A Diferentona escrita por Glauber Oliveira


Capítulo 2
As Oxigenadas - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal, estou de volta! Esse capítulo será menos corrido e apresentará novos personagens. Espero que gostem :)



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 No dia seguinte, de manhã, não acordo atrasada. Para falar a verdade, acordo antes dos meus avós e, depois que me arrumo, resolvo fazer o café da manhã: ovos com bacon e torradas (parece que é a única coisa que nós, americanos, comemos no começo do dia).

 Estou terminando de preparar o café da manhã, quando meus avós descem para o andar de baixo e aparecem na cozinha.

— Bom dia, Emily – diz minha avó, puxando uma cadeira para se sentar.

— Acordamos pelo cheiro de comida – meu avô fala, fazendo o mesmo.

— Bom dia – digo, pegando a espátula e a frigideira, colocando ovos com bacon nos pratos diante deles. Assim que as torradas ficam prontas e ponho na mesa, me sirvo, sentando junto com os dois.

— E como foi o seu primeiro dia de aula? – indaga minha avó. – Nem tivemos a chance de perguntar antes, pois quando você chegou em casa, já estávamos dormindo.

— É – ele concorda. – Depois que você saiu, nós demos uma festa e bebemos tanto, que pensei que tínhamos entrado em coma alcoólico. Por sorte, só desmaiamos.

— Bem, foi legal – respondo. – Conheci dois alunos que são do coral da escola, e hoje farei uma audição para entrar no grupo. Além disso, conheci um rapaz que...

— Honestamente, eu não me importo, querida – diz ela. – Só perguntei como foi seu primeiro dia porque temos que manter o papel de avós preocupados. Mas que bom que fez amigos. Quem sabe, andando com eles, você comece a beber, fumar, transar...

— Botar um piercing na periquita como sua avó... – vovô fala.

— Você é a protagonista mais certinha e sem graça que eu já vi. – Vovó segura meu rosto com as duas mãos, olhando no fundo dos meus olhos.

 Fico sem reação. A única coisa que consigo dizer é:

— Foi bom conversar com vocês. Acho que estou atrasada. Tchau.

 Então, pego minha mochila e saio correndo de casa o mais rápido o possível, não sabendo se vou para a escola ou para uma sessão de terapia com um psicólogo.

***

 Decidindo ir para o colégio, a primeira aula que tenho é de química, de acordo com meu horário. Assim que chego na classe, descubro que Bart é da mesma turma que eu ao avistá-lo acenando empolgadamente para mim de sua mesa.

— Dá pra acreditar que você é minha dupla? – ele pergunta no momento em que me aproximo.

— Nossa, é muita coincidência – digo.

— Para ser sincero, eu ameacei contar para a esposa do professor que nós temos um caso se ele não trocasse meu antigo parceiro por você – Bart explica. – De qualquer forma, guardei seu lugar. – E dá duas batidinhas no assento ao seu lado, perto da janela.

 Assim que me sento, o professor entra na sala e começa a nos ensinar a fazer uma bomba nuclear caseira. No entanto, não presto atenção, pois lá fora na pista de atletismo com outros alunos, vejo o rapaz gostoso que esbarrou comigo ontem. Ele está vestindo uma camisa regata, exibindo seus braços musculosos e usando uma bermuda fina de poliéster que mostra um enorme volume na parte da frente.

 Queria que ele me rasgasse toda, penso.

— Bart – sussurro, o cutucando na costela com o cotovelo. – Você sabe quem é aquele ali? – E aponto para o rapaz.

— O com uma mangueira no lugar do pênis? – ele indaga, olhando através da janela.

— Esse mesmo.

— É o James Tripé, o cara mais gato e popular do High Cliché School. Ele é capitão do time de futebol americano, e nas horas vagas trabalha como modelo e integrante de boyband. Ouvi dizer que o pinto dele é tão grande, que ele precisa o enrolar para não arrastar no chão.  James é tipo um Deus grego, perfeito, enquanto nós somos meros mortais.

— E quem são elas? – pergunto, me referindo às três garotas loiras praticamente iguais, exceto por alguns detalhes, se aproximando de James. Uma delas chega mais perto e começa a conversar com ele, sorrindo e envolvendo a ponta da mecha de cabelo ao redor dedo indicador, o girando. De acordo com sua linguagem corporal, ela está dando em cima dele.

— São as oxigenadas – responde Bart. – As meninas mais bonitas e populares do High Cliché School. A alta e magérrima flertando com o James é a Virginia McBitch, a líder e mente diabólica do trio. Uns dizem que ela é o anticristo. Outros dizem que o cabelo dela é volumoso porque é ali que ela guarda os cadáveres das inimigas.

 De repente, enquanto James fala, Virginia o surpreende com um beijo. Sinto como se eu tivesse levado um tiro bem no peito. Meus olhos se enchem de lágrimas, pois eu que devia beijá-lo, afinal, essa é a minha história. Contudo, me esforço em segurar o choro, vendo os dois ali se pegando.

— E-eles dois namoram? – questiono, gaguejando, a voz embargada.

— Atualmente não, mas eles sempre terminam e voltam depois. Agora, ela está apenas tirando uma casquinha dele por ser sua propriedade. Virginia e James foram feitos um para o outro. Ambos são bonitos, ricos e populares.

— Ah, entendi. – Então, tento mudar o foco do assunto. – E as outras oxigenadas?

— A baixinha é a Greta, uma maluca religiosa e fofoqueira criada em uma família conservadora. O pai dela é pastor, e uma vez ela perguntou se eu não queria que ele curasse minha homossexualidade tirando a pomba-gira de dentro de mim. Aí eu falei: “Se sua pomba não gira, não tente exorcizar a minha”. E fui embora, sambando na cara da pirigospel. Por último e menos importante, tem a Karina, que passou na fila dos peitos três vezes e se esqueceu de passar na do cérebro. Ela é tão burra que não acredito que seja um ser humano e sim uma placenta confundida com um bebê na hora do parto.

 Volto a olhar lá fora. Virginia e James param de se beijar e, subitamente, ela dá as costas para ele, partindo com suas seguidoras como se nada tivesse acontecido.

***

 No horário do almoço, pego minha bandeja de comida e caminho até mesa do Clube Glitter, onde Laquisha e Bart me esperam para me apresentar aos outros integrantes.

— Hey, garota ruiva! – Abruptamente, paro ao ouvir alguém me chamar e me viro, procurando saber quem é. – Aqui! – Fico petrificada ao ver que Virginia McBitch, a aluna mais bonita e popular, está acenando para mim e me dirigindo a palavra. Olho para trás para ter certeza de que não é outra pessoa com quem ela está falando. – Você é retardada? É você mesma!

 Hesitante e apavorada, ando em direção à mesa onde as oxigenadas estão sentadas.

 Ai, meu Deus, eu estou toda cagada. O que Virginia quer comigo? Será que ela sabe que eu gosto do James Tripé?


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Notas finais do capítulo

Se gostaram e querem o próximo capítulo, comentem, por favor (isso vale para os leitores fantasmas também, pois eu sei que vocês existem).