Já era hora do almoço, e junto com ela estavam Draco e Astória. Os três fizeram uma pausa para almoçarem juntos no refeitório do hospital como de costume.

Hermione estava ansiosa, ato que não passara despercebido pelo casal de amigos. Afinal, a morena estava devorando seu almoço. Ela que sempre demorava para mastigar estava acabando de comer antes mesmo de Draco chegar na metade de seu prato, coisa que era impossível de acontecer, afinal o loiro era sempre desesperado na hora da comida.

— Cuidado pra não se engasgar, senhorita. — Draco não perdeu a oportunidade de alfineta-la.

— Muito engraçado! — Hermione respondera revirando os olhos.

— Antes que comecem mais uma picuinha de vocês, já vou avisando que hoje eu estou de scarpin e estou disposta a chutar a canela de quem tirar a tranquilidade do meu almoço! — Astória disse.

— Que grosseira! — Hermione dissera.

— Que agressiva, isso sim! — Draco completara.

— Cuidado comigo, vocês dois! — Astória falara calmamente.

— Bem, eu já terminei! Vou pegar uma bebida e correr, vocês querem alguma coisa? — Hermione perguntara.

— Não queremos não, Mi! — Astória dissera.

— Eu estou preocupado com ela! — Draco falara assim que Hermione se retirara.

— Eu também estou, mas não precisa ficar provocando a menina o tempo todo! — Astória o advertira.

— Não estava provocando ela, é só preocupação mesmo! Será difícil se todos os relacionamentos dela acabarem assim...

— Assim como?

— Depressão! Victor faz muito mal a ela...

— Draco, não seja burro! Hermione não está assim porque ela terminou com o Victor!

— Ah não?

— Claro que não! Ela está assim por causa do Rony. Ainda nem sei porque ela voltou com o Victor, mas ela não está assim por ele. Aliás, tenho certeza que ela está até mais feliz do que a gente porque esse relacionamento acabou!

— Espero que ela esteja mesmo, não quero saber dela chegando perto do Victor de novo.

— Eu também não quero!

— Nem sei o que ela viu nele!

— Ah, meu amor, também não força né!

— Como assim?

— Ela viu coisa e até demais né! A garota tem bom gosto...

— O que você quer dizer com isso, ein Astória? — Draco perguntou já irritado.

— Draco, o Victor é um gostosão né! Moreno, alto, sarado... Um partidão!

— Como assim um partidão, ein?

— Que partidão? — Hermione voltara com um suco e três chocolates nas mãos, um para cada um dos três e sentou-se novamente após entregar os doces aos amigos.

— Ah, amiga, estou apenas dizendo ao Draco o que é meu tipo de "homem delicinha"!

— Com certeza não é o tipo Draco, afinal ele anda um pouco gordinho né? — Hermione zombara do amigo.

— Quem anda gorda é você, senhorita Granger!

— Engraçado Draco, quando estou muito magra você reclama, agora que engordei um pouquinho você reclama também! — Hermione o alfinetara de volta.

— Lembrem-se do meu Scarpin! Pelo o amor vocês dois, que chatos! São piores que crianças! E outra, a Mione engordou no máximo uns quatro quilos.

— E sabe o que isso significa, Astória? Que ela está com depressão! De novo! Mal se curou de uma, já está em outra!

— Mas que saco, Draco! Pare de cuidar da minha vida, sempre com essa história chata de depressão! Eu não aguento mais!

— Eu é que não aguento mais ver você sofrendo!

— Quer saber, Draco? Eu vou logo ir ver o Ron que eu ganho muito mais! Passar bem! — ela dissera aquilo e levantara-se para ir embora, mas antes de sair ela pegara o chocolate que havia dado ao amigo de volta.

Hermione já estava cansada de Draco e suas acusações! Ela sabia que o amigo só era excessivamente preocupado com ela, e gostava de saber que ele sempre cuidava e zelava por ela, mas proteção demais cansa. E ela não era nenhuma criancinha para tal coisa.

Ela realmente estavam bem estressada nos últimos dias, em parte pelas provas finais e a entrega de seu trabalho de conclusão que estavam bem próximas. E também tinham todas as coisas que estavam acontecendo com ela o que faziam-na ficar bem ansiosa. Queria que Rony acordasse logo, que Cedrico resolvesse voltar pra casa logo, que o tempo passasse logo, que ela recebesse o telefonema que esperava logo. Tudo logo, mas nada parecia estar ao seu favor.

O tempo parecia se arrastar e correr simultaneamente e aquilo estava deixando-a louca!

Ultimamente os únicos momentos em que conseguia se sentir tranquila é quando fazia as visitas ao Rony, que infelizmente eram bem curtas. Por não ser da família ela só podia vê-lo nos horários estabelecidos pelo hospital, e por trabalhar na ala de oncologia ela não podia tentar intervir e burlar algumas regras da ala em que o ruivo se encontrava.

Nos dias estabelecidos pelo hospital tinham as visitas no período da manhã, tarde e noite. No período da manhã ela estava em serviço, no da tarde ela conseguia vê-lo pouquíssimo tempo antes que o horário de almoço dela acabasse, e durante a noite ela só podia vê-lo se fosse liberada mais cedo da faculdade. Afinal, ela nunca faltava às aulas e não seria no período final próximo a sua conclusão do curso que ela faltaria.

Hermione começou a sentir uma sensação esquisita, estava enjoada e logo seu telefone celular começara a tocar. Olhou o visor e viu que era um número desconhecido, estranhou pois achava que receberia um telefonema de um número que ela já tinha salvo em seu celular, mas concluiu que devia ser Cedrico que tinha esquecido seu celular em casa mais uma vez e estava ligando para ela de alguma cabine telefônica como sempre. “Só não perde a cabeça porque está presa no pescoço!” pensou e riu.

— Alô? — Hermione disse assim que atendeu o telefone.

— Princesa? Oi, sou eu!

— Victor? — ela dissera assustada.

— Sim, sou eu! Que bom que reconheceu a minha voz...

— Por que raios está ligando pra mim?

— Não fale assim comigo, Princesa...

— Eu vou desligar este telefone, e faça-me o favor de me esquecer e me deixa em paz!

— Hermione, isso nunca vai acontecer! Não posso te esquecer, fomos feitos um para o outro!

— Não fomos feitos um para o outro coisa nenhuma! Me esqueça! Chega, Victor!

— Já disse para não falar assim comigo! Ou se esqueceu do nosso acordo?

— Por favor, me deixe em paz! — ela disse já prestes a chorar.

— Também já disse que não posso! Não até fazer você me amar.

— Eu nunca mais vou amar você, Victor.

— Vai sim! Você querendo ou não.

— Me esqueça, por favor!

— Princesa, por favor, não chore! Desse jeito não tem como eu te dar outras opções a não ser o acordo que tínhamos.

— Chega de acordo! Chega de tudo!

— Tem certeza? Primeiro teve seu primo, agora pelo que sei o seu ruivinho também não está nada bem. Tem certeza que quer continuar fazendo as pessoas que ama sofrerem?

— Você não vai fazer nada com mais ninguém! — ela dissera assustada.

— Exatamente! Porque você continuar seguindo nosso acordo da forma que eu desejar, entendeu?

— Ninguém vai acreditar que eu voltei com você depois de tudo o que aconteceu de novo.

— Pouco me importa o que os outros pensam! Danem-se! Bem, a senhorita está avisada. Logo mais nós nos veremos.

— Nos veremos quando?

— Quando você menos esperar eu aparecerei, meu amor! Fique tranquila, eu também estou com saudades!

— Você é doente!

— Passar bem! Eu te amo! — e então ele desligara o telefone sem que ela pudesse lhe dar uma resposta.

Hermione logo correra para um banheiro próximo e trancara-se lá dentro. O enjoo que sentia deu lugar ao medo e ela começara a chorar desesperadamente. O que faria agora? Como se livraria daquele monstro sem que alguém se machucasse? Teria mesmo que viver submissa a Victor?

Perdida em suas dúvidas ela começara a tremer e tivera dificuldade em atender o telefone quando ele tocara outra vez, mas aquele telefonema ela já esperava.