Avatar: A Lenda de Kyoshi escrita por Lucas Hansen


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Introdução a história que mostra como ela será em alguns quesitos.



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O dia não estava para peixe. 

Ficou de manhã até o fim da tarde no mar ao norte, e dificilmente o sol aparecera. Somente nuvens nubladas pintavam o céu de facetas cinzentas, como uma forma de ameaça de uma tempestade que estaria por vir. 

Contudo, ao menos alguns peixes-pássaros e peixes-porcos foram aprisionados pelas redes. O valioso camarão-caranguejo não apareceu nem ao menos uma vez, e se fosse fisgado, preferia guardá-lo para uma ceia do que vendê-lo. 

— Mas que maldição em? — Disse para o imediato. — Cadê esses malditos camarões-caranguejos? 

— Não estamos em época, senhor. 

— Foda-se a época! Preciso do meu ouro. De qualquer forma, vamos voltar para a vila. — Xingu, o imediato caolho, gritou: 

— Ouviram o capitão, bando de gatos-lesma! Levantem as velas! Vamos voltar para a casa! 

Os homens correram de um lado e outro para cumprir as ordens e retornar com uma pescaria escassa. Imaginava que provavelmente teria de negar dar o ouro para alguns de seus marinheiros, já que não venderia tanto. 

Caso não gostassem, sua dobra de terra sem dúvida o farão mudar de ideia. 

— Senhor, e quanto ao Avatar? 

— O que tem esse maldito? — Odiava com todas as poucas forças que possuía em seu corpo velho Avatar Kuruk. A antiga vila que morava fora destruída por conta de alguns revoltados contra o Rei da Terra e Ba Sing Se, mas, de alguma forma, fora sua esposa que pagara por essa raiva. Caso Kuruk fosse um bom Avatar, nada disso teria ocorrido.

Ao menos seu filho ainda estava seguro na nova vila que começou a morar com a destruição da antiga. 

— Só queria saber quando ele vai voltar... Você deve saber, eu acho, já que sabe mais sobre ele do que eu. 

— Está me chamando de velho rapaz?

— Não senhor. — Respondeu de imediato. — Só quero dizer que você viveu a época dele. Não disse uma vez que até o viu?

Era verdade. Enquanto Kuruk treinava sua dobra de terra em um passado distante, ele o desafiou para um duelo simples. Claro que Kendu teve de aceitar; jamais perderia para esse Avatar. 

Isso não foi verdade. Sofreu mais do que gostava de admitir ao tentar vencer o garoto, e ainda perdeu. 

— Se vi o Avatar covarde ou não é irrelevante. O importante é que não conseguimos pescados hoje. 

— Espero que ele volte para nos ajudar... Dizem que um tal de Chin está ocupando terras. 

Kendu cuspiu. 

— Apenas mais um pretenso a conquistador. Não vai chegar tão longe quanto qualquer outro antes dele. O Reino da Terra não deixa homens assim viverem muito, e se depender do idiota do Kuruk, todos nós seremos destruídos. 

Seu imediato suspirou. 

Durante toda a curta navegação até o sul o silêncio reinou, com exceção do som constante da maré e um eventual trovão. 

A distância, enquanto já se aproximava da nova vila que ergueu, Kendu enxergou uma fumaça negra como a noite subindo ao céu, se destacando com o monótono cinza das nuvens. 

Uma aflição tomou seu coração, e por um momento, ele aparentou parar. Até que, infelizmente, voltou a bater e rebater dentro de seu corpo. 

— O que é aquilo? — O imediato perguntou. 

— É fumaça? — Outro disse. 

— É claro que é fumaça, imbecil. Içar as velas, com toda a força! 

Mas os ventos não o ajudavam a chegar em casa rapidamente. Parecia soprar para o nordeste quando precisava dele direcionado ao sul. Perguntava-se aonde estavam os dobradores de ar quando precisava deles. 

— Será que é a Nação do Fogo? — Um jovem perguntou. 

— Não seja estúpido! — Respondeu-o. — A Nação do Fogo não é corajosa o suficiente para deixar o seu palácio, e eles nunca conseguiriam nada contra o Reino da Terra. — Mas a visão de fumaça fazia Kendu duvidar da própria afirmação. 

Enfim atracaram na vila após, aparentemente, horas. Todas as casas erguidas com madeira, palha e pedras estavam queimadas e derrubadas. Até mesmo a modesta moradia que construiu com sua dobra para ele e seu filho se encontrava rachada em muitos pedaços. 

Nenhuma evidência de quem ou o que cometera um crime como esse, e pior, de onde o seu filho se escondia. 

— Procurem por sobreviventes! — Capitão Kendu ordenou. — Procurem pelo meu filho. 

Os marinheiros correram para cumpri-la. Seu imediato e outro homem ficaram com Kendu. 

Percebeu um vulto afastado, apesar de sua velha visão. Caminhou até ele com fúria, e essa diminuiu quando percebeu que era apenas um jovem garoto; bem menor do que seu próprio filho. 

— Garoto, — Começou.— Sabe o que aconteceu na minha vila? Onde estão as pessoas? Quando saíamos de manhã tudo ainda estava bem. — Ele ficou quieto. — Garoto? Está me ouvindo? Garoto?! 

Só então o menino levantou. Apesar do corpo pequeno, parecia ter feições de um adulto. 

— Ouvi, meu caro senhor. Alto e claro. — Até mesmo sua voz era de um adulto. 

— Então me diga. O que aconteceu com a minha vila, e com o meu filho? 

— Sua vila? — Ele forçou um riso. — Acho que está enganado, senhor. Essa vila sempre foi minha. 

— Não, eu a ergui, logo, ela é minha vila e meu povo. Mas agora, estou mais preocupado com o meu filho. Para onde foram as pessoas que viviam aqui? 

— Depende no que eles acreditam. — Disse com ironia. 

— O que quer dizer? 

— Que eles devem estar no Mundo Espiritual, se é que tal fábula existe. 

Uma súbita raiva governou o seu corpo em um instante. Colocou-se em posição de luta, tão imóvel e resistente como uma rocha, e os homens que o seguiam fizeram o mesmo. 

— Saia da minha vila garoto, agora! 

— Sua vila? — Riu novamente. — Meus amigos discordam. 

Repentinamente, o chão começou a estremecer, como um terremoto, ou como se o próprio Kuruk estivesse debaixo da terra. 

Mas, o que saiu do solo foram dúzias de dobradores de terra. Cada um maior e mais bruto do que o outro. Entretanto Kendu já enfrentara o Avatar, não seria alguns meros dobradores de terra que o faria temer. 

— Maldito, onde está meu filho? 

— Já disse, não está mais nesse mundo. Mas não se preocupe, logo você o encontrará. Garotos. 

Os fortes dobradores de terra enviaram um golpe tenebroso em sua direção. Seu imediato tentou se defender, mas sua barreira não foi o suficiente para conter a rocha arremessada, e metade do seu corpo foi esmagado. 

O outro marinheiro não fora tão corajoso quanto Xingu. Ele tentou fugir das dezenas de guerreiros, mas logo ele foi apanhado pelas pernas, e sem nenhum remorso ou hesitação, dobraram uma enorme rocha na cabeça do garoto, espalhando seus miolos e regando as plantas com sangue. 

Apesar de seu esforço, Kendu não era páreo para os números. Conseguiu derrubar meia-dúzia de homens com o auxílio de sua fúria e desespero por seu filho, mas não demorou até que deixassem-no de joelhos. 

O pequeno garoto caminhou até Kendu, e mesmo em pé, o menino tinha a mesma altura de Kendu ajoelhado. 

— Quem é você, garoto? 

— Eu não sou um garoto, velho. Sou Chin, o Conquistador. Nunca mais esqueça disso. 

O homem e suas palavras foram as últimas circunstâncias que viu e ouviu. Uma rocha se chocou com sua nuca, e depois, algo pontudo o atingiu no peito, e sua roupa esverdeada colava em sua pele. 

Mas a dor de repente passou e o sono eterno o aprisionou. 


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