Hermione saiu do banheiro um tanto atordoada e foi logo para a visita no quarto de Rony.

Assim que entrou no corredor ela viu Molly e Arthur sentados do lado de fora do quarto, os dois estavam sempre lá, principalmente Molly. Ela não largava do filho um segundo sequer, e Hermione achava aquilo uma coisa linda. Assim que a ruiva a viu ela lhe ofereceu um sorriso que logo foi retribuído.

— Olá, Hermione! — Molly disse assim que se levantara e a abraçara.

— Oi dona Molly, como à senhora está? Tudo bem com o senhor também, Arthur?

— Está tudo bem, querida! Veio ver nosso menino rapidinho, não é? — Arthur perguntara.

— Vim sim.

— Gina está lá dentro com ele... Você está bem? — Molly perguntou ao notar a fisionomia assustada de Hermione.

— Sim... — suspirou e tentou melhorar sua expressão — Será que a Ginny se importa se eu pedir pra ficar com ele sozinha por um tempinho?

— Claro que não! Venha, eu falo com ela. — Molly dissera e adentrara a porta do quarto com Hermione em seu encalço — Filha? Hermione quer ficar um pouco sozinha com o Rony, você poderia...

— Claro que posso! — Gina respondera e se levantara — Tenho certeza que ele prefere a presença dela aqui que a minha.

— Que bobagem, Ginny! — Hermione dissera assim que a amiga a abraçara.

— Estou apenas dizendo a verdade! Vai, aproveita seu tempo que é pouco. — Gina dissera e saíra com a mãe do quarto.

Hermione ficara sozinha no quarto e voltara o olhar para o ruivo que parecia dormir tranquilamente. Como ela queria que ele estivesse dormindo... Suspirou e foi ocupar o lugar em que Gina estava na poltrona que ficava ao lado da cama.

— Oi, Ron. — ela dissera indo segurar a mão dele — Como você está hoje? — ela riu — Eu devo ser uma boba em ficar aqui conversando com você, não é? Mas, eu sempre gostei tanto de conversar contigo... Se lembra do dia em que nos conhecemos? Bem, me fizeram acreditar que eu tinha me esquecido, mas eu não esqueci. Eu estava mal, disse que você podia ir atrás de outra garota e você disse que preferia ficar conversando comigo. Desde então é o que eu mais gosto de fazer, falar com você.

"Hoje o dia está tão lindo, queria que pudesse ver... Eu sempre gostei de olhar pro céu e ficar pensando na minha vida, mas desde que me apaixonei por seus olhos ficou impossível pensar na minha vida quando olho pro céu. Só consigo pensar nos seus olhos, são da mesma cor. Mesmo nós morando em Londres, eu consigo ver o céu azul em meio às nuvens nubladas. Se bem que ultimamente o céu anda tão lindo, parece zombar comigo enquanto ele cai sobre a minha cabeça.

Logo eu entrego meu trabalho de conclusão, terminam as provas finais e eu serei oficialmente a doutora Granger. Meus pais estão tão orgulhosos, meus amigos animados com a ideia de nos formarmos juntos, tem tanta alegria envolvida nisso e eu não consigo ficar feliz. Eu sempre sonhei com isso, sabe? Mas parece que minhas prioridades mudaram... E olha que eu sempre fui uma garota decidida com minhas prioridades! Mas você mudou tudo, eu não consigo ficar feliz sabendo que você está assim.

Você precisa acordar, Ron. Precisa ficar bem, só assim eu ficarei bem também. Eu sinto tanto a sua falta! Sinto falta de conversar com você, rir das suas piadas, do seu carinho, seus abraços, seus beijos, das suas mãos segurando as minhas, das suas maluquices e seus passeios inusitados! Eu preciso de você aqui comigo, Ron. Preciso agora como nunca precisei antes e eu me sinto tão culpada por isso! Eu sou uma grande burra e idiota, e espero que você me perdoe por essas coisas todas porque eu jamais conseguirei me perdoar.

Quero que acorde, Ron. Que volte pra mim e que nós dois possamos enfrentar todos os nossos problemas juntos, principalmente agora. Eu te amo tanto, Ron! Tanto, tanto! Me desculpe por não ter percebido isso antes, por não ter te dado uma chance... Eu que sempre fui considerada inteligente perante a teoria sou uma grandessíssima burra na prática, principalmente quando o assunto em questão é você! Eu sempre fico cheia dedos, sem saber o que fazer... Você nesse quesito é tão mais esperto que eu, tão mais decidido. Eu ainda tenho muitas dúvidas, mas essa com certeza já não é mais uma. Eu te amo, Ron, e preciso de você... Senão eu não conseguirei aguentar tudo isso sozinha. Acorde, por favor!" — ela suplicou e em prantos debruçou-se sobre o corpo do ruivo para poder abraçá-lo.

Hermione chorava como uma criança pequena, mas sabia que devia se controlar caso alguém entrasse no quarto. Então ela afastou-se do ruivo e secou suas lágrimas, respirou fundo e sorriu ao fitar o rosto do garoto e aproximou-se dele novamente para depositar um leve beijo em seus lábios.

— Tentarei te ver hoje à noite de novo, ok? Eu te amo!

Ela saiu do quarto e não gostou nem um pouco da cena que viu lá fora: Lilá conversando com Molly, Arthur e Gina.

— O que faz aqui? — Hermione perguntou ríspida olhando para a barriga pontuda de Lilá. Como ela podia ser tão cara de pau?

— Eu lhe faço a mesma pergunta! — ela disse debochada e Hermione lembrou-se automaticamente de uma cena parecida que as duas passaram no escritório do ruivo.

— Como assim me faz a mesma pergunta? Você não tem noção do ridículo mesmo não é garota? — Hermione dissera já alterada.

— Vamos nos acalmar. — Arthur pediu para as duas que se encaravam com fúria nos olhos.

— Noção do ridículo? Quem você pensa que é pra falar de noção comigo?

— Com certeza uma pessoa com muito mais vergonha na cara do que você!

— Então acha que eu não tenho vergonha na cara?

— Não só acho como tenho certeza! Você não vale nem o que come garota. É uma grande cobra, isso sim!

— Olha só como fala comigo, sua doutorazinha ridícula!

— Olhe você como fala comigo sua oferecida!

— Meninas, por favor, acalmem-se! — agora era Molly quem falava.

— Você não acha que já causou problemas demais, não? — Hermione perguntara cheia de raiva, já estava perdendo a paciência com Lilá e sua falta de vergonha na cara.

— Problemas demais? — a loira rira debochadamente — Foi você que tentou matar o Rony, querida, não eu...

A frase de Lilá morrera com o tapa que Hermione havia desferido em seu rosto. Ela admitia que graças a ela milhares de problemas estavam acontecendo, mas não deixaria que Lilá nem ninguém dissesse um absurdo daqueles. Ela nunca faria nada com a intenção de prejudicar ninguém, muito menos o Rony. Que sempre demonstrou para ela reciprocidade diante daquele sentimento.

No momento em que se seguiu, Lilá pulará em cima de Hermione para brigar com ela, numa ridícula briga de garotas. Hermione tentara se soltar, mas a loira estava empenhada, então Arthur segurara Lilá e Gina puxara Hermione para protegê-la.

— Mas que coisa horrível é essa? — Arthur perguntara indignado assim que soltara Lilá quando a loira alegara já estar mais calma.

— Hermione, eu sei que nós odiamos essa piranha. Mas ela está grávida, e só por isso tente se conter, por favor! — Gina advertira a amiga.

— Grávida? — Hermione falara incrédula, até quando a loira enganaria a família Weasley se Rony não acordasse? — Essa vagabunda não está grávida, Gina! — Hermione dissera chorando de desespero.

— Hermione, espero que saiba que o que está falando é algo muito sério! — Molly dissera aparentemente decepcionada com a garota.

— Não está grávida? — Gina perguntara olhando nos olhos de Hermione e logo se encaminhara na direção de Lilá, e naquele momento Hermione soube que Gina confiara na palavra dela e logo a ruiva levantara a blusa de Lilá, encontrando uma barriga falsa escondida sob as roupas da loira — MAS É UMA CRETINA MESMO!

Agora era Gina quem pulará no pescoço de Lilá. Todos ficaram muito chocados com a revelação feita por Hermione, se a morena soubesse que os Weasley's ainda estavam sendo enganados pela loira ela teria lhes contado a verdade há muito tempo.

A cena de Gina agarrada aos cabelos de Lilá enquanto a loira gritava estava chamando a atenção de todos no hospital, os outros visitantes olhavam tudo aquilo abismados. Hermione sabia que devia fazer com que aquilo parasse para não prejudicar nenhum dos pacientes que se encontravam nos quartos do hospital, mas ela estava chocada e ao mesmo tempo contente com a cena – tempo depois ela se repudiou por não intervir naquilo, mas no momento ela estava adorando. – então foi Molly que interviu, afastando a filha de cima da loira.

— Filha, pare com isso! — ela dissera para Gina — Quem vai resolver isso aqui sou eu!

E agora era Molly que estava puxando os cabelos da loira, Gina aproveitara-se do momento para pular em cima de Lilá também. Arthur tentava fazer as duas pararem, mas era difícil quando um senhor de idade tentava domar duas ruivas enfurecidas. Hermione estava estática, com as mãos cobrindo os lábios ela não sabia o que fazer. Nenhum dos outros visitantes tentara os ajudar, a não ser Harry que chegara rapidamente.

— Opa, opa, opa! O que está havendo aqui? — ele dissera ao separar as duas ruivas da loira. Enquanto ele segurava Gina, Arthur segurava Molly, as duas estavam vermelhas de raiva.

Ao verem a cena, os outros visitantes logo entraram em seus quartos, sabendo que aqueles encrenqueiros deviam querer privacidade.

Harry vira Lilá abaixando sua blusa e notou a barriga falsa com a loira, e logo ficara ainda mais confuso com tudo.

— Olhe essa vagabunda, Harry! Hermione descobriu que ela estava mentindo pra nós! Pra todos nós! Ela não está grávida! — Gina dissera tentando se soltar do namorado para pular em cima de Lilá novamente.

Harry olhara para Hermione um tanto assustado. Como é que ela sabia de algo que ele e Rony estavam investigando com tanta dificuldade? Mas a morena estava ainda mais assustada que ele, já que chorava copiosamente.

— Como você ficou sabendo disso? — Harry perguntara para Hermione.

— Não interessa como, essa garota mentiu pra nós! Agiu como uma cretina! — Molly dissera chorosa.

— E vocês duas? São duas damas! Por que é que estão agindo dessa forma? Não é porque ela fez uma sacanagem dessas que vocês duas tem o direito de fazer justiça com as mãos! — Harry advertira as duas ruivas que logo pararam de tentar se soltarem dos braços de seus respectivos parceiros.

— Harry tem razão! Logo os seguranças chegam para nos expulsarem daqui! — Arthur dissera.

— Mas eu estou indignada com essa ridícula, Harry! — Gina dissera.

— Eu sei, todos nós estamos! E nós ainda vamos resolver isso, ouviu dona Lilá? Espero que não tenha se esquecido que eu sou um advogado! — Harry dissera duramente para a loira — Mas agora eu quero falar com você, Hermione. A sós!

— E eu vou falar com você, Lilá! Você vai me explicar direitinho o que estava pensando em fazer com essa mentira envolvendo o meu filho! — Arthur dissera.

Harry saíra com Hermione em seu encalço, a morena tentava se acalmar, mas era difícil. Harry a levara até a cantina daquele andar do hospital e sentara-se em uma mesa com ela.

— Tente se acalmar, por favor! — Harry pedira.

— Estou tentando! — Hermione dissera de olhos fechados.

— Respira fundo, nós temos que conversar...

— Tudo bem, estou melhorando.

— Quer um pouco de água?

— Não, obrigada.

— O que houve, Mione? Como descobriu que Lilá não estava grávida?

— Foi o Rony que me contou. — ela dissera abrindo os olhos novamente.

— O Rony?

— Sim, foi ele.

— Hermione, se Rony descobriu isso ele acabou com uma boa parte do nosso trabalho... Mas, ainda tem algumas coisas que não sabemos. Que eu não sei, na verdade. Você precisa me contar!

— Harry, tem tanta coisa acontecendo! — ela dissera tentando não chorar.

— Você precisa me contar, Hermione. Eu quero te ajudar!

— É que eu não sei por onde começar... A cada dia que passa uma coisa nova acontece, eu não sei o que fazer!

— Como assim a cada dia uma coisa nova?

— Hoje mesmo eu recebi uma bomba!

— Que bomba?

— Harry, eu acho melhor não contar nada a ninguém. Não quero colocar mais ninguém envolvido em nenhum problema por minha causa...

— Que bobagem, Hermione! Eu estou te oferecendo ajuda, não me importo com nenhum problema! Espero que também não tenha se esquecido de que sou advogado, estou habituado em resolver problemas... Agora me conte tudo, ok? Tudo.

— Ok... — ela respirou fundo — Por onde quer que eu comece?

— Bem, comece me contando a bomba que você recebeu hoje...

— Harry, — ela fechou os olhos e respirou fundo mais uma vez, e quando os abriu soltou: — hoje eu descobri que estou grávida.