Guerra dos Lobos escrita por Paulinha Skywalker


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

HEY PESSOAL!
Primeiro capítulo! Aew!
Esse primeiro capítulo é mais introdutório (apesar de já começar com grande mistério), espero que vocês gostem da Aika ♥



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O tempo está frio. Nada mais que o normal para uma aldeia do Sul. Estou parada na beira de rio que está congelado há anos, apesar da espessa camada de gelo que cobre o rio, é possível ver a água por debaixo dela; fico imaginando se alguém já chegou a ver ele descongelado, se haviam peixes e quais eram. Tenho que me lembrar de perguntar a Nana quando chegar em casa. Pego a raposa recém-caçada e saio andando rumo a aldeia. A floresta está coberta por uma manta branca de neve e assustadoramente silenciosa, eu gostava daquele silêncio, estar ali não havia riscos, apenas liberdade. Essa era a vantagem de morar em uma aldeia com apenas 500 habitantes, todos se conheciam e se protegiam, mais apesar disso, sempre que saia pra caçar, Nana tinha que soltar “Cuidado Aika, a floresta é perigosa!”. Bom, pra mim era como estar em casa; eu sempre era precavida, mas fazia anos que ninguém via um urso ou lobos, que são os animais mais perigosos.

Dizem que os grandes animais fugiram, quando a tirana virou Rainha, ninguém entendia o porquê, mas parecia que tudo vivo fugia desse terrível reinado e nosso reino do Sul entrou em era glacial. Tudo que ela conseguiu alcançar com o reino dela foi fome, frio e ser chamada de tirana, ela não fazia nada pelo seu povo. Faltava poucos metros para aldeia, estava passando por umas árvores mais altas quando escutei algo em um arbusto atrás de mim, automaticamente viro e pego minha faca que está guardada em um compartimento da minha bota, tiro o capuz do meu casaco da cabeça e tento apurar os ouvidos. Nada. Aproximo-me do arbusto. Nada. Deve ter sido o vento. Guardo a faca, e volto para a trilha. Paro de supetão. Meu queixo caiu e tudo que consigo fazer é encarar o lobo cinzento parado na saída da trilha.

O lobo devia estar na idade média, tinha pelo menos de 50 cm de altura, seus pelos eram brancos com manchas cinzas e seus olhos eram de um cinza profundo. Nós ficamos parados, um encarando o outro. Eu pensei e pegar minha faca mais uma vez, mas o lobo não rosnou ou veio pra cima de mim; apenas ficou lá, me encarando com os olhos gélidos. Por um longo momento ficamos parados um encarando o outro, em completo silêncio, escutando apenas os barulhos do vento balançando os galhos congelados. Resolvi tomar uma atitude, soltei a minha caça e coloquei com muita delicadeza na minha frente, talvez o interesse dele fosse na raposa. Mas o lobo continuou lá, sem esboçar nenhuma reação. Meus instintos diziam pra correr, mas algo no lobo era incrivelmente familiar. Ele veio caminhando em minha direção, com uma certa leveza, sem fazer qualquer gesto ameaçador e parou a alguns centímetros de mim. Ele deitou no chão colocando as patas dianteiras de lado, foi quando eu notei que havia um espinho muito grande na sua pata direita. Respirei fundo, tomando coragem, e me ajoelhei ao lado dele.

—Isso deve esta doendo em?- Quase como se entendesse o lobo gemeu de dor, encostou a cabeça na neve e fechou os olhos. Será que ele desmaiou? Arrisquei-me e peguei na pata, como ele não fez nenhum movimento eu continuei passando a mão para ver a gravidade do ferimento. Para a sorte do lobo, o espinho não estava muito profundo, mas para o meu azar, eu teria que puxar de uma vez só, e isso com certeza iria doer nele.- Bom meu caro, isso provavelmente vai doer mais em mim que em você, só tente não arrancar meu braço ok? Preciso dele pra caçar.

Respirei fundo, e contei até três: um, dois, três! Minha primeira reação foi dar um salto e sair de perto, caso o lobo ficasse com raiva. Fiquei parada, esperando alguma reação dele, mas ele continuou lá, deitado com os olhos fechados, provavelmente ainda estava desmaiado. Enfiei o espinho em uma árvore próxima e me ajoelhei mais uma vez ao lado do lobo, o ferimento não estava sangrando, isso era bom, mas as patas estavam incrivelmente frias, por um momento tive inveja do lobo, apesar de morar naquele lugar inundando na neve, há anos eu não sentia frio, era como se o meu corpo não respondesse a todo gelo que me cercava. Olhei ao redor e percebi que tinha um pé de Sanícula em uma árvore próxima, peguei algumas folhas e coloquei no ferimento.

—Pronto, isso vai aliviar um pouquinho a dor. – passei a mão nos pelos cinzentos do lobo, era tão macio que dava vontade de envolver em um abraço. Só quando minha mão chegou perto das orelhas do lobo, foi que percebi que ele estava de olhos abertos, me encarando. Prendi a respiração, eu tinha me distraído, certo que era a primeira na vida que eu encontrava um dele, mas não podia ficar distraída com animal que podia me comer viva. Me levantei, peguei minha caça, - Bom, você já está salvo. – voltei a trilha que levava a aldeia em passadas largas. Continuei, sem olhar para trás, sem medo e sem acreditar que era capaz de possuir tamanha coragem.

A aldeia era pequena, mas as pessoas sempre enchiam as ruas, sempre vestidas com muitas camadas de peles e couro para se proteger da temperatura, elas ficavam conversando, trocando suas caças, tinham poucas crianças, mas a neve nunca a esmoreciam, elas brincavam de todas as formas possíveis no gelo. Nós, povo do Sul, tínhamos os mesmos traços, pele clara e cabelos levemente dourados.  Parei de frente a minha casa, batendo a neve das botas. A nossa casa era toda feita de madeira, assim como as da região, só sendo um pouquinho maior, com dois andares. Eu não entendia porque, já que era só eu e a Nana. Assim que entrei pude sentir o cheiro de algo no fogo.

—Nanaa! cheguei! – falei enquanto tirava meu casaco na entrada.

— Estou na cozinha, espero que não esteja coberta de gelo em...- apesar de não ser minha mãe, ela agia como uma. Nana havia me criado desde quando era apenas um bebezinha, segundo ela, quando a grande era glacial começou, e os moradores do Sul começaram a sofrer com tanta neve, muitos acabaram morrendo, sendo alguns dos desses meus pais, ela cuidou de mim e me alimentou. Eu seria eternamente grata a ela, eu já havia escutado histórias horríveis, o suficiente para se achar sortuda por ter sobrevivido. Nana me disse que eu era de uma das aldeias que viviam perto de Lupus¹, ela não sabia ao certo se eu tinha algum parente além dos meus pais. Eu tinha deixado de ficar incomodada com a minha origem quando tinha 12 anos, quando percebi que Nana tinha deixado de comer para me dar mais comida, foi quando decidi aprender a caçar e ajudar ela na busca de comida; ela com muito prazer me ensinou tudo que sabia, sobre caçar, sobre ervas e como sobreviver com poucas coisas, era incrível como ela tinha todo esse conhecimento acumulado, e desde então, nós duas caçávamos pra sobreviver.

Entrei na cozinha e Nana estava parada na beira do forno, ela era alta e tinha 36 anos de idade, com um porte físico de fazer invejas as outras mulheres do vilarejo. Seus cabelos eram cortados rentes no ombro, e um dourado brilhoso. Tinham traços em suas feições que apreciam comigo, mais acho que era algo do nosso povo. Uma vez vi um comerciante da Nação do Norte e me assustei, ele era incrívelmente forte e sua pele era dourada, seus cabelos negros vinham até a cintura. Nana havia me explicado que o grande Deus Khosmos² havia criado cada nação com feições diferentes, para que fossemos sempre identificados pela nossa nação de origem.

—Como foi a caçada?- ela perguntou interessada.

—Peguei uma raposa bem gorda! Vai durar ao menos uma semana. –respondi, sentei em um dos bancos da mesa da cozinha.

—Essa é minha garota! – ela comemorou com os braços. Eu gargalhei. Ai uma coisa me veio em mente: lobo.

—Nana, quando foi a ultima vez que você viu bichos grandes, tipo, lobos? – perguntei fingindo estar desinteressada. Ela soltou a faca com que cortava as ervas, virou o corpo rápido, seus rosto estava branco. Pronto, ela ia entrar em pânico.

—Vo-você encontrou um lobo?- ela perguntou assustada.

—Eu Nã.. – ela se segurou pelos ombros – NÃO minta pra mim! Só me diga! –gritou. Eu nunca tinha visto Nana naquele estado, assustada, tremendo, era melhor não contar a verdade, pelo menos não agora.

—Só estou curiosa, Nana - respondi num sussurro, ela afrouxou os braços e respirou fundo.

—Tudo bem, mais caso isso aconteça, não esconda de mim ok? – ops.

—Ok – respondi. Eu odiava mentir pra Nana, mas no estado em que ela ficou, só com a possibilidade de isso acontecer, me assustou. Eu acharia uma forma mais branda de contar pra ela.

 

Naquele dia anoite, antes de dormir, eu desci pra dá boa noite a Nana e notei que ela estava sentada na mesa da cozinha com um a papel e uma pena de tinta na mão. Em toda minha vida nunca vi Nana escrever uma carta, até porque ela não tinha nenhum parente. E lá estava ela, relendo uma carta que acabara de escrever, com os olhos pesados, como se carregasse uma grande fardo. Era pra alguma amiga? Não, ela teria comentado. Um amante? Não, Nana tinha desistido do amor há muitos anos. Não conseguir pensar em ninguém, o que será que ela estava escondendo de mim. Subi pro meu quarto e tentei dormir com a curiosidade martelando na minha cabeça. No outro dia pela manhã, acordei decidida a perguntar a Nana pra quem era a carta, não tinha motivos pra ela me esconder algo, da mesma forma que eu não ia esconder meu encontro com o lobo na floresta, até porque eu tinha sobrevivido. Enquanto calçava minhas botas, escutei Nana gritar da cozinha:

—AIKA! VENHA AQUI! – O que será que havia acontecido agora.

—To indo, Nana- respondi.

—AGORA! – por Khosmos, pra ela gritar assim, só podia ser serio. Desci como um raio a escada. Entrei na cozinha e percebi que Nana estava parada na porta olhando pra fora.

—Nana? O que acontece.. Ai Não. – Nana encarava um lobo acinzentado parado na porta. Mas não era qualquer lobo, era o mesmo lobo, o ferido com espinho, tudo a minha volta começou a girar, agora teria que contar a Nana de qualquer forma.

—Pensei que você tivesse dito que não tinha encontrado nenhum lobo. – ela disse por fim.

 

¹Lupus: Cidade Central do reino do Sul; onde se encontra o Castelo habitado por aqueles de sangue Real. 

²Khosmos: Deus reverenciado pelas quatro nações. Segunda a lenda, ele foi o criador das dinastias, sendo cada uma delas representadas por um animal.


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Notas finais do capítulo

BAMBAM!! gostaram?? COMENTEM POR FAVOR ♥Próximo capítulo saberemos mais sobre esse lobo, prometo!Postarei capítulos todo domingo, até mais amores!