Guerra dos Lobos escrita por Paulinha Skywalker
Notas iniciais do capítulo
HIII! Quanto tempo galeraaaa, capítulo novo! Vou postar dois, devido a demora! Aproveitem!
“A vida passa rápido como essa ventania, Aika, mas as maiores dores e alegrias nunca serão esquecidas” era a frase que Nana sempre me sussurrava nos dias de tempestade, e era essa a frase que passava na minha cabeça enquanto observava os soldados se armarem para a guerra. Essa batalha nos daria uma das maiores alegrias do reino e ela nunca seria esquecida.
Kedon e eu observamos em silencio enquanto Gordo distribuía coletes e espadas para os soldados, faltava menos de um dia para a saída da guerra. As mulheres que não iam para guerra, traçavam linhas na pele dos homens com tinta azul e branca, seus rostos não demostravam dor, por seus amados estarem indo para a batalha, mas demostravam orgulho e respeito, logo o reino seria devolvido para o seu genuíno povo.
— Você deve estar orgulhoso — falo para Kedon, seu rosto não esboça nenhuma reação.
— Só tem uma pessoa que pretendo deixar orgulhosa — ele fala com o rosto sério. Nana. Ela ainda estava no Oeste, segundo informações do nosso espião do castelo.
— Eu também pretendo deixa-la orgulhosa, assim como todos os soldados do Sul — falo, ver os soldados se prepararem animados me lembrava nosso único traidor: Max — eu já volto — saio do centro de concentração e ando em direção ao pé das montanhas. Kaio me alcança.
— Onde você está indo? — ele pergunta.
— Você deveria está se preparando para a batalha — rebato, sem querer responder sua pergunta.
— Eu quero que você me pinte — ele fala sem me encarar enquanto caminhamos, abro um sorriso — eu conheço esse caminho — ele fala olhando para as árvores que nos cercam — você está indo ver ele? — ele questiona.
—Tenho que fazer isso antes da batalha – respondo.
— Porque isso não me assusta? — ele fala revirando os olhos, continuamos caminhando em silêncio até chegamos ao um rochedo. Há dois homens corpulentos na única entrada que há entre as pedras.
— Eu quero ver, Max — falo para eles, eles assentem e se afastam da abertura — você me espera aqui? — pergunto para Kaio.
— Claro — ele fala com firmeza e beija minha testa. Adentro a entrada e caminho lentamente, é uma espécie de cela dentro com apenas uma vela iluminando, no fundo da cela vejo Max, ele esta com as roupas completamente suja e com a barba rala. Me encosto na parede gelada de frente para a cela, é quando seu olhar me encontra. Um longo silêncio se prolonga entre nós, eu não sabia ao certo o que queria dizer para ele, só sabia que não tinha mais ódio pela sua atitude,
— Estamos de saída para a guerra? — ele pergunta com a voz rouca.
— Sim, iremos sair hoje no meio da noite — respondo. Ele pondera para falar.
— Meu lugar era lá, ao lado do nosso povo, lutando pelo nosso reino — ele fala com pesar. Ele não carregava mais um olhar de deboche ou mesquinho, eu podia jurar que era outra pessoa.
— Não tenho ressentimento pelo o que você fez — disparo, seus olhos me encaram como se não acreditassem em mim — eu compreendo que você estava desesperado.
— Eu não mereço seu perdão, Aika — Ele fala com tristeza, noto que ele me chama pelo nome e não por princesa, o que sempre fazia com deboche.
— Talvez sim, talvez não — falo — o que importa é que estamos de saída para a guerra e todos os cidadãos do sul precisam comemorar quando vencemos ela, até aqueles que caíram no caminho — ele encara as mãos e reflete por um longo momento, faço menção que vou sair mas antes ele me chama.
— Aika — paro na entrada — não por mim, mas por todos do sul, destrua o tigre! — ele fala com firmeza. Não respondo, apenas continuo o meu caminho.
***
Encaro minha armadura, ela esta posta em um perfil de madeira artesanal que carrega gloriosamente a armadura do peitoral, meu escudo e minha espada. Os instrumentos são de titânio brilhante, dos lados onde tem a abertura para os braços tem linhas traçadas. Passo o dedo nas linhas e reconheço lobos de ambos os lados, dava para notar o trabalho e zelo que o Gordo teve. Da mesma o escudo, notei muitas simbologias antigas entalhadas nele, que simbolizavam força, coragem, lobos, o nome Ken e bem no centro do escuto um pequeno lobo com o nome Aika escrito em símbolos.
Respiro fundo e pego a minha roupa no guarda-roupa, uma caixa preta de um coro mais grosso que o normal e blusa de algodão azul. Passo os dedos por meus vestidos, já tinha usado quase todos e já os reconhecia por cores. Dinah, entra no quarto logo após eu vestir a roupa, parece que o corpo dela emite um alerta de quando estou vestindo alguma roupa.
— Posso arrumar seu cabelo? — ela pergunta com um sorriso.
— Claro — sento na cama, e ela começa passar a escova lentamente no meu cabelo, sorrio lembrando o nosso primeiro encontro — estou lembrando do dia que cheguei a aldeia e você queria me enfiar em um vestido... — ela sorrir, percebo que ela está mais silenciosa. Ela faz uma trança embutida em meu cabelo, muito bem trabalhada.
— Posso vestir sua armadura? — ela pergunta. Dou de ombros. Ela pega o peitoral de titânio e coloca delicadamente sobre o meu corpo, ao contrario do que pensei, a armadura não pesa tanto, mas parece bastante resistente. Percebo uma lagrima escorrendo do olho de Dinah enquanto ela amarra os freixos laterais da minha armadura.
— Esta tudo bem, Dinah? — pergunto suavemente. Ela termina de colocar minha armadura e me encara.
— Você pode não se lembrar, mais era eu que ajudava a Nana a cuidar de você quando você era só uma bebê naquele castelo enorme — ela fala emocionada — e foi horrível para mim, ver você ser arrancada do seu lar, como você foi...- suspiro, segurando tudo que posso para não chorar — esperei ansiosamente sua chegada durante esses anos, eu tinha certeza que Nana cuidaria de você, mas mesmo assim, eu queria ajuda-la. Não estou triste em ver você partir para a guerra, mas estou honrada em finalmente ver esse dia chegar.
— Obrigada por tudo Dinah — falo tocando em seu ombro, infelizmente não posso abraça-la por conta da armadura. Ela limpa mais algumas lagrima do rosto.
— Vou pegar as tintas? Alguém especial vai pintar você? — ela pergunta sugerindo Kaio.
— Vai sim — respondo com um sorriso — Você! — seus olhos se arregalam e ela sorri enquanto sai do quarto. Fecho os olhos e repasso mais uma vez o plano mentalmente, só tinha um problema, não sabíamos como os soldados do Oeste estariam organizados no momento de batalha. Pondero por alguns momentos e uma ideia surge em minha mente.
Abro mais uma vez o guarda-roupa e meto a mão no fundo, encontro o Dedo-da-Guardiã enrolado na minha antiga manta, que trouxe da minha aldeia junto com Kedon e Nana. Se eu apenas experimentasse não corria o risco de desmaiar como da ultima veze poderia ter alguma visão de como o reino estava atualmente. Passo a língua de forma rápida e devolvo o fruto de volta para o lugar e sento na cama. Dinah entra no quarto com as tintas, fecho os olhos na espera de algo e tudo que sinto é os dedos de Dinah passando levemente sobre o meu rosto.
Depois de alguns instantes sinto algo me puxar, é como sentir o corpo afundando em um rio, mas tendo plena ciência de que ele ainda esta sentado na minha cama. Abro os olhos e não encontro Dinah, mas sim uma enorme escuridão. Procuro algo em volta, mas não encontro nada, somente escuridão e silencio. Até que um feixe de luz se abre acima de mim, de longe vejo um homem encara a luz com um olhar emocionado. Me aproximo do homem e percebo que sua barba é grande, mas seus olhos são da mesma cor que os meus. Abro a boca assustada, o homem é meu pai.
— Sinto alguém na escuridão, mas não enxergo quem é — ele fala com a voz rouca. Suspiro antes de falar.
— Estamos chegando, logo nosso povo será livre — ele se assusta com minha voz, e procura algo na escuridão.
— Aika? É você? — ele pergunta assustado.
— Sim, sou eu — respondo com lagrimas nos olhos.
— AIKA? — ele pergunta mais alto, aparentemente ele não me escuta mais — AIKA? — limpo as lagrimas que banham meu rosto.
— Senhorita Aika? — Dinah me chama, desperto do transe e a encaro — terminei! — ela traz o espelho e encaro a mulher que o espelho projeta, ela é assustadoramente gloriosa. Dinah fez linhas pequenas que vinha do meu nariz até a base da minha orelha e também fez pequenos símbolos em cima da minha sobrancelha.
— Obrigada Dinah — falo mais uma vez grata tanto por ela, como pela visão do meu pai.
***
Saio da minha cabana segurando meu escudo e com minha espada no sinto, em frente a minha estão três homens e um lobo.
Kedon, armado até os dentes me encara boquiaberto, junto com Thiberius e Kaio. Zandor vem até meus pés e noto que ele também veste uma pequena armadura no peitoral.
— Quem vestiu isso em você? — falo com um sorriso.
— Eu — Kaio responde, seu rosto exibe as marcas que fiz com tinta mais cedo.
— Princesa, tenho que reconhecer que você equipada desta forma, fica idêntica a Naila! — sorrio com gratidão.
— Você está pronta? — Kedon pergunta. Assinto com firmeza — vamos, então! — olho para Dinah uma última vez e caminhamos em direção a saída da aldeia. Thibeius e Kedon caminham na minha frente, enquanto Zador e Kaio caminham ao meu lado.
— Eu só queria dizer que estarei com você até o último momento — Kaio fala, paro por um momento e encaro.
— Nós venceremos a guerra — afirmo.
— Eu sei que sim, vou para o meu pelotão, nos encontraremos em um país livre — ele beija minha testa e saí. Continuo a caminhar com Thiberius e Kedon, passo pelo pelotão dos arqueiros, alguns batem no meu ombro dizendo palavras encorajadoras e no fundo escuto Luke gritar : ACABE COM ELES AIKA!
Passo pelos guerreiros do pelotão da frente e eles também lançam palavras me abençoando, até que chego na frente da multidão de soldados, o cavalo que treinei durante dias, me espera completamente preparado. Subo nele e olho para trás, todos me encaram com expectativa, encho o peito antes de falar:
— Percorremos uma longa jornada até aqui, tivemos perdas, mais também tivemos ganhos até este dia chega. Fomos roubados durantes anos, nossos pais e filhos foram mortos, mas hoje é dia que seja feio justiça! Não por vingança, mas sim porque o Sul é nosso! E temos direito a todas as riquezas deles! Faço um apelo, doe seus corações mais vez, para restituímos o nosso país e a nossa honra! — os homens batiam violentamente nos seus escudos, que significava que eles estavam comigo — Que Khosmos nos proteja.
— Que Khosmos nos proteja — repetem Kedon e Thiberius ao meu lado — Marchemos! — assinto e começamos a caminhada. Cinco mulheres que não batalhariam se posicionaram atrás de nos três, elas carregavam grandes tambores, o Oeste escutaria o seu fim se aproximando.
A líder do Sul marchava com seus soldados ao som dos tambores, era o ultimo de dia de escravidão. Era o último suspiro do Tigre.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
A guerra está vindo... no próximo capítulo para ser mais exata haha Comentem!