma armadura de fogo, que queimava tudo o que tocava.

  Os olhos vermelhos, em fenda, pareciam arrancar a alma de quem encarava, era grande, muito grande, grande como um castelo, e imponente como se o mundo a pertencesse, era gananciosa, queria tudo para si, reinar, dominar, um das nove bestas imperadoras, Kyuubi no Youko, a lendária raposa de nove caudas.

  Aprisionada há muito tempo, desde os tempos dos fundadores daquele reino, Madara Uchiha e Tobirama Senju, que, juntos, construíram aquela terra, Konohagakure no Sato, a aldeia oculta da folha, uma das vilas mais fortes que existiam.

  Naquele dia, quase metade do reino foi destruido em apenas uma noite, vários morreram, centenas ficaram feridos, amores perdidos, familias destruídas, órfãos sem fim, parecia uma guerra, parecia que o mundo estava acabado.

  Naquele dias, Minato Namikaze, deveria ter morrido, junto com sua esposa, Kushina Uzumaki, cuja qual era a prisão de tão temível criatura, ela fora libertada, por alguém, porém, antes de seu corpo ser destruído, pelo que deveria ter sido o sacrifício do grande guerreiro conhecido como relâmpago dourado de Konoha, ela observara o pequeno bebê, e transferira grande parte de sua energia vital para a criança, com o intuito de se reecriar usando seu corpo como hospedeiro, ou seja…

 

Ela auto selou-se nele.

 

Depois de um tempo, a gananciosa raposa observou o garoto, leu sua mente, seus desejos e seu coração, lá, dentro de sua jaula sem grades, sua prisão sem paredes, sua coleira sem corrente, percebeu uma coisa.

Percebeu que ali, com aquele garoto, aquele que não tinha escolha, percebeu que, quando descobrisse toda a verdade que tinha para contar a ele, sofreria, por isso, pela primeira vez, amaldiçoou-se por sua ganância, por seu poder, quando pudesse fazer o primeiro contato, seria cautelosa.

  Quando seus pais descobriram, junto de sua irmã, que era um ano mais nova do que ele, ele passara a não ser tratado da mesma forma, era ignorado, por ambos os três, não ia para a escola, não ficava em casa, apenas na floresta, ele, com o tempo, desejou ficar forte para sair daquele lugar, para onde ia, as pessoas se afastavam dele, com medo e raiva no olhar, quando foi descoberto que ele passara a ser o recipiente da temível raposa de nove caudas, passou a ser agredido pelos moradores, na esperança de que, machucando-o, machucassem o ser dentro dele.

  Ele sempre se mantinha escondido e, quando era descoberto, corria, corria o máximo que podia, até ouvir pela primeira vez, a voz, na primeira vez, sentiu dor, porém, das outras vezes, passara a ser curado por ela, aos poucos, foi descobrindo o que acontecera…



—Você...Kyuubi no Youko, mas… meu pai não o destruiu?- Perguntou o garoto para o ser em sua mente, uma raposa de quatro caudas peludas, enquanto que as outras cinco tinham pouco pelo, assim como seu corpo, que ia crescendo com o tempo, enquanto sua energia vital era restaurada aos poucos, seus olhos, vermelhos, faziam o jovem sentir tanto o medo, quanto uma sensação familiar, era temível, e, ainda assim, sedutor.

 

—Vocês acham que podem me destruir por completo, humanos tolos, apenas meu corpo pode ser destruido, minha mente e minha alma jamais podem desaparecer deste mundo, e hoje, vim lhe explicar o que é tudo “isso” - A voz saiu, com ódio, o local em sua mente? Um grande esgoto, com mascas de garras e pegadas gigantes, as goteiras fazendo barulho, a água caindo, fazendo o silêncio quase sumir no tempo, que, naquele lugar, não existia.

 

—Você é especial, Naruto, diferente de todos os outros, por isso eu o escolhi, na hora, por ganância, mas agora, vejo que foi a melhor decisão, eu sou a raposa de nove caudas, a mais poderosa das bestas imperadoras, estou selada em seu corpo e é por isso que sofre, por causa de seu pai.

 

—P-Por causa de meu pai?- Perguntou o pequeno, enquanto a raposa se aproximava, ele não a achava bonita naquele estado, tão deprimente e decomposta, quase esquelética, ele a olhou, enquanto se abaixava, se ajoelhou, e chorou.

 

—O-O que aconteceu… Com você?- Perguntou ele, vendo a raposa olhar o próprio corpo.

 

—Seu pai fez isto comigo eu estava neste estado quando transferi minha força vital para você, no dia de seu nascimento, eu só queria ir embora, para meu lugar, mas eles não permitiram, quiseram me usar como arma, uma de minhas habilidades é conseguir me desmaterializar em uma núvem, porém, por causa de seu pai, e de um intruso, fiquei preso a você, junto com sua alma, entrelaçado, mas sabe… Não é ruim, não gosta de mim assim?- Perguntou a raposa, que, por algum motivo, se importava com o garoto.

 

—Isso deve estar doendo - Disse ele, tocando sua pele, mais precisamente, um de seus dedos.

 

—Sabe o que mais dói? Ver como esses inúteis lhe tratam, ver como podem ser tão desprezíveis quanto qualquer um, inclusive a mim, eu acompanho tudo, você é o filho do quarto, o comandante deste reino, e todos sabem disto, nem mesmo os guardas fazem algo, você é o príncipe! É um ser humano como eles! Esse foi o ato mais repugnante que eu já testemunhei! E por isso não posso perdoa-los! - O urro não espantou o garoto, que se sentou, observando o ódio quase palpável do ser a sua frente.

 

—Eu quero ouvir a sua história, eu estou sentado em uma árvore, em uma árvore muito alta, aqui o tempo parece correr diferente, por favor, eu quero ouvir - Disse ele, sentando, a raposa sorriu.

 

—Muito bem, tudo começou há muito tempo atrás…

 

[...]

 

—Ei, Naruto… - Disse uma voz em sua mente, que o chamou a atenção, uma voz que não ouvia há alguns dias, a voz de seu companheiro.

Ele fechou seus olhos, afundando em sua mente, indo até um grande campo, rodeados de arvores, cujas folhas exalavam fogo branco, ventava, muito, e, sempre que as folhasse desprendiam, se tornavam pequenas labaredas negras.

Havia um lago, cristalino, que nem mesmo os mais dedicados e habilidosos artistas e pintores poderiam pintar ou descrever.

Parecia inverno, mas não fazia frio, lembrava o outono, mas sem toda a melancolia no ar, era como olhar para um paraíso depois que se morria.

Nesse lugar, tão majestoso e maravilhosamente belo, estava a lendária raposa de nove caudas, o líder das nove bestas imperadoras, Kyuubi no Youko.

 

—Kurama… O que foi? - Perguntou ele, com a voz mansa, quase dócil, como se estivesse falando com um irmão mais velho

 

—Seus pais ainda estão o procurando, e se vierem para cá? E se mandarem um esquadrão para captura-lo? Sei que com seu treinamento, és mais forte do que um soldado comum, até mesmo um veterano ou um rank A, mas não pode contra um grupo de um porte semelhante - Ele estava correto, ainda não estava forte, não o suficiente para o que queria fazer.

—Eu sei, não pretendo me demorar muito mais aqui, não tardará até ouvirem sobre o que aconteceu aqui, mas estou curioso sobre aquele garoto de cabelos ruivos, nunca vi ninguém contra ele -

 

Estava pensativo, mesmo treinando até a exaustão, não sabia como se sairia contra um inimigo daqueles, o garoto ruivo, era, no mínimo, rank B.

 

Os Ranks são divididos entre D, C, B, A e S, em alguns casos, SS, ou até mesmo SSS, De rank D até C, são soldados normais, sem qualquer treinamento avançado, B são guerreiros especiais, de curta e longa distância, rank A, especialistas em combate, rank S, considerados mestres, poucos alcançavam rank SS, e apenas houveram cinco rank SSS em toda a história.

—Quando eu voltar, e eu irei voltar, mostrarei à eles o erro que cometeram, tanto eles quanto minha irmã, a “princesa” Namikaze, saudada por todos por seu a gênio da familia, no mesmo patamar do pai, dando indício de que, no futuro, iria supera-lo, era uma das melhores alunas da academia, sempre tendo ótimas notas nos exames teóricos e práticos, ainda assim, eu sei que ela não é forte como eu sou, não do jeito que eu me tornei, eu sinto isso, gritando em minha alma, dentro de mim, crescendo...Quando eu voltar... -

Ele tocou seu peito, enquanto os olhos escarlates encaravam o seu, e três riscos surgiram em suas bochechas, três de cada lado, riscos finos, como bigodes, que se engrossaram um pouco.

Suas pupilas, lentamente, se tornaram finas fendas, profundas e negras, as folhas negras diminuíram, tornando-se vermelhas e negras, seus caninos cresceram, assim como suas garras...

—Eu vou lhes mostrar, o poder do ódio que criaram em mim. -

 

 


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Notas finais do capítulo

Bem, agora sim tudo começa, quem é a ruiva que treina o Naruto? E por que Naruto e Kurama são amigos tendo "pouco" tempo de convivência? Saberão em breve.
Comentem, esse é o combustível que qualquer autor aqui, quanto mais comentários, mais rápido sai o próximo capítulo.

Até a próxima õ/