Early Sunsets Over Suna escrita por gaara do deserto


Capítulo 21
A Small Wish


Notas iniciais do capítulo

people, eis aqui o penultimo capitulo e não se preocupem, antes do dia 18 jpa terei postado o ultimo, okay?

Então, vamos lá!



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A cena ainda parecia suspensa, em meio à exclamações de surpresa.

Temari ofegou, levando as mãos à boca.

O corpo de Matsuri descrevia um arco perfeito, subindo no ar, os olhos vidrados, em choque. Atravessando seu peito, uma lamina aquosa, o ultimo esforço de Kisame, expulsava sangue e vida do corpo da kunoichi. Ela não sentia dor, mas estava em um estado de emoção indefinido.

Kisame ainda gargalhava antes de desaparecer, arrogante com o efeito que causara.

E enquanto o momento parecia se desenrolar em câmera lenta, uma voz despertou Matsuri, trazendo-a de volta à realidade.

- MATSURI!

Gaara não conseguia descrever o que estava acontecendo, seu espírito lhe dizia que algum golpe de Kisame o afetara, não passava de um tipo de genjutsu maldoso...

Como pudera quebrar uma promessa feita à si mesmo?

Como pudera deixá-la exposta ao perigo?

Ele segurou aquele corpo frágil antes que batesse no chão e afundasse dentro do rio criado por Kisame.

Os olhos dela ainda lhe dirigiam a mesma servidão e fidelidade.

- Matsuri! – ele emanava desespero incompreensível. O sangue dela manchou seus dedos enquanto se esvaia daquele furo em seu peito.

Sabaku No Gaara já vira muitas pessoas morrerem, mas estes eram sempre indivíduos sem nome ou rosto, que alimentavam algum tipo de sentimento violento pelo ruivo. E ele sempre os esmagara, pois acreditava que esta era sua razão de viver.

Mas ninguém nunca morrera daquele jeito por ele... Como Kazekage, sabia das garotas que suspiravam por ele, mas também sabia que nenhuma delas agiria de maneira tão imprudente, colocando-se em perigo ao enfrentar um nukenin rank S.

Matsuri o fez, sem hesitar.

- Gaara! – Naruto foi o primeiro a desatar a correr na direção do amigo, seguido por Kakashi, Sai, Sakura, Kankurou e Temari.

Sakura procurou oferecer ajuda de imediato, mas sabia que a kunoichi da areia não tinha salvação assim que a viu.  Hoshigaki Kisame fora certeiro e mortal em seu golpe.

- Temos que levá-la de volta para a Vila – disse Kankurou – Para o hospital...

Gaara concordou, mudo. Ele levantou-se, segurando o corpo de Matsuri junto ao peito como se quisesse evitar mais danos.

- G... ra-sa... a – um sussurro fraco e quebrado chegou aos ouvidos do Kazekage. Ele parou imediatamente.

- Não fale, Matsuri-san – disse, sério – Só vai piorar os ferimentos.

A kunoichi sorriu, trêmula. Gaara-sama, o seu anjo caído, estava carregando-a? Não havia espaço para a dor que estava sentindo, mas de qualquer forma, não se deixava enganar; sabia que aquilo era um prelúdio de morte.

Porém, se era para desfrutar do momento que sonhara desde que o conhecera, a morte até que era um preço razoável a se pagar.

- É preciso conter a hemorragia logo, Gaara – ela ouviu a voz de Haruno Sakura como um eco distante.

- Quais as chances dela, Sakura? – perguntou Temari, o coração apertado.

Só que a kunoichi não respondeu. Ou Matsuri não foi capaz de ouvi-la. Tudo ia ficando cada vez mais longínquo e distorcido.

- Gaara... sama – ela lutava contra o sangue que estava sufocando-a e uma sonolência que tinha os braços sedosos da morte.

Matsuri não estava mais nos braços de Gaara. O Kazekage pousara-a em uma maca improvisada e sentara em uma cadeira que haviam lhe cedido. A enfermaria estava lotada e os médicos corriam de um lado ao outro, priorizando os que tinham mais chances de sobreviver. Mesmo assim corria o burburinho de que tinham vencido o ataque e os ânimos estavam altos. Sakura cuidava de dois pacientes, ao mesmo tempo em que dava instruções por cima do ombro para os que vinham lhe pedir conselhos.

Gaara velava Matsuri há alguns minutos, os dedos entrelaçados, observando as ataduras que Sakura usara no corpo da garota se tingirem de vermelho quando os ferimentos recomeçaram a abrir, recusando a serem estancados.

- Você acordou – murmurou o ruivo, aproximando-se – Não se mexa muito, precisa descansar.

Algo parecido como um riso escapou dos lábios dela.

- Não prcisa ser otimista, Gaara-sama – disse, esforçando-se para juntar todas as palavras – Sei que vou morrer. Me desculpe.

- Pelo quê está se desculpando?

- Por colocar sua vida em risco – ela era culpada; sua estupidez causava dor à pessoa que mais amava na vida. Por que ele não estava gritando com ela?

- Você tentou salvar minha vida – corrigiu-lhe Gaara – E olhe só o que eu lhe fiz! Culpe a mim as consequências da sua lealdade.

Lágrimas brotaram dos olhos escuros dela. Não o culpava por nada, jamais culparia. Suas lágrimas misturadas com sangue desceram-lhe pelo rosto, alarmando Gaara.

- Não chore, Matsuri-san. Eu não mereço suas lágrimas.

- Gaa... sama – ela tinha que dizer aquilo o quanto antes – Não fiz isso por lealdade... Eu...

A kunoichi sentiu o gosto forte de sangue invadindo sua boca e não conseguiu terminar. Lançou um olhar suplicante ao Kazekage, tentando forçar o sangue a voltar. Ele fitou-a, o rosto inexpressivo e ela se viu refletida naqueles olhos que lhe causaram fascínio durante anos.

Se tivesse sido mais corajosa...

- Também não merecia seu amor – disse Gaara, fechando os olhos – Me desculpe por não ter percebido antes, Matsuri-san. Quem sabe tudo isso pudesse ter sido revertido e deixado você a salvo... Se... Eu me expressasse melhor.

O coração quase destruído dela deu uma batida errática. Não é que realmente não soubesse que Gaara nunca demonstrara saber de seu sentimentos ou corresponder à eles, mas mesmo assim ela forçara-se a acreditar que havia algo por trás de cada ato dele, cada palavra que lhe dirigia... Tudo isso renovava suas esperanças.

- Eu... Não me arrependo – arquejou Matsuri – Sei que... Não está sozinho... Ama a... Haruno-san, não é? – ela deu um sorriso lacrimoso.

- Sim, eu a amo – respondeu Gaara, entristecendo-se – Mas ela não ficará por muito tempo. E nem vou obrigá-la a ficar – confessar aquilo para alguém era um alívio.

- Tenho... Que ir... Também.

Impulsivamente Gaara segurou a mão dela.

- Matsuri-san – ele percebeu o quão frágil seus dedos eram; se inclinou para ela, vendo-a tremer e puxar oxigênio em vão.

- G... ra – mantinha somente Gaara em seu campo de visão – Você... sempre...

O que poderia ter sido se ele tivesse percebido?

-... Será...

Será que conseguiria ter amado Matsuri?

A protegeria com todas as suas forças, não?

E, no entanto...

-... Meu anjo caído.

Os lábios de Matsuri tinham gosto de sangue naquele momento, mas Gaara pode sentir além disso: havia algo de puro e intocável no intimo dela, algo imutável, que nunca fora remexido ou alterado.

Algo que fora sempre dele e unicamente para ele.

Gaara contemplou-a, tocando seus cabelos castanhos, já livre dos tremores.

- Gaara – Sakura pousou a mão no ombro do ruivo.

E, após muitos anos, ele chorou.

 

***

Os dias seguintes serviram para retirar entulhos e mortos que jaziam tanto na entrada de Suna quanto ao longo do corredor rochoso da vila.

Mas Gaara sentiu-se alheio a isso, permanecendo em casa.

E, na maior parte do tempo, ele ficava calado e pensativo em seu quarto. Só Sakura mantivera-se longe, decidida a não interferir na reclusão dela. Recebera no dia seguinte à invasão de Suna uma carta de Tsunade - que fora avisada do ataque por Kakashi -, que pedia noticias assim que possível e terminava escrevendo:

“... Voltem o mais rápido que der, por favor.”

- E você realmente pretende voltar e desistir do meu irmão?

Sakura assustou-se. Estivera contando com o silencio daquela sacada do prédio do Kazekage onde conversara pela primeira vez com Gaara. Não contara com a inesperada aparição de Kankurou.

- Tenho que atender as ordens da Godaime, Kankurou-san. É o dever de todo shinobi.

Ele riu, com sarcasmo.

- E o que é que você quer, Sakura-san? – perguntou, cruzando os braços – Deixe de lado a Konoha que você serve e reflita as coisas pelas quais valem à pena lutar.

Sakura apertou a carta de Tsunade, que parecia pesar muito.

- É fácil pra você falar, nunca teve que tomar uma decisão dessas – ela não aceitaria repreensões de ninguém, não suportaria. Uma vez que não conhecia ninguém que estivesse na mesma situação que ela, de quê valeriam sermões?

Mas Kankurou apenas sorriu, desviando o olhar.

- Onde acha que estive a manhã toda, Sakura-san? – ele lutava para manter a calma, apesar de a raiva lamber-lhe as entranhas – Arrisca um palpite?

Mesmo não entendendo a razão para a pergunta, ela respondeu rapidamente.

- Na entrada da Vila, retirando destroços e mortos.

- Certo – aprovou Kankurou – E você sabe o que eu encontrei há poucas horas por lá?

“Um amigo?”, pensou ela, ainda sem entender.

- Não sei – preferiu responder.

Alguns minutos se passaram até o shinobi tornar a falar; ele foi até Sakura e apoiou os braços no parapeito de ferro trabalhado. Seu olhar era distante, varria os céus a procura de explicações.

- Kyoko está morta – disse, num suspiro baixo, sufocando a maior parte de sua tristeza.

Sakura teve uma vaga lembrança da garota que Kankurou apresentara para ela, Naruto, Kakashi e Sai. Não soube o que dizer e optou pelo silêncio.

- Eu sei que você não a conheceu direito, Sakura-san, mas ela era muito importante pra mim, não me via somente como o “irmão do Kazekage” – continuou – E agora não poderei vê-la nunca mais. Não poderei lutar por ela, ou dizer que amo, nada disso, sabe?

“E isso me irrita. Também me irrita ver você desse jeito, como se fosse a vitima. Desde quando eu vi o Gaara morto daquela vez, tomei uma decisão séria: Eu não iria me lamentar de nada enquanto vivesse”.

Kankurou agora a encarava com ferocidade, disposto a fazê-la escutar até o final, porque se ela preferia que um mal entendido servisse de desculpa para se desfazer de Gaara, teria que estar perfeitamente certa disso para que depois não levasse seu irmão caçula consigo para um poço de choro e mágoa que nunca se dissolveria.

- Vários pensamentos me ocorreram naquela hora. O quanto eu havia sido estúpido com meu próprio irmão em vez de tentar compreendê-lo, já que era minha família? Me enojei por ter perdido tanto tempo e não dizer o que importava para mim.

Ele respirou fundo, ainda no controle.

“Portanto, Sakura-san, não se lamente depois que tiver feito sua escolha. Não seria certo nem com você e nem com ele. Ah, e antes lhe deixo uma pergunta: Você realmente ama o Gaara?”

Mais silêncio. Mesmo assim, Kankurou sabia que não precisava ouvir a resposta e que ela tampouco lhe falaria.

- Pensa nisso – pediu, antes de deixá-la sozinha com seus pensamentos.

Sakura sentiu vontade de gritar que sim, ela amava Gaara. Mas a voz não encontrava o caminho. A todo segundo sua mente voltava-se para Matsuri.

E era inevitável pensar que aquela kunoichi merecera Gaara muito mais que ela. Pode constatar isso pelo próprio ruivo, que se encontrava agora entorpecido pela mesma lembrança.

“Talvez ele tenha se arrependido de ter ficado ao meu lado”, ela não conseguia impedir que essa conclusão a perturbasse.

Ela não fora amada por Sasuke e agora não digna de Gaara, porque talvez só tivesse se envolvido com ele para compensar o fato de que Sasuke nunca a correspondera e dispensara qualquer tentativa de voltar para Konoha.

Se Gaara tinha sido somente um substituto para suas ilusões infantis o que ela fora para ele? Este último pensamento lhe doeu. Doeu tanto que a carta de Tsunade escorregou de sua mão.

Ela olhou para um trecho visível.

“... Voltem o mais rápido que der, por favor.”

Estivera certa de que amava Gaara e ele demonstrara retribuir seus sentimentos de todas as formas. Entregara-se a ele confiando nisso.

Pensou no que Kankurou lhe perguntara.

Luta, lutar... Do que adiantaria?

Lutara por Sasuke, mas ele nunca prezara isso. Lutando por Gaara, o que poderia acontecer?

Ela não suportaria ficar em pedaços outra vez.

E se lhe doía tanto a possibilidade de ser rejeitada, o que isso significava?

O céu começou lentamente a tingir-se de um inocente laranja.

- Esses crepúsculos...

Sakura virou-se, supresa.

- Desculpe a demora, Sakura – disse Gaara, entrando.


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Notas finais do capítulo

Bom, mais vez termino agradecendo, tá?
Sei que demorou muito, mas ninguém é perfeito e não adianta chorar em cima do leite derramado!

Até o ultimo capitulo!



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