Um Caminho Para Dois Anjos escrita por Helena Van Houten


Capítulo 7
Ele escolheu ficar.


Notas iniciais do capítulo

Olar
Sabem que dia é hoje? Issssssssssssso mesmo
A fanfic faz um mês. E amanhã é meu aniversário. Então, como presente para todos nós, capítulo fresquinho
Espero seus comentários, amores



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Quando acordou, já viu Annia em cima de uma cadeira, enquanto se arrumava, olhando no espelho. Ela estava com os braços para trás, tentando prender os cachos com um pequeno elástico com laço. Loki a olhou por um tempo, até que, vendo que ela iria desistir, se levantou.

– Deseja uma ajuda, Annia? - disse ao se levantar. O rosto da menina parecia triste antes, mas se iluminou num sorriso aberto.

– Por favor.

O moreno se pôs atrás dela, enquanto juntava os densos e volumosos fios enrolados. Annia tinha um cabelo muito longo, o que dificultaria um pouco para ele, mas Loki não se daria por vencido. Conseguiu juntá-los no alto da cabeça, e segurou com uma mão.

– Não tem um jeito mais fácil? - perguntou ele, olhando-a pelo espelho.

A menina se abaixou um pouco, abrindo uma caixinha. Ali, Loki viu laçarotes, presilhas, alguns brincos e muitas outras coisas que não conhecia. Annia pegou um elástico de dinheiro e pôs um grampo em cada extremidade. Enfiou o primeiro na parte de cima, e Loki entendeu, pegando-o.

Deu algumas voltas até se certificar que estava bem preso. Depois, posicionou o grampo na base do cabelo. Annia virou o rosto para a esquerda e para a direita, analisando. Sorriu com o resultado. Entregou então, uma presilha de laço azul, da cor de seu uniforme, para Loki.

– Annia? - perguntou, depois de pôr o enfeite. A menina se virou.

– Oi.

– Está muito calada. O que está acontecendo?

– É que... - olhou no fundo de seus olhos, e sem querer, fez uma careta de choro. Em seguida a menina envolveu os braços no pescoço do mentor. - Eu tô sentindo saudade dela, Loki.

Ela chorou mais, e Loki só pensou em como aquele amor era puro. A pureza de Annia fazia com que amasse alguém como Miranda. Aquela mulher não merecia um amor tão puro, tão lindo. Mas era amor, e ele a entendia. Então a abraçou forte.

– Estou aqui, Annia. Eu sei que ela faz falta, mas eu não vou deixar de cuidar de você.

– Eu sei, Loki. - disse num soluço. - Eu disse que você era um anjo. - e o abraçou forte. 

O moreno a pegou no colo, levando até a cama, ainda abraçado. Aos poucos Annia se acalmou, parando os soluços, e depois as lágrimas. Quando ela já estava melhor, sussurrou algo como "vamos nos atrasar". Então ela o mandou abrir a porta, onde encontrou um vaso de leite e um jornal. Pegou os dois e levou para dentro. Annia havia aberto uma caixa de cereal, e com o leite, os afogou.

                                [...]

Loki tomou um banho rápido enquanto Annia comia. Depois vestiu-se, uma calça casual preta e uma camiseta de malha grossa. Essa marcava bem os traços de seu físico. Encolheu as mangas da camiseta cinza até pouco abaixo dos cotovelos. Na parte da gola, haviam alguns botões abertos. Se olhou uma última vez, jogando os cabelos úmidos para trás, não muito alinhados. Loki gostava de pensar neles como "um cabelo mais humano''. Conseguiu ver o pingente azul, e sorriu ao lembrar que a menina já deveria estar irritada com a demora.

Quando foi até a sala, Annia já o esperava com a mochila nas costas. Ele, pegou o peso e pôs no ombro esquerdo. Ao sair e trancar a porta, sentiu uma pequena mão abraçando a sua. Com um sorriso reconfortante da menina, sorriu e começou a seguir. 

O caminho até a escola foi consideravelmente rápido, pois Annia estava quase correndo, obrigando ele fazer o mesmo. Quando a grade principal estava sendo fechada - indicando a hora limite - os dois entraram de mãos dadas, correndo. Annia fez uma comemoração, enquanto Loki apenas a observou.

Logo, ambos ouviram um sotaque canadense.

– Quase não entram, hein. Bom dia!

Se viraram. Sarah usava uma calça preta, ao qual lhe marcava as pernas fortes. Uma blusa azul estava por baixo de um casaco também preto. Esse, lhe batia nas coxas também, e estava ajustado ao corpo  dela por um cinto fino, também azul. Os fios estavam presos num coque, a franja parecia lhe incomodar por causa do vento leve. E por fim, usava um óculos de grau, com uma armação retrô, preto.

– O Loki demorou se arrumar. - Annia acusou, depois que Loki lhe entregou a mochila.

– Acredito! Esses homens são tão vaidosos! - jogou a mão no ar, sorrindo junto da menina. - Seu cabelo está uma graça, pequena Annia.

– Obrigada, gordinha. As meninas vieram?

– Sim, estão na sala. E você já deve ir. Logo estou indo também.

– Tá. - olhou para Loki, tocando o colar, cúmplices. Ele fez o mesmo, retribuindo o sorriso.

Sarah puxou as mangas do casaco para cima, ponderando se deveria dizer algo. Algo em Loki lhe chamava atenção. Talvez fosse seu jeito diferente de falar, ou a maneira como cuidava de Annia. Mas ele lhe era uma interrogação, e ela sempre gostou de charadas. Sob um olhar peculiar dele, sorriu. Mas Loki se virou para sair, em seguida ela fez o mesmo. Se repreendendo.

Os guardas do escola abriram a grade, mas antes de sair, o moreno deu meia volta e disse.

– Sarah? - quando ela se virou, viu um Loki de mãos nos bolsos.

– Sim.

– Você... Preciso de ajuda com algumas coisas que não posso perguntar a Annia. Será que poderia?

– Posso ajudar depois da aula de ballet mais tarde.

– O que seria esse "barlé"? - se atrapalha na pronúncia. Depois de gargalhar deliciosamente, a professora responde.

– Ballet, senhor Loki. Annia não disse? Depois da aula, dia de hoje e amanhã ela faz aula.

– Ah sim... E é você que a ensina?

– Não, não. Digamos que meu biotipo não permite. É que minha irmã costuma deixar minhas sobrinhas comigo quando viaja. E bem, são amigas de Annia e fazem ballet juntas. Então provavelmente nos encontraremos hoje novamente.

– A que horas? - indagou Loki.

– Vão direto daqui. Então o senhor pode vir buscar Annia e conhecer o studio's. A roupa dela está no armário de minha sala, não se preocupe.

– Obrigado. Estarei aqui.

Resolveu encerrar logo a conversa. Não gostava do olhar indagador da professora.

Loki andou tão lentamente que até parecia contar os passos. Suas mãos estavam nos bolsos ainda, mas sua mente estava longe. Quando estava perto de casa, resolveu dar a volta, sabendo que lá seria insuportável sem a companhia da menina. Annia era irritante as vezes, mas lhe fazia bem.

Então Loki tentou buscar na mente algum lugar ali perto que poderia passar o tempo. Não tinha... a não ser o... cemitério. Por que iria ali, um lugar onde os humanos mais cedo ou mais tarde iriam...? Não sabia, mas sua intuição lhe mandava ir. Sabia que era longa a distância, pois naquele dia veio de ônibus, mas recordava do caminho que veio. Seria bom andar um pouco sem companhia, pensar exigia silêncio.

Enquanto andava, via algumas nuvens se formarem nos céus. O dia estava relativamente fresco, mas volta e meia passava um vento gelado. Aquelas nuvens fizeram Loki pensar, e ele não se conteve em dizer sozinho.

– Odin está triste.

Nesse momento passou de frente a um pequeno comércio. Alguns homens jogavam cartas e gargalhavam alto. Uma senhora estava sentada costurando, e quando Loki passou, ela o chamou.

– Filho, você poderia me ajudar com uma coisa? - exitando, ele se aproxima e responde afirmativamente. - Enfie essa linha na agulha para mim, por favor? - ela mostrou outra agulha e um tubo de linha preta.

O moreno o fez, dando o pequeno objeto a ela. A velhinha lhe agradeceu, e cortando a linha, deu um nó na ponta.

– O senhor vai ao cemitério?

– Sim, como sabe?

– Não sei, filho. Suspeitei apenas. Me espere um minuto, sim? Lhe tenho uma recompensa. - ela se levantou com dificuldade da cadeira de balanço, mas foi até lá dentro. Loki apenas achou desnecessário.

No rádio ali, passava uma música que ia ao contrário do que Loki queria: tranquilidade. Um solo extenso de guitarra, mas contido pelo baixo volume.

" Ela tem um sorriso que me parece trazer a tona recordações da infancia. Onde tudo era fresco como o límpido céu azul. Às vezes quando olho seu rosto ela me leva para aquele lugar especial, e se eu fixasse meu olhar por muito tempo provavelmente perderia o controle e começaria a chorar..."

Aquela música lhe fez lembrar de alguém. De um sorriso infantil e livre de qualquer desconfiança. E por incrível que pareça, não foi do sorriso de Annia que se lembrou. Loki entendia bem que aquela humana bela e acima do peso era muito peculiar, mas jamais imaginou que ela lhe apareceria na mente assim. Quando a senhora voltou com quatro pequenas flores nas mãos, teve uma ideia.

Quatro gérberas azuis. Deu a ele e disse.

– São flores simples, mas toda alma merece uma flor. As outras você dê para alguém que goste... Obrigada, filho.

– Não agradeça. Teria algo que eu possa anotar uma coisa?

Ela concordou, dando a ele um papel e uma caneta. Loki escreveu algo e arrancou a folha.

– Bom dia.

Finalmente saiu dali. Era uma velhinha e tanto, o fez acreditar que realmente haviam pessoa boas nessa terra. Andou mais, e vendo o papel na mão, pegou duas das flores e parou, sentando-se-se num banco. Loki fechou os olhos, se concentrando, quando os abriu, não havia mais nada ali. Podia ir até o túmulo que queria.

Ele olhava para baixo, e quando viu de longe a localização, surpreendeu-se com a primeira visita de Miranda naquele dia. Odin. O velho observava a pedra com o nome da antiga conhecida, pensando nas várias coisas que fez de errado, inclusive ela era uma das escolhas impensadas.

– Se me contassem eu não acreditaria! - debochou, se pondo ao lado do asgardiano mais velho.

Odin nada disse, o que fez Loki sorrir e gargalhar baixo.

– Muitas saudades de sua amante, Odin?

– A última vez que mantive contato com ela foi quando pediu que alguém cuidasse da menina. E não a vi como mais que uma grande amiga. Loki, respeite a memória de Miranda.

– Não está respeitando a de minha mãe vindo aqui.

– E você?

– É totalmente diferente. - ignorou, se calando.

Os dois ficaram ali, enquanto o tempo passava. Loki não sabia quanto tempo ficaram em  silêncio, muito menos Odin. O velho ficou de frente para o filho.

– Tome. É uma flor simples, mas toda alma merece uma flor. - repetiu as palavras da velhinha, enquanto abaixava e punha uma gérbera para Miranda. A outra, deu ao mais velho.

Odin pegou a flor, mas logo o silêncio estava ali novamente. Assim se deu por muito tempo.

– Me perdoe por meus atos, filho. Eu conversei com Thor... Se quiser voltar para casa... Loki, eu me arrependo muito do que disse e fiz.

– E eu acredito! - sorriu cinicamente para ele. - Mas prefiro negar o convite. O que quer agora? Me jogar novamente na masmorra? Pelo menos aqui estou livre.

– Não farei isso se não merecer. Quando desceu à Midgard, disse que seria livre. Então, Loki. Quando quiser voltar, receberemos você com os braços abertos.

– Já disse, obrigado. Preciso ir para casa agora. Adeus.

– Pode levar a menina, Loki. 

– Eu disse adeus, Odin.

Mesmo não tendo a resposta que queria, o velho sorriu. Loki parecia estar se apegando à menina. E mais que isso, sorriu genuinamente na última fala. Odin sabia disso. Então, quando viu o filho virando entre os túmulos mais altos, mandou que o guardião abrisse a Bifröst.

Enquanto o moreno voltava para casa, Sarah foi fechar mais uma janela, dessa vez, a mais próxima de sua mesa. Quando ia fazer, viu duas flores azuis por cima de uma pequena folha de papel. Nele, uma frase corriqueira, dizia.

"Até o barlé.

Loki".

A letra dele era deitada e bem desenhada. Achou engraçado como se escrevia o nome dele, achou que seria de outro jeito, mas ignorou, pegando uma das flores e dando para Annia. A outra, pôs na última gaveta de sua mesa, trancando em seguida.

Precisava dar sua aula agora.

                                 [...]

A campainha tocou. Loki sabia que não seria Annia, então pensou em não ir. Mas quando batidas apressadas se iniciaram, temeu ser algo sério. Porém, desagradável foi sua reação ao ver em sua porta Tony Stark, Steve Rogers e Wanda Maximorff.

A rua estava vazia quando ele saiu de casa, e presumiu ser culpa da feiticeira.

– Precisa vir conosco, Loki. - Steve falou.

– Não! Odin disse que me manteriam  em paz. Fora daqui! - irritado, ordenou.

– Homem rena, é bom vir conosco. Ou então...

– Ou então o quê? - desafiou.

– Wanda! - Tony mandou.

Numa rapidez imensa, Wanda tentou atingir Loki com magia, porém ele lhe deu um golpe, tirando-a dali. Steve bateu o escudo em Loki, que bateu contra a porta. O moreno, mesmo com dor, pulou da soleira, prendendo a feiticeira contra si. Ela tentou o empurrar com magia, mas ele a bloqueou. Agora, os outros dois vingadores estavam em posição de defesa.

– É bom não se mover, Wanda. Não se esqueça de onde veio os poderes que correm suas veias.

– Loki, solte-a logo. - Steve tenta argumentar.

– O que querem?

– Não devemos explicações! - Tony esbravejou, preparando alguns tiros para Loki.

Mas o deus foi mais esperto e, com a mão próximo ao rosto da feiticeira, fez com que ela provasse do próprio veneno. Wanda viu em vários ângulos o momento que seus pais morreram. Em seguida, quando seu irmão morreu.

– Quem será o próximo? - Loki sussurrou, manipulando-a. Então Steve temeu o olhar triste da garota.

– Vamos logo, Steve.

Wanda pediu. Quando começaram andar até a vã que vieram, Tony se virou, correndo até Loki. Deu um golpe nas costas dele, que bateu de frente com a porta. Em seguida, Tony lhe virou de frente, impulsionando as mãos e as pernas com os propulsores da armadura. Loki tentava revidar, porém ele lhe pegou pelo pescoço, ferindo sua face com um golpe intenso. Agora seu rosto tinha cortes e arranhões.

Steve empurrou Tony, mandando que parasse. E enquanto o fez, Loki conjurou uma adaga. Com essa, feriu o meio da armadura, quase a desligando. Quando Steve tentou reagir contra o deus, ele o golpeou também, o deixando desnorteado. Num rápido movimento, o homem de ferro jogou Loki para fora da soleira, no qual ele caiu em cima da baixa cerca em volta das flores do pequeno jardim. Essas quebraram, lhe ferindo. Se ouviu um urro de dor.

– Entraremos em contato... - Tony abaixou, lhe dando um chute no estômago. - Homem rena.

Preocupado com Wanda e com remorso por Loki, Steve voltou junto com os dois. Viu, antes da vã partir, um Loki caído no chão. Sem dúvida ele não deixaria barato. Mas por hora, deixaria que ele se recuperasse sozinho.

O moreno só pensava em como Tony Stark lhe pagaria, e mais, preocupado em como esconderia de Annia. Mas por agora, era melhor se preocupar em não se atrasar para a aula de "barlé" da menina.


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Notas finais do capítulo

E então? Cês gostaram?
Até o próximo e beijos, muitos Bêjos.