A Maldição Silenciosa escrita por Dama das Estrelas


Capítulo 14
Minha Luta?


Notas iniciais do capítulo

Fala, pessoal! Obrigada pela paciência, aproveitem mais esse capítulo!

Detalhe: esse capítulo foi escrito sem nenhum gerúndio!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/681185/chapter/14

Como uma brisa que ia e se esvaía, a situação mudou de repente. Logo ele. Logo o único homem que achavam ser invencível, imbatível, uma rocha. Estava perto de sucumbir à dor... era mais uma vítima.

Maria correu de volta pra o lugar donde saiu. Chamou a freira que ficou assustada ao vê-la num estado alterado, muito diferente do que vira antes. As duas voltaram para o doente e o carregaram, com dificuldade, para o quarto. O meio-vampiro sofria tanto que mal se aguentava em pé. Além disso, a freira também estava fragilizada, por isso Maria teve de suportar quase todo o peso.

Adrian ardia em febre. Para alguém de sangue frio, sentir sua pele a queimar preocupou-a intensamente. Em poucos minutos ele estava na cama, em repouso e desacordado. Uma toalha úmida cobria sua testa para diminuir o calor. Após isso não havia mais nada a se fazer.

Em silêncio ambas deixaram o quarto. A freira estava visivelmente cansada, o que a caçadora pode perceber.

— Irmã, agradeço-te de coração por sua ajuda. Vá descansar agora. — Maria terminou de falar e apoiou carinhosamente sua mão em seu ombro.

— Mas e você, minha jovem? Vai cuidar dele sozinha? Não posso deixar-te assim... É meu trabalho ajudar.

— Não...! Eu...

Maria olhou para a porta atrás de si e se voltou para a senhora de idade. Ela hesitou e acabou por não responder.

— O que houve Maria? Algo aconteceu entre vocês? Quer que eu fique com ele?

— Alguns problemas dos quais somos os únicos que podemos resolver... — respondeu num tom tristonho — Mas não se preocupe, logo isto estará acabado. Eu ficarei e cuidarei dele. — Ela soltou um breve sorriso, notavelmente forçado.

— Maria... — Disse a freira em tom de reprovação.

A mulher deu uma risadinha rápida ao achar engraçado o questionamento da freira.

—Tudo voltará ao normal, Irmã...

—-------------------------------------------

A caçadora entrou no quarto e fechou a porta. Virou-se para o homem deitado na cama e suspirou fundo. Encostou-se à porta e lentamente deslizou seu corpo sobre o objeto de madeira. Encolheu-se entre os braços e os joelhos e baixou a cabeça. Pela primeira vez sentiu-se sozinha, isolada, inconsolável. Agora havia perdido um de seus mais fortes pilares. Richter e Annette estão longe, por segurança. E por puro egoísmo inocente desejava que estivessem por perto. Rezava para que estivessem bem, principalmente sua irmã, que esperava um bebê.

Realmente estava sozinha.

— Por que não me contou... — disse em voz baixa ao levantar sua cabeça.

Mas não obteve resposta, como esperado.

— Preferiu ficar calado, e sofrer em silêncio... Você não confia em mim, não é mesmo?

Uma quietude perturbadora prevalecia no pequeno quarto. Maria sentia-se encurralada por um clima pesado em sua estada ali. Precisava escapar, fugir para algum lugar aonde não precisaria mais enfrentar quaisquer problemas. Provavelmente a única que não fora atingida pela maldição.

Mas não podia deixá-los sofrer. Havia ainda a remanescente esperança. Ela precisava continuar. Levantou-se, dessa vez um pouco mais confiante. Encarou o homem desacordado e franziu a testa:

— Eu vou continuar sem você. — disse num tom sério, como se ele estivesse consciente para ouvi-la.

A caçadora não esperou mais e caminhou até a porta. Nem ao menos olhou para trás. Chegou a abri-la, e levou um susto ao ouvir aquela fria voz.

— Fostes a única que sofreu mal nenhum. — a voz masculina surgiu no quarto silencioso.

Ela cerrou os punhos com força o ouvir o término daquela voz. Adrian acordara.

— Todos no vilarejo devem estar doentes. Porém você... continua saudável. Iluminada por uma graça inexplicável.

A mulher virou o rosto de lado, mas se recusou a olhar o homem doente. Não estava disposta a respondê-lo. Uma poderosa força a impedia de voltar a ele e abraçá-lo por saber que estava consciente. Mas a vontade de gritar para ele e falar sobre toda a raiva que sentia era maior.

— Talvez... não confiamos um no outro como achávamos...

Ele não respondeu.

Ela abriu a porta e saiu do quarto.

—-------------------------------------------

Maria encontrava-se de volta à capela. Seus passos a guiaram para o retábulo do altar e seus olhos a levaram para o crucifixo. Cruzou as mãos, fechou seus olhos e rezou fervorosamente, como se sua vida estivesse dependesse disto. Rezava por uma luz, uma pista, algo que a levasse para o caminho certo. Se ela fosse a única pessoa que não foi atingida pela doença, seria então a única capaz de achar a verdade.

— Essa é a minha luta?

Aquilo não era coincidência. Sabia muito bem o que iria encarar adiante depois que foi “ressuscitada” pelo poder das Quatro Criaturas Celestiais. Certa condição que lhe foi imposta caso aceitasse viver novamente. Mais que retornar, algo em sua própria essência mudou. Mal sabia que era imune à doença, porém, tinha conhecimento de algo maior que isso. Algo que nem mesmo Adrian sabia.

De repente, ela sentiu uma brisa passar por seu corpo enquanto estava de olhos fechados. Como num passe de mágica, teve uma ideia para onde prosseguir, como se estivesse num longo trecho escuro e visse a luz no fim a indicar a saída. Seus olhos foram abertos, finalmente.

Ergueu sua cabeça, observou o crucifixo e benzeu-se.

Caminhou até a entrada. Com cuidado, puxou a porta a verificar se não havia alguém em sua caçada. Por dez segundos observou... nada, por enquanto. Finalmente saiu e sentiu o ar fresco de fora entrar por suas narinas. Tão calma a rua se encontrava, como se todos tivessem sumido. Um vilarejo fantasma. Ainda assim ficou alerta o tempo todo. Tinha medo que seus perseguidores retornassem, ou que estivessem à sua espera. Esquecia-se em respirar, até.

Maria andou em passos largos, mas precisos. Escondeu-se em lugares estratégicos, como becos ou atrás de carroças ou objetos grandes, para verificar se havia alguma presença indesejável. Estava próxima ao seu destino, que não ficava muito longe da igreja. Uns cinco minutos depois avistou a construção e agradeceu aos céus por não ver ninguém próximo. Correu, então. Tão rápido quanto chegou, ela entrou na construção onde podia se ver uma placa de madeira feita a mão, com a inscrição “Nova Esperança” e embaixo, “Orfanato”.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Maldição Silenciosa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.