Porque Eu Não Vou Ficar Com Sasuke Uchiha escrita por Miss FleurDeLouis


Capítulo 4
Motivo Quatro: o quão clichê é essa situação


Notas iniciais do capítulo

Olá, como prometido, o quarto capítulo. Obrigada a Billie Jean pela review, um beijo!



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Eu estou triste. Muito triste. E ainda tenho que segurar a barra fingindo para todos que nada está acontecendo, acima de tudo para Sasuke. Se ele souber o que eu penso, irá me dar um sermão e depois terá sua atenção atraída para Anna, a tal garota.

Posso até me conformar com Sasuke e ela juntos, mas não significa que serei eu a dar um empurrão para esse relacionamento acontecer. Tenho minha dignidade. Não serei amiga de Anna, não serei a protetora oficial desse casal, não moverei céus e terra em nome desse amor. Tenham uma coisa em mente: isso não vai acontecer.

Claro que a felicidade do Sasuke é a minha felicidade, de modo que tampouco serei a vilã caricata e maquiavélica tal qual faz planos absurdos dignos de um filme qualquer do Disney Channel. Essa história não é minha, não há muitas linhas contando coisas sobre mim, isso é sobre ele, o mocinho apaixonado e apaixonante, e ela, nossa adorável menina meiga bondosa e moralista que nunca foi beijada e está amando pela primeira vez.

Você deve estar pensando: por que eu simplesmente não assumo essa persona, por que eu não visto a roupa de protagonista clichê? Eu digo-lhes: não consigo. Ainda sou o tipo de garota que acha que um cara deve me amar pelo que eu sou - ao contrário da protagonista clichê que adora declamar esse discurso, mas no primeiro dia de compras com as novas amigas populares, muda o visual e acaba deixando-se ficar à mercê do par romântico em qualquer situação abdicando da própria personalidade, que já não é lá grande coisa, sem perceber -, não conseguiria deixar todas essas manias que fazem de mim Sakura Haruno, para que o Sasuke ficasse comigo. Afinal, se não posso me amar do jeitinho que sou, como posso esperar que alguém me ame?

Foi fácil escolher a mim e não o clichê, o difícil foi perder o Sasuke. Agora mesmo, eu fico imaginando o quão raro ficarão nossos momentos com o início do namoro dele. É natural que alguém passe mais tempo com seu respectivo namorado e menos tempo com seus amigos, mas isso vai doer tanto... E estarei sozinha quando esse dia chegar, porque ninguém me entende.

Quarta-feira e quinta-feira passaram. Dois dias de aula com os futuros pombinhos ainda alheios um ao outro, como se isso fosse me deixar menos alerta. O treino de hóquei estava mais pesado do que nunca e meu corpo doía tanto quanto o de um lutador. Naruto sendo o imbecil que é, começou a levar Jocelyn para almoçar com a gente, super ignorando o quão desagradável ela é para nós. Hinata cada dia mais triste, Ino sendo Ino, Gaara sendo Gaara, Shikamaru dormindo, Temari acordando Shikamaru na base do grito e Neji trocando farpas com Tenten. E ainda é só o último dia da primeira semana de aulas. Eu quero morrer...

— Sakura, você gosta de chibis?

— Chibis seriam aquelas versões pequeninas e cabeçudas de personagens de mangás? - virei interessada para Sasuke e ignorando alguma história boboca da Jocelyn sobre um encontro de chá em Hertfordshire.

— Sim, isso mesmo. Mas não são só de mangás, qualquer versão em SD de alguma personalidade é um chibi.

— Certo, mas por que a pergunta? - Mordi meu pão de batata, uma pequena felicidade em uma semana tão deprimente.

— Apresento a você - era engraçado Sasuke tentar parecer pomposo com uma voz tão aveludada e a expressão apática ao virar o caderno de desenho na minha direção - a Sakura chibi e o Sasuke chibi!

Eu fiquei surpresa. Era um desenho nosso e era a coisa mais fofa que eu já tinha visto. Aquela bonequinha olhuda e sorridente aumentou bastante a minha vaidade de tão bonita; o bonequinho do Sasuke com o sorriso mais pretencioso do mundo agarrava a mão da minha bonequinha. Não dá pra descrever o quanto eu fiquei feliz de ver esse agrado.

— Sasuke... É lindo! Eu adorei!

Antes que Sasuke pudesse dizer algo, Naruto antecipou-se com a boca cheia de carne.

— Ei! Completa o desenho comigo e os outros!

— Não! - tomei o caderno das mãos de Sasuke e o abracei com força. - Isso não é Sasuke, Sakura e sua turma. É Sasuke e Sakura. Sai daqui!

Okay... Todos eles me olharam super estranhos e eu tive cinco segundos para contornar a situação.

— Por que Naruto tem que estar no desenho? Eu só acho que ele está de castigo por tomar decisões de forma tão egoísta que abalam a todos. Está de castigo!

Okay de novo... Talvez, apenas talvez, eu tenha piorado a situação. Porque era bem óbvio que eu me referia ao namoro de Naruto.

— Você fala como a minha mãe, Sakura - ele me deu um sorrisinho petulante. - E se quer saber, se eu estivesse no desenho ele se chamaria Naruto e sua turma.

Eu bem que queria retrucar um belo "Claro, porque tudo deve se voltar para você!", mas já que Naruto não parecia disposto a continuar o assunto, eu não falaria mais nada.

— Oooi! - Jocelyn, insuportável como sempre, balançava a mão exigindo atenção. - Continuando a minha história, a própria duquesa da Cornualha disse que o meu chapéu era o mais sofisticado do encontro! E vocês deveriam ter visto a cara de inveja de algumas damas que sequer ganharam um gracejo da duquesa... Ah, o Hugh Grant! Ele estava lá e fez aquele charme com a cabeça olhando para mim e se ele fosse umas duas decadas mais jovem...

— Certo! - Ino praticamente gritou exasperada, provando que eu não era a única a não suportar aquela história. - Olha ali, a novata do nosso período! Coitadinha, tão perdida! Vamos chamá-la para comer com a gente.

O quê? Droga, era ela! Anna, mil vezes Anna. Toda perdida com sua bandeja procurando um lugar. Por que, meu Deus?

— Mas já estamos de saída, não acho necessá...

— Bobagem, Sakura! Vamos chamá-la.

Qual o problema de Ino? Qual o problema com todos que acham isso normal? Por que Hinata está olhando para as próprias ervilhas como se elas estivessem mostrando-a uma grande verdade desconhecida?

— Ei, novata! Sente-se com a gente.

Está feito. Adeus, goodbye, adiós, sayonara. This is the end. Acabou. Lá vem ela. Tá se aproximando toda tímida. Colocando sua bandeja na mesa. Puxando uma cadeira e sentando. Nos olhando, todos nós mesmo. O apocalipse. Totalmente.

— Olá, gente.

Argh!

— Oi, qual o seu nome? - era de se supor que Ino seria minha melhor amiga, todavia me parece tentador olhar o corpo dela flutuando no rio Tâmisa enquanto fumo um cigarro de um jeito bem noir.

— Anna Sullivan. E vocês?

— Eu sou a Ino, esse loirinho aqui é o Naruto, ao lado dele está a namorada, Joselie... Opa! Jocelyn, desculpa! - eu poderia acompanhar Ino na risadinha se ainda não estivesse no meu delírio noir sobre o corpo dela flutuando. - Gaara é nosso adorável ruivo, aquela menina morena é a versão super calada de uma menos calada Hinata, o dorminhoco é o Shikamaru e por fim os gêmeos siameses, Sasuke e Sakura.

Idiota.

— É um prazer conhecê-los - ah, que gentileza intragável. - Ah, vocês dois são da minha turma de história - ela apontou para Sasuke e eu.

Sasuke acenou e disse um oi baixo. Ela corou. É claro que ela corou. Elas sempre coram. Eu ofereci um sorriso amarelo e só.

O clima estava ruim para mim, só que para Hinata estava pior. Ela parecia uma morta-viva inerte e melancólica. Levantou-se tão devagar que se eu não estivesse olhando para qualquer ponto menos Anna, ninguém teria notado.

— Estou indo, gente. Já terminei.

— Você parece tão pálida, hum... Qual o seu nome mesmo? Hilda? Sua pele está viscosa e suas olheiras estão profundas! Esse é o tipo de coisa que faria a duquesa da Cornualha ficar ultrajada, se me permite uma observação.

Tinha que ser aquela cretina da Jocelyn. Todo mundo ficou estático sem saber o que fazer e Naruto apenas riu desconfortável. Só que dessa vez, ela se daria mal. Porque eu realmente precisava descontar minha raiva em alguém e já que a oportunidade foi dada...

— Como se a opinião de Camilla Parker fosse realmente tão indispensável assim! Por favor, a mulher não tem estilo algum! Antes fosse a Kate, mas talvez isso te incomode um pouco. Talvez os seus três por cento de sangue azul te provoquem alergias só de saber que a esposa do príncipe William é uma plebeia. E sobre o Hugh Grant... Prefiro o Colin Firth. Agora, se vossa alteza, princesa da ervilha, me der licença... Hi-na-ta, eu vou com você!

Sequer devolvi o caderno do Sasuke, apenas saí bufante daquele lugar com Hinata a tiracolo. Dane-se Naruto, dane-se Jocelyn e dane-se Anna penetrando meu grupo de amigos como uma simbiose. Eu não estava nem aí, apenas continuei andando. Assim que chegamos a um corredor vazio gargalhamos como nunca. Fiquei feliz de ver Hinata mais leve, talvez ela precisasse disso.

— Aquilo foi...

— Esquece! Eu só dei o que ela pediu.

— Obrigada mesmo assim.

Eu encarei séria a Hyuuga.

— Hinata, você sabe que não pode mais ficar assim, não sabe?

Ela suspirou triste.

— Eu sei, mas é difícil, Sakura.

— Certo... Escuta, você precisa de um tempo para superar tudo isso e começar a pensar mais em si mesma. Ninguém morre por uma dose de amor próprio.

— Eu tenho pensado nisso todos os dias e hoje, quando essa garota tentou me deixar mal sem que Naruto fizesse nada a respeito, percebi que está na hora de deixá-lo ir. Eu estou pronta para isso.

Ela parecia tão quebrada. Entretanto, muito esperançosa de que isso iria passar.

— Então força, Hinata. Você não está sozinha.

Passamos a tarde na biblioteca. Hinata pegou alguns livros didáticos e eu mandei uma mensagem para Sasuke, rezando para ele aparecer. O que ele fez, para o meu prazer secreto. Devolvi seu caderno e ele passou a trabalhar na coloração do desenho enquanto eu dava-lhe dicas. Eu jurava que meu dia estava arruinado, contudo essa virada de jogo trouxe uma tarde bem agradável.

— Meu chibi é um cara orgulhoso.

— Ele parece mesmo bem pretencioso - eu ri baixinho.

— Ele tem que ser, andando assim com a chibi mais bonita do mundo.

Eu sorri envaidecida.

— Ah, ele é do tipo galanteador também?

— Ele é verdadeiro.

Sorri letárgica, porque parecia que Sasuke estava flertando comigo.

— Então minha chibi é uma garota de sorte.

— Ambos são.

Eu sorri tanto aquela tarde que parecia que meu maxilar doía. E vendo os chibis tão felizes no desenho andando em um jardim, pensei em todos os passeios legais que faria com Sasuke se ele fosse meu namorado. Não só em jardins, mas o levaria em algumas galerias e museus do jeito que ele gosta. Depois nos deitaríamos embaixo de alguma árvore e falaríamos de tudo e de nada.

Mas isso não vai acontecer.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Me contem!



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