A Maldição Silenciosa escrita por Dama das Estrelas


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente quero agradecer a você, leitor, que veio aqui para ler essa fanfic. E também mando meu agradecimento aos que acompanham meu trabalho desde "Presente", já que esta é a sua sequel.

Esse aqui é o capítulo piloto, e aviso que estou montando a fic, ela ainda não está completa, até porque desde quando comecei "Presente" nunca pensei que faria uma sequel. Mas graças ao carinho de todos os leitores que demonstraram satisfação com o trabalho, resolvi continuar essa história ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/681185/chapter/1

"Porque se um cair, o outro levanta o seu companheiro; mas ai do que estiver só; pois, caindo, não haverá outro que o levante." (Eclesiastes 4 - 10)

"E, se alguém prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; e o cordão de três dobras não se quebra tão depressa." (EC 4 - 12)

 

Três semanas se passaram desde o incidente com Therian. Um novo começo surgia para Adrian e Maria. Agora noivos, o relacionamento tornou-se mais amigável e romântico. Tudo havia mudado entre os dois, principalmente a personalidade do meio-vampiro, que abriu-se mais para sua amante. Mesmo sem oficializar o matrimônio, eles já se tratavam como marido e esposa. Ambos tinham respeito um pelo outro por isso ficavam em quartos separados, e por isso, nunca avançaram em sua intimidade, sequer dormiam juntos.

Mesmo tendo uma personalidade fechada, Adrian não ficava um dia sequer sem beijar sua noiva com carinho e pela manhã e à noite, dizia diversas vezes “eu te amo” e “você é a mulher da minha vida”. Maria era a única pessoa a quem ele tratava com todo o carinho e sinceridade. Ele mal se comunicava com as pessoas em geral, e quando o fazia, era simples e direto. A única coisa que importava para era a caçadora.

Só que isso nunca apagou a pontada de dúvida em relação ao renascimento de Maria. Adrian não tinha coragem de tocar naquele assunto, mas já se pegou pensando naquele momento algumas vezes. Tanto ele quanto ela estavam incertos sobre quando falariam sobre isso; mas uma hora a verdade teria de aparecer e sabiam disso.

Depois das três semanas Maria escreveu uma carta para Richter e Annete contando uma curta versão dos acontecimentos e do pedido de casamento de Alucard. Ela também pediu para que viessem fazer uma visita aos novos amantes e abençoassem a união. Era um costume casar somente com o consentimento dos familiares mais próximos.

A demora do casal em visitá-la preocupava a caçadora já que seus parentes dificilmente tardavam em aparecer. Quase um mês se passou após o envio da carta; E numa fresca e nublada manhã de uma quarta feira, a caçadora, que terminava de arrumar seu quarto ouviu a porta bater. Adrian não estava no momento, pois havia saído para trazer alimentos.

— Maria! – Annette foi a primeira a encontrar-se com a caçadora, dando-lhe um abraço.

— Irmã! – Maria respondeu sorrindo ainda abraçada a ela. – Que bom ver vocês...!

As duas se afastaram e Maria já disse confusa:

— Por que demoraram tanto? Aconteceu alguma coisa? – ela disse, dando um abraço em seu cunhado em seguida.

— Tivemos um imprevisto e não foi possível vir até aqui antes, sentimos muito. – o caçador respondeu. – Contaremos o detalhe depois.

— Entendo. Entrem, entrem, vocês devem estar cansados da viagem. – ela fez um gesto para que os dois entrassem.

— Não se preocupe com a estadia, estamos em uma pequena pensão no vilarejo. – Richter disse, enquanto caminhava junto de sua esposa.

— Agora entendi o motivo de não trazerem bagagem. Principalmente Annette, que adora trazer a casa junto.

A irmã mais velha deu um leve tapa em seu braço, brincando junto com a caçadora.

Maria mostrou a casa para eles. Ela havia sido reformada e redecorada pelo meio-vampiro e a caçadora. Em vários cantos da casa se podia ver vasos com flores brancas, todas oriundas do jardim que o casal cuidava. Cortinas, móveis e outros objetos eram visivelmente notáveis no local. Já não eram mais as “ruínas” que Maria, brincando, denominava. Era uma legítima casa simples que ainda estava sob reformas futuras, mas era confortável.

Maria os levou até a pequena sala de estar e pegou uma cadeira, sentando próxima ao casal que estava no sofá.

— É uma bela casa, Maria. – Annette disse sorrindo para a irmã.

Maria encarou a irmã mais velha com precisão. Olhos atentos notavam algo incomum em Annette. Um gesto meio involuntário onde esta a quase todo o momento tocava em sua barriga.

“Não é possível...” Ela pensou desconfiada.

— Obrigada... Anne. – Maria respondeu disfarçando sua distração – Não foi uma tarefa fácil. Adrian estava muito relutante e por pouco não desistimos do projeto.

— Aluca- quero dizer... Adrian está aqui? – o caçador perguntou, cruzando a perna e olhando pelos cantos do cômodo.

— Ele saiu. Foi comprar alimentos, ou buscar em algum lugar... – ela levou a mão ao queixo um pouco pensativa.

— Não sabia que já está aparecendo em público.

— Adrian é um pouco reservado. Saiu mais cedo para evitar ser visto pelos outros.

Richter assentiu.

— Está bem. Agora vamos colocar os fatos em dia. – Richter foi claro, fazendo sua cunhada arquear as sobrancelhas.

— Bem, por onde devo começar...-

— Problemas aconteceram aqui. Sei disso. De minha casa consegui sentir um poder terrível e tenho certeza que vocês dois tiveram relação.

— Richter, meu amor, acalme-se. – Annette tocou em seu braço – Viemos aqui para conversar e confraternizar.

— Ele está certo, minha irmã. – ela estendeu sua mão – Vou contar a vocês toda a história.

A jovem caçadora com toda a calma e paciência relatou tudo que aconteceu nos últimos dias. Contou sobre a luta com Therian, mas ainda hesitava e a dúvida se contaria sobre sua “morte” era forte.

— Por que não me chamou, Maria? – ele perguntou preocupado.

— Não tínhamos tempo.

— Você poderia ter morrido!

Os olhos da caçadora baixaram. Ela não queria dizer sobre essa parte e sentiu-se tocada justamente sobre o assunto que não queria comentar.

Mas ela não podia, nem queria mentir.

— A luta não foi fácil... – ela disse baixo, tentando buscar palavras que não assustassem o casal. – eu e Adrian fomos...-

A caçadora parou de falar quando ouviu a porta bater.

— Com licença. – Maria levantou e seguiu até a origem da batida.

Era ele, esperando pacientemente.

— Olá, meu amor. – Adrian disse carinhosamente.

O meio-vampiro estava diferente. Já não usava mais suas roupas usuais como sempre. Trajava no momento uma camisa branca de manga longa de gola em “V”, calças pretas e botas de couro marrom. Outro detalhe que chamava atenção era a trança em seus cabelos feita justamente por Maria. Ele carregava em suas costas uma bolsa atravessada de cor branca aparentando estar pesada.

— Adrian, você demorou. Estava preocupada. – ela o abraçou com carinho.

— Sinto muito, minha querida. – o meio-vampiro respondeu – Notei algo estranho próximo ao vilarejo e quis investigar.

— É algum problema? – a mulher perguntou ansiosa.

— Besteira.

Ela o encarou brevemente nos olhos. Ainda estava intrigada com o assunto, mas seu noivo mostrava que não falaria mais sobre o aparentemente ocorrido.

— Está bem... entre. – Maria deu espaço para que ele entrasse – Você deve estar cansado...

— Na verdade estou bem. – respondeu com um curto sorriso e depois, sem ao menos olhar, disse – Pelo jeito... temos visitas... 

— Não há como lhe fazer surpresas mesmo. – ela sorriu.

Alucard reparou em seu rosto. Todas as vezes que a via sorrir seu coração sentia algo e batia mais rápido.

— Sabia que... – ele aproximou-se dela e acariciou seu rosto – ao ver seu sorriso, me apaixono cada vez mais por você.

— Adrian... – a mulher corou, dando uma leve risada e beijando seus lábios depois – Não podemos deixar os visitantes esperando. Vamos?

O meio-vampiro assentiu, concordando em acompanhá-la até a sala. Antes disso deixou a sacola na cozinha que continha algumas frutas, verduras e sacos de cereais. Quando seguiu até a sala encontrou todos os três esperando por ele.

— Olá... – Adrian disse um pouco apreensivo. Não era acostumado a receber visitas.

— Adrian. – Richter disse com olhos impressionados, observando suas roupas principalmente – Você mudou... está bastante diferente. – ele se levantou e apertou a mão do meio-vampiro.

— É verdade! – sua esposa assentiu abrindo um sorriso.

— Muitas coisas aconteceram ultimamente...  – ele respondeu em reticências – Maria ajudou-me com essa mudança...

Adrian caminhou até Maria, e ainda de pé, ficou ao seu lado.

— Temos muito a conversar. Por que não se senta, meu querido? – a caçadora olhou para o noivo.

Alucard não queria, mas atendeu o desejo de Maria pegando uma cadeira próxima e pondo-a perto dela para se sentar.

— Agora que eles estão aqui, – Annette virou-se animada para Richter – podemos contar, não é mesmo?

— Meu amor... – ele arregalou os olhos espantado – ainda não terminamos de falar sobre-

— Ah...! – Annette retrucou insistindo a ele – Olhe para esses dois! Devem estar desconfiados a essa altura!

— Eu não posso acreditar... – Maria disse baixo com medo da resposta que ia ouvir. Ainda assim chamou a atenção de todos na sala

— O que foi, Maria? – Adrian perguntou com receio.

— Annette... – ela continuou, olhando fixamente para a irmã, falou quase gaguejando – não vai me dizer que... você está...

— Sim, estou grávida!

A jovem caçadora arqueou as sobrancelhas e ficou boquiaberta. Annette estava grávida, e o palpite que criara desde quando a viu mostrou-se verdadeiro. Adrian manteve a mesma expressão neutra de sempre. Ele apenas observava as expressões da noiva com surpresa.

— A-annette! – ela exclamou fazendo um gesto com as mãos, estendendo-as – Richter! Vocês vão ser pais! – disse com espanto.

Eles abriram um largo sorriso.

— Esse era o motivo de nosso atraso. Annette não estava se sentindo muito bem nesses últimos dias, e quando descobriu que estava grávida, decidimos adiar a viagem. – o caçador Belmont respondeu, envolvendo a esposa em seus braços – Eu insisti para que ela esperasse mais um pouco, só que você conhece sua irmã.

— Ele tem razão. – a mulher assentiu – Não pude resistir, tinha de contar esta novidade a vocês.

Maria ainda estava surpresa com a notícia. Em breve o casal a que conviveu boa parte de sua vida seria uma família completa. Um Belmont estava prestes a nascer e continuar a linhagem e ela iria se tornar tia antes mesmo de completar vinte e um anos.

— Maria? – Adrian tocou em seu ombro, fazendo-a tomar sua atenção.

— Eu...? Estou sim... – ela deu um rápido suspiro – Fico muito contente pelos dois, é uma ótima surpresa! – e continuou, virando-se para o noivo – Adrian, querido, você faria o favor de recolher alguns pedaços de lenha para mim? Preciso deles para fazer o almoço.

O meio-vampiro arqueou uma sobrancelha em dúvida, a caçadora lançou outro olhar a ele. E mesmo não entendendo ao certo a mensagem que ela queria passar, Adrian assentiu e se levantou.

— Não está meio cedo para o almoço? – o caçador perguntou, vendo aquela cena.

— Preciso me apressar. Tenho de ir até ao orfanato e ver como estão os pequenos. – ela respondeu, levantando da cadeira.

—Gostaria de uma ajuda, Maria?

— Não! – a jovem caçadora quase deu um grito – Quero dizer, fique aqui e descanse. Você não pode fazer esforço nesse estado.

— Bobagem, tolinha. – a mulher levantou-se e foi de encontro à irmã.

— Mas...- Antes que a caçadora tentasse retrucar, Annette a pegou e a empurrou até a cozinha.

Richter ficou ali, rindo da atitude das duas. Ele balançou a cabeça e segundos depois olhou à sua volta. Com isso pensou em várias coisas, principalmente a conversa que tinha com Maria antes de Adrian chegar. Além disso, mal começaram a discutir o futuro casamento dos dois.

O homem levantou do sofá e seguiu até a porta que levava até a saída da casa. Sequer avisou às duas que saíra. Andou alguns passos para frente e olhou para os lados. Não tinha certeza do lugar que iria até que ouviu um som particular.

Um forte barulho de repetidos choques chamou a atenção do Belmont. Ele seguiu aquele som intrigante, caminhando alguns metros a sul da casa.

Quando finalmente chegou até a origem do som, viu o meio-vampiro segurando um machado e partindo diversas toras de madeira. Richter aproximou-se dele, que mesmo notando sua presença, nem olhou.

— Adrian. – ele disse.

O meio-vampiro não respondeu, continuando seu trabalho.

— Continua sendo o rapaz quieto. Tudo bem.  – o caçador olhou para cima e cruzou os braços, dizendo: – Vim aqui porque precisamos falar o futuro dos dois.

— Estou ouvindo. – Adrian pegou um pedaço médio de madeira no meio de uma grande pilha e pôs em posição vertical numa superfície dum tronco cortado. Sem fazer muito esforço ele cortou o pedaço ao meio.

— Até então não tive a oportunidade de conversar com Maria sobre isso. Por enquanto já lhe digo algumas palavras.

Sem falar, Alucard não parava de fazer o mesmo processo de cortar madeira.

— Estão prestes a dar um enorme passo. Eu consigo ver a alegria contida nos olhos dela, mas... você é um mistério.

— O que está querendo dizer?

— Quero dizer que, tens todo o tempo do mundo. Porém, ela, não. Você é imortal, viveu há centenas de anos e conheceu muita gente...

— Seja mais direto, Richter.

— Maria é como uma joia preciosa para mim e Annette. E quando você se compromete a formar uma união com ela, sabe que terá de cuidá-la...

— Eu sei.

— E não imagino o que vai acontecer quando o tempo passar e Maria...-

— Eu sei!

O Belmont soltou seus braços, pronto a fazer qualquer coisa após ver a reação de Adrian.

— Maria é a única mulher que amo! – o meio-vampiro, soltou o machado abaixo. Depois que percebeu aquilo, baixou seu tom de voz – Eu... nunca conseguirei amar outra mulher. – ele fez uma pausa – Quando ela partir... minha vida terminará.

— Hum... – Richter respondeu assentindo.

— Não acreditas em mim?

— Eu não disse isso. Só quero falar que Maria é especial demais e te ama muito. Ela merece ser respeitada até o fim de sua vida!

Alucard ficou em silêncio. Apertou os punhos e fechou os olhos. Por um lado Richter estava certo; era o meio-vampiro quem devia muito a ela, que dedicaria sua vida inteira para ficar ao lado do homem que viveria para sempre.

Dentro da casa, mesmo a caçadora insistindo à Annette que descansasse, sua irmã mais velha acabou por ficar ao seu lado, ajudando-a nos preparativos do almoço. A todo o momento, a caçadora sempre observava sua irmã e a barriga que acariciava algumas vezes. Ainda era estranho saber daquilo, como se fosse um grande choque.

— Então... – Maria disse enquanto separava os legumes da bolsa – Você está grávida... vai ter um bebê...

— Maria. – Annette, que a via da entrada do cômodo aproximou-se dela – Tem certeza de que está bem sobre isso?

— Claro! – a jovem virou-se para encará-la – Eu... eu...

Bastou apenas um olhar da irmã mais velha para Maria revelar o que estava sentindo.

— Está bem... – ela baixou seus olhos – É que... – Maria continuava a hesitar – Não vou mentir. É estranho para eu saber que vocês dois vão ser pais. Mas, por favor, não pense mal de mim; isso é algo novo e ainda estou surpresa.

— Maria, isso é normal, não se preocupe com isto. – Annette tocou em seu ombro esquerdo.

Alguns segundos de silêncio se passaram, e a jovem virando-se novamente para a sacola, disse:

— Pergunto-me se... serei mãe um dia...

A irmã retirou sua mão dela. Baixou seus olhos e deu um passo para trás.

— Nós precisamos falar sobre meu casamento, Anne.

Maria voltou-se a ela. E as duas se encararam.

— Eu o amo tanto, Annette! Sei que Adrian também me ama, e quero muito casar-me com ele.

— Tem certeza que gostaria de dar esse grande passo?

 – Por que perguntas isso?

Annette estava pronta para falar, mas pensou duas vezes e preferiu mudar de assunto.

— Vamos conversar sobre isso depois, está bem? Prometo que assim que todos nós estivermos reunidos, falaremos do assunto.

Após ouvi-la, Maria, em primeiro momento não gostou da ideia. Se pudesse, resolveria aquele caso na mesma hora; mas ainda era cedo, ainda mais que os Belmont haviam chegado há pouco tempo. O melhor para a caçadora seria esperar a hora certa.

Na hora do almoço, a reunião não foi tão ‘agradável’ quanto se esperava. Todos sentaram-se à mesa para comer, inclusive Adrian, que não parava de pensar no que Richter havia dito a ele. Como era de se esperar não houve muita troca de palavras entre os casais, já que as conversas anteriores deixaram um clima neutro, quase estranho.

Após comerem, Annette retirou-se da mesa para ir ao banheiro. Aquela foi uma singela oportunidade para Richter falar

— Então... – Richter falou – sobre a luta com Therian... pelo que ouvi foi bastante complicada...

Adrian e Maria entreolharam-se rapidamente. Era difícil e arriscado contar todos os detalhes daquele dia. Até o meio-vampiro sabia que citar a morte de sua noiva seria quase impossível de falar.

— Therian queria me atingir. Todos os seus esforços eram para me eliminar.

— E Maria? – o caçador perguntou. – Ela também foi envolvida nisto, não é?

— Para atacar Adrian, o demônio tomou o corpo de meu amigo. Só assim, meu noivo não conseguiria feri-lo, como disse antes.

— A luta foi difícil, mas graças à ajuda dela nós conseguimos derrotá-lo. – o meio-vampiro respondeu.

— Então para atingir você, Maria precisou ser envolvida. – Richter disse com desaprovação, olhando para os dois rostos.

— Decidi permanecer ao lado dele, Richter. É claro que uma hora eu me envolveria também, e tenho total compreensão disto.

— Não duvido que você tenha se machucado no decorrer da situação. – o caçador retrucou.

— Era uma luta difícil! Aquilo era inevitável! – a mulher respondeu no mesmo tom.

— Sabia que deveria ter vindo aqui quando senti aquela força. – ele dirigiu-se a Adrian – Como posso confiar em você a vida de minha cunhada sabendo que deixou ela se machucar?

— Eu tentei! Com todas as minhas forças. – Adrian disse, franzindo a testa – Daria minha vida por ela!

Assim como ela fez por ele.

— Ainda não estou convencido de que posso permitir essa união. E Annette pensa da mesma forma.

— O que está dizendo... Richter? – Maria perguntou confusa e com medo da resposta.

O caçador deu um longo suspiro, quase fechando os olhos ao dizer:

— Por agora vocês não terão nossa bênção para se casarem.

Na mesma hora que o caçador pronunciou aquelas palavras, Annette aproximou-se de onde todos estavam.

— Hã? – subitamente Maria levantou Como assim, não?! – disse, já com a voz um pouco alterada – Por que não posso me casar com Adrian?!

— Maria... – Alucard, ainda sentado, tocou em seu braço para tentar acalmá-la.

— Anne, não... não posso acreditar que você concorde com ele. – a irmã mais nova perguntou com olhos clamantes.

— Minha querida... – a mulher disse para Maria, olhando para seu marido com reprovação logo depois.

— Eu apenas queria... – ela hesitou – formar uma família assim como... como vocês dois o fizeram! – Maria terminou a frase com os olhos vermelhos. Com isso, a caçadora decidiu não ficar mais por ali e caminhou até a porta de casa para sair.

— Meu amor... – Adrian, preocupado, levantou-se na mesma hora para segui-la. Rapidamente ele lançou um olhar em direção ao casal, mais precisamente a Richter. Depois da conversa que tiveram a única coisa que o meio-vampiro temia, que Maria não fosse atingida, aconteceu, causando irritação para com o caçador.

— Richter, por que foi tão duro com ela?! – Annette o encarou

Maria abriu a porta e saiu de casa, olhando para todos os lados tentando achar um lugar para fugir. A coisa que mais queria foi-lhe negada; como poderia se casar com o amor de sua vida sendo que a obteve a bênção de seus próprios parentes? O que aconteceria depois? Ela nunca teria a chance de unir-se a Adrian em matrimônio?

A mulher estava prestes a correr para longe, qualquer lugar sem ser a sua própria casa.

— Maria! – uma voz masculina a chamou, quando ela já estava a três metros de distância.

Mas ela não quis lhe dar ouvidos. Então correu mais rápido; preferiu ignorar a voz do noivo que encará-lo naquele estado. Ela correu com toda a velocidade que os pés lhe permitiam. Maria queria apenas esconder-se de tudo e todos para derramar seus sentimentos.

Só que Adrian não desistiu, não queria deixá-la escapar de seus cuidados. Em dez segundos, a velocidade sobre-humana do meio-vampiro prevaleceu sobre a corrida, e Alucard a alcançou sem muito esforço. Quando ela notou a presença dele ao seu lado, parou de correr. Os dois terminaram a corrida num pequeno bosque a oeste da casa dos dois, quase adentrando a floresta.

— Eu quero... ficar sozinha... – a mulher disse numa mistura de cansaço e tristeza, desviando seu olhar dele.

— Meu amor... – Adrian disse, segurando sua mão direita – Não se deixe abalar por isso. – ele apertou levemente o membro, mas ela persistia em não olhá-lo.

Mesmo relutando contra seu noivo, Maria não soltou sua mão. Ao mesmo tempo em que gostaria de soltá-lo, queria largá-lo e fugir ainda mais dele.

— Nós vamos superar tudo. Eles verão que nosso amor é mais forte, mas para isso temos de ser fortes juntos.

— Eu não sei... – ela balançou a cabeça negativamente, insistindo a resistir.

Foi quando o meio-vampiro carinhosamente aproximou-se dela e a abraçou sem dizer palavra qualquer. Os olhos dela arregalaram em surpresa; Maria precisava desesperadamente sentir aquilo, mesmo não admitindo abertamente. Ela precisava saber que tinha alguém do seu lado e que permaneceria até o fim.

A caçadora retribuiu o gesto e apoiou seus braços em seu peito para que fosse envolvida completamente pelo noivo. As lágrimas caíram de seu rosto e esta fechou os olhos.

— Queria tanto casar-me com você o mais rápido possível...

— Eu também, Maria... – ele apoiou seu queixo em sua cabeça levemente beijando-a e acariciando-a com as mãos.

Após alguns minutos em silêncio e junto dele, Maria afastou sua cabeça de seu peito e olhou para seu rosto. Adrian não se importava em esperar o tempo que fosse necessário para ela ficar melhor. Ele dirigiu-se à noiva com seu sorriso único e beijou sua testa.

— Sente-se melhor? – perguntou.

A caçadora afastou uma mecha de cabelo de seu rosto e lançou-lhe um semblante melhor.

— Acho que sim...

— Vamos para casa, então?

— Vamos.

De mãos dadas, o casal tomou o caminho de volta. Aproveitando o momento, ela envolveu seu braço no dele para ficar ainda mais perto. Aquele era mais uma das vezes onde um agia como âncora e suporte do outro; sentimentalmente já eram casados.

— Ficaremos bem, meu amor, tenha fé. – o meio-vampiro apertou sua mão com confiança.

Antes que Maria falasse, Alucard parou de caminhar, e esta fez o mesmo. De repente, o meio-vampiro olhou para todos os cantos, como se estivesse procurando por alguma coisa.

— O que foi, Adrian? Tudo bem? – a caçadora perguntou preocupada.

— Uma voz... – ele franziu a sobrancelha para se concentrar – alguém está a lhe procurar. Uma menina... desesperada...

— Hã? – Maria disse em espanto.

— Por aqui. – levemente Alucard puxou o braço da noiva para que o acompanhasse.

Rapidamente os dois correram em direção da voz que gritava quase sem parar. Em todo momento a menina repetia os mesmos dizeres:

— Tia Maria! Tia Maria, por favor, ajude-me! Por favor!

O casal chegou a uma área mais aberta do caminho, depois notaram uma pequena figura ao longe. Graças à superaudição de Adrian, um humano comum nunca conseguiria ouvir os gritos da menina, nem mesmo Richter que ainda se encontrava na casa de Maria.

Quando a caçadora visou à menina, logo percebeu quem era:

— June?! June! – a mulher correu para socorrê-la. – O que houve, minha querida? – ela agachou-se para olhá-la melhor, tocando em seu ombro direito.

— T-tia Maria... – a criança disse em lágrimas.

— June, você não devia estar aqui, é perigoso sair sozinha. – Maria enxugou o rosto dela.

Alucard aproximou-se das duas em silêncio para não atrapalhar.

— Tia Maria, a senhora precisa vir comigo. Tem algo muito ruim acontecendo lá!

Os olhos da caçadora arregalaram. June nunca mentiria para ela, e nunca sairia sozinha do orfanato. E só de olhar para seu rosto desesperado e ansioso era possível notar que havia algo grave.

Adrian ouviu tudo e deu um breve suspiro de certeza. Suas dúvidas foram esclarecidas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Sobre os versículos postados no começo: quem é Cristão (assim como eu) ou/e acredita nas palavras da Bíblia, por favor, não se sinta ofendido por eu tê-las colocado aqui. Peço perdão caso eu o tenha feito.Não tenho qualquer intenção de denegrir a Bíblia Sagrada ou qualquer Religião. Queria apenas mostrar as lindas palavras escritas pelo sábio Rei Salomão em Eclesiastes.Obrigada por ler!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Maldição Silenciosa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.