Era uma tarde tranquila de patrulha em Paris. Nada havia acontecido o dia inteiro, nem akumas, bandidos... Nada. Tudo estava bem calmo. 

A cabeça de Marinette estava uma completa bagunça, ela não sabia o que queria fazer sobre "aquilo".

Fazia um tempo desde o incidente com o Dark Cupid. Ele nem lembrava mais do beijo que ela havia dado à ele. Mas ela lembrava, e muito bem. Foi um fardo para ela esquecer daquele beijo. Afinal, ela havia gostado mais do que ele, quem nem se lembra do que aconteceu aquele dia.

— Droga... - Ela repetia para si mesma tentando se acalmar, pulando de telhado em telhado - Gato estúpido!

Não é que ela não gostasse de seu parceiro, era só... Seu coração pertencia a Adrien, não a Chat. Sim, ele era bonito, tinha piadas idiotas, era bonito, tinha o mais belo sorriso que ela já viu e... Não, não e não. De maneira alguma ela estava se apaixonando pelo gato. Sem chances!

Ela agradecia sua boa sorte, porque se Chat Noir estivesse lá, ela estaria derretendo para ele. Ela parou em um telhado perto da Torre Eiffel e sentou na beirada do mesmo. Estava cansada de saltar por ai.

— Olá, My Lady. - Ela congelou no lugar.

"Por que justo agora?!" pensou ela, sem olhar para o gato. 

— O que foi? - Ele foi se aproximando dela, a cada passo ela sentia que não resistiria a ele - O gato comeu sua língua? 

Aquilo era o fim da linha para ela. Ela olhou para atrás apenas para encontrar os olhos verdes esmeralda do rapaz, aqueles olhos brilhantes que, naquele momento, estava fazendo ela se contorcer por dentro. Até que ela notou os lábios. Ah, os lábios dele. Sua mente estava gritando por eles, ela estava sedenta por aqueles lábios. Sedenta por seu toque. Sedenta por ele. 

— My Lady? Está tudo bem? - Ela acabou acordando do transe.

— A-ah, s-sim, claro que está tudo bem. Por que não estaria? - Ela se levantou e tentou manter sua compostura.

— Você estava me encarando, como se algo estivesse te incomodando. - Ele olhou para ela preocupado. Deus, ela iria acabar morrendo por culpa daquele olhar.

— N-não! Está tudo bem!

— Realmente? Você parece bem distraída. - Ele franziu a testa, e a olhou confuso.

— Sim! Estou bem. - ela teve de desviar seu olhar para algum lugar que ele e seus lábios não estivessem a vista.

Ele a olhou confuso e depois de alguns segundos, decidiu deixar de lado. Mas ele percebeu que ela havia corado. E muito.

— Então, My La- Ele foi cortado por ela.

— Chat, podemos continuar a patrulha de noite? - Ela continuava não olhando para ele.

— Claro, se é isso que você quer. Por mim tudo bem. - Ela olhou para ele e para sua infelicidade (ou felicidade) ele deu um de seus sorrisos para ela. Ela podia jurar que estava derretendo de verdade. Céus, aquele gato estúpido realmente estava tendo alguma influência sobre ela! 

— B-bem, eu tenho que ir. Até mais tarde Chat! - Ela falou e prendeu seu iô-iô num prédio e fugiu.

Depois de alguns minutos ela havia chegado em sua casa. Confusa, ela deixou sua transformação acabar e caiu na cama.

— Gato estúpido! Por que logo ele?! - Ela abafava os gritos de frustração no travesseiro. Tikki percebeu sua frustração e foi tentar ajudar-lá.

— Mari, está tudo bem? - A pequena criaturinha pousou do lado da menina que ainda estava com a cara enfiada no travesseiro.

— NÃO! - Ela tirou a cara do travesseiro e encarou a Kwami - Tikki, por que te todas as pessoas em Paris tinha de ser logo aquele gato estúpido?! 

— Como assim, Marinette? 

— Se lembra de quando Kim havia sido akumatizado, certo? - A criaturinha assentiu com a cabeça - Então! Ai está o problema! - ela havia se endireitado na cama e continuou - Eu não consigo parar de pensar naquele beijo! Ele foi tão suave e-e bom! E-eu gostei de beija-lo, Tikki! Eu gostei de beijar Chat Noir! 

Ela colocou as mãos no próprio rosto, escondendo sua vergonha. 

— Mas, e daí? É normal gostar de um beijo.

— E daí que eu quero beija-lo novamente! Eu não consigo mais parar de olhar para os lábios dele! É como se eles estivessem gritando "Venha, Marinette, não quer provar-los mais uma vez?" mas eu não posso fazer isso! - Ela deitou novamente - O que eu faço, Tikki? 

— Bem, basta só beija-lo de novo! 

Marinette caiu na gargalhada deixando a kwami confusa e brava.

— O que eu disse de errado?!

— Você diz isso como se fosse fácil! Não é simplesmente agarrar ele e beija-lo. Se eu quiser mesmo fazer isso, tenho que ter um plano. - Ela se levantou e foi em direção de sua comoda. Sobre ela havia várias maquiagens e diversos batons de diversas cores. 

— Bem, então o que você vai fazer? - A pequena voou para perto dela.

Ela olhou para tudo e avistou algo que poderia ser a chave para ganhar seu beijo. Ela riu e pegou o objeto, deixando Tikki curiosa sobre o plano que ela havia bolado.

— Venha cá, Tikki. Vou te contar meu plano. - Ela disse sorrindo e sentando na cadeira. 

Havia anoitecido rápido, para a felicidade de Marinette. Ela se transformou rapidamente e saiu ansiosa ao encontro de seu gatinho estúpido. Ela havia chegado ao ponto de encontro e o avistou olhando para a Torre Eiffel iluminada. Era realmente uma visão bonita, mas ela tinha outros planos para aquela noite.

— Hey, gatinho. - Ela disse se aproximando dele lentamente.

— Ah, My Lady, ainda bem que chegou. - Ele disse sorrindo para ela. Ahhh, aquele sorriso.

— Gatinho, que tal fazermos um desafio? - Ela disse sorrindo maliciosa para ele.

— Que tipo de desafio, My Lady? - Ele a encarou da mesma forma colocou uma mecha de cabelo dela para trás da orelha. 

— Ah, um simples. - Ela tirou uma capsula de batom das costas. Ele olhou para o batom e a encarou por um momento.

— Simples, de qual jeito? - Ele estava começando a desconfiar de algo sobre aquilo.

— Bem, que tal uma corrida? - Ela perguntou encarando ele, ainda sorrindo maliciosamente - E quem perder, terá de passar esse batom e ficar assim pelo resto da noite.

Ela olhou agora divertida para ele, enquanto ele ficou em choque com aquilo. Passar batom, realmente? 

— B-bem...

— Ah, vamos, Chat! Você só irá passar um batom preto, que mal há nisso? - Ela olhou para ele e sorriu sedutoramente. Céus, aquela mulher o deixava louco. Ele a olhou divertido e sorriu.

— Bem, quem disse que eu irei passar o batom? - Ele colocou um dedo no queixo dela e o levantou para que ele pudesse ver-lá - Se quiser, eu posso passar em você. - Ele deu o seu típico sorriso de canto, e percebeu que ela havia corado. Mas ela continuava firme na frente dele.

Ela tinha de vencer. Senão, seu plano iria por água abaixo.

— Oh, bem. Veremos então, gatinho. - Ela colocou um dedo em seu peitoral e o empurrou. - A corrida será até o Rio Senna e de lá, voltar para cá. Tem certeza que quer fazer isso, gatinho? - ela andou até a borda do telhado e olhou para ele, desafiando ele. 

— Não perderia isso por nada. - Ele ficou lado a lado com ela.

— Bem... Então vamos. 

Ela disse isso e eles sacaram suas respectivas armas que ajudariam a passar pelo trajeto.

— Três... - Ela começou a girar seu iô-iô.

— Dois... - Ele deu uma última olhada nela e riu.

— Um... - Ele sacou seu bastão e ficou em posição.

— JÁ! - Ela gritou e eles começaram a saltar pelos telhados de Paris. 

Quem visse aquilo pensaria que eles estavam correndo para um lugar de risco, para salvar as pessoas que precisassem deles ali. Não havia nenhuma nuvem no céu, então estava mais fácil de correr pelos telhados e olhar para aonde estavam indo. Afinal, estavam tão alto que um passo em falso e eles teriam uma queda. 

Ele havia vencido a primeira etapa. Agora faltava voltar para o local de encontro.

— Está vendo, Bugaboo?! Parece que será você que irá passar o batom! - Ele disse enquanto corria, não prestando atenção em seu caminho, quase caiu do telhado e foi passado por ela. 

— Sim, parece que sim, gatinho. - Ela riu e continuou a correr. 

Ele ficou parado por alguns segundos e depois voltou a si. Ela havia passado ele e ele seria obrigado a passar um batom preto. Sua má sorte sempre ganhava.

Eles chegaram ao final da corrida e, por pouco, ele ganha dela. Se não fosse pelo fato dela ter usado seu iô-iô para alcançar o prédio, ela teria de passar o batom.

— Viu, gatinho? Eu disse que iria ganhar. - Ela sorriu vitoriosa para ele, que estava ofegante.

— Bem... Só me resta cumprir o desafio, certo? - Ele disse e se aproximou dela.

— Bom gatinho... Venha mais perto, para eu poder passar o batom em você. - Ela riu e balançou o batom na frente dele. Ele estava indo para matar-lá.

Ele se aproximou cruzando os braços e bufou.

— Faça logo, antes que eu perca toda a minha dignidade que me resta. - Ele pediu e fechou os olhos.

— Hihihi, eu prometo. - Ela riu, seu plano havia dado certo! Agora, ela só precisava terminar de executar-lo.

Ela colocou a mão no queixo dele e fitou os lábios dele. Droga, logo agora ela teria de ficar hipnotizada por eles? Ela saiu do transe começou a passar o batom preto nos lábios dele. Após alguns segundos ela havia terminado e ele abriu os olhos. Porém, sua mão ainda estava em seu queixo.

— My Lady? - Ele perguntou e ela não respondeu, apenas continuou olhando para os lábios dele - Algum problema?

— S-sim. - Ela gaguejou ainda olhando para ele.

— E o que foi? - Ela riu e olhou para ele.

— Parece que você foi pego pelo Dark Cupid novamente, Chat... - Ele olhou para ela confuso.

— C-como assim? - Ele tentou recuar alguns passos, mas seu corpo não se movia.

— Ah, Chat... Parece que eu vou ter que te beijar de novo para quebrar o feitiço... - Ela fitou os olhos dele sorrindo, ele ficou em choque. Beijar? De onde ela tirou isso?

— M-my L-lady?! O-o que você... - Ele foi cortado por ela.

— Oh, gatinho, pare de falar um pouco e me deixe quebrar o feitiço logo! - Ela disse e sorriu maliciosamente para ele. 

Antes que ele pudesse falar algo, ele sentiu os lábios dela contra os seus. Era um beijo quente e suave. Ela havia colocado as mãos na nuca dele, fazendo ele vir mais perto. Momentos depois ele correspondeu ao beijo dela. Puxando-a para mais perto. Quando eles finalmente se separaram ela olhou para os lábios dele mais uma vez e sorriu.

— Oh, não... Parece que eu não consegui quebrar o feitiço ainda... - Agora foi a vez dele de sorrir.

Ela o puxou para um beijo de novo. De novo e de novo. Depois de pelo menos três beijos ele estava pedindo passagem para passear por sua boca. E sem pensar duas vezes ela cedeu, deixando que sua línguas dançassem uma música desconhecida para eles.

Eles se separaram, depois de incontáveis beijos, e começaram a se encarar.

— Parece, que o feitiço foi quebrado... - Ela olhou triste para os lábios dele.

— Oh, não, My Lady... - Ele olhou preocupado para ela.

— O que?

— Agora você foi atingida pelo Dark Cupid. - Ele deu seu famoso sorriso de canto para ela.

— Oh, realmente? 

— Sim... Mas não acho que um simples beijo baste para quebrar o feitiço. - Ele foi descendo sua mão até parar nas coxas dela.

Ele sorriu maliciosamente para ela, e a puxou para mais um beijo. Esse não era como os outros. Era apaixonado e terno. 

— Não acha que deveríamos ir para um lugar mais... Adequado para isso? - Ele perguntou e ela assentiu.

— Gato bobo.

Aquela seria uma longa noite para os dois.