Malú escrita por Pauliny Nunes


Capítulo 18
Capítulo 17




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Aline se afasta da porta , dando passagem para eles entrarem, mas acaba sendo agarrada por Maria Luísa. Thiago observa atentamente a sala e a caixa com as coisas que Aline trouxe do trabalho. Senta em um dos sofás , acompanhando o momento de afeição entra Malú e Aline. A mulher se vira em direção ao candidato enquanto abraça Malú:

— Conversarei com Malú em meu quarto por alguns instantes, depois volto para falar com você.

— Fique À vontade – responde Thiago pegando uma fotografia de Anna dentro da caixa recebendo um olhar atravessado de Aline — Tenho todo o tempo do mundo.

— Ótimo – retruca Aline caminhando com Malú para o seu quarto.

— Como você está ,meu amor ? Como estão as coisas?- pergunta Aline sentada em sua cama.

Malú tira o tablet e começa a escrever uma resposta. Então a menina entrega o aparelho para sua tia.Aline solta o tablet de Malú na cama. Por alguns instantes se arrepende da forma como a tratou. Percebe que perdeu muita coisa enquanto procurava um advogado. Ela arruma os cabelos e segura na mão de Malú , dizendo:

—Eu sinto muito. Não sabia que tinha acontecido tudo isso com você ... Eu deveria ter dado um jeito de ter ido para lá... Mas agora eu vou recompensar tudo isso ,Malú. Prometo para você.

Malú limpa seu rosto coberto de lágrimas e abraça sua tia. Não tinha ideia do quanto sentia saudades dela... E de tudo o que ela representa. Só de lembrar , seu choro aumenta , sendo acariciada por Aline. Ela esconde o rosto no pescoço de sua tia.

—Eu sei , meu amor- consola Aline — Também está sendo difícil para mim. Nós duas perdemos a nossa melhor amiga... - ela afasta Malú e tocando no rosto da jovem enquanto diz - Mas precisamos ser fortes... Precisamos viver um dia de cada vez... E eu sei que é difícil desgarrar do passado... Mas você precisa ,Malú. Você não é essa garota tímida, com medo de tudo, triste... Você é forte , destemida e é uma garota tão corajosa. Use a sua força , aquela   que a sua mãe te ensinou a ter e lute pela sua voz. Não torne isso permanente... E eu sempre estarei ao seu lado pra te ajudar a não fraquejar. Só que o resto depende de você , entendeu?

Malú balança a cabeça aos poucos, afirmando que entendeu as palavras de sua tia. Ela sorri , apertando a mão da tia. Realmente está na hora de eu me erguer...

— Bom, você tem alguma ideia do que o seu pai quer comigo? – pergunta Aline recebendo um não com a cabeça de Malú. A bela mulher de cabelos castanhos sorri e diz — Será que ele desistiu e decidiu trazer você de volta para mim? Seja o que for , irei descobrir agora. Fique aqui e reze para que Thiago tenha entendido de uma vez por todas que aqui é o seu lar.

***

Aline caminha com Malú até a porta da casa , sendo observada por Thiago que não parece se preocupar. Ela dá um beijo na testa da jovem e pede para que a menina veja o jardim de sua mãe enquanto terá a conversa a qual seu pai disse que deseja ter com ela.

—Dia difícil? - pergunta Thiago , apontando para a caixa , assim que Aline volta para a sala.

— O que veio fazer aqui Thiago , cansou de brincar de ser pai de uma jovem de dezesseis anos e veio devolvê-la? - pergunta Aline , irônica. — Percebeu que não é fácil criar uma adolescente?

—Você irá me escutar e ter a oportunidade de conviver com a Malúnovamente , ou prefere viver vendendo suas coisas até conseguir um emprego e assim pagar um advogado para disputar a guarda da Malú ? Se escolher essa segunda opção , saiba que irá perder. – avisa Thiago

— Como sabe que preciso arranjar um emprego? - pergunta Aline , curiosa.

—Porque todas as suas coisas estão dentro dessa caixa , foi mais uma dedução.- mente Thiago segurando.

— Vá direto ao ponto - exige Aline , sem paciência , cruzando os braços — O que você quer?

— Quero que venha comigo para Curitiba - informa se levantando e indo em direção a ela — Quero que me ajude com a Malú .

 — Por que acha que eu faria isso? - pergunta Aline se afastando — Não foi você quem bancou o paizão , batendo aqui na minha casa , dizendo coisas terríveis e a levando embora sem ao menos perguntar se ela queria isso?

— Eu sei que fiz isso... Você não tem ideia do quão difícil foi pra eu vir até aqui e pedir para que você vá para Curitiba. – revela Thiago sendo sincero.

—Você está desesperado... Gosto disso – alfineta Aline com um sorriso de satisfação.

— Sim , eu estou. Estou porque a Malú se recusa a fazer as sessões que a fariam voltar a falar, falta a fonoterapia... E se ela continuar assim... Seu quadro pode se tornar irreversível. Eu não quero que você more lá para sempre,só preciso que você a convença de fazer o tratamento.

— Eu acho pouco provável... A Malú tem um gênio bem difícil... – alega Aline.

— Ela está definhando , Aline. Eu a vejo triste e está ficando pior... Eu preciso de você – fala Thiago,

— Qual é a condição? - pergunta Aline , desconfiada.

— Condição? - pergunta Thiago , confuso.

— Sim , você não veio até aqui só para pedir que eu cuide da Malú, até por que sempre farei isso.Logo, está tudo fácil demais.

— A minha única condição é que more conosco em Curitiba. – revelaThiago recebendo um olhar irado de Aline.

—Saia da minha casa agora. – ordena Aline , enraivecida — Eu NUNCA irei morar embaixo do mesmo teto que vocês,pode esquecer.

— Nem mesmo pela Malú? - questiona Thiago.

—Por ninguém. Eu cuido da Malú , mas aqui em Minas Gerais. – propõe Aline apontando para o chão.

— Nunca. A Malú não voltará nunca mais para cá. – rebate Thiago , irritado.

—Então procure outra tia que possa ajudá-lo – retruca Aline abrindo a porta -Fora.

— Então prefere que a Malú fique afônica pelo resto da vida a morar na casa onde ela está? Realmente , as pessoas que se dizem generosas são as mais egoístas – conclui Thiago, indignado. Ele anda em direção Aline e para perto de seu rosto , dizendo — Obrigado por esclarecer a forma como educou Malú. Só espero que entenda , quando eu contar a ela exatamente o que disse para mim.

— Pode me ameaçar o quanto quiser, só não se esqueça de dizer a ela que você também foi egoísta e disse que ela jamais irá voltar a Cidade Natal dela. E que vai continuar sendo o pai ausente de sempre e a deixar definhar até não ter mais o que ser feito. Então, diga que o remorso de não ter feito nada preencherá sua mente , mas nada irá adiantar, pois é tarde demais- reage Aline.

— Malú – chama Thiago ignorando as palavras de Aline. Assim que sua filha se aproxima ele se vira em direção a mulher —Caso mude de ideia...

—Não irei mudar... – rebate Aline , irritada.

— De qualquer forma, estamos hospedados em seu antigo emprego. Meu vôo sai daqui quatro horas e tenho uma passagem reservada para você. Então pense bem... E reconsidere.

— Então você tem quatro horas para mudar de ideia e deixar Malú comigo. - provoca Aline. Ela se afasta de Thiago e aponta para fora da casa - Passar bem .

— E que vença o melhor. - finaliza Thiago ,saindo pela porta acompanhado de Malú que encara a tia , surpresa.

   Aline a fecha com toda a força e vai em direção ao sofá , aliviando sua raiva com socos. Como ele consegue me tirar tão fácil do sério?

 

***

Thiago caminha tranquilamente pelo campus da universidade federal, ao seu lado Malú , que não entende o motivo pelo qual ele a tinha levado novamente para Belo Horizonte, pois ao que parece ficar com sua tia não era bem uma opção. Ele olha para o belo gramado de frente para uma das unidades e senta admirando a vista . É um dia de céu azul com poucas nuvens. Segura no ombro de Malú e aperta enquanto sorri.

— Foi aqui... Aqui que eu conheci sua mãe - revela contendo a emoção. — Foi aqui que eu conheci a mulher da minha vida.

Malú olha para o gramado , tentando imaginar como tinha sido aquele primeiro encontro.

— Gostaria de escutar a minha história com Anna? – pergunta Thiago com receio.

Lentamente ,Malú inclina sua cabeça afirmando querer conhecer aquela história nunca antes contada por ninguém , nem mesmo por sua mãe.

***

Belo Horizonte , Outubro de 1997                         

 

Thiago caminha apressado em direção ao seu bloco , não podia acreditar que tinha se esquecido de entregar o relatório para seu professor. Finalmente chega ao professor que faz pouco caso de seu relatório, afinal o prazo havia terminado. Ele então senta em um dos bancos de cimento ,pensando em como contaria para seu pai que tinha ficado de direito penal. Olha para frente e na grama uma bela jovem de cabelos loiros chama sua atenção.

 Ela está deitada lendo , alheia ao mundo a sua volta, tão tranquila, parece até uma pintura de um quadro de tão harmoniosa é sua presença com o cenário.  Mas o que atrai Thiago até a jovem é o livro que ela está lendo: Orgulho e Preconceito, um dos livros preferidos de sua mãe. O que leva a crer que só pode ser um sinal para conversar com a jovem , o fazendo se aproximar e parar na frente dela.

— Oi... Bom dia - cumprimenta Thiago, nervoso. A jovem tira o livro da frente de seu rosto, encarando o rapaz de olhos azuis tão vívidos como ela nunca tinha visto antes.

— Oi... – responde com um enorme sorriso , deixando Thiago sem ar. — Tudo bem?

— Sim... Você está lendo... Você está lendo Orgulho e Preconceito, certo?  - pergunta Thiago abobalhado recebendo um balançar de cabeça positivo da jovem — Eu gostaria que soubesse que esse livro é o preferido da minha mãe... Logo, acredito que seja uma ação do destino, cosmos, sei lá para vir até aqui e conhecer você.

—Isso é alguma brincadeira? - pergunta a jovem sentando e olhando para os lados. — Quem foi que contratou você para fazer essa pegadinha?

— Não... Eu estou falando sério. – explica Thiago, nervoso — Eu estava passando pela pior manhã da minha vida... Até ver você aqui... Aproveitando essa bela manhã de sol... Com o seu livro. Você me deu a paz e tranquilidade que eu estava precisando - declara Thiago tendo como resposta um olhar assustado de Anna. —Eu sou péssimo nisso... Então, qual seu nome?

— Anna e o seu?

— Thiago. - responde Thiago. Os dois ficam olhando em silêncio por alguns segundos , então Anna abre seu livro novamente, voltando a prestar atenção nele. Thiago coça o queixo e então aponta para Anna.  —Seria muito atrevimento, se eu te convidar pra sair agora?

— Hummm...Seria, pois eu tenho que terminar meu livro - responde Anna apontando para o Orgulho e Preconceito — Tenho um fichamento para fazer a respeito dele.

— Tenho lutado em vão.Nãoresistirei.Meus sentimentos não serão reprimidos.Você deve permitir que eu lhe diga o quão ardentemente a admiro e... A amo.– cita Thiago um trecho do livro para espanto de Anna.

— Quando começou a amá-la? - pergunta Anna , fazendo referência à personagem principal.

—Não posso fixar a hora ou o lugar. Isto já foi há muito tempo. Eu já estava no meio e ainda não sabia que tinha começado. - declama Thiago.

— Fez sua lição de casa ... - comenta Ana, sorrindo. —Muito bom.

— Como eu te disse , esse é o livro favorito da minha mãe. - explica Thiago, sem graça, sorrindo. Ele morde os lábios — Se quiser, eu posso ajudá-la. O que acha?

— Tudo bem. – concorda Anna com o olhar desconfiado — Mas qual a condição?

—Bom , quando você tem de entregar o fichamento e quando saberá a nota?- pergunta Thiago de volta.

—Amanhã – responde Anna , nervosa — E a nota só semana que vem.

— Ótimo , se você tirar dez , irá aceitar tomar uma cerveja comigo no bar da esquina – propõe Thiago — Em forma de comemoração ao excelente resultado.

— Certo – comenta Anna, sorrindo. Ela morde o lábio inferior e então pergunta — E se eu não tirar dez?

—Bom , essa opção não existe – alega Thiago.

— Prepotente – acusa Anna — Mas e se eu não tirar dez?

—Então , irá aceitar tomar uma cerveja comigo no bar da esquina – sugere Thiago — Para extravasar sua frustração . Então , você topa?

— Sente-se aqui, jovem – responde Anna batendo na grama. — E veremos do que é capaz.

***

Uma semana depois...

 

— Mais uma cerveja gelada para o patrão – informa o garçom colocando mais uma cerveja para Thiago que bebe diretamente do gargalo , bem como a outra cerveja antes dessa. — Vai com calma , chefe , ou então a moça vai acabar encontrando o senhor embriagado.

—Se é que ela vem – resmunga Thiago bebendo mais um gole.

Ele não consegue acreditar que Anna lhe deu um bolo depois daquela tarde. Thiago fecha os olhos lembrando os momentos que tiveram, o quanto ela ria das suas tentativas de interpretar Sr. Darcy , a fez dançar como aquela época para que aflorasse os sentimentos da jovem orgulhosa pelo seu amado preconceituoso. Depois de tanto girar, ela acabou caindo em seus braços se aproximando o suficiente de seu rosto para que rolasse um beijo , mas não aconteceu. Ela pegou todas as suas coisas apressada , agradecendo nervosa pela ajuda e se foi , sem responder aos gritos de Thiago que perguntara se ela iria comparecer ao bar na próxima semana , às oito. Talvez esse tivesse sido seu erro.

— Thiago – chama Anna atrás dele que se vira, surpreso. Em suas mãos o fichamento que fizeram juntos. Ela vira a folha lentamente mostrando o grande DEZ que tirou . — Parabéns!

— Uau !– exclama Thiago se levantando e pegando a folha em suas mãos . Ele abraça Anna — Parabéns.

— Obrigada – agradece Anna , tímida , com o rosto corado . Eles se afastam lentamente — Mas eu devo isso a você. Se você não tivesse aparecido naquela tarde...

— Nada disso, eu apenas te dei uma ajuda – alega Thiago , sem jeito. Ele puxa uma cadeira para Anna— Venha , sente.

— Uma enorme ajuda – argumenta Anna, sorrindo e sentando na cadeira que Thiago puxou para ela — Obrigada.

— Eu quem agradeço. Irei pedir uma bebida para você... O que você gosta? – pergunta Thiago.

—Uma cerveja está ótimo para mim – responde Anna batendo os dedos na mesa enquanto Thiago chama o garçom . Assim que Thiago finaliza o pedido Anna ajeita seu cabelo atrás da orelha e encara o rapaz — Posso te fazer uma pergunta?

—Claro que sim – responde Thiago sorrindo.

—Você tem certeza que está no curso certo? – pergunta Anna recebendo um olhar surpreso de Thiago — Não me entenda errado, pode parecer impressão minha , mas talvez letras seja sua área ... E não Direito. Foi você quem escolheu esse curso... Ou...?

—Meu pai é Alexandre de Almeida – revela Thiago recebendo um olhar confuso de Anna , mostrando não entender a relação da resposta com sua pergunta — Meu pai é juiz lá em Curitiba, então...

—Entendi, você está fazendo pela sua família – completa Anna recebendo sua garrafa e virando no gargalo para a grata surpresa de Thiago — Interessante, Sr. Darcy.

— Sr. Darcy? – pergunta Thiago, revoltado — Eu não sou o Sr. Darcy, eu tomo algumas decisões referentes a minha vida que não dizem respeito a eles.

— Cite uma – desafia Anna encarando Thiago.

— Eu escolhi fazer faculdade aqui do que lá – revela Thiago.

— A garota a quem você namora, ela é rica? – pergunta Anna.

—Como sabe que eu namoro? – pergunta Thiago , surpreso.

—A marca da aliança na sua mão direita revelou isso. Aliás , contou que vocês estão juntos há muitos anos.

— Sim , ela é rica, mas... –começa Thiago.

—Eu estou certa – conclui Anna — Admita , Sr. Darcy.

— Nossas famílias se conhecem há algum tempo , o que torna perfeitamente normal termos um relacionamento – alega Thiago , nervoso enquanto Anna ri — Vai me dizer que você não foi influenciada pelos seus pais a fazer letras?

— Provavelmente, se eles estivessem vivos, eles gostariam de ter uma filha médica – confessa Anna um pouco entristecida.

—Eu sinto muito – solidariza Thiago tocando na mão de Anna.

—Tudo bem, já faz algum tempo , então ... Não tem problema – diz Anna — Desde que você não fale a respeito da sua infância perfeita em Curitiba.

—Minha infância não foi tão perfeita quanto pensa – alega Thiago — Meus pais brigavam muito quando eu e meu irmão éramos pequenos. Para fugir dos ataques de fúria dos meus pais, meu irmão me levava para o seu quarto, fazia uma mágica e desaparecia pela parede de seu quarto... Então ele aparecia e me entregava um livro para eu ler ... Uma forma de me fazer esquecer que meus pais estavam em guerra. Foi assim que comecei a gostar de ler e sei tanto sobre livros.

— Bom , agora sou eu quem devo desculpas – comenta Anna sem graça.

—Não precisa. Só o fato de você me escutar sem fazer qualquer julgamento, já basta para mim – alega Thiago sorrindo — E também aceitar um convite para jantar...

—Então – diz Anna se afastando — Olha , não é por nada não , mas eu não saio com homens comprometidos... E muito menos que acabei de conhecer.

—Mas você fez isso, agora – argumenta Thiago , confuso.

—Mas eu não sabia que tinha um relacionamento – alega Anna, sem jeito — Olha , muito obrigada pelo convite, mas não.

—Meu relacionamento quase não existe mais.

— Porém , você ainda está com ela. – dispara Anna — E eu não quero fazer parte disto. Desculpa se me interpretou errado , mas eu não sou o tipo de garota que está procurando.

—Que tipo de garota eu estou procurando?

—De uma noite – responde Anna se levantando — Boa noite, Thiago. Tenho muitas coisas para fazer, a gente se vê por aí.

Anna caminha para fora do bar deixando Thiago com seu coração partido.

***

Belo Horizonte , hoje

 

— Algumas semanas depois eu terminei tudo com a Graziela e pedi sua mãe em namoro. Eu não sei o que levou sua mãe aceitar , mas ela aceitou. Passamos aqueles meses nos conhecendo. Descobri os sonhos, desejos, felicidades e tristeza de Anna... E me apaixonei por cada um deles. Sua mãe sempre foi uma pessoa boa, honesta, sincera e apaixonante. Ela me fez descobrir mais sobre mim do que fiz a vida toda... O nosso relacionamento praticamente voou com o tempo e quando ela me contou que estava grávida... Nossa... Eu morreria para escutar aquilo de novo. Quando eu fui embora, não abandonei sua mãe, apenas tínhamos combinado assim... Depois me falaram que sua mãe tinha fugido... Que ela perdeu o bebê... Então meu mundo ruiu, nada fazia sentido... Quando finalmente soube o paradeiro da sua mãe, me senti vivo de novo. Pena que foi só para dizer adeus... Adeus ao amor da minha vida e de todas as outras vidas que eu tiver. - finaliza Thiago sentando no mesmo banco de cimento daquele dia , ao lado de Malú.

“Por que está me contando tudo isso?” escreve Malú, séria tentando não chorar.

— Porque você precisa saber... Precisa saber que eu amei sua mãe... Que eu não sou esse canalha que dizem. Sei que sou um péssimo pai, que não tenho ajudado você em nada. Mas eu quero te pedir que me dê uma chance para tentar. Isso tudo é muito novo para mim e sem dúvida para você.Então vamos nos unir e tentar ter uma relação de pai e filha. Sei que não será do dia para noite, mas quero fazer isso dar certo.

“Você ... não sei por que eu devo fazer isso. Tudo o que puder tirar de mim, você tira na primeira oportunidade” acusa Malú.

 —Malú, eu não tiro de propósito... É que são coisas de adulto, você não entenderia. - explica Thiago.

“A minha mãe ao menos tentaria me explicar”

Thiago respira fundo e então começa a contar tudo o que está acontecendo, inclusive ida deles até Belo horizonte e a recusa de Aline , enquanto Malú presta atenção. Lembra do pedido de sua mãe, por mais que esteja magoada, agora sabe o motivo. Ela respira e começa a escrever, então mostra para Thiago.

“Tudo bem, darei essa chance que você me pediu, Thiago.”

— Obrigado, Malú. - agradece Thiago , feliz —Sei que parece precipitado , mas espero que um dia você me chame de pai.

“Um dia... talvez. Mas não hoje. Hoje, você só é o Thiago” finaliza Malú se levantando.

Thiago ainda demora um tempo olhando para a grama... Desejando ver aquela imagem da Anna mais uma vez...

Minha afeição permanece inalterada; basta porém uma única palavra sua para fazer com que me cale para sempre, minha Ana.

***

— Atenção passageiros do vôo1234 , destino Curitiba , seu embarque está sendo realizado no portão 12, Atenção passageiros do vôo 1234 , destino Curitiba , seu embarque está sendo realizado no portão 12...

Aquela é a terceira vez em que avisam do vôo de Thiago e Malú, que estão sentados observando a movimentação do aeroporto. Ele passou as últimas horas pensando no que Aline disse a ele. Ela está certa , está na hora de e criar coragem e deixar Malú ser feliz Está decidido , deixarei Malú para que ela tenha sua vida, pensa Thiago se levantando em direção ao portão de embarque. Ele abraça a Malú e então a afasta:

—Malú... Preciso que você compreenda que não estou lhe abandonando – começa Thiago tirando sua carteira do terno.

— Thiago , espera!

Thiago se vira e vê Aline correndo em sua direção  com uma mala azul . Ela chega perto dele ofegante.

— O que faz aqui? - pergunta Thiago , confuso sendo observado por Malú.

—EU irei com você... Pela Malú. Só pela Malú. – responde Aline puxando a sobrinha pelo braço em direção ao portão de embarque.


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