A Maldição Silenciosa escrita por Dama das Estrelas


Capítulo 9
Uma conversa entre familiares


Notas iniciais do capítulo

E aí, 'galere'. Tive uns pequenos imprevistos e atrasei um pouco em postar esse capítulo :(. O semestre está acabando e poderei me dedicar mais em escrever capítulos (possivelmente) maiores e sem muita demora. Muito obrigada pela paciência em esperar, aproveitem o capítulo! ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/681185/chapter/9

O dia amanheceu chuvoso; um tempo daqueles, onde o desânimo para levantar da cama era latente. Nada poderia deixar aquela manhã mais séria e triste, como se a própria natureza se expressasse. Na pequena vila onde ficava a casa do Belmont poucos habitantes saíram de suas casas para trabalhar; não havia como agir a plantação, o comércio ficou parado e a quase inexistente movimentação tornou o lugar deserto. Maria acordou, levantou com dificuldade - e preguiça-, e acariciou a coruja que dormiu próxima a ela. lavou o rosto e antes de descer, voltou ao quarto e abriu uma fresta na janela. Sentiu o ar frio e úmido oriundo de fora e o respirou. Voltar àquele lugar lhe trazia diversas recordações, tanto boas quanto más. Essa era a vila onde passou parte da sua vida; o lugar onde viu seus pais morrerem na sua frente, onde mudou de casa, a dos Belmont. E aquele era justo o quarto onde descansou por anos.

— É... voltei às origens. – disse para si mesma.

Maria acordou sentindo-se diferente. O dia de ontem deixou uma lição para ela, várias, na verdade. Ao olhar para si mesma naquela situação, percebeu que suas atitudes estavam não apenas causando um desagradável clima para ela e as pessoas à sua volta, como não estava trazendo respostas para os problemas enfrentados. Estava na hora de mudar, tomar uma posição decente.

Finalmente desceu as escadas. Foi direto para a cozinha esperando encontrar Richter e Annete. Assim como pensou os dois tomavam o café da manhã, em silêncio.

— Bom dia... – a caçadora tentou mostrar gentileza.

— Bom dia, Maria. – Annette respondeu com um sorriso.

— Bom dia. – Richter disse num tom meio seco, antes de morder um pedaço de pão.

O dia acabara de começar. Maria precisava ser forte se quisesse manter uma relação aceitável com o cunhado, que nos últimos dias provou-se estar abalada.

Ela sentou-se à mesa, ficando entre o casal. Olhou de lado para os dois e começou a se servir.

Quase um completo silêncio. Poucos comentários acerca do alimento ou do tempo ditados apenas pelo caçador ou sua esposa. Em todo o tempo Maria sequer disse algo. Era uma mistura de vergonha ou medo. Falar alguma coisa poderia provocar uma reação de Richter.

— Eu... Queria pedir desculpas. – A caçadora se manifestou, finalmente. –  a vocês dois.

Os dois olharam para ela com atenção. Nem mesmo Richter esperava por aquela atitude.

— Maria... – Annette, sempre amável, tentou amenizar a situação – não precisa-

— Não, – Richter a interrompeu, comendo outro pedaço de pão – deixe-a continuar.

— Estive pensando nas coisas que fiz ultimamente, e... Agi errado. – concluiu, olhando para baixo.

Dois segundos depois o homem deixou a xícara na mesa, virando eu rosto para a cunhada.

— Foi bom eu ter deixado você sozinha no quarto para pensar. – assentiu – Até que enfim está agindo como um adulto.

— Richter...! – sua esposa lhe chamou atenção.

— Ele tem razão, Annette. Talvez você, meu cunhado, estivesse certo em não permitir meu casamento com Adrian. Não por acreditar nele, mas por não confiar em mim. – ela disse seriamente, encarando-o nos olhos.

O homem continuou a encará-la, sem palavras a dizer.

— Não precisa responder, sei bem que devia estar pensando isso. Enfim. Se acha que não posso tomar decisões ou ser confiável o suficiente, acredite em Adrian, ao menos.

— O que disse? – o caçador franziu a testa.

— Ainda estou irritada com a atitude dele, mas vejo que ele fez isto apenas porque sabia que eu não sairia do vilarejo por vontade própria. Depois convenceu vocês dois a saírem de lá. Não adianta tentar voltar, isso apenas atrapalharia. Muito menos você, Richter, precisa cuidar de sua esposa.

O homem olhou para Annette, que instintivamente tocou em seu ventre. A última coisa que ele faria era deixar a mãe de seu filho desprotegida. Mas o vilarejo corria perigo e era seu dever cuidar daquela gente, afinal ele era  um Belmont. Quem sabe não deveria confiar na palavra de Maria, que confiava na de Adrian.

— Deixe que Adrian cuide disto, Richter. Sabemos que sempre foi assim que conseguiu resolver problemas. Ele derrotou o Drácula...

— Mas será que pode descobrir um jeito de encontrar a cura, sozinho?

— Resarei para que ele consiga...

Uma breve pausa foi feita. Os dois desviaram olhares, pensando no que fariam em seguida. Pensaram também em Alucard e tentaram imaginar como ele faria aquele feito. Maria acabou mudando de semblante, aparentando estar meio abatida.

— Você não parece bem, Maria. – sua irmã, que levantou da cadeira, logo percebeu a mudança .

A caçadora ergueu seus olhos para encará-la, afirmando suas dúvidas.

— Apesar de deixar Adrian seguir conforme seu plano, não me sinto satisfeita em ficar aqui. Gostaria muito de estar lá e cuidar daquela gente, principalmente as crianças do orfanato.

— E correria o risco de ser infectada. – Richter completou.

Maria olhou para seu braço, justamente no local onde aparecia a marca roxa nos doentes.

— Não me importaria em ficar infectada se isso pudesse trazer um meio de resolver o problema.

— Precisa ter cuidado com tanto altruísmo, Maria. – o caçador disse num tom mais descontraído, ele foi o segundo a levantar. Ajudou a esposa a pegar os itens da mesa.

— Ah... – ela balançou a cabeça, mostrando um sorriso – talvez seja de família. Essa vontade em ajudar pessoas é surreal, inexplicável. – enfim, levantou de sua cadeira e pegou sua xícara. – Bem... eu espero que isso termine log-

A mulher não conseguiu terminar de falar. Deixou cair a peça no chão. Seus familiares logo se voltaram a ela ao ouvir o som da xícara chocar-se no piso. Maria havia levado sua mão à cabeça, desnorteada, não conseguiria ficar de pé por muito tempo. Richter foi rápido e a segurou antes que caísse. Tudo aconteceu rápido, mal tiveram tempo de reagir direito.

— Maria? Maria! – seu cunhado ficou desesperado. Ele a repousou no chão e apoiou sua cabeça em seu braço.

— Meu Deus! Richter, leve-a para o quarto! Ela precisa de repouso.

— N-não... – a caçadora disse meio zonza – eu estou bem... Foi apenas um pequeno cho-

E mais uma vez parou de falar. O choque foi mais intenso, tanto que seus olhos emitiram uma luz branca. Estava tendo uma visão.

— O que... o que está havendo com ela? – Richter a segurou mais firme, temendo que ela estivesse sofrendo.

Por dez segundos, Maria virou seu rosto para todos os lados sem saber o que fazer. Não sabia como fazer aquilo terminar, muito menos conseguia controlar. Ela nem ao menos conseguia se expressar com palavras, apenas mostrava um rosto atônito nesse meio tempo. Só pode falar algo após isso, quando piscou e olhou para o cunhado, revelando ter voltado ao normal.

— Ei, você está bem? Diga algo! – ele a balançou levemente.

— S-sim... quer dizer, não... – disse balançando a cabeça e levantando-se com dificuldade – Só ficarei melhor quando voltar ao vilarejo.

— O quê?! Enlouqueceu? – Richter ergueu os braços – Não ouviu que há um enorme risco em ficar infectada caso ponha seus pés lá?

— E você não ouviu que não me importaria em pisar no vilarejo caso houvesse uma chance de mudar a situação? – ela argumentou, erguendo as sobrancelhas.

— Sim, mas-

— Você não viu o que eu acabei de ver, Richter. Eu preciso voltar até lá.

— E o que viu? – ele cruzou seus braços.

— Eu vi sangue, Richter. Um banho de sangue que vai acontecer se eu não for ao vilarejo. As criaturas celestiais me mostraram uma visão que vai acontecer em breve caso nada seja feito.

A mulher olhou para a irmã grávida e para seu marido com preocupação. Sabia que deveria fazer isso sozinha, não havia como envolver Richter dessa vez.

— Fiquem aqui. – Ela assentiu, caminhando para mais perto de Annette, e encarando profundamente em seus olhos, disse: – Cuide-se, minha irmã, eu voltarei em breve. – e então a abraçou.

— Ainda não concordo com isso... – Richter balançou a cabeça.

E finalmente a caçadora voltou-se para o cunhado e segundos após visá-lo, o abraçou fortemente. Faltavam-lhe para os dois esse gesto para demonstrar o quanto se preocupavam um com o outro. Eles eram uma família, afinal e a última coisa que gostariam era cortar os laços por conta de brigas.

—Vá, Maria. – ele disse, após tocar em seu ombro – Confio em você.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Maldição Silenciosa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.