Silver escrita por Isabelle


Capítulo 32
Capítulo 31 – Wade


Notas iniciais do capítulo

"Desculpe o Auê
Eu não queria magoar você
Foi ciúme sim
Fiz greve de fome
Guerrilhas, motins
Perdi a cabeça
Esqueça!"
— Tiê (cover)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/679926/chapter/32

 

O cheiro dela envolveu todo meu corpo e meu coração bateu tão alto que qualquer um naquela sala conseguiria ouvir, era só prestar atenção o bastante para perceber que meu corpo todo tinha travado na mesma posição, com medo o bastante de se locomover e perder o seu odor que circulava tão calmamente. Não fazia ideia de como tinha sido tão fácil para seu cheiro me atingir já que toda aquela sala estava sendo envolta por camadas e mais camadas de tinta. Contudo, mesmo assim, o seu cheiro conseguiu confundir todos os outros, e passar despercebido por aquele aroma pesado, e entrar em meus pulmões disparando as memórias mais claras e fáceis dentro de mim.

Deslizei para trás seguindo a mesma linha para não perde o cheiro, e encostei em um quadro. Fechei os olhos, sem me importar com todas as pessoas a minha volta contentes e risonhas que pintavam as paredes e consegui visualizá-la puxando a memória do fundo de mim. Ela estava deitada na cama no hotel em Uberaba. Seu corpo todo espalhado em um canto onde ela conseguia sem o menor pudor brincar com meu coração de uma forma inexplicável. O sorriso reluzindo em seu corpo, enquanto ela me encarava com seus dois olhos gigantes, travando uma guerra com meus sentimentos. De um lado meu corpo todo tentava sucumbi-la para longe de mim, do outro, havia grandes sentimentos lutando para que ela permanecesse. Eles não estavam prontos para abrir mão de Charlie ainda.

Abri os olhos novamente, e percebi que ninguém havia me percebido. Estralei os dedos da mão, e tomei um gole de coragem para chegar perto o bastante de Charlie que estava em cima de uma escada segurando o pincel. Seu corpo era envolto de um short jeans, um tanto rasgado, com uma blusa branca envolta por outra xadrez que cobria seus braços. Ao contrário das outras pessoas, ela não havia colocado um avental, estava totalmente sem a menor preocupação pintando, apenas focando nos detalhes.

— Você está se saindo bem aí. — Afirmei.

Os olhos dela se descolaram do ponto firme, e se voltaram para mim. Ela soltou um leve sorriso, e deixou uma cor rosa invadir suas bochechas. Senti uma saudade enorme daqueles olhos encontrando os meus, e agora que ela fazia isso sem tanta pretensão, parecia ter fico impossível de evitar que meu coração voltasse a tocar aquelas melodias tão bregas sobre ela.

— Falta retocar algumas partes, como ali em cima, que ainda está só com uma camada, mas acho que não tem muita dificuldade em pintar uma parede de branco.

— Você ficaria extremamente surpresa.

— Passo muito tempo com o Alex, nada mais me surpreende.

Uma risada veio tanto dos meus lábios quanto dos dela.

— Mas acho que está ficando ótimo, não está? — Olhei para todos que se empenhavam.

— Concordo, se conseguirmos fazer que nem a sala… — A sua voz parecia desaparecer gradativamente ao longo que ela ia falando, e meu coração entrou em total empatia com o dela.

— Então vocês dois terminaram? — Erica perguntou, tornando o clima ainda mais pesado.

Engoli em seco perdendo todas as letras que alguma vez eu já tinha aprendido na vida.

— Sim. — Charlie disse, sem o menor medo de deixar as palavras estamparem seus lábios. Não era como eu. Tinha medo ao falar aquilo. Ela não.

Meus olhos saíram de Erica para Charlie que tinha voltado a se focar na parede. Ela não parecia magoada como eu esperava que ela ficaria, mas sim com uma força tão grande que eu realmente queria bater a cabeça na parede.

— Então você está solteiro?

Um sorriso gratificante surgiu em seu rosto, e ela traçou uma mão por cima dos meus ombros. Soltei uma risada com aquele gesto, e Charlie olhou para nós dois também com uma risada nos lábios. As maçãs do rosto se aproximaram ainda mais dos seus olhos, e eu quis beijá-la. Num súbito impulso, em um súbito golpe, meu próprio coração havia me traído, sem nem ao menos me dar algum tempo para poder revidar.

Lancei meu corpo para longe de Erica de uma forma discreta e mantive meus passos retos e curtos. Apertei um botão no celular para me lembrar de tudo aquilo, e escutei uma voz doce e calma. As batidas do meu coração se tornaram menos pesadas, e consegui voltar para a sala de aula coberta com seu cheiro de tinta, agora livre de qualquer perfume que Charlie poderia soltar no ar.

Supervisionei o trabalho de todos, enquanto de vez em quando ajudava com o que fosse necessário e consegui tirar boas risadas daquela tarde junto a eles. Todos pareciam tão dispostos, e alegre para o projeto que até mesmos outros professores vieram ver se precisávamos de algo, até mesmo Alex apareceu para ajudar em algum ponto, e tudo ficou muito mais fácil. Conversar com Charlie ainda era um tanto estranho, mas não como antes, e eu quase conseguia ver o inicio da nossa amizade recomeçando. Alex, eu e ela demos tantas risadas juntos que senti falta de passar tempo com todos eles. Me sentia um verdadeiro idiota por simplesmente ter afastado as duas pessoas extremamente importantes da minha vida, mas sabia que fora necessário. Ao menos Charlie não parecia me olhar com raiva mais, e o olhar de nojo no rosto de Alex havia diminuído.

A noite foi caindo, e junto com ela as pessoas foram se despedindo pouco a pouco. Charlie havia atendido o telefone em algum momento da tarde e saído desesperada da sala enquanto o atendia. Alex e eu trocamos um olhar preocupado, mas ele me garantiu que provavelmente deveria ser algo relacionado a sua mãe, ou coisa parecida, então apenas dei de ombros e fingi que aquilo não me incomodava, porque sinceramente, incomodava muito. Queria desvendar seus segredos, entender o que se passava em sua cabeça, conseguir empurrar toda a bagunça que eu deveria ter feito no seu coração para longe, e me aconchegar em um lugar quente e apertado lá dento.

Sabia que não podia de forma alguma fazer aquilo. Não podia brincar com seu coração daquela forma. Saindo e entrando quando bem entendesse. Não podia nutrir seus sentimentos quando sabia que não poderia cumpri-los. Não naquele momento. Não quando meu coração estava tumultuado de coisas pesadas das quais eu ainda não sabia como me livrar, e nem fazia ideia de como conseguiria. Eu só esperava que quando esse dia chegasse, Charlie ainda estivesse ali.

Olhei para a sala vazia uma última vez e foquei meus dois olhos pesados e perturbados. Algo parecido com uma respiração deixou minhas narinas e desapareceu no ar. Lorena como um inseto minúsculo, voltava para minhas memórias de uma forma que eu não sabia mais como mantê-la afastada. Ela queria ficar ali, e faria o que fosse para jogar na minha cara todos os momentos que vivemos em toda a nossa vida. Principalmente aquela briga. Aquela briga nunca sairia da minha mente. Ela se repassaria um milhão de vezes. Quando eu menos esperasse.

— Você iria sem mim?

A linha reta em seus lábios. Os olhos brilhando lágrimas.

— Se eu precisasse. — Havia derrota em sua voz.

Lembrava do meu olho deixando os dela e encontrando o chão sem a menor vergonha. Seus braços carinhosos me envolvendo enquanto eu trincava o maxilar tentando não chorar em sua frente. Não precisava daquilo. Não precisava ficar me lembrando daquela tortura, mas, mesmo assim, meu cérebro parecia persistente em manter aquelas cenas presas.

— Wade, tem que entender que é a chance da minha vida. — Sua respiração batia em meu peito.

— Vivemos tão bem assim, Lô, não sei porque precisamos ir para outro país…

— É uma grande chance, e eu sei que você sabe disso, para nós dois.

Beijei o topo de sua cabeça e ela abriu um sorriso tão carinhoso que eu quis nunca deixar com que ela saísse de meus braços. Não sabia explicar o quão grande era meu coração quando ela estava perto de mim, e nem tentaria. Seria algo totalmente falho, e mesmo assim, eu ainda não conseguiria chegar aonde eu queria.

— Me promete que vai pelo menos pensar no caso, pensar de verdade.

Assenti com a cabeça derrotado.

— Eu amo você demais.

Os lábios vieram procurando pelos meus e deixei que ela os encontrasse, mas eles não estavam de bem com ela, então o máximo que conseguira fora um beijo leve em lábios duros, e ressentidos. Não queria que ela saísse por aquela porta novamente, queria joga-la naquela cama e prendê-la com todo o meu amor, enquanto tateava cada canto do seu corpo com minhas mãos e meus lábios. Não conseguia mais lidar com todas as viagens que ela estava fazendo, e mesmo que dissesse para ela, ela não compreendia. Estava cansado de deitar na cama a noite, e não ter seu corpo ao meu lado para me entregar o seu calor. Estava cansado de seu amor estar se tornado algo ralo, diferente do que ele era há tantos anos antes.

— Eu volto antes mesmo de você ter tempo de notar.

— Eu duvido muito disso. — Me afastei gentilmente, e captei o olhar magoado em seu rosto.

— Wade…

Ela tentou se reaproximar, mas eu tracei meus passos para trás em linha reta. Ela parou. Suspirou. Trocou um olhar bravo com o teto, e depois comigo. Tentei não sorrir, pois amava quando ela fazia aquilo, e apenas mantive a linha reta e desagradável em meus lábios.

— Não quero brigar de novo, Lorena.

— Nem eu.

A sua voz tinha soado tão magoada que mesmo meses depois eu conseguia escutá-la certinho em minha memória. Ela estava lá, fixada, e ecoava cada vez mais alto. Achava que com os meses seria mais fácil perder sua voz, ou a forma de seu rosto, mas a cada mês, se tornava mais difícil de esquecer, ao mesmo tempo que um medo gigante me invadia ao pensar que algum dia eu poderia perder sua face totalmente.

— Professor Wade?

A voz soou atrás de mim, e eu soltei um pulo quase de imediato. Meu coração disparou pela primeira vez em muito tempo por um susto, e não por qualquer outra coisa, como estar apaixonado, e eu sorri para Erica quando vi seus cachos abertos e loiros dançarem sobre seu rosto. Seus olhos estavam extremamente vermelhos, e seus cílios ainda molhados, o que era fácil saber que ela estava chorando. Tombei a cabeça de lado para observá-la melhor, mas ela mudou rapidamente de posição, virando as costas e caminhando até um canto da sala onde havia alguns de seus materiais encostado na parede em que não havíamos pintado.

— Você está bem? — Perguntei, preocupado.

— Sim, eu só… só queria avisar que já estou indo embora, mas o senhor parecia estar viajando em outro planeta então pensei em avisar rapidamente.

— Ei, Erica. — Olhei para as palmas da minha mão, antes de fechá-las. — Pode falar comigo.

Caminhei em passos firmes até o canto da sala, observando suas costas cobertas por um suéter verde-água que caia perfeitamente com seus olhos azuis, mesmo que estes fossem mais escuros que a blusa. Seu corpo desmontou no chão, e ela juntou as pernas para perto do corpo. Consegui sorrir ao ver ela tão frágil, e me sentei ao seu lado. As lágrimas em seu rosto recomeçaram e ela encolheu o rosto para perto de seus joelhos ocultando suas feições de mim. Um aperto domou aquele órgão que me diziam só servir para bombear sangue, e passei a mão por suas costas, tentando consolá-la, mas sem saber muito bem como fazer.

— Erica, o que está acontecendo?

Algo saiu de sua boca totalmente grunhido, e eu não consegui entender nada. Esperei o choro passar, pelo menos por alguns segundos, para poder perguntar novamente, e desta vez receber uma resposta que não parecesse um dinossauro tentando se comunicar.

Ela ergueu seu corpo novamente, o alinhando com o meu, e eu trouxe meu braço de volta para perto de mim. Suas mãos dançaram em seus olhos, e ela respirou profundamente, antes de novamente me lançar um olhar firme, e recomeçar a dizer tudo que ela havia dito anteriormente.

— É só por causa desse cara, ele é um idiota não deveria estar assim por ele. Eu só… — Ela trincou os dentes para as lágrimas não voltarem a cair. — Pensei ter finalmente encontrado, sabe? Como você e a Charlie, ele era tão, eu realmente achava que fosse ele. A gente já estava meio enrolado antes mesmo de eu te beijar aquele dia na festa, mas, eu não sei, eu só queria encontrar isso, sabe? Queria me sentir amada de verdade, e não vista só como a garotinha rodeada por amigas que gosta de sair e ir para festas. Ele disse que isso me faz ser menos... — As lágrimas voltaram a cair. — Como se eu valesse menos por ser assim.

— O que? — Minha voz tinha um tom de raiva. — Erica traga esses seus olhos azuis para mim. — Ela os trouxe. — Não quero que você deixe garoto algum falar em momento algum que você vale menos por qualquer coisa que você fizer. Isso não te faz valer menos em momento algum. Isso é um poder imenso que você tem dentro de você, e mostra que ele não tem a capacidade de conseguir acompanhar essa coisa maravilhosa. Você é totalmente maravilhosa, garota, e não deve nunca na sua vida deixar que qualquer garoto, em qualquer momento tire isso de você.

Ela afirmou lentamente.

— Quero que da próxima vez que esse garoto tentar qualquer coisa com você, você entenda que isso é um relacionamento abusivo e que não vai trazer nada de bom para sua vida. — Passei a mão no seu cabelo. — Você tem um futuro tão brilhante a frente, e não quero nunca na minha vida mais saber disso.

Parecia tão sem fala que apenas assentiu novamente, deixando seu corpo encostar na parede lentamente. Suas mãos dançaram por sua boca, e tiraram de lá um maço de cigarro. Sua respiração começou a se estabilizar, e ela ascendeu o cigarro, prendendo-o no lábio e deixando a fumaça escapar deles, segundos depois. Dois dedos prendendo o mesmo, surgiram na minha frente, e eu apenas sorri, antes de pegá-lo e prendê-lo na boca da mesma forma que ela havia feito. Uma calma tomou conta de mim lentamente, e eu me encostei na parede ao seu lado.

— Por que eu tenho o dom de gostar desses garotos idiotas?

— O ser humano tem essa necessidade absurda de tentar encontrar amor até nos lugares que está claro que não há. É só uma necessidade de pessoas como nós, ou você acha que aqueles poemas que você escreve surgem do nada. — Soltei novamente a fumaça e passei o cigarro para ela.

Meu rosto estava virado para o dela que estava tão próximo do meu. Ela tirou o cigarro dos lábios, e deslizou seu rosto até o meu, encontrando meus lábios tão lentamente que eu nem tive tempo de reagir. Fechei meus olhos, e deixei que seus lábios tateassem os meus de uma forma calma, como se ela estivesse com medo de que a qualquer momento eu pudesse me afastar, mas eu não iria, eu não sabia o porquê, mas não senti vontade de fazê-lo. Seus lábios estavam com gosto do cigarro, e pareciam tão reconfortantes, que eu senti uma ancora no meu coração. Não era um beijo vivido, que te faz ficar com um sorriso no rosto, eu apenas não senti as borboletas agitadas e cantantes que costumavam habitar meu estômago. Elas pareciam te ido embora junto com Charlie, e por algum motivo absurdo, eu as queria de volta. Queria sentir aquele frio incondicional.

Deslizei a cabeça para trás, e Erica abriu os olhos rapidamente, selando seus lábios um no outro, se afastando de mim. Esfreguei as palmas das mãos uma nas outras, e ela me passou o cigarro novamente, que eu traguei rapidamente. Bati a cabeça na parede levemente, deixando meu corpo fazer atrito com o chão, e me lembrei de Charlie tão ferozmente que veio me corroendo por dentro. Seu sorriso de mais cedo era tão vivo na memória que eu poderia chorar bem ali para Erica, como ela havia feito para mim. Nós dois tínhamos ficado em silencio depois daquilo, mas sabia que a qualquer momento ela estava prestes a falar alguma coisa.

— Não faço nem ideia do porque vocês terminaram, o jeito que você olha para ela, me faz querer bater na cabeça de ambos. Isso é claro se eu não tivesse essa quedinha por você.

Soltei uma risada.

— É complicado. — Soltei um suspiro.

— Não deveria ser quando você olha para ela daquela forma. — Erica apagou o resto do cigarro no chão. — Vocês tem que parar de complicar as coisas, é tudo tão simples.

— Não, realmente, não é simples.

— Você gosta dela?

Ela puxou a bolsa para seu ombro, e se levantou. Seus olhos prenderam nos meus enquanto ela me dava a mão para que eu também me levantasse, e eu não sabia como não responder aqueles dois olhos profundos.

— Muito.

— Então, é simples desta forma. — Piscou para mim. — Tem que parar de complicar as emoções humanas, professor, elas já são difíceis demais quando tentamos achar amor onde não há, por que diabos tenta afastar o amor, sendo que o senhor já achou?

Travei o maxilar, soltei os ombros, minha mente não sabia processar as palavras certas para responder aquilo, e Erica sabia disso, pois nem ao menos continuou esperando uma resposta, ela apenas seguiu em frente sem nem olhar para atrás, e me deixou atônito no mesmo lugar com um coração mergulhado em uma tigela de água fria, esperando alguém puxá-lo novamente para aonde é quente. Eu havia jogado-o naquela tigela de água fria, queria muito ter as palavras perfeitas para conseguir tirá-lo.

Entrei no carro e deixei as luzes brilharem em meus olhos, enquanto minha mente não conseguia se focar em nada além das palavras de Erica.

Estava sendo tão egoísta ao me privar daquele amor com Charlie, que havia deixado minhas emoções dolorosas tamparem meus olhos, e não me deixarem visualizar um futuro para nós, e isso, não era de todo ruim. Quando estava com Charlie nunca ficava pensando no futuro, não tantos anos a frente. Estávamos tão envolvidos um com o outro que não precisávamos hora nenhuma pensar se nos casaríamos, e teríamos filhos, se moraríamos naquele prédio. Estar com ela naquele momento já era o suficiente, eu não precisava ficar visualizando momento, pois ela já era o suficiente. E eu tinha que dar algum valor aquilo. Tinha que dar algum valor ao meu coração.

Prendi minhas mãos no volante antes de sair do carro. Meu coração tinha encontrado uma nova coragem, e eu estava pronto para usá-la. Trouxe todo o ar necessário para o pulmão e o prendi lá, até que eu estivesse na porta do apartamento de Charlie. Não conseguiria respirar bem até estar bem em frente ao seu apartamento, com seus olhos verdes me procurando, com seu cheiro me envolvendo.

Esfreguei as mãos uma na outra quando o elevador parou no andar certo, e calculei meus passos até chegar a sua porta. Minha mão se fechou, e estava prestes a encontrar sua porta, se uma voz masculina desconhecida não tivesse corrido até meus ouvidos. Meus ossos todo paralisaram, minha boca secou, e quando a risada de Charlie estourou, eu não consegui respirar.

Tentei não pensar no pior, mas sabia muito bem que poderia ser o pior. Fazia um longo tempo já que não estávamos juntos, não o suficiente para que ela pudesse ter criado afeição com uma pessoas, mas... ela tinha se apaixonado por mim um pouco depois  de estar magoada por André. Ela poderia muito bem ter me superado. 

Minha garganta arranhou e me senti exatamente como ela deveria ter se sentido. Só que no meu caso, eu havia feito muito pior com ela, e não sabia nem expressar o quanto arrependido eu estava naquele momento por deixar a impressão errada cair em sua mente. Eu tinha certeza que aquilo era algum tipo de carma, que eu merecia tudo aquilo, merecia sofrer por ter partido o coração de Charlie, apenas por me perder no meu caminho.

Me virei e fechei a porta do meu apartamento atrás de mim como se de alguma forma aquilo conseguisse espantar a dor que eu estava sentindo ser multiplicada várias vezes. Não consegui respirar, e nem ao menos queria. Eu só queria entender o que eu estava fazendo com a minha vida, porque em algum momento, ela havia parado de fazer sentido. 

Trailer da Fic


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

amorinhas, a Tay queridinha me perguntou se eu já havia pensado em fazer trailer pra fic, e então, eu fiquei ca ideia na cabeça, e fiz, ta no fim do cap, não ficou mto bom, mas eu juro q foi de coração