O Suicídio Pendente de Rose Weasley escrita por Atlas


Capítulo 2
Capítulo 2




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as flores que cresceram em meus pulmões estão há muito mortas / agora só o que resta são os espinhos tornando difícil respirar

[r.j.w]

the aftermath

 Se eu lhe dissesse que nós todos moramos em uma fazenda, contentes e animados e todos os dias eu acordava cedo para ordenhar as vacas? Você provavelmente acreditaria. Pois são os heróis de guerra excêntricos que passariam o resto da vida na casa da matriarca. Pois são os Weasley. Você não pode convencer uma dúzia de crianças a mudar para Ottery St. Catchpole.

Mas são tempos difíceis. Quando a pessoa favorita da matriarca e o filho da matriarca estão se divorciando você vai ter, de um jeito ou de outro, de aguentar as crises familiares. E uma delas é uma reviravolta digna de novela das 9h.

— É uma ótima ideia — tio Harry falava e falava e não parava — Só porque vocês não estão mais juntos não é motivo para se destruir a grande família que temos aqui. Pensem nisso.

No sofá comigo sentava Hugo, a majestade em pessoa, que aperfeiçoou sua expressão de quem não tinha expressão nenhuma. Vez ou outra trocávamos olhares de quem não gostava de fazendas. Em pé, o principe ele mesmo, tio Harry lentamente convencendo aos meus pais de morar juntos e dividir o mesmo teto e respirar o mesmo ar.

— Não vai dar certo, eles não estão prontos para isso — Hugo falou pela primeira vez naquela tarde.

— Vão se matar rápido demais — concordei. Mamãe estava pronta para dizer que não foi bem assim e lemos a situação errado, que daria certo, mas o que ela disse foi:

— Escutem, apesar de tudo, nós temos que tentar, não temos?

Nós duas nós olhamos ao mesmo tempo, e não foi algo do tipo azul batalhando com castanho ou algo do tipo. Foi eu enxergando as sombras sob seus olhos e a sua fala tomada pela lentidão de quem não dorme há dias. Mamãe lidou mais com a gente nesses meses do que durante toda a sua vida, é de se reconhecer que ela está exausta de ser uma parte ativa da família.

Quando eu penso nessas coisas é aí que eu me lembro porque eu tomei a decisão que tomei. 

— Não temos não. Morar juntos não vai nos trazer de volta. Vocês deviam considerar que não queremos — ela fechou os olhos momentaneamente enquanto Hugo fez que concordava.

Tio Harry parecia derrotado, e olhava meu pai (que nunca esteve tão calado como hoje). — Eu entendo, mas deem um tempo e pensem sobre o assunto.

— Venha mais tarde, Harry, — papai tentou sorrir — com Gina, precisamos de um policial mal por aqui.

 

 

— Eu não quero passar minhas férias com eles — falei. Enquanto estávamos todos assistindo filmes e tomando sorvete para o jantar era um verdadeiro silêncio. Meu pai tem que ser o policial bom hoje, visto que minha mãe não está em casa.

— Pai, pense por um momento — Hugo interrompeu o monologo de Tyler Durden — Você não quer passar as férias com Lilian Luna, nós não queremos.

— Ela fala mal das pessoas. Nós falamos mal dela, mas ela fala mal de, sei lá, Hagrid.

— Fala? — Perguntou desinteressado, focado em Edward Norton tremendo e espancando Jared Leto.

— Não é o ponto — disse meu irmão — Você não quer passar as férias com mamãe.

— Com a sua mãe — apontei.

— Ai meu Deus, e se tia Muriel vai aparecer?  Normalmente a escapamos, mas desta vez...

— Trágico — papai sussurrou, zombando de nós — Não é sobre o que eu quero, ou o quanto vocês odeiam família e felicidade, é sobre fazer funcionar com a mãe de vocês e não a deixar velha e cheia de gatos.

— Mas ela ama gatos — imitei o tom de Harry — pense nisso.

Hugo sorriu pelo que parecia muito tempo, e meu pai notou isso. Como, essa criança magrela e alta está me pedindo para tomar essa decisão. Como, “essa criança seria a mais feliz do mundo se eu pudesse fazer isso”. Como, ele precisava fazer isso por ele, mas não podia.

O problema é que faz um tempo que Hugo não é feliz.

— Pelos menos passem um tempo com sua avó — nos disse depois de um tempo —  vocês não precisam cortar laços com a família, sua mãe, e se tornar eremitas, sabem disso.

Nós precisamos, realmente precisamos; parte de mim não queria encarar as pessoas e mamãe, de todas elas.

Eles não podiam ver isso?

Sorri. — Tá, tá, vamos mudar sua cabeça, eventualmente.

 

 

Hermione não era uma para erros, não tinha espaço para impulsividade e eu só me perguntava porque ela concordaria em passar as férias acumuladas com a família.

Talvez eu tenha realmente a machucado, algo imperdoável. O DNA dela mudou completamente e ela é uma nova pessoa. Talvez eu tenha sido má e algo acordou nela. Ou por chance, talvez eu não a conheça.

Eu não consigo dormir com a culpa de que talvez (talvez, talvez) eu tenha feito alguma coisa. Não só agora, ou no aconselhamento e a negando por todas as vezes, mas no plano geral do casamento deles, da família.

Esses pensamentos só voltam quando eu encaro o meu teto e eu não estou afim de fazer isso por todas as minhas férias. Não tem nada me esperando n’Toca, nem mesmo ela. Eu prefiro continuar responsável e viver no não saber. Talvez eu tenha feito algo, mas é melhor enquanto é só ‘talvez’.

(Eles não podiam ver isso?)

 

 

Vai parecer piada, mas você tem que prestar atenção nessas exatas palavras: tem quarenta e dois postes de cercas brancas circundando toda a terra dos Weasley, oito laranjeiras e o dobro de pés de melancia; ipês-amarelos por toda a parte. Na cozinha (propriedade exclusiva de Molly Weasley) todas as cores brigam com as outras, ela tem xadrez e poás e onde a cortina beterraba termina o tapete amarelo-limão começa. Preste atenção, pois os melhores morangos não são os dispostos pelo balcão e são ordinários e chatos, eles estão escondidos numa das várias gavetas emperradas da geladeira. Tem polaroids, cartões-postais e imãs com forma de melancia.

Vai parecer piada, mas o morango daqui tem os formatos mais estranhos.

Eu amo esse lugar. Eu amo como tudo é embaralhado e nada se conforma com nada. A inconstância do meu quarto e o jeito que quando eu durmo eu posso sentir a inclinação da casa toda. Tudo é bagunçado no jeito mais perfeito. Estranhamente, eu amo como tudo é caseiro, suburbano e o mais normal possível.

Está tudo em meu horizonte e eu posso tocar tudo que eu vejo, tipo o meu pai alimentando as galinhas barulhentas que nem um fazendeiro e Hugo saltando pedras por aquele lago raso.

Melhor que tudo?

Ela não está aqui.


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Notas finais do capítulo

eu prometi ele ontem, mas acontece que
n tá dando
não tem realmente nada nesses capítulos mas acontece que
ou eu falo demais ou eu não falo nada
eu quero manter interessante até o meio mas seu colocar tudo que a rose sente
sendo ela uma menina inconstante
vai ficar:
tá aqui a ficha dela
ela tem isso isso isso
discutam dkalsçdkasd
xxx até o prox