Porque Eu Não Vou Ficar Com Sasuke Uchiha escrita por Miss FleurDeLouis


Capítulo 3
Motivo Três: A Escolhida


Notas iniciais do capítulo

Terceiro e último das postagens rápidas, os outros serão postados aqui depois que postar nos outros sites, o que deve ser todo final de semana.



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Adoro o jeito como os meus pais tem um tipo de linguagem só deles. O jeito como mamãe nunca acerta o ponto da panqueca e como meu pai é movido a café. Eu não os vejo sempre, já que vivem reclusos no ateliê do sótão criando diferentes modos de arte, como gostam de dizer.

Mamãe é pintora e papai é escritor e o amor sem fronteiras pela arte os moveu da barulhenta Nova Iorque para a pacata e inspiradora Brighton. Às vezes eu fico imaginando como seria se papai fosse um empresário ou contador e mamãe, sei lá, uma corretora de imóveis; ainda moraríamos na Big Apple, no meio daquela correria insana, eu nem sonharia viver em uma cidade inglesa e não conheceria Sasuke ou todos os meus outros amigos. Isso seria terrível, para ser sincera, e mesmo que uma realidade alternativa pareça promissora, gosto de pensar que estou no lugar certo e nada mais.

Hoje estou aproveitando meu café da manhã com eles, algo raro e totalmente na contramão da minha habitual independência. Papai está contando sobre um capítulo bem interessante do livro que está escrevendo, uma história de fantasia onde utopia e distopia se encontram e conversam entre si, parece bom e creio que Sasuke gostará de ler. Eu tenho minha veia artística bem voltada para a escrita, o básico para meus pais não pensarem que eu nasci de outra família, porém Sasuke é bem mais ligado às artes que eu.

Meus pais o adoram, pois ele é um desenhista de mão cheia e um leitor voraz. Pode falar sobre Shakespeare, Austen, Tolstói, Eco e Tolkien com papai, enquanto discute sobre Picasso, Van Gogh, Monet e Andy Warhol com mamãe. A mim, resta colocar Blondie e Ramones pra tocar porque eles adoram.

Sasuke não está aqui, de modo que posso ter meus pais apenas para mim. Isso até ouvirmos um barulho de coisas caíndo no sótão e corrermos para lá. Quando chegamos, vemos as tintas e um cavalete de mamãe no chão, a tela que outrora estivera nele com uma pintura inacabada, agora está embaixo de uma sonsa Pumpkin que nos observa despreocupada.

— Pumpkin! Você estragou o quadro da mamãe, sua malvada!

Eu corro até a gata retirando-a de cima da tela e tomando cuidado para que a tinta na pelagem dela não suje meu uniforme. Enquanto papai verifica se a felina terrível não havia estragado os papéis de sua escrivaninha, mamãe observa calada o quadro arruinado. Fico temerosa dela realmente se irritar com Pumpkin e pergunto hesitante:

— Mãe?

— Sem palavras.

— Olha, a Pumpkin não fez por mal e...

— Sakura!

— O quê? — arregalo os olhos assustada.

— Olha o efeito que os pelos da Pumpkin fizeram ao espalhar a tinta! Os pelos dela são tão macios que criaram linhas muito sutis na paisagem como se fosse o vento, sabe? Um vento multicolor de fim de tarde!

— Nossa... — meu “nossa" não é por estar impressionada com o acidente artístico e sim por perceber que mamãe não está nem aí para o que minha gatinha fez, fissurada em seu novo quadro. Percebi também que meu pai já havia sentado em frente à escrivaninha e começava a fazer anotações freneticamente ignorando tudo ao seu redor. Era sempre assim, seus trabalhos tomavam conta de tudo e qualquer outra coisa ficava de lado. Resolvo sair do lugar para limpar Pumpkin e ir para o colégio.

— Sakura! Me empresta a Pumpkin um momento?

— Nem pensar! Isso não vai acontecer. Eu vou descer — falo pausadamente para deixar claro que não quero saber das loucuras artísticas de mamãe —, limpar a Pumpkin, depois vou para o colégio e você não vai usar minha gata para pintar seu quadro.

— Eu nem falei nada... — ela sorri dissimulada.

— Não brinca!

Saio de lá um pouco irritada, descendo as escadas com a gata pendurada pelas minhas mãos e longe do meu corpo. Vou para o segundo andar em direção ao meu quarto, quando ouço a campaínha. Sasuke! 

Largo Pumpkin no corredor e desço ao primeiro andar abrindo a porta e vendo Sasuke, mais do que lindo, com um braço encostado na parede, segurando o blazer do Eton no ombro e as mangas da camisa branca enroladas até os cotovelos. Quer dizer, está frio, caramba! Ele só pode fazer isso de propósito, porque não é possível que ele faça esse tipo de charme no outono espontaneamente. Então é claro que não vou me deixar levar pela imagem extremamente sexy do meu melhor amigo, que por sinal, é o cara que eu amo.

— Vem, bonitão! Você vai me ajudar a tirar toda a tinta que a Pumpkin fez o favor de espalhar pelo corpo! — o puxo pela gravata vermelha — tão fina quanto a minha de seda, uma vez que decidimos que a gravata larga e de algodão era muito deselegante — e o levo para o meu quarto.

— Sua mãe ficou muito brava?

— Que nada! Ela achou artístico — reviro os olhos e abro a porta do quarto ainda puxando Sasuke pela gravata.

— Você tem ideia do que parece você me puxar pela gravata para dentro do seu quarto?

— Oh! — o largo como se ele fosse radioativo e o miro indignada. — Seu idiota!

Ele sorri debochado e pega Pumpkin que já está fazendo bagunça com alguns papeis velhos espalhados pelo chão.

— Oi, princesinha. O que você aprontou, hein? Tenho certeza que não fez por mal, não é sua culpa que as tintas estavam no caminho, certo?

— Você só pode estar brincando!

Sasuke nunca repreendia a Pumpkin por nada, se aquela diabinha não tinha limites, a culpa era toda dele.

— Ela é só uma criança, Sakura.

— Criança? Ela é uma gata de três anos, Sasuke! Isso deve valer sei lá quantos anos em idade humana, se ela fosse gente já estaria procurando emprego!

— Mas ela não é gente — ele sorri presunçoso como se tivesse descoberto a grande verdade do universo.

Desisto dessa discussão ridícula e vou para o banheiro, ergo as mangas da camisa e ligo a torneira da banheira em água morna. Pondero um pouco e desfaço o nó da gravata, retirando a camisa em seguida, ficando apenas com o sutiã esporte. Envolvo minha cintura com uma toalha e retiro meus sapatos chamando Sasuke. Ele já havia se adiantado, de modo que chegou no banheiro sem camisa com uma toalha na cintura e Pumpkin no colo. Como todo protagonista de romance clichê, Sasuke é muito gostoso e tem aquele peitoral definido, abdomem com gominhos e blá blá blá... Isso é meio inexplicável já que ele é um tanto preguiçoso e prefere atividades que pudesse fazer sentado ou deitado. O metabolismo masculino é realmente uma afronta ridícula.

— Você percebe que isso tem uma conotação ainda mais...

— Cala a boca, Sasuke! Traz a Pumpkin.

— Deixa que eu a coloco na banheira, você sempre a assusta.

Revirei os olhos: — Sabe? Um dia eu vou filmar seus melhores momentos com a Pumpkin e arruinar sua pose sisuda e arrogante no Eton, você ficaria desmoralizado.

— Você tem certeza? Eu acho que imagens minhas em momentos de ternura com um bichinho de estimação fofo só faria as garotas se jogarem ainda mais em cima de mim — o convencido dá um sorriso confiante enquanto Pumpkin fica toda feliz de ser acariciada por ele na água, nem parece um felino.

Droga! O pior é que ele tem razão. Qualquer coisa minimamente fofa que ele fizesse o tornaria mais popular de um jeito insano.

O ignoro enquanto aplico o xampu na gatinha, acaricio o pescoço dela do jeito que sei que a danada gosta e até parece que ela vai afundar de tão relaxada. Sinceramente, acho que Pumpkin não é normal, geralmente gatos não gostam de banho, só que ela adora. Vai entender...

— Estamos muito atrasados, Sasuke?

— Não mesmo. Só que nada de ir andando hoje, pegaremos um ônibus.

— Certo. Tira ela da água, eu vou secá-la — enrolei-a na toalha que era só dela e a monstreguinha ficou se debatendo e miando dificultando para mim. — Não reclama, pestinha! Se você não tivesse aprontado, não estaríamos aqui.

— Sakura...

— Nem vem, Sasuke. Você nunca briga com a Pumpkin, você a estraga. Se ela fosse sua filha estaria colocando um piercing aos sete anos.

— Se ela fosse sua filha estaria em um colégio militar.

— Se ela fosse sua filha fugiria de casa atrás de algum cantor de rock fracassado.

— Se ela fosse sua filha iria preferir o pai, no caso, eu.

Ops, momento constrangedor.

— O-o quê?

— Ahn... Eu... Eu quis dizer... Você sabe... Você falou sobre como seria se a Pumpkin fosse minha filha e depois eu falei como seria se ela fosse sua filha e... Sei lá! Pareceu lógico que fosse nossa filha! Minha e sua...

Estamos estáticos e sinceramente eu não sei o que fazer. Quer dizer, caramba! Foi só uma brincadeira! Então por que estamos aqui, parados, totalmente sem jeito?

— Hum... Eu vou ligar o secador...

Largo a Pumpkin no chão e coitadinha começa a tremer deitada no chão, melhor que eu me apresse em secá-la. Ligo o secador na potência mínima e vejo Sasuke pegar a escovinha que usamos no pelo dela, ele começa a escová-la com cuidado, como se fosse uma massagem, a gata volta a sentir-se confortável. Contudo, o mesmo não acontece conosco, totalmente calados e estranhos. Eu odeio me sentir assim, situações como essa criam uma esperança desnecessária no meu coração, não posso me dar ao luxo de imaginar esse tipo de coisa. Eu ficaria imaginando uma vida toda ao lado do Sasuke e uma hora, quando ele encontrasse A Garota, eu perceberia dolorosamente que isso não vai acontecer.

— Terminamos por aqui, acho que podemos voltar a vestir os uniformes.

O engraçado é que mesmo depois daquele momento estranho, vestíamos nossas camisas naturalmente sem nos importarmos com peitoral de Sasuke Uchiha ou sutiã esporte de Sakura Haruno. Como eu disse antes, é a coisa da convivência; eu sou um mano do Sasuke, um Naruto, um Itachi, ou qualquer outro cara. Eu poderia estar com uma peça bem cara da Victoria's Secret e mesmo assim ele nem iria ligar.

— Opa!

Droga! Eu estou abotoando minha blusa e Sasuke dando o nó na gravata e adivinha só, meu pai está nos olhando apático da porta.

— Pai...

— Sr. Haruno...

Ele levantou o dedo em riste e ficou movendo entre mim e Sasuke.

— Eu... Não vou precisar ter uma conversa séria com vocês dois sobre isso, certo?

— Não mesmo! — falo quase histérica — Estávamos dando banho na Pu-umpkin e...

— Tudo bem, filha! — acho que ele está bem pior do que eu, sem falar no Sasuke batendo o pé devagar e olhando para baixo encabulado. — Eu vou descer e pegar café, depois vou subir e continuar escrevendo e vocês dois vão para aula estudar. Vocês sabem, estudar. Foco nos estudos, crianças.

— Certo... — isso está piorando, que dia é esse?

Vejo meu pobre pai indo embora todo encabulado e, novamente, Sasuke e eu optamos por não dizer coisa alguma, apenas terminando de nos vestir. Faço carinho na Pumpkin e pego minha bolsa, olhando para Sasuke como um convite para saírmos, ele também se despede da gata e me acompanha. Decido que precisamos quebrar o clima estranho e comento:

— Dia estranho, não?

— Sim... — fico temerosa por essa evasiva de Sasuke, mas logo ele se vira para mim e sorri. — E ainda não são oito horas! Quem sabe uma coisa bem louca acontece até o meio-dia...

— Ah, para! Isso não vai acontecer! — Já estamos rindo descontraídos e felizes, o que me deixa aliviada.

— Estudos! — ouvimos a voz de papai do sótão — Estudos, crianças! Foco total nos estudos.

Deus!

***

— Você viu como a Hinata ficou, Sasuke? Ela finge que está tudo bem, mas é claro que não está. Ontem ela já estava machucada porque o Naruto saiu com umas garotas e hoje ele aparece namorando a Jocelyn Gilbert. Quer dizer, quem suporta isso em um espaço tão curto de tempo?

Vejamos, estamos na sala esperando a aula de história do professor Kabuto começar e debatendo baixinho sobre a pior idiotice que Naruto já fez: assumir um namoro com a Gilbert assim, do nada.

Isso certamente partiu o coração de Hinata que simplesmente já estava machucado, por que ele a beijou para começo de conversa? Hinata não é como as outras garotas do Eton que ele poderia beijar o quanto quisesse sem a expectativa de um relacionamento futuro. Ela é da turma, amiga dele e apaixonada pelo mesmo, Naruto não poderia beijá-la a menos que pretendesse ter algo de verdade com a menina. Foi cruel, no maior sentido da palavra.

Fora que... Jocelyn Gilbert? Sério? A garota era simplesmente insuportável. Se Hinata fosse a protagonista de um romance clichê, Jocelyn seria aquela vilã intragável que ninguém gosta, não como uma Regina George a qual todos são assumidamente fãs, mas simplesmente uma pedante sem carisma. Jocelyn, como todo britânico com uma pequena porcentagem de sangue azul, tinha mania de realeza e só porque já foi convidada para alguns eventos beneficentes de condessas e duquesas, já sentia-se no direito de estar na linha sucessória de reinado, mesmo que estivesse, sei lá, na oitocentésima quadragésima nona posição ou mais lá embaixo. Ainda tinha o sotaque forçado, ela precisava mesmo falar como se estivesse com uma batata quente na boca? Certo, eu não poderia julgá-la; quando voltei a Nova Iorque para passar férias depois de três anos morando em Brighton, meus primos imbecis fizeram inúmeras piadinhas sobre meu novo sotaque. Todavia, é bem óbvio que Jocelyn faz de propósito e força a barra.

O que evita que eu sinta mais raiva de Naruto que o normal, é saber que ele vai viver no inferno com essa garota, um bom castigo, creio eu.

— Sakura...

— Você não vai defender o Naruto, vai? Eu furo seu braço com um lápis se você tentar!

Ele fez uma careta aborrecido e horrorizado.

— Primeiro, me deixa falar. Segundo, eu nunca arriscaria ter um furo no braço por causa do Naruto. Terceiro, eu não sabia sobre esse namoro. Sabe, tem um bom tempo que ele não me conta nada sobre o que anda fazendo e eu nunca fiz muita questão de perguntar.

— Mas ele é seu melhor amigo...

— Sim, é. Só que eu não me envolvo nesses assuntos dele por sua causa.

— Minha causa? — fiquei surpresa.

— Sim. Naruto tem um jeito esquisito de agir, uma hora ele é totalmente expansivo e descontraído e outra hora ele se fecha e decide fazer coisas que ninguém entende — ele olhou para o teto ponderativo. — Essas coisas magoam a Hinata, que é sua amiga e você fica do lado dela sempre. Se eu soubesse tudo o que ele faz, você iria querer saber e querer que eu fizesse algo e isso seria intrometer-se na vida dele, algo que eu não faria. Então, me abster disso tudo é a minha maneira de ser fiel a você e a Naruto.

— Eu nunca havia pensado desse modo — e não havia mesmo. Uma das coisas que amo em Sasuke é a sua sensatez ao lidar com os amigos, ele tende a proteger todos ao seu redor mesmo que de forma inconsciente e pelo visto, a mim mais do que qualquer um. Todavia, ele conseguia me surpreender ainda mais.

Não consegui evitar, beijei sua bochecha sussurrando um obrigada baixinho. Ele me olhou e bateu minha testa levemente com um lápis, em um carinho desajeitado que ele demonstra quando fica desconcertado.

— Sasuke, sei que parece egoísmo, mas que se dane se Naruto namora aquela garota. Hinata ficará magoada, só que tudo o que posso fazer é apoiá-la sem me envolver. São os problemas deles, afinal. Me meter nisso poderia transformar essa situação em uma bola de neve.

— Que bom que entende — ele riu.

O professor Kabuto entrou apático como sempre e nos encarou com tédio. Depois olhou para a porta e suspirou.

— Turma...

Eu ri baixinho e Sasuke sorriu. Kabuto sempre demorava uma eternidade para falar o que deixava uma aula de história fantástica super cansativa.

— Temos... Ahn... Uma nova aluna. Entre, por favor, Srta... Hum... Anna Sullivan.

Meu coração parou por um segundo assim que olhei a porta.

Desconfortável, mirando o chão, pele pálida, rosto comum sem maquiagem alguma— porque ela nem deve saber para que serve uma base —, olhos castanhos, cabelos também castanhos cheios de pontas duplas, blazer largo combinando com a gravata larga e a bainha da saia por fazer. Sem falar naquela cara, aquela cara de quem tem um discurso politicamente correto na ponta da língua para qualquer ocasião.

Era ela, A Escolhida.

Minhas mãos tremiam enquanto ela dizia com sua voz nem muito grave nem muito aguda, sobre sua estadia em Brighton ser consequência de um problema de saúde da mãe. A família, composta por ela, a mãe doente, o pai e uma irmã caçula, optou por mudar-se para uma cidade com ares mais saudáveis. Precisava dizer tudo isso mesmo? Deus, até a historinha dela é super clichê! Vejamos:

Nome sem graça: confere.

Visual horrível: confere.

História sofrida: confere.

Irmãzinha fedelha que conquistará o coração de Sasuke com seu carisma e dependência emocional, considerando que a mãe está doente: confere.

Se eu fosse Dante Alighieri, essa seria a minha perspectiva do que é o inferno.

Olhei devagar para Sasuke ao meu lado, ele estava desenhando despreocupado alguma coisa em seu caderno. Entretanto, isso não me aliviou. Fazia parte da historinha ele não notá-la no começo, porém daqui a dois meses, ele estará fascinado por tal anjo imaculado, benevolente, um garota sem igual que ele nunca imaginou ter para si e blá, blá, blá...

Eu não podia suportar aquilo. Por isso, assim que Ela sentou-se do outro lado da sala, levantei a mão e pedi para Kabuto me deixar ir ao banheiro, ao que ele apenas meneou com a cabeça desinteressado.

Andei devagar, com passos firmes e cabeça erguida, pelos corredores, a bolsinha que carregava balançava fazendo ruídos. Cheguei ao banheiro e duas garotas terminavam de lavar as mãos, esperei apática que elas terminassem e fossem embora. Quando finalmente saíram, tranquei o banheiro e caminhei até o espelho respirando fundo. Desnecessário.

— NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOO! — fui descendo de costas coladas na porta de um dos boxes dramaticamente.

Eu bufei e nem precisei mirar o espelho pra ter certeza de que nunca estive tão desesperada. Qualquer um pode dizer que isso é loucura, mas eu sei, sei que é ela. Eu sempre torci para que o envolvimento dos dois acontecesse na faculdade, eu não os veria e me pouparia de todo esse sofrimento, só que ela veio para cá e eu vou estar na primeira fila para ver o melhor romance do ano. Isso é um pesadelo.

Fiquei lá um tempo, com olhos vazios e um aperto no peito. Decidi sair de lá, apenas ajeitando o cabelo rapidamente e sem ânimo nenhum para retocar a maquiagem. Sasuke me fitou preocupado e eu sorri cansada para ele me sentando no meu lugar.

— Você demorou e está suada. Tudo bem? — olhei para a mão agarrada firmemente no meu pulso e suspirei.

— Problemas femininos, não se preocupe.

Ele meneou a cabeça constrangido e começou a massagear com a ponta dos dedos o caminho da minha espinha, desde a nuca até o meio das costas. Isso foi demais para mim, tanto afeto, tanta coisa a ser perdida em futuro próximo, provocaram lágrimas nos meus olhos.

— Sasuke... Posso chorar?

Ele ficou alarmado: — Você está sentindo dor? Quer ir para casa?

Sim, eu estava sentindo dor, mas não do tipo que poderia resolver com analgésicos e chocolate, de modo que apenas neguei.

— Não, mas eu quero chorar.

Ele deve ter achado que tinha a ver com os hormônios, pois só me abraçou enquanto minhas lágrimas caíam e nenhum som saía de mim. Ele beijou minha nuca e sussurrou que tudo iria ficar bem. Eu quase acreditei.

Contudo, ao olhar de soslaio para Anna, a escolhida, vi que a mesma me olhava solidária e tocada pela cena como se espera da bondade inabalável existente nela. Fechei os olhos com força e me aconcheguei mais a um alheio Sasuke.

Tudo vai ficar bem? Não, isso não vai acontecer.


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Notas finais do capítulo

Até mais e me digam o que acharam.



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