A Maldição Silenciosa escrita por Dama das Estrelas


Capítulo 15
Talvez Seja


Notas iniciais do capítulo

Olá galeres! Voltei para mais um capítulo desta fic. Não se preocupem que ela será finalizada. Nesse período de férias acabou que não obtive inspiração para escrever um capítulo dessa fic direito, infelizmente, desculpa gente. Com a volta às aulas é possível que eu volte a ter mais ideias pra escrever não somente essa fic como a "Justice and Mercy" já que minha cabeça vai trabalhar mais kkkkk
Muito obrigada a você, leitor, que esperou todo esse tempo indefinido. Em especial, um agradecimento à leitora Lenneth que me deu um grande apoio, muitos beijos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/681185/chapter/15

Tenha medo. Desespere-se. Caia em prantos. Não há mais nada a se fazer. Desista.

Quando se é treinado desde criança para ser um guerreiro o medo não pode existir em seu coração. É proibido. Tema algo e você morrerá, pois não terá forças para agir e será derrotado. Maria era uma criança quando foi levada ao Castelo de Drácula após ver seus pais morrerem em sua frente. Seu maior medo era perdê-los, e foi o que aconteceu. No tempo em que ficou reclusa, descobriu que o medo a tornava covarde e que tinha de lutar para sobreviver. Medo era um sentimento ruim, e senti-lo levaria à morte.

Quando Richter havia desaparecido, Maria não hesitou e foi em busca de seu cunhado, mesmo que tivesse de entrar no Castelo amaldiçoado novamente. Não hesitou em salvar Adrian e deu sua vida por ele quando os dois precisaram enfrentar o demônio Therian. Só que agora, parecia que nada mais se aplicava. Ela estava com medo, por mais que tentasse fingir a si mesma que estava tudo bem. Maria temia pela vida das crianças do orfanato, que sofriam por uma doença na qual parecia não ter solução. E se a verdade nunca for encontrada? E se, aos poucos, os doentes começarem a morrer? A caçadora não podia deixar que os próximos a ela morressem, novamente.

Maria abriu a porta do orfanato e já notou a diferença: a entrada estava vazia, um cenário completamente diferente que estava acostumada a ver. Sem crianças a correr de um lado para outro, sem as freiras presentes nas salas ao lado em seus afazeres domésticos, sem vida. A mulher correu ao subir as escadas. Seguiu, para o quarto dos órfãos e já imaginava ver os rostos das pobres crianças a sofrer. Deitadas em seu leito esperando por uma resposta que não chegava; e a culpada por isso era a pessoa em que mais cofiavam. Maria entrou no quarto principal e encontrou praticamente todos os órfãos na cama. Avistou as freiras revezando-se para atender a cada um dos doentes. Era notável, também, suas expressões afadigadas, afirmando, sem dizer, que também foram afetadas pela maldição.

— Santo Deus, Maria! — Irmã Clarice, ao ver a caçadora entrar, logo foi ao seu encontro. Os que estavam próximos se voltaram para ela.

— Olá, Irmã... — respondeu um pouco envergonhada, visto que agora era o centro das atenções — Como vocês estão?

— Ah, minha jovem... Estamos rezando incansavelmente para que a Virgem traga alívio aos pequenos. Não está nada fácil. Todos nós fomos afetados por essa doença de uma hora para outra.

Maria novamente voltou seu olhar aos órfãos deitados em seus leitos. Alguns conseguiam, dificilmente dormir; foi possível notar isso pelas feições de seus rostos, que relutavam em descansar.

— Outras irmãs estão se revezando na enfermaria, onde quase todos os moradores do vilarejo se encontram. Infelizmente até mesmo o padre foi afetado e teve que retornar à Igreja para se tratar.

— Eu soube. Retornei de lá.

— É mesmo? — a freira ergueu as sobrancelhas — Espere, o que houve com seu rosto?

— Não consegui falar com o padre... Irmã Annabeth recebeu-me e conversamos um pouco enquanto ela cuidava do ferimento que recebi. — Ela olhou para os lados — É uma longa história, Irmã. Quando a situação ficar mais branda, contarei a você. — Terminou tocando em seu ombro.

— Certo, minha jovem. Mas o que veio fazer aqui? Está para nos ajudar? Será bem vinda. — a senhora de idade falou com um fraco sorriso, ao tentar amenizar o clima.

— Eu vim... — Maria fez uma careta ao pensar numa resposta.

O que vim fazer aqui? Por que se recusam a me dar respostas, Criaturas Celestiais?

— Maria?

Estou cansada disso.

—--------------------------------------------------------------

Em seu leito, Adrian acordara. Sentia-se um pouco melhor após o repouso. Ele analisou o lugar de onde estava e notou que estava sozinho. Cerrou seus punhos irritado. Sentia ódio ao estar ali, doente como todos os outros habitantes da aldeia, e sem poder fazer nada. Nunca poderia imaginar que ele, um meio-vampiro imortal pudesse sucumbir àquela doença.

Maldição! Eu não devia estar assim! Pensou.

Ele retirou o lençol que o cobria e ficou sentado na cama. Logo percebeu que não estava recuperado totalmente e que não ficaria tão cedo. Sentiu dores pelo corpo. Chegou a puxar a manga de sua camisa para ver a marca em seu braço e irritou-se mais ainda; Essa maldita marca...!

Sem demora, invocou um de seus familiares, a Fada, que num piscar de olhos surgiu pronto para servi-lo.

— O que gostaria, mestre? — disse entusiasmada ao juntar as duas mãos.

— Fada. Quero que faça para mim uma poção que amenize a minha dor.

— Mestre! O que... o que houve com o senhor? — ela voou para perto dele e, preocupada, analisou seu corpo. Não pôde ver a marca em seu braço já que ele a escondeu com a manga de sua camisa.

— Uma doença, maldição, seja o que for, atingiu a todos desse vilarejo, inclusive eu. Sinto dores em meu corpo, que está fraco. Preciso de uma poção que alivie a minha dor, agora. — terminou em tom firme.

— Mas... mestre, o senhor precisa descan-

— Fada. — O meio-vampiro encarou-a nos pequenos olhos — Agora. — sua voz fria e grave, se pudesse, partiria ao meio.

— Sim senhor...!

—--------------------------------------------------------------

Ainda sem uma resposta clara. Parecia que as Criaturas Celestiais, alguns dos seres mais poderosos do universo não queriam que Maria soubesse a verdade. Recusavam-se a lhe dar a resposta final para que todo esse problema fosse resolvido.

Maria ficou para ajudar as freiras no tratamento dos pequenos e ajudar as próprias mulheres que também estavam debilitadas. Ninguém percebeu ao certo que a caçadora era a única que não tinha sido atingida pela moléstia, estavam preocupados demais com os doentes. Após uma hora, Maria, vendo que a situação lhe mostrava certo controle, afastou-se de todos e foi para um cantinho. Ela levou a mão à testa e a esfregou tentando conter a enxaqueca que se formava em sua cabeça. Estava no final do corredor, olhando pela janela a rua do vilarejo. Estava deserta, como esperava. A todo o momento seu coração se apertava de ansiedade com o medo dos revoltosos descobrirem sua localização e partirem para seu encontro. Se isso acontecesse, as crianças e as freiras correriam grave perigo e poderiam ser acusados de escondê-la ali.

Seria um derramamento de sangue. Poderia ser a sua visão que estava prestes a se cumprir.

— Não, não, não pode ser isso! — ela disse em voz baixa, seus olhos arregalaram.

As imagens daquela horrenda visão voltaram para sua mente.

— Maria?

Uma voz a fez retornar para a realidade. Era a irmã Clarice. Seu escape surgiu no melhor momento.

— Ah, oi, Irmã. — disse após se recompor do leve susto — Desculpe-me, estava um pouco distraída.

— Quer me contar o que está havendo?

Maria a encarou nos olhos. Hesitou muito em abrir sua boca para contar toda a verdade. Ao mesmo tempo em que gritava por alguém, temia se o fizesse.

— Eu... estou... estão me perseguindo, Irmã. — quando terminou de falar, Maria voltou seu olhar a freira. Estava claramente abatido.

— Santa Virgem! Por que, Maria?! — A Irmã, preocupada, tocou gentilmente em seu braço.

— É algo complicado de explicar-te, Irmã Clarice.

— Tem algo a ver com toda essa história?

A caçadora hesitou por alguns segundos e depois assentiu.

— Eles acham que... sou uma bruxa... — disse numa voz baixa — Porque... fui a única que não foi atingida pela doença.

A freira arregalou os olhos. Instintivamente ela tocou no rosto da jovem.

— Maria. — a senhora carregava uma voz doce — Não se deixe abater. Eu acredito em você, tenho certeza que se não fostes atingida por isso, é porque há um propósito.

— Já imaginei isso, Irmã Clarice. Mas estou confusa... não sei o que fazer.

— Não se preocupe, minha querida, logo a verdade- — De repente a freira calou-se. Maria logo percebeu que ela estava prestes a perder o equilíbrio e a segurou firme.

— Calma, eu a peguei, não se preocupe! — disse a caçadora, preocupada com o estado de saúde dela.

— Perdoe-me, minha querida, por dar-te esse trabalho. — A freira comentou, rindo forçadamente.

— Não diga isso, Irmã. A senhora forçou-se demais, precisa descansar. — Maria retrucou preocupada, enquanto ainda a segurava — Irei levá-la para o quarto. Deixe para mim a tarefa de cuidar dos pequenos.

— E você, Maria?

— Ficarei bem, eu prometo.

Antes que as duas começassem a caminhar, a freira parou e virou-se para a caçadora com um olhar preocupado.

— Esqueci-me. Vistes a pequena June hoje?

— June? — A caçadora questionou preocupada, desviando seu olhar para que tentasse recordar da criança momentos antes — Não... não me lembro de tê-la visto.

— Não a vi o dia todo. Talvez tenha escapado para algum canto deste vilarejo. — A freira balançou a cabeça, lamentando a possibilidade de não poder ir atrás de June.

— Talvez não, Irmã. A pequenina deve esta fraca por causa dessa moléstia... — Maria calou-se ao imaginar o local de onde a criança estaria — Irei procurá-la, não precisa se preocupar. O que a senhora precisa agora é descansar em seu leito.

Mesmo com a resistência da senhora, Maria conseguiu levar a freira para o quarto, onde a deitou em sua cama para repousar. Irmã Clarice trabalhara bastante naquele dia e estava exausta, só não queria admitir.

Maria fechou o quarto coletivo das freiras e o som da porta se fechando ecoou pelo corredor. De repente ela sentiu uma brisa fria que correu por sua espinha. Agora ela estava praticamente sozinha. Silêncio numa casa donde ecoava sons alegres.

— June...

Porém, ela não podia deixar que o desânimo e a incerteza a dominassem, havia alguém que precisava dela e a última coisa que Maria tinha de fazer era recuar.

A caçadora conhecia bem a pequena June. Ela se via na criança que corria para lá e para cá e que não se cansava de fazer perguntas. A mulher a imaginava como a irmã mais nova que nunca teve e muitas vezes se colocava no lugar de Annette, sua irmã mais velha. De vez em quando já se pegou pensando em adotá-la, mas isso poderia não dar certo e só causaria sofrimento para ambos os lados. Sua própria vida era o maior empecilho para o desejo; não havia como pensar em ter filhos nem antes de conhecer Adrian e muito menos depois.

Após alguns minutos pensando, Maria correu para o andar mais alto do orfanato, de onde ficava o sótão. Aquele pequeno espaço empoeirado e escuro era temido por todas as crianças de lá. Menos June, a pequena corajosa. Ela sempre se escondia lá porque sabia que ninguém teria coragem (ou vontade) de segui-la.

E novamente a caçadora se via naquela criança.

Subindo uma escada simples de madeira, Maria levou consigo um pequeno candelabro com uma vela acesa já que o lugar era demasiado escuro, mesmo que tivesse uma janela. Precisava ficar agachada naquele espaço, então engatinhou até perto da janelinha, de onde saía um pouco de luz. Só quando se aproximou pôde perceber uma pequena vida, encolhida entre as pernas.

— Minha querida... — disse Maria em voz baixa.

— T-tia Maria? — A voz quase rouca pelo silêncio prolongado foi ouvida, mesmo em baixo tom.

— Ei, June... — A mulher se aproximou deixou o candelabro no chão e a garotinha foi ao seu abraço.

As duas ficaram quietas, deixando o calor de o abraço comunicar-se por si.

— Tia Maria, estou com medo. — admitiu a criança.

— Estou bem aqui, June, não se preocupe. — respondeu, acariciando sua cabeça do jeito que sua mãe fazia com ela.

— Por que todo mundo ficou doente?

Essa era a única pergunta que corroia sua mente, e foi logo a pergunta que a pequena curiosa lhe fez. A única pergunta que Maria não conseguiu responder.

— Eu não... eu não sei, June. Eu estou tentando descobrir...

— Todos estão mal, até as Irmãs. Mas... — June saiu do abraço e cinco segundos depois, questionou — Por que... eu não estou?

Maria foi pega de surpresa; seu coração começou a acelerar. Não estava preparada para ouvir aquilo. Pensou em tantas perguntas a fazer, tantos comentários e indagações, mas não nada disso conseguiu sair de sua boca.

— N-não está?

A criança balançou a cabeça e ficou observando a expressão confusa da mulher ao seu lado.

— O que foi, tia Maria?

Delicadamente a caçadora segurou o pequeno braço de June e depois pegou o candelabro para observar o membro melhor. A marca era completamente visível em alguém atingido pela doença. Só que ela não o encontrou. Fez o mesmo com o outro braço. Nada. Realmente, June se mostrava completamente saudável.

Ela deu um sorriso nervoso e ao mesmo tempo, aliviado. A sensação que teve enquanto estava na Igreja não foi mero instinto. A caçadora estava no caminho certo o tempo todo

— Olhe, — Maria estendeu os dois braços para a criança após repousar o candelabro no chão novamente — Você não está sozinha.

Os olhos da criança brilharam e ela abriu um largo sorriso. Primeira vez em tantas horas que algo fez Maria sorrir também.

— Que bom! Então... — indagou a criança — O que acontece agora, tia Maria?

A mulher encarou o rosto de June com a mesma expressão duvidosa que a pequena. Mas antes que pudesse abrir a boca para responder, sons repetitivos foram ouvidos por ela.

— Espere. — disse ela, fazendo um gesto com a mão para que June ficasse no cantinho de onde estava.

Maria se dirigiu à janela, e foi de lá que confirmou as suspeitas que mantinha.

Cavalos. Vários deles sendo montados por homens armados. Eram mercenários, facilmente identificáveis. Eles desceram dos animais, e o que a caçadora mais temia, aconteceu. Seguiram até a porta do orfanato.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Maldição Silenciosa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.