Weight of Love escrita por Stormborn


Capítulo 5
The calm before the cold


Notas iniciais do capítulo

Depois de uma demora atípica, eis o 5º capítulo (o meu preferido até agora) dessa história e que teria quase 10 mil palavras se eu não tivesse dividido melhor o conteúdo com o próximo.
Espero que gostem tanto do ItaSaku leve quanto do Shisui mozão. ♥
Boa leitura (e se preparem para as notas finais que é onde eu vou aloprar de tanto falar).



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Em apenas três dias de treino Sakura já tinha escolhido sua atividade preferida. Era uma espécie de jogo de gato e rato que Itachi propusera na manhã do segundo dia. Ele não explicara no que isso iria ajudar (e ela tinha a impressão de que ele queria que ela chegasse a uma resposta sozinha) mas mesmo assim ela gostava.

Sakura era sempre a caçadora, afinal.

A kunoichi pulava de um tronco para o outro, observando cuidadosamente o cenário que a envolvia. Itachi não deixava pistas visíveis da sua rota de fuga e até mesmo usava genjutsu para despistá-la ou então confundí-la sobre qual, afinal, era o caminho certo. Ele era excepcionalmente bom em ser furtivo.

Sakura, para ser sincero, era uma rastreadora mediana. Essa nunca fora sua especialidade, ao passo em que ela ficava impaciente toda vez que se deparava com uma pista falsa ou acabava parando no ponto de partida sem que nem percebesse.

Ela não tinha vocação nenhuma para isso, aparentemente.

Mas ela certamente sentia um prazer indescritível quando conseguia um vislumbre dos cabelos pretos de Itachi ou até mesmo sentia seu chakra, ainda que mascarado, se fazendo presente em alguma parte da floresta. Talvez ele desse sua localização de tempos em tempos para não desmotiva-la (já que ele era absurdamente bom nisso) mas mesmo assim, Sakura considerava seu mérito de perceber as nuances.

Se eu tivesse um par de sharingans isso seria bem mais fácil.

Sakura parou abruptamente de seus pulos e pousou no chão. Ela fez uma série de rápidos selos de mão e fechou os olhos, se concentrando em expandir seu chakra em finas linhas pelo ar, hipersensíveis a chakra (ainda mais um com assinatura tão marcante como de Itachi) que iriam sentir a presença de Itachi quase que imediatamente se ele estivesse no alcance.

Esse jutsu era sua alternativa de sharingan. Ela o aprendera há muito tempo de sua mãe, mas nunca fora muito eficiente para Sakura. Ela não tinha chakra o suficiente para fazer surgir uma rede grande e eficiente de linhas sem que ela se sentisse fatigada por uso excessivo de sua reserva necessária.

Sakura não conseguiu sentir a presença de Itachi em nenhuma das direções que suas linhas se expandiram e então encerrou a habilidade. Toda a informação e percepção tida pela rede de chakra passaram para ela e Sakura não conteve um pequeno sorriso. Mais à sua frente tinha uma pequena concentração de energia que só podia indicar uma coisa:

Genjutsu.

Ela só precisava pensar se era uma distração ou realmente um método de apagar a localização de Itachi.

Antes que ela pudesse tomar uma decisão, entretanto, Uchiha Itachi pousou graciosamente a sua frente.

Sakura soltou um barulho de surpresa, olhando indignadamente do shinobi para a árvore de onde ele tinha saído. Não era possível que ele estava ali o tempo todo e ela não percebera absolutamente nada ou nem mesmo que seu jutsu tivesse passado a informação.

Era um jutsu envolvendo chakra, pelo amor de deus, e chakra simplesmente não se engana.

Haruno Sakura estava se sentindo ofendida, no mínimo.

— Como você fez isso?

— Aa. — Ele apenas deu de ombros, andando em sua direção.

Itachi vestia sua roupa casual, camisa preta e calça de mesma cor, que Sakura não estava acostumada a ver, mas que não falhava em deixar um sentimento de satisfação em seu peito. Sem o uniforme da ANBU, Uchiha Itachi era um shinobi – ou melhor, pessoa – como qualquer outro, como ela.

Não era seu superior, era apenas um companheiro lhe ajudando.

— Vamos encerrar esse round, nenhum dos dois ganhou. — Itachi disse ao se posicionar a uma distância respeitosa, mas perto o suficiente para pode falar em seu tom habitual de voz.

— Mas o tempo já estava acabando, você ia ganhar de qualquer jeito. — Sakura respondeu sem entender.

— Não tenha tanta certeza disso.

Sakura arqueou uma sobrancelha, pronta para retrucar quando o Uchiha gesticulou para o chão e se sentou, claramente esperando que ela fizesse o mesmo que ele. Ela deu de ombros e repetiu seus movimentos, ainda ficando de frente para ele.

Itachi não apresentava nenhum sinal de cansaço ou fadiga. Pelo contrário, ele parecia que não tinha feito esforço algum para escapar de sua predadora (e Sakura não pôde deixar de grunhir mentalmente).

Ela se sentiu embaraçada por apresentar tantos sinais físicos de extenuação e passou uma mão pelos longos cabelos róseos. Sakura não percebeu o modo curioso que Itachi olhava para seu cabelo enquanto ela tirava algumas folhas presas.

— E então? Parou dessa vez porque eu fui excepcionalmente mal? — Sakura olhava desinteressadamente para uma árvore a sua direita.

— Não, pelo contrário. Quero saber sobre esse jutsu que você usou agora a pouco.

A kunoichi então olhou nos olhos de Itachi em busca de algum deboche ou desapontamento, mas não encontrou nenhum.

Ela respondeu quase que sem jeito.

— Aa, ele é bem fácil de se fazer, mas eu não tenho chakra o suficiente para mantê-lo por muito tempo e por um longo alcance.

— Esse jutsu é muito... curioso. Normalmente, um rastreador aguça sua presença e sentidos para que o chakra ao seu redor chegue mais rapidamente até ele. Não o contrário.

— Então ele é ineficaz?

— Não, ele é melhor.

Sakura mordeu o lábio inferior perante a intensidade do olhar de Itachi e desviou os olhos de novo.

— Não adianta ser melhor se eu não consigo usar.

Uchiha Itachi ficou sem falar por alguns segundos, analisando a situação e escolhendo bem suas palavras.

— Você está usando da forma errada. — Sua voz era incrivelmente suave e sem um pingo de condenação. — Você não tem muito chakra mas tem um ótimo controle dele. Pode abusar disso.

Sakura olhou novamente para Itachi e reparou que ele não deixara de observar sua fisionomia durante toda a interação. Ela se remexeu desconfortavelmente e ficou a mexer inconscientemente no pingente de sua pulseira. Ele olhou para o braço de Sakura e levantou o canto da boca imperceptivelmente, mas a rosada percebeu.

A Haruno então se deu conta do que fazia e limpou a garganta, tentando olhar profissionalmente para Itachi ao continuar a conversa.

— Como assim?

— Vou mostrar.

O capitão ANBU ativou seu sharingan e repetiu os mesmos selos de mão que Sakura havia feito anteriormente. Ela abriu a boca em espanto e não pôde deixar de se sentir... estúpida. Ele estava vigiando ela o tempo todo e ela não percebera! Itachi até mesmo copiara seu jutsu, aparentemente.

Ele fez aparecer sua rede intricada de linhas de chakra (e Sakura notou que as dele eram de um azul mais escuro que a dela) e as alongou por todo o redor. Conforme ele ia esticando e ampliando o alcance, as linhas iam afinando e perdendo lugar no espaço até que elas se tornaram invisíveis a olho nu, mas Sakura ainda conseguia sentir a habilidade.

Ela olhou de um lado para o outro rapidamente, ainda boquiaberta.

— As linhas não precisam ser espessas para serem eficientes. Quanto mais você afinar, menos chakra vai gastar para fazê-las irem mais longe. — Ele então dispersou a habilidade e se levantou calmamente do chão, tirando os vestígios de sujeira da calça.

Sakura ainda estava impressionada demais para falar ou fazer alguma coisa conscientemente quando Itachi esticou uma mão em sua direção e ela a pegou sem perceber. A Haruno levou alguns segundos para notar que já não estava mais sentada e que estava fazendo contato físico com Itachi sem motivo algum.

Ela olhou de seus olhos escuros a suas mãos entrelaças como se pedisse desculpas silenciosas e tirou sua mão da dele como se subitamente o toque de peles queimasse. Se a perguntassem, Sakura não saberia dizer se evitava contato com o irmão de seu companheiro de time porque ele era Uchiha Itachi, o temido shinobi ou porque, no fundo, ela se sentia incerta em relação a ele.

Sakura se concentrou na tarefa de limpar sua roupa, uma blusa tipicamente vermelha com o símbolo de sua família e uma calça preta comum, para não ter que lidar com a presença de Itachi.

O Uchiha deixou escapar um som que poderia ser tanto de diversão quanto de irritação (e Sakura estava predisposta a acreditar que se tratasse da última opção) e deu as costas para ela, andando em direção a clareira onde eles agora se encontravam todos os dias ao amanhecer.

Haruno Sakura se permitiu observar Itachi enquanto ele se afastava. Ele era alto, incrivelmente mais alto que ela e tinha uma aura inconfundível. Tinha uma presença que gritava seu nome e sobrenome, como se o símbolo dos Uchiha em suas costas já não fosse o suficiente para denunciar sua importância.

Seu longo cabelo estava sempre preso (e mesmo assim esvoaçava invejavelmente pelo vento) por um elástico preto e Sakura não pôde deixar de imaginar que se fosse um de cor vermelha, seu visual ficaria ainda mais marcante.

Ela balançou a cabeça, deixando os pensamentos de lado e deu uma corrida para alcançar seu companheiro de treino. Quando já estava a seu lado, ela começou um de seus falatórios habituais (honestamente, três dias já haviam sido o suficiente para ela começar a falar e falar como se eles já se conhecessem há algum tempo).

— Eu ainda não entendi como você se... escondeu do meu jutsu? Ou você bloqueou?

— Aa... isso fica para outro dia. — Seu tom não escondia seu divertimento.

— Itachi! Eu preciso saber.

Itachi a olhou momentaneamente.

— Não, o que você precisa saber é executar o jutsu de forma correta.

Sakura bufou e falou de forma dura.

— Fácil falar, você é um gênio e ainda tem o sharingan para auxiliar.

O shinobi parou de andar e virou o corpo completamente para ficar de frente para Sakura. Ela fez o mesmo, seus olhos questionadores não se desviando dos carregados de seriedade do garoto.

— E você tem a mim. Eu vou te ajudar.

(...)

Uchiha Shisui estava se sentindo fabuloso.

Seu dia não começara o melhor de todos, tendo que participar de uma reunião com membros importantes de seu clã logo cedo para resolver, entre outras coisas, qual seria sua punição por ter interferido nos planos dos anciões ao pedir aquela missão de semanas atrás para a Hokage.

Ele não se arrependia (nem de longe, aliás) e faria tudo de novo se fosse para impedir que mandassem seu primo em mais uma de suas longas e infinitas missões de assassinato que tinham como único objetivo o de proteger interesses dos Uchihas.

Shisui estava mais do que ciente que Itachi era um pacifista de coração e por mais que sua família tentasse erradicar isso desde muito cedo, essa era uma característica fixa de seu primo. Todas as suas atitudes giravam em torno de trazer a paz e evitar o máximo de conflitos possíveis, num plano macro – como a paz entre nações – e até mesmo micro, dentro de sua própria vila, seu próprio clã.

E Shisui faria de tudo para preservar isso em seu primo.

Ele amava os Uchiha como se deve amar a família e as pessoas que lhe fizeram ser quem era e lhe deram tudo, mas as prioridades da vida de Shisui sempre foram (e ele nunca fez questão de esconder, para desgraça dos anciões) a Aldeia da Folha e seu time de genin, Uchiha Itachi e Uchiha Sayuri.

Depois de muita falaria e sermão que Shisui escutara com um ouvido e deixara sair pelo outro, ficou decretado como seu castigo o afastamento por três meses de missões para Konoha diretamente, a não ser que a Godaime ou a ANBU solicitassem sua presença – e Shisui sabia que os anciões fariam de tudo para não deixar Tsunade lhe dar uma missão – e, assim, o deixando restrito a tratar de assuntos da Força Policial.

O shinobi tentara protestar apenas por charme e no final saíra enquanto Uchiha Kou ainda respondia a um de seus atrevimentos. Às vezes Uchiha Shisui dava graças a deus por não ser o próximo na linha de sucessão do clã e, portanto, estar livre de ser destinado a ouvir a ladainha desses velhos por todo o resto da vida que nem seu primo.

Shisui deu de ombros e ponderou que sua punição havia sido leve dessa vez. Trabalhar como um capitão na Força Policial dos Uchiha podia ser uma chatice – uma vez que eles resolviam assuntos internos da vila e muitos desses sendo civis – mas pelo menos ele teria uma oportunidade de vigiar de perto o treinamento que Sasuke receberia.

E até mesmo poderia interferir, caso fosse necessário.

Bom, Itachi me deve uma, de qualquer jeito.

Ao pensar em seu primo, Shisui decidiu que passaria em sua casa para lhe fazer uma visita agradável e até mesmo, quem sabe, almoçar com junto dele e de Mikoto e oh, levemente insinuar alguma sobre seu melhor amigo e uma certa rosada e aprendiz da Hokage.

Shisui riu ao imaginar a cena.

Para seu desapontamento, entretanto, ao chegar na casa principal do Distrito, ele fora informado por uma Uchiha Mikoto sorridente que seu filho já havia saído para o seu compromisso diário.

— Compromisso? Mas ele não tem nenhuma missão para hoje.

— Ah, querido, não é missão. Ele foi treinar com a Haruno Sakura.

Shisui engasgou bebendo um gole do café que Mikoto lhe oferecera assim que ele entrou em sua cozinha. A matriarca dos Uchiha apenas lhe encarou divertidamente enquanto lavava a louça.

Caramba, ele tá mesmo treinando ela! — Shisui se recompôs e assoviou, impressionado.

— Por que eu tenho a impressão de que você está tramando alguma coisa, querido?

— Porque eu sempre estou. — Ele sorriu de forma esperta.

Mikoto fechou a torneira da pia, suspirou e secou as mãos no avental que vestia. Ela então se virou para encarar Shisui de frente, uma mão na cintura.

— O que eu deveria saber sobre isso? — Seu tom de voz era calmo e suave, mas levemente carregado por uma preocupação típica de Mikoto para com seu primogênito. Shisui não sabia se achava engraçada ou quase fofa a relação de seu primo com sua mãe.

O rapaz apenas deu de ombros, sorriso ainda intacto.

— Apenas que eu acho Haruno Sakura uma garota incrível e que ela tem muito a acrescentar ao Itachi-kun.

Mikoto arqueou uma sobrancelha, o canto da boca levemente levantado.

— E por que agora, querido? Ela já é companheira de time de Sasuke há algum tempo, sabia?

— Aa, um dia você vai ver porquê. É algo inexplicável.

Uchiha Shisui não conseguiria explicar nem se quisesse, para ser completamente sincero.

Ele não se lembrava de quando tinha visto pela primeira vez. O Uchiha só sabia que um dia estava visitando Sayuri no hospital e antes que pudesse chegar no quarto de sua amiga, ele parou de supetão, como se tivesse dado de cara com uma parede invisível.

No final do corredor havia uma pequena comoção, enfermeiras nervosas e médicos exasperados dando ordens e andando de lá para cá. Entre eles, Haruno Sakura se postava firme no meio do caminho, gritando para quem quisesse ouvir que ela não deixaria “aquele garoto” morrer. E que não deixaria ninguém atrapalhar o trabalho dela.

Na hora ele não conseguiu entender muito bem a cena (e ele nem percebeu que liberou um ar que não sabia que estava segurando quando notou que aquilo tudo não tinha nada a ver com sua companheira de time), mas isso não mudou o que ele viu.

Sakura estava com a frente virada em sua direção, apontando o dedo no rosto de alguém que ele assumia ser seu superior, o rosto tomado por uma determinação feroz e uma obstinação cega. Ela parecia uma leoa pronta para dar o bote.

Ao mesmo tempo, por baixo de toda aquela fachada, estava a garota que ele conhecia, a mão livre tremendo levemente e os olhos ainda que firmes, segurando lágrimas que nunca chegariam a cair.

Em Haruno Sakura, Shisui conseguiu ver ao mesmo tempo Uchiha Izumi e Uchiha Sayuri e isso foi o suficiente para que ele desenvolvesse uma espécie de fascinação pela garota, ao mesmo tempo em que a única coisa coerente que ele conseguia pensar era Itachi precisava ver isso.

Sakura deu as costas para todo mundo que se encontrava no corredor (e provavelmente nem ela e nenhum dos outros tinham percebido a sua presença) e entrou no único quarto com a porta aberta do corredor. Alguns ousaram seguí-la para ouvir uma reprimenda em forma de grito.

— Tsunade-sama deve estar orgulhosa do que criou. — Um dos doutores falou, mas não em forma de elogio.

Sim, Shisui pensou, deve estar mesmo. Mas não tinha um pingo de sarcasmo em sua cabeça.

— Querido?

Uchiha Shisui piscou rapidamente e voltou a focar em Mikoto.

— Prometo que tenho a melhor das intenções, Mikoto-san. Confie em mim, sei o que estou fazendo.

— Acho bom, Shisui-kun. Eu só quero o melhor para o meu filho.

— Aa, acredite... Sakura pode ser a melhor coisa a acontecer ao Itachi em muito tempo. Melhor até que a Izumi.

E assim, Uchiha Shisui se despediu de sua tia e tratou de procurar seu primo pelos campos de treinamento de Konoha, não fazendo a mínima ideia de qual dos muitos existentes na vila que eles teriam escolhido como local de encontro.

Ele não demorou em sua busca (Shisui não era o homem vivo mais rápido de Konoha à toa), sentindo o chakra de Itachi e de Sakura no segundo campo em que entrava. Os dois estavam relativamente afastados e em constante movimentação então Shisui julgou ser melhor não atrapalhar qualquer tipo de atividade que eles estivessem engajados, mas isso não impedia que ele apenas observasse.

Uchiha Shisui ativou seu sharingan, camuflou seu chakra com uma precisão que era invejável até mesmo na ANBU e passou a observar o treinamento de seu primo e a aprendiz da Sakura, admitindo para si mesmo que parecia no mínimo interessante ficar brincando de pique-pega no meio da floresta sem motivo aparente.

Ele permaneceu nas sombras por todo o tempo, sabendo que nem mesmo Itachi seria capaz de localizá-lo ou até mesmo sentí-lo. Poucos shinobi sabiam (ou se permitiam acreditar) que dentre os dois shinobi, Shisui era o mais habilidoso, e para ser sincero, ele pouco se importava com isso.

Ele podia ser o mais prestigiado dos dois em relação ao limite sanguíneo que gerava a alcunha de “gênio”, mas não tinha metade da vocação de seu primo para o campo de batalha e liderança de um esquadrão.

Shisui gostava de pensar que Itachi nascera para liderar e que ele seria sempre quem cuidaria de suas costas enquanto ele fazia isso.

Quando Itachi interrompeu o treino abruptamente, entretanto, ele começou a se questionar se havia sido descoberto ou não. Shisui se levantou do tronco de árvore que estava sentado e já se preparava para voltar a clareira com uma transportação básica quando resolveu ficar mais um pouco para ver se era disso que se tratava ou não.

Ele não conseguia escutar nenhum som, mas graças ao sharingan podia claramente fazer leitura labial.

O Uchiha soube então que sua presença ainda permanecia desconhecida mas preferiu voltar para o ponto de partida, onde esperaria pelos dois – que aparentemente se preparavam para fazer isso – e os receberia de braços abertos, um sorriso no rosto e algum comentário semi malicioso.

Ele se sentou em uma parte qualquer do terreno coberto de grama e não pôde conter o sorriso ao pensar no quão bem Itachi parecia estar se dando com a companheira de time de seu querido irmãozinho. Não era uma tarefa fácil fazer o herdeiro do clã Uchiha se sentir à vontade num ambiente, mas parecia que Sakura tinha a incrível habilidade de tornar o difícil em fácil.

Shisui se perguntou se seu primo já havia notado nela o que ele mais queria que Itachi visse.

Ele só tinha como saber se observasse interações entre os dois ou se perguntasse diretamente (e essa simplesmente não era uma opção, se tratando de Itachi) e era a primeira opção que ele colocaria em prova.

Alguns minutos se passaram até que o Uchiha mais novo e a kunoichi se tornassem visíveis caminhando em direção a Shisui, relaxadamente descansando, enquanto vestia uma das roupas civis habituais dos Uchiha, camisa e calça preta.

Ele fingiu não os ver, cabeça erguida para o céu como se achasse particularmente prazeroso se banhar da luz solar.

— Shisui! O que você está fazendo aqui? — Sakura soou exasperada.

Shisui apenas sorriu provocativamente, ainda sem olhar para os dois.

— Ora, vim te ver, querida. E olá para você também, primo.

— Hn.

— Falo sério, Shisui. Aconteceu alguma coisa? — Sakura estalou os dedos na frente de seus olhos, fazendo com que ele a encarasse por puro reflexo.

O mais velho não pôde deixar de pensar mais uma vez no quão bonita a garota era. Não era pálida que nem os Uchiha e nem bronzeada demais. Tinha um tom de pele que só fazia seus olhos verdes se destacarem na moldura de seu rosto e seu cabelo rosa, que batia no meio de suas costas, reluzir como se fosse a coisa mais adorável do mundo.

Sakura era de se tirar o fôlego, mas nova demais para que ele sentisse qualquer tipo de atração por ela. Seu interesse por ela era puramente... acadêmico?

(Ele não tinha palavra melhor para descrever)

— Oh!

Shisui soltou uma exclamação de contentamento ao se dar conta de mais uma coisa sobre a kunoichi, sorrindo abertamente; sua silhueta ficava no mínimo interessante perto da de seu primo.

Feitos um para o outro.

— Shisui. O que quer? — Itachi quem perguntara dessa vez.

Ele olhou para seu parente e notou a expressão de impaciência que começava a lhe dominar a face. Seu melhor amigo era tão previsível.

— Para ser sincero, vim ver vocês dois, mas posso ir embora se for atrapalhar. — E ele fez um beiço de falsa mágoa.

Itachi abria a boca para certamente o mandar embora quando Sakura o salvou.

— Não, que isso, pode ficar. Mas nós estamos no meio do treinamento.

— Eu posso ajudar, Sakura-chan. Pergunte ao Itachi-kun quem o ensinou tudo o que ele sabe.

Sakura piscou rapidamente e olhou de um para o outro, como se duvidasse de suas palavras.

— Não me subestime, eu sou tão bom quanto o capitão ANBU aí. — Shisui levantou-se e pôs um braço ao redor dos ombros de Sakura. —Diz aí, Itachi, quem já ganhou mais vezes nas sessões de treino?

Itachi deu de ombros.

— Viu, Sakura-chan? Eu sou bom, me deixe te ajudar. — Ele então pôs o outro braço ao redor de Itachi dessa vez. — O que vamos fazer então, querido primo?

Uchiha Itachi se remexeu desconfortavelmente em seus braços e se desvencilhou do contato sem pensar duas vezes. Ele lhe lançou um olhar feio (que Shisui respondeu com um sorriso maior do que o que dera anteriormente) e se afastou um pouco dos dois outros presentes na clareira.

— Você vai embora, Sakura e eu vamos continuar o treinamento.

Shisui fingiu surpresa.

— Mas Itachi-kun! Sakura falou que está tudo bem eu ficar.

— Shisui.

O mais velho deu-se por vencido e chegou a conclusão de que já concluíra seu trabalho de irritar seu primo pela parte da manhã/tarde. Itachi talvez nunca chegasse a entender por que Shisui se dava esse trabalho quase diário, mas ele não pararia mesmo assim.

Shisui julgava que ter um relacionamento recheado de implicâncias e provocações com Itachi seria um dos fatores a nunca deixar Itachi se tornar só mais um Uchiha deturpado pelos ideais do clã, assim como o relacionamento que ele tinha com sua mãe o tornava e tornaria sempre uma pessoa saudável.

Era tudo uma questão de deixa-lo o mais humano e suscetível a emoções o possível, por mais que Itachi não fizesse a mínima ideia.

Shisui beijou Sakura na bochecha, para a surpresa da garota, e fez um gesto de despedida para Itachi, deixando como suas palavras antes de desaparecer:

— Mas eu volto para almoçar com vocês e aproveito trago o pequeno Sasuke.          


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Notas finais do capítulo

Eu tenho tanta coisa para falar que não sei nem por onde começar.
Primeiramente, obrigada a quem está lendo, comentando, favoritando ou só me prestigiando das sombras mesmo, vocês são 10.
Em segundo lugar, queria dar uma informação que pode parecer banal mas não é. Os título dos capítulos são trechos de músicas que eu separei numa playlist especial que eu julgo ter relação com o presente/passado/futuro da história num geral. Ou seja, eles podem não dizer nada do capítulo mas dizem muito do enredo.
No final eu coloco o nome de todas já utilizadas até agora e aí vocês conferem as letras e músicas se quiserem.
Terceiro comentário técnico: não vejo WoL terminando tão cedo então tenham paciência e tentem aproveitar ao máximo quanto eu (sério, é uma delícia escrever isso aqui).

Bom, agora vamos lá ao que interessa!
POV DO SHISUI! Rapaz, eu amo demais esse personagem e vou protegê-lo a todo custo (e vou usá-lo bastante no plot também, hoho). Eu espero ter respondido algumas das perguntas pendentes com esse pov, tipo "interesse do Shisui pela Sakura" e o que ele sente em relação ao Itachi.
Sobre ItaSaku, bem, tá sendo construído. Com aquele jeitinho meio tartaruga que só esse casal tem de se desenvolver mas hnn, talvez algum acontecimento agilize isso... hnn, não sei. (Mentira, sei sim)
Eu tenho que fechar algumas pontas em relação ao Time 7 e Itachi com a mãe dele/clã antes de partir para o exame da ANBU mas tenham em mente que ele está chegando. E vai ser um dos turning points da fanfic.
E os povs do Itachi vão ser bem reduzidos até lá (mas não vão ser inexistentes, claro).

Acho que falei tudo o que eu queria então digam o que acharam e surtem comigo nas reviews, por favor, nem que seja pra falar mal, eu gosto de surtar com os outros, UDHIEWFJIEW.
Beijão e até semana que vem.

Segue aqui a lista de músicas que eu citei no início:
1. Weight of Love, The Black Keys.
2. One for the Road, Arctic Monkeys.
3. Birthday, Katy Perry. (Lista cheia de rock e... Katy Perry!)
4. Aerials, System of a Down.
5. Nothing Else Matters, Metallica.
6. Failure, Breaking Benjamin.



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