Silver escrita por Isabelle


Capítulo 35
Capítulo 34 - Wade


Notas iniciais do capítulo

"O tempo que eu perdi
Só agora eu sei
Aprender a dar foi o que ganhei
E ando ainda atrás desse tempo ter
Pude não correr pra ele me encontrar
Não se mexer
Beija-flor no ar"
— Little Joy



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/679926/chapter/35

Eu dirigia com tanta dor no peito que parecia nunca estar próximo de chegar aonde fosse que Lorena estivesse, e infelizmente, naquele momento, ela já não estava em lugar nenhum. Os meus olhos vagavam pela estrada que parecia nunca ter fim, e eu rezava a um Deus que eu nunca tivera certeza se me escutava, para mantê-la bem. Segurei ambas as minhas mãos no volante e tentei me concentrar em contar todos os números possíveis. Eu não tinha muita ideia do que estava acontecendo a minha volta, apenas via a estrada se discorrendo, enquanto meu coração gritava ao tentar não se lembrar dos soluços de Lorena, e dos seus eu te amo. Nem sabia expressar o quanto aquilo estava doendo. Queria apenas ter certeza que ela estava bem.

Muitas pessoas estavam paradas na estrada em uma fila de carro gigante. Eu enfiei o carro no canto da rodovia, em uma parte bem mais afastada, e bati a porta sem nem ao menos verificar se o carro havia trancado ou não. Tinha sido uma atitude extremamente estúpida, mas eu estava pouco me ferrando para as coisas que não fossem Lorena. Dancei por entre as pessoas e vi o carro em que Lorena tinha saído mais cedo ser puxado por um guindaste, enquanto o mesmo estava completamente e totalmente amassado. Eu nem ao menos sabia como ela tinha sobrevivido para me ligar.

Comecei a empurrar todos que eram apenas curiosos em expectativa e ultrapassei os limites, porém, um policial me empurrou de volta sem a menor misericórdia, me avisando que deveria me manter longe pois aquela era uma área restrita, que estava sendo investigada. Minha raiva fora tão grande, que eu nem ao menos tive trava na língua a dizer algumas coisas que não tinha orgulho, contudo, não se preocupava. Eu só me preocupava em encontrar a mulher pela qual eu havia feito votos de amar para todo o sempre.

— Senhor, por favor, tem que se acalmar e manter a distância.

— Eu só quero ver minha esposa, tudo nesse momento que eu mais quero, você pode, por favor, me dizer com quem eu falo? Ela se chama Lorena, Lorena

O policial bufou, e girou a cabeça, chamando por uma outra policial que estava livre apenas observando tudo que estava acontecendo. Ela caminhou até ele com passos firmes, e depois que eles trocaram palavras, me lançou um olhar bondoso. Trocamos olhares por alguns segundos, até que ela criou coragem o suficiente para caminhar até mim.

— Posso saber o que está acontecendo? — Perguntei, bravo.

Sua mão percorreu minhas costas e ela me empurrou até uma ambulância vazia. Me sentei no chão da mesma, e ela continuou em pé, mordiscando o lábio tentando achar uma forma de me explicar o que estava acontecendo. Meus olhos apenas dançavam sobre ela em uma completa impaciência.

— Alguém naquele carro fez uma ligação para a emergência. Encontramos o celular dessa pessoa. — Ela tirou no bolso um celular encapado em um saco plástico de investigação que eu reconheci por ser de Lorena.

— É o celular da Lorena.

— Lorena é sua esposa? — Os olhos bondosos tentavam esconder o que realmente se passava.

— Sim, ela está bem? — Havia suplica no meu olhar não havia como negar.

O maxilar da moça se travou, e ela respirou profundamente, antes de soltar um sorriso sem graça, e se sentar ao meu lado. Suas mãos se fecharam em um punho, e ela as colocou em cima de suas coxas cobertas por aquela calça azul escura. Trocou um olhar sério com o céu, após, deslizar uma mão para meu ombro. Queria poder falar para que ela não me tocasse, mas estava pouco me fodendo, queria que ela parasse de enrolar e eternizar aqueles segundos que pareciam nunca se passar, e apenas abrisse aquela boca e dissesse onde estava minha mulher, e se ela estava viva ou não.

— Não encontramos eles. — Disse, por fim.

— O que? — Meus tímpanos estavam fazendo um barulho parecido com um zumbido.

— Não encontramos nenhum deles. — Ela cruzou os dedos por cima do colo. — A ambulância chegou aqui, e já haviam alguns carros que tinham parado por conta da confusão. As pessoas estavam naquele cerco, sem ter coragem o suficiente para ultrapassar, e quando deslizamos para dentro com a polícia para averiguar o carro, não tinha vítima nenhuma lá dentro. É claro que sabemos que haviam pessoas lá dentro, pois havia sangue espalhado por todo o local, mas nenhum sinal delas. Tentamos vasculhar a trilha para ver se nenhum animal havia os arrastado, mas nada, nenhum um vestígio, então quem quer que tivesse os tirado dali, foi o mesmo que havia provocado o acidente, mas a única coisa que a polícia não consegue entender é o porquê. — Meus ouvidos mal escutavam o que ela estava dizendo. — Estamos tendo um problema com um assassino local desde muito tempo. Ele vem matando pessoas aleatórias não só aqui, mas em várias outras regiões e uma linha que podem juntar todo essas coisas talvez seja por conta daquela empresa ali, mas não temos certeza, estamos investigando ainda, nossos melhores homens estão sendo colocados nesse caso. Qualquer coisa vamos manter você informado, mas não temos o menor sinal de sua mulher. Eu sinto muito.

Fiquei encarando o céu, sem saber o que dizer, e senti as lágrimas pingando no meu rosto, da mesma forma que elas estavam fazendo ao estar sentado naquela sala com a total escuridão a minha volta, me lembrando daqueles dias horríveis que eu queria poder afugentar da minha mente, em companhia de Lorena. Funguei, sentindo meu corpo todo prestes a desabar em uma crise de choro e fiquei brincando com a lanterna iluminando as paredes, sem nem ao menos ler as sentenças que estavam escritas nela. Minha cabeça encostavam a área fria daquela outra parede coberta por cartazes, e eu não me importei em brincar com os sons ao bater meus pés contra aquele chão um tanto empoeirado. Um grande barulho vinha de fora daquele salão por conta das pessoas assistindo os shows daquele dia, mas eu não queria sair. Não queria nem ao menos me lembrar que eu era um integrante daquele mundo monstruoso. Não queria me lembrar do olhar do Charlie após fechar aquela porta, e me pedir para não se aproximar dela.

— Só… não se aproxime de mim, tudo bem?

Eu havia puxado seu braço, e encontrado seus olhos que estavam tão machucados, tão doloridos, tão sem esperanças, que não pude fazer mais nada. Eu estava tão sedento por uma luz que nem ao menos me preocupei com ela. Não me preocupei com seus sentimentos, e só queria me manter o mais longe possível para que nunca mais pudesse fazer aquilo. Eu não merecia amá-la daquela forma, ela merecia um amor tão puro que fosse poesia numa maneira fácil de ser, em uma maneira que simplesmente acontecesse, e eu não podia dar aquilo para ela. Eu não poderia oferecer uma forma linda de amor, pois todo meu amor havia sido corrompido.

A porta se abriu, e uma fresta de luz invadiu a escuridão, me deixando um tanto em desagrado. Esfreguei as mãos uma da outra, e deixei que Cristina se aproximasse de mim segurando um lampião, enquanto seu corpo escorregava para perto do meu tão calmamente, que por um segundo a dor de meu coração foi menor. Só pelo simples fato de vê-la perto de mim.

— Você some e reaparece com muita facilidade, não é mesmo meu filho?

— Me desculpe, eu… com esse negócio da faculdade, fiquei um tanto ausente.

— Quando chegou hoje, estranhamos de você não ter trago a garota junto com você, aquela do cabelo meio branco. — Uma risada. — Josias disse que você abandonou a garota, mas eu sei muito bem que você não faria isso, não com uma garota que você olhava com tanta paixão.

— Aconteceram coisas complicadas, Cristina. — Estralei os dedos focando o nada, a luz do lampião nos iluminava fracamente.

— Olhei dentro dos seus olhos e consegui senti sua dor, pequeno Wade.

— Cristina, eu realmente…

— Sua mãe te contou que vinha aqui mesmo quando você, não vinha mais? — Suas mãos ficaram dançando perto do fogo. — Até quando ela só vinha para o Brasil para te visitar, ela continuou vindo aqui. Me contou uma história sobre uma garota de cabelos dourados que parecia ter roubado seu coração e que te fazia prometer não dividir esse seu amor mais com nenhuma moça. Fiquei totalmente glorificada ao saber que o pequeno Wade que eu tinha visto crescer estava inundando esse coração de amor, e coisas boas com uma garota que dividia as mesmas coisas, pois como sua mãe falava sobre ela, até parecia que a garota era uma santa. — Outra risada.

Levantei os olhos, ela continuou fitando o nada com um sorriso gostoso espalhado pelos lábios. Não queria tirar os olhos dela por medo de que ela parasse de contar aquilo.

— Mas então, sua mãe voltou um dia com a notícia de um acidente, disse que você tinha se tornado apático, e que sua alma havia adoecido. Orei muitos dias para você, meu menino, mesmo que não o visse há anos, orei para que você conseguisse lidar com o coração quebrado, mas, mesmo assim, com as visitas de sua mãe e até os telefonemas, ela não me dizia que você estava melhorando de forma alguma, na verdade, parecia piorar cada vez mais. Eu, é claro, já estava ficando brava com os deuses. Mas então, ela me ligou enfim, para dizer que meus Deuses haviam feito algum milagre. De um dia para o outro você disse que queria um emprego, disse que estava cansado de viver a base de nada, e que queria renovar sua vida.

O olhos dela tateavam a parede como se ela conseguisse ler as frases na escuridão iluminada por apenas o pequeno lampião.

— Não posso nem tentar expressar a felicidade que nossos corações estavam sentindo por você. Queria agradecer aos deuses por ter iluminado o seu caminho. Contei para Josias que riu de alegria por você, e afirmou que aquilo era obra realmente dos deuses, que mesmo que não tivessem tirado o cinza da sua vida o estavam tornando um pouco pratas. Eu ri daquilo, e discordei totalmente, disse que sua vida estava sim tomando uma coloração brilhante enfim, e não somente prata.

Ela esfregou as mãos, e eu estava me afogando naquela história.

— Por ironia da vida, você me apareceu semanas depois com uma menina dos cabelos tão pratas que eu fiquei sem fala quando ela apareceu, não conseguia compreender da onde Josias tinha tirado aquela frase, mas ele tinha acertado, e ali estava você, com sua garota dos cabelos pratas. Ele gargalhou alto para mim depois que vocês dois seguiram seu rumo para a sala, e eu tentei desviar do assuno, e falar que aquilo era muita coincidência e que não havia nada assim, mas sabia que estava sendo contraditória comigo mesma. Tinha visto a forma como você olhava para aquela menina, você tinha conseguido encontrar amor, uma segunda vez, e naquela noite, após ver ambos tão juntos, aconchegados na presença um do outro daquela forma, ascendi uma vela aos deuses para agradecer todo aquele amor que desabava de ambos seus peitos.

Eu estava chorando. Lagrimas pesadas que tampavam meus olhos e deixavam minha visão embaçada estavam queimando minha bochecha enquanto em escorriam até meus lábios. Tentei não soluçar, mas era praticamente impossível. Não conseguia conter as lágrimas pesadas e doidas que saiam diretamente da dor no meu coração, e escorriam pelo meu rosto com tanto cuidado. Queria que ela fosse menos amorosa, e que gritasse que eu quera um idiota por ter desperdiçado uma chance como aquela, mas ela não entendia a dor que eu sentia todos os dias na minha vida. Todos os dias ao me lembrar que não havia mais nenhuma esperança para ela retornar. Lorena tinha ido. Para sempre.

— Não consigo superá-la. — Parecia uma criança do tanto que chorava. — Ela está em minha mente todo o tempo, aparecendo para dizer que substitui seu amor, que deixei ele ir embora, mas eu nunca faria isso, nunca…

— Wade, isso está na sua cabeça. Esta nesse medo bobo que você tem de deixar o amor escorrer por entre seus dedos, é isso que fica na sua cabeça, esse medo bobo que imita uma voz da Lorena. Porque tenho certeza que se por um acaso essa garota fosse como sua mãe a descrevia, eu duvido muito, mas muito mesmo, que de alguma forma ela faria qualquer coisa para te impedir de ter outro amor.

— Mas não é justo, não é justo nada daquilo. Éramos para passar a vida todos juntos, eramos para nos amar, e então, meu coração ficou tão confuso, porque, eu me sinto tão, tão apaixonado por Charlie. Ela é a garota mais fantástica que já conheci, e foi tão fácil amá-la, quase tão fácil quanto foi amar Lorena, e agora, Lorena se foi mesmo, e parece que estou traindo ela, parece que eu estou deixando que ela vá para o fundo da minha mente, e que estou colocando Charlie na frente.

— Olhe para mim, meu querido. — Seus olhos domaram os meus com aquela leve chuva de amor que ele carregava. — Você tem que superar o passado. Eu sei mais do que qualquer coisa o quanto você amava aquela garota, e esse amor não vai sumir, ele vai ficar dentro de você pra sempre até o dia que você deixe esse mundo. Mas infelizmente, meu caro, Lorena teve um destino e ele aconteceu. É claro que não foi justo, muitas coisas não são justas, mas elas acontecem mesmo assim. Então, ela se foi, não está mais aqui. Precisa parar de se culpar pelos erros do passado, Wade. Não tem que se privar da felicidade porque uma coisa terrível aconteceu a uma pessoa que você ama. Imagine se todas as pessoas se privassem do amor, porque a vida foi injusta com eles?

“Como acha que a própria Lorena se sentiria se soubesse que não está movendo sua vida por causa dela? Que deixou seu coração virar essa coisa morta, e afasta as pessoas que te amam, pelo simples fato dela ter ido embora desse mundo? Sei o quanto foi triste, e como vocês eram perfeitos um para o outro, mas por algum motivo a vida te deu outra pessoa e deixe me ser bem sincero com você, Wade, ela não costuma ser tão boa assim, não. Ela acha mais engraçado ter aquele pingo de sarcasmo, e te deixar sem nada.

Minhas lágrimas tinham secado no rosto, mas ainda não conseguia dizer nem nada. Nem acreditava que teria algo para dizer depois de todas aquelas palavras que ela havia acabado de me dizer. Eu realmente precisava ter vindo aquele lugar muito tempo antes, mas não conseguia. Não queria ainda vir para o lugar que eu havia sem querer transformado no meu lugar e da Charlie.

— Charlie é uma garota ótima, e tenho certeza que ama você com uma força que nem sei explicar.

Meu coração ecoava pela pequena sala.

— Ela veio aqui uma vez sozinha, sabe?

Cristina tinha o costume de dizer as coisas com tanta calma, que queria poder roubar um pouco para que eu também ficasse daquela forma, pois no momento em que ela mencionou o fato de Charlie, meus olhos se assustaram de uma forma tão grande, que achei estranho eles não terem fugido de minha face.

— Não achei estranho, claro, ela podia muito bem vir sozinha, mas então ela só vinha sozinha, sem você, e quando eu olhei para seus olhos em uma das vezes que ela entrou aqui, e se escondeu nesse mesmo canto que você está sentado agora, eu consegui ver que ela vinha se esconder do mundo — Cruzou as mãos. — A vida te deu essa garota, Wade, e você está deixando com que o seu passado afete seu futuro. Está escolhendo a solidão em vez de ter uma vida com aquela menina. Está escolhendo fechar seu coração e eu não consigo nem pensar nisso. Eu sei sobre Lorena, mas ela mais do que todos, gostaria que nesse momento você parasse de desperdiçar as chances q a vida te dá, e fosse atrás dessa garota.

— Não mereço o amor dela, não quando estou tão…

— Por que não deixa que ela julgue isso, em vez de fazer suposições?

Deitei minha cabeça em meus joelhos e deixei o ar penetrar meu pulmão, ao longo que Cristina pegou o lampião e foi se distanciando de mim, enquanto eu apenas a ficava fitando. Seu corpo ficou parado a porta alguns instantes observando todas as frases mal iluminadas naquela sala, eu não tinha ideia do que aquele olhar significava, mas era um olhar tão tranquilo, que mesmo que se houvesse preocupação em seu fundo eu nunca poderia notar. Ela soltou uma respiração e deu um sorriso, voltando seu olhar para mim. Quis desviar o olhar daqueles olhos tão serenos, mas não consegui, ele reconfortava minha alma de uma maneira que eu nem sabia explicar.

— Pode escolher vir para a luz Wade, ou então ficar nesse mundo escuro que você está, tudo isso depende de você. — Fechou a porta, deixando com que tudo ficasse escuro.

Enrolei meu corpo em algo que parecia um daqueles animais que se enrolavam todo, e fiquei ali. Parado, onde ninguém poderia me alcançar, onde minhas decisões não tinham um peso gigante, onde tudo era mais fácil já que ninguém de forma alguma poderia vir até mim, e bagunçar todas as minhas estruturas. Fiquei sentado ali, daquela forma, apenas com meus próprios pensamentos, e lembranças. Meu corpo parecia querer se lembrar, mas não de Lorena. De alguma forma, eu tinha que entender que eu tinha que superá-la e sim, ela estava a todo momento em minha mente, contudo, naquele momento, naqueles preciosos momentos, uma quantidade considerável de cenas minhas e Charlie brincavam com meu psicológico.

— Seu cheiro é tão bom, por que você cheira tão bem? — Perguntei, e mesmo que fosse só em minha cabeça, consegui escutar a risada que ela soltou.

— Eu costumo tomar banho regularmente. — Ela disse, seu corpo estava tão próximo do meu.

— Não se afaste, me deixe usufruir dessa fragrância que você carrega em si.

Ela estava bem ali, com o corpo colado com o meu, e naquela época parecia que faziam anos que Lorena havia ido desaparecido. Eu só não conseguia pensar direito quando estava com Charlie, e quando não estava com ela, meu cérebro parecia pensar demais em coisas que ele não deveria pensar, mas naquele momento ele estava diferente, algo nele não estava certo. Meu corpo encolhido naquela forma, as lembranças de Charlie brincando comigo, e a única coisa que ele pensava era o porque naquele exato momento eu não estava com ela, e em alguns segundos, eu já sabia exatamente o que eu tinha que fazer.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Me desculpem pela dor do cap anterior ♥