A Maldição Silenciosa escrita por Dama das Estrelas


Capítulo 10
Diga-me com quem tu andas


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores, tenho ótimas notícias: > FÉRIAS! < Isso mesmo, essa palavrinha linda vai permitir que eu escreva mais e poste os capítulos em menos tempo! (a não ser que haja casos excepcionais que faça com que eu atrase a postagem) É isso, a fic tá firme e forte, sim! Quero agradecer a todos que estão lendo, saibam que fico muito feliz em saber que tem gente lendo, e mais ainda com o pessoal que apoia (comentando, favoritando e acompanhando). Vocês são demais!



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Uma das piores coisas de se fazer em tempo chuvoso era... sair naquela chuva. Muitas estradas de terra viravam lamaçais e tornavam a passagem um desafio quase impossível. Muitas carroças atolavam na lama, os animais ficavam com dificuldades em se locomover e certos locais tornavam-se inacessíveis. Um dia se passou. Foi impossível para Maria sair anteriormente por causa da tempestade que se formou. Havia a possibilidade de queda de árvores e deslizamentos de terra. Infelizmente precisou adiar sua ida.

Maria estava arriscando-se demais ao passar por esse caminho com seu cavalo. A chuva estava fraca, sim, mas o chão não era confiável. Ela precisaria tomar cautela e evitar correr muito com o animal. O trajeto era um pouco longo, demoraria mais um menos uma hora se não parasse, o que pelo visto não seria assim. Em certos trechos o cuidado era redobrado, pois qualquer deslize faria com que o cavalo escorregasse e causasse um acidente.

Ela estava totalmente focada em seu objetivo: impedir que sua visão se tornasse realidade. Ver aquela gente sendo torturada a sangue frio e depois assassinada foi como estar presa no próprio castelo do Drácula, nos mais terríveis e mórbidos calabouços nos quais já pisou. Não via seus rostos, mas podia sentir a agonia e dor que eram exprimidos por gritos de pânico. "Por Deus, pare!" "Me tirem daqui!" "Não, não, socorro!". Aqueles gritos ecoavam em sua mente sem parar como o chiado de mil morcegos numa caverna. Uma tragédia estava prestes a acontecer naquele vilarejo, algo nunca visto antes.

— Adrian... – ela disse preocupada.

Ele era um dos principais receios da caçadora. Se ela teve uma visão como aquela, haveria a possibilidade do plano de Alucard ter falhado e a situação ter ido de mau a pior. E os questionamentos eram levantados: Por que ela teria uma visão como aquela? Onde estaria Adrian? Quem seria capaz de cometer algo tão bárbaro?

— Droga. Preciso chegar logo.

Maria continuou a cavalgar num ritmo mediano, evitando se arriscar ao acelerar muito. Uma hora e meia já havia passado, mais do que ela gostaria de levar; além disso, precisou parar por alguns minutos para seu cavalo descansar. Pelo menos aproveitou esse curto tempo para fazer algo importante.

— Criaturas celestiais, eu preciso saber: por que enviaram-me tal visão? O que eu tenho de fazer para evitar isso? – ela disse em voz alta, lamentando. Instantes depois sequer recebeu alguma resposta. Há tempos as criaturas não conversavam com ela.

A mulher balançou a cabeça. Havia um motivo para o silêncio, e talvez para elas somente a visão bastasse a Maria. Ainda assim esperava por algo mais. Cinco minutos depois decidiu montar em seu cavalo e prosseguir na jornada. Já havia parado de chover, apenas uns pingos isolados caíam. Melhor para ela.

Cavalgou por mais meia hora. Sem movimentação pelas estradas, meio estranho, incomum até. Não haver absolutamente ninguém por aqueles cantos, nem mesmo andarilhos solitários era algo bastante raro. O vilarejo não era próximo da capital do reino, mas se situava no meio do caminho, e por isso muitos viajantes passavam por ali. Ultimamente tantas anormalidades surgiram que Maria já não ficava mais surpresa.

Após uma longa e cansativa viajem, chegou, finalmente.

— Até que enfim eu- – o sorriso de outrora logo desapareceu ao ver a cena.

Homens armados. Cinco deles na entrada do vilarejo, bloqueando o caminho junto de carroças que serviram como barricadas. Mercenários.

— Mais problemas? – franziu a testa.

A caçadora desceu do cavalo e o trouxe consigo. Sua presença logo chamou atenção dos guerreiros. Um deles, carregando uma espada na bainha logo se aproximou.

— Olá... – ela estava acuada. Nunca foi chegada a mercenários, justamente pela fama de fazerem tudo por ouro, ou quase tudo. A mulher lembrou-se da cena na enfermaria onde viu aqueles homens brutos surgirem e dispersando a multidão dando fim ao caos do momento. Entretanto não se pareciam com algum sequer.

— Desculpe, senhora. – o homem alto de cabelos raspados ergueu uma mão – Ninguém está autorizado a entrar no vilarejo.

— O quê? Por quê? – perguntou indignada.

— Problemas internos. – ele foi curto e grosso – Infelizmente terá que retornar.

— Vim de muito longe, senhor. – insistiu – Além disso eu moro nesse vilarejo. Nós não podemos deixar que aquelas pessoas sofram isoladas.

O mercenário deu de ombros, como se não houvesse alternativa.

— Então você compreende a situação. Ainda assim, as ordens foram claras: ninguém entra ou sai.

— Quem lhe deu essas ordens? Ou quem lhe pagou para fazer isso?  Pensou.

Ele hesitou num primeiro momento, como se não quisesse dar mais informações.

— Lorde Galvan. – disse baixo.

Maria ergueu as sobrancelhas encarando o alto homem e depois olhou para baixo.

— Por que ele faria isso? – ela sussurrou, voltando para o mercenário que a encarava estranhamente. – O-obrigada. – então deu meia-volta seguindo para seu cavalo.

— Christopher... agora você está envolvido nisso... – lamentou, após acariciar o animal.

A história se tornava cada vez mais complexa, como um nó que ia se enrolando cada vez mais; e tudo começou com as pobres crianças que passaram mal. Ela queria explicações, precisava delas. Decerto que isolar doentes do mundo à fora era uma boa alternativa, ainda mais com a suspeita da doença ser contagiosa. Porém, quem ainda não estava infectado correria um risco maior de sofrer a moléstia mais cedo ou mais tarde, e isso seria injusto com os saudáveis, se ainda houvesse alguém são.

Ela sabia que não poderia entrar no vilarejo. Até conseguiria entrar à força, mas seria algo totalmente desnecessário e perigoso. Já tinha outro destino para seguir, novamente. Ela deu o sinal para seu cavalo prosseguir, desviando-se do vilarejo e indo para o norte, em direção à mansão de seu amigo, Lorde Galvan.

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Christopher estava apreensivo. Procurava por alguma resposta ou pista que ajudasse-o a compreender aquela doença. Livros de medicina, curandeirismo, magia, práticas ocultas, tudo que pudesse indicar algo relevante. Mal conseguiu dormir na noite em que Alucard o visitou pela primeira vez. Foi para sua biblioteca e começou a pesquisar. Dormiu apenas por três horas na cadeira usando os livros como apoio.

— Droga, maldição! – bradou, jogando o livro no chão.

Horas de busca e encontrou absolutamente nada. Centenas de informações sobre os intomas, mas nenhuma informação sobre a marca, nada levava a ela. Horas de sono para resposta alguma; estava num beco sem saída.

— Céus, não há nada sobre essa maldita doença! – o lorde bateu na mesa com força.

Ele levou as mãos a cabeça. Sentia muito pelo que estava acontecendo no vilarejo. Ele viveu boa parte de sua vida lá e odiaria que o pior acontecesse, não poderia se perdoar. Já estava se odiando por ter que ficar ali, impedido de ir ao local.

Mas Christopher ainda não havia desistido. Começou a traçar planos para arranjar quaisquer informações. Pensou em contatar amigos de reinos vizinhos, até mesmo fazer uma viagem de última hora.

— Deve haver algum jeito... – comentou em voz baixa.

Mas algo interrompeu seus pensamentos. Alguém bateu na porta.

— Com licença, meu lorde. O senhor tem visita. – a empregada disse.

— Estou ocupado, Teresa. Peça para ir embora, por favor. – respondeu com desdém.

— É a senhorita Maria Renard.

Os olhos do homem arrelgalaram. Até deixou cair um livro que segurava e estava prestes a guardar na estante.

— Não é possível...! – Christopher balançou a cabeça, correndo para abrir a porta.

Deu de cara com a empregada olhando para ele um pouco assustada com a atitude repentina.

— Maria está aqui?! M-mas... como...?

— Não sei, mas ela disse que precisa urgentemente falar com o senhor.

— Essa não... – o homem olhou para baixo.

— Lorde, o senhor está terrível, precisa descansar! – a senhora de idade fez um gesto com a mão em espanto.

— Agora não há tempo para isso, Teresa. – ele respondeu já passando pelo corredor.

Maria não deveria estar ali. Ele sabia como a caçadora era teimosa em tudo que fazia, porém aquela atitude excedia todos os limites de segurança. Sua vida estava em risco ao sair da casa dos Belmont e retornar àquela região. O lorde desceu as escadas centrais com pressa e logo encontrou a mulher esperando por ele próxima à porta.

— Maria, o que está fazendo aqui?! Volte para onde estava, essa região está perigosa.

— Como imaginei... – a mulher balançou a cabeça – você também está envolvido nisso... – então caminhou três passos para se aproximar dele.

Christopher hesitou ao ouvir aquela verdade. De alguma forma ela descobrira seu “acordo” com Alucard.

— Sim, estou. – assentiu com um pouco mais de confiança.

— Christopher, – ela disse impressionada – você tem ideia do que fez?

— Antes de tudo, venha comigo para um lugar mais reservado.

— O quê? – ela franziu a testa. Já estava um pouco nervosa por não ter a resposta desejada.

— Por favor. Sei que está enfezada, mas precisamos falar disso num lugar mais discreto. – ele a encarou por alguns segundos, e depois caminhou até a escada, na esperança que ela fosse junto.

— Ah... céus...! – a mulher viu que não tinha escolha e o seguiu.

O caminho os levou até a biblioteca; ele abriu a porta e fez um gesto para que Maria entrasse. A empregada não estava mais ali.

Maria ficou surpresa ao ver a bagunça que a sala se encontrava: livros espalhados pelo chão, papéis contendo notas e outras anotações jogados por todos os cantos além de caixas contendo mais livros que foram reviradas.

— Se quer saber, eu estou enfezada, sim. Bloquear a entrada e saída do vilarejo vai piorar a situação que já está ruim. – Maria fez um gesto com a mão, apontando para trás de si.

— É uma emergência. Precisamos evitar que as pessoas de fora sejam infectadas e isso se torne um pandemônio por toda a região da Valáquia. Evitar a passagem para dentro e fora do vilarejo foi a única melhor opção.

— Mas e os que não estão infectados, como vão se proteger se não podem sair de lá? Será apenas uma questão de tempo até que todos fiquem doentes!

— Se deixarmos todos saírem, os doentes vão tentar fugir e com isso podem infectar mais pessoas de fora! – ele ergueu os braços, erguendo um pouco a sua voz.

— Não... – ela abriu um sorriso quase sádico, balançando a cabeça – não foi você que teve esse plano, teve Christopher? Foi ele... Adrian.

O lorde olhou para o lado, em silêncio.

— Somente ele pensaria dessa forma; Uma dura e medida contra uma urgente situação.

— Sim, Adrian veio até mim e pediu que eu fizesse isso. – assentiu.

— Não acredito que ele o convenceu a fazer tal coisa. – a mulher falou indignada, levando uma mão à face.

— Alguém tinha de fazê-lo, Maria. – Christopher deu de ombros – Eu também estou sofrendo com isso! Como acha que eu me sinto sabendo que mal posso pisar no lugar que eu passei os melhores anos da minha vida?!

A caçadora o encarou nos olhos com um pouco de pena.

— Estou enfurnado nesta sala procurando há horas por alguma informação sequer e não encontrei NADA! – o lorde apontou para um livro no chão com raiva – Me sinto impotente, Maria... – logo sua voz foi baixando e a fúria repentina passou.

— Ainda assim, Christopher. – ela disse baixo, quase lamentando – Vocês dois não poderiam fazer isso com aquela gente.

— Mas nós o fizemos, Maria. – outra voz surgiu, rígida como a tempestade e profunda como o abismo.

Os dois se viraram para grande janela vertical, e a figura estava lá, discreta como um assassino prestes a eliminar o alvo. Surgiu do nada, como na maioria das vezes.

— Então você está aqui. – Maria encarou o noivo com toda a seriedade e frieza possível – Bom, precisamos conversar, Adrian.


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