Dia.

Se Hinata pudesse contextualizar, seus encontros importantes com Naruto aconteceram durante o dia.

Como tudo que envolvia os dois, isso não foi planejado. Naturalmente aqueles momentos, que ela guardava em uma caixinha imaginária do coração, fizeram-se surgir, com feixes de luz tingindo suas faces, fazendo Naruto parecer a personificação do Astro Rei.

Era como se Amaterasu, presenteasse a terra e consequentemente Hinata, dando um de seus raios em forma de gente para mudar a vida de todos para melhor.

E era instintivo que Hinata chegasse a ele. Seu nome indicava isso. Em direção à Luz ensolarada, ela ia. Caminhando para Naruto. Esse era o seu jeito ninja de ser.

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Quando pequena, era insegura, autocrítica e temerosa. A pressão que recebia em seu lar, lugar onde pressupõe-se que deixaria-lhe segura, era imensa; ela sufocava e sentia que suas costas poderiam envergar pelo tanto que carregava.

Seu encontro com Naruto foi muito mais do que ser salva por ele, foi uma brisa de frescor novo em sua pele acompanhada de um calor muito bem vindo que a deixou leve e feliz. De repente ela poderia ter forças pra transpassar qualquer dificuldade, porque Naruto podia. Ele podia qualquer coisa. Ela também, era uma promessa.

Encontrá-lo todos os dias pela manhã, na Academia Ninja, era agridoce. Era bom estar perto dele, entretanto, era dolorido ver o esforço do menino ser descartado a cada falha. Ele caia, o rosto colado ao chão, enquanto a classe o desprezava, o perdedor da turma, eles diziam; mas Naruto levantava e sorria, mascarando muitas dores, como era-lhe natural e prometia mais empenho até que alcançasse o sucesso. Hinata acreditava, acreditar e esperar era o que fazia por ele enquanto pudesse.

Ela não ficou com o loiro na divisão de equipes. Sua equipe era especializada em rastreamentos com os queridos, ainda que estranhos, Shino e Kiba e sua adorada sensei, Kurenai.

Enquanto isso, Naruto firmava laços com seu peculiar Time Sete e com outros shinobis pelo mundo. Algo que futuramente criaria uma nova filosofia ninja baseada em amizade, esperança, força e determinação.

Encontraram-se de novo no exame de gradução chunnin, um divisor de águas para ambos. Enquanto Naruto e seu time enfrentaram extremos que os marcaria para sempre, Hinata se via pagando uma divida que não contraiu.

Neji, seu primo, vítima de um sistema segregador e cruel dentro de sua própria família, voltou seu rancor para a menina, que apenas foi envolta em uma situação inocentemente, de forma física e psicológica.

Não que Hinata fosse realmente deixar que Neji provasse sua arrogante visão de destino. Ela lutou bravamente para não sucumbir ante a força do primo e por um instante, um instante de coragem, ela conseguiu. Entretanto, talvez não fosse o seu momento, ainda.

Doeu, doeu muito.

Ela caindo, ninjas de elite intervindo e Neji querendo o seu fim.

Hinata realmente pensou que ele havia conseguido. Era o seu fim e parecia que nada poderia erguê-la outra vez.

Até Naruto aparecer. Irado. Determinado.

Ela não saberia dizer as horas naquele momento, talvez fosse noite. Mas quando Ele começou a falar, ela podia sentir o Sol naquele lugar.

Ele, indignado, tocou seu sangue no chão e desafiou Neji. Ela sempre lutou por ele, mesmo que em silêncio. E daquela vez, que poderia não ser a última, ele lutaria por ela.

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Depois da tragédia na invasão da folha e a partida de Uchiha Sasuke, Naruto seguiu viagem com seu mestre para ficar mais forte. Coube a Hinata trabalhar diligentemente para superar suas próprias expectativas e para que da próxima vez que se encontrassem, eles poderiam ficam em pé, lado a lado, como iguais.

Isso demorou um pouco. Hinata percebeu que de certa forma, o mundo de Naruto girava ao redor de seu time e sua determinação em cuidar dos membros cativava pessoas de todos os lugares. Sem perceber, o menino que foi desprezado pela sua aldeia, conquistou o coração de uma legião apenas com suas palavras inspiradoras, uma personalidade enérgica e um sorriso brilhante.

Dizem que é natural que os seres se atraiam pelo calor, certo? Hinata entendia.

O orgulho que sentia dele era imenso. Ela tinha uma fé nele que ultrapassava o lógico, ele era o seu sagrado. Quem guardava sua confiança.

Por isso não pensou duas vezes antes de jogar-se perante o assolador de Konoha, Pain.

Ela não precisou pensar muito. Era apenas uma questão do que fazer, hesitação não entrava no contexto. Ela entrou naquela batalha pronta para morrer, sabia que não havia uma possibilidade onde ganharia daquele homem, porém se isso garantisse uma chance para Naruto, ela daria o melhor de si.

Não planejava se declarar para o loiro. Sua meta era apenas tentar salvá-lo. Todavia, devia ter contado com o espírito irrequieto dele que não a deixaria lutar sem um porquê.

E ela falou, desabafou sobre todas as coisas que manteve para si, parecia que via todos os momentos em que o admirava de longe passar diante de seus olhos, porque naquele momento ela partiria, mas partiria com a certeza de que Naruto sempre saberia que um dia existiu uma menina chamada Hinata Hyuuga que lhe amou com toda a entrega de sua existência. Que ela marcou-lhe e que em poucos minutos ele pertenceu a ele.

O sol estava no alto do céu. Brilhando intensamente. Queimando as ruinas de Konoha assim como o amor pelo Uzumaki queimava o coração da Hyuuga.

Uma pequena gota d'água caíndo na superfície de um lago, propagando vibrações enormes.

Hinata foi salva. Ficou sabendo sobre a luta feroz entre Naruto e aquele homem e mesmo que vários espectadores afirmassem que a fúria do garoto incitado pela Kyuubi foi desencadeada pela vista da garota sofrendo nas mãos de Pain, sua personalidade humilde e resignada dizia-lhe que ele poderia ter feito isso por qualquer um. Bem, isso não significava que ela iria ficar para trás. Se Naruto desse um passo, ela daria dois até alcançá-lo; um dia seria o seu dia.

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A Quarta Guerra Ninja trouxe-lhe cicatrizes. A noite cobriu o lugar e seu ser. Perdeu Neji, com quem firmou um laço de irmandade ao longo dos anos e isso marcaria-lhe para sempre.

Contudo, ela pôde pela primeira vez ser a base de Naruto. Em meio a tanta desesperança daquele que tanto amava, ela foi forte por ele e por ela. Ela não deixaria que ele caísse. Não permitiria que justo o seu Norte perdesse o rumo.

Slap!

Naruto nunca mais ficaria sozinho. Porque ele era dela.

Com o manto de Kurama sobre si, Naruto brilhava. Independente da noite, não precisavam do sol. Eles se fizeram sol um para o outro.

E quando Hinata entrou na dimensão dos sonhos, ela sabia. Que Naruto venceria de qualquer jeito e traria o dia de volta. Os raios solares aqueceriam sua pele e uma nova esperança surgiria.

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No funeral de Neji, chovia. Era o seu momento de prantear e mesmo que Naruto estivesse ao seu lado, ela não precisava ser forte; nem ele. Foram fortes por toda uma vida e naquele momento suas almas feridas precisavam apenas de descanso e consolo.

Eles passaram dois anos se aproximando gradualmente como quem conta arroz, mas ela esperaria.

Até que Toneri apareceu e indiretamente acelerou a corrida entre eles. Eles se aproximaram bastante durante a missão e Naruto estava pronto para o seu primeiro amor verdadeiramente romântico.

Se Hinata soubesse como Naruto estava maravilhado com a visão dela naquele pôr-do-sol...

Casaram-se em outro pôr-do-sol. Daquele dia em diante seus passos seriam dados juntos em um mesmo rítmo e nunca mais estariam só. Um brilhava pelo outro e aqueciam-se intensamente.

Enquanto Boruto nasceu em uma manhã simbolizando a luz de um legado construído por seus pais, seus avós e seu tio, Neji; Himawari nasceu em uma madrugada, simbolizando a promessa de um novo amanhecer, um frescor novo, sempre em direção à luz do sol.

Eles eram pequenos sóis em órbita de si mesmos brilhando para todos os outros.

Um legado de luz eterno. Etéreo.