Silver escrita por Isabelle


Capítulo 25
Capítulo 24 – Wade


Notas iniciais do capítulo

"Abre a janela agora
Deixa que o sol te veja
É só lembrar que o amor é tão maior
Que estamos sós no céu
Abre as cortinas pra mim
Que eu não me escondo de ninguém
O amor já desvendou nosso lugar
E agora está de bem"
— Los Hermanos



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Charlie soltou um suspiro abafado tentando conter a risada enquanto eu passei minha mão em sua boca para que ela não começasse a rir. Sua risada não era a coisa mais discreta no mundo, e eu preferi que ela conseguisse não gritar naquele momento em que estávamos escondidos atrás de uma árvore no escuro tentando não olhar diretamente para o restaurante em que deveríamos estar sentados e aproveitando de um belo jantar. Mas a noite não tinha ocorrido exatamente do jeito que deveria.

Charlie estava pronta para atravessar a rua quando uma mulher de cabelos vermelhos riu, e ergueu uma taça de vinho para seu parceiro que reproduziu o ato. O olhar dela caiu rápido pela mulher, e ela teve que morder o lábio para não soltar uma risada, isso foi o que ela me disse, pois na minha imaginação o que acontecera fora que ela tinha ficado apavorada demais para fazer nada além de soltar um suspiro assustado, e caminhar lentamente para voltar.

Eu apenas continuei parado no mesmo lugar tentando entender o que estava acontecendo até que ela me puxasse pelo braço, e me escondesse por trás daquela arvore. Me sentia como um adolescente de dezessete anos, mas apenas olhei para ela como se ela fosse totalmente maluca. Seus olhos se reviraram em um habito tão comum que para mim já tinha se tornado charme, enquanto ela apenas apontou para o outro lado da rua onde haviam mesas dispostas por toda a calçada com lanternas totalmente em um clima romântico. Infelizmente, era tudo o que eu conseguia ver. Mesas dispostas em uma disposição romântica.

— Você é maluca? — Perguntei alto demais, e ela colocou a mão nos meus lábios, como se aonde estivéssemos desse para ela nos escutar.

— É a coordenadora. — Sussurrou.

— Isso não é errado, lembra?

— É, mas se ela descobrir, ela vai vir com aquela história que todos os alunos deveriam saber o que está acontecendo entre nós, além de que ela mesmo vai julgar tudo isso pelo simples fato de você poder estar me privilegiando, e bla bla bla...

— Então não vamos jantar naquele lugar super gracinha que eu fiquei semanas procurando?

— Semanas? — Ergueu uma sobrancelha. — Duvido que levou mais do que duas horas.

— Você está me dizendo que…

— Eu não estou dizendo nada, o que eu quero falar é que…

— É que nada, você está descaradamente falando que eu não levei tempo e trabalho para encontrar um bom lugar para nós dois comermos e…

— Para, Wade. — Ela abriu um sorriso.

— Não, tudo bem, não quero saber, também agora vamos nos enfiar num desses botequins e comer um espetinho de carne de gato, e eu não quero nem saber de você, sua ingrata.

Então ela começou a rir em um dos únicos momentos que ela não deveria começar a rir. No momento em que a coordenadora tinha começado a atravessar a rua para vir exatamente em nosso encontro. Não em nosso encontro, mas no que eu acreditava ser seu carro ao nosso lado.

Aquela árvore mal nos escondia e eu sabia que ela poderia nos ver assim que viesse entrar no carro. Charlie estava com os lábios tremendos, e eu fiz a única coisa que poderia fazer. Envolvi ela nos meus braços, prensei nossos corpos na árvore e prendi seus lábios com os meus. No inicio seu coração bateu muito rápido e ela ficou sem reação, mas em poucos segundos, seu corpo envolveu o meu com o mesmo calor, e a única coisa que eu pedia é para que aquilo funcionasse. Estava escuro demais e ninguém gosta de ficar encarando um casal em um momento tímido, então o que sobrava era deixar que meu coração não parasse por conta do medo que corria por todo meu corpo.

O carro em menos de segundos saiu, e eu não consegui deixar de soltar uma risada. Charlie parou me olhando como se eu fosse completamente insano, e eu apenas dei de ombros, pegando sua mão e a conduzindo para o restaurante. Não queria fazer muito alarde sobre aquela noite, mas queria que ela fosse uma noite agradável para nos dois. Queria que esquecêssemos que tínhamos que nos esconder como um casal. Mal tínhamos tido tempo na semana depois da minha volta do Canadá, e agora queria realmente oficializar que eu estava completamente apaixonado por aquela menina, e que ela tinha conseguido tomar meu coração de uma forma que me desnorteava completamente.

Eu não queria pensar em nada que realmente não fosse necessário. Estava cansado de sofrer tanto, aquela época já tinha passado. Queria me focar somente nos momentos bons, porque quando você não se prende muito neles, eles apenas escorrem pelos seus dedos.

A noite passou praticamente tão rápido que eu queria chorar. Todo o tempo do mundo parecia simplesmente desaparecer no momento em que meus olhos se focavam em Charlie e eu deixava ela me falar sobre as coisas que ela tinha vontade. Seus lábios dançavam sobre histórias de livros que ela já tinha lido, até histórias reais sobre algumas vergonhas de adolescentes.

Deixamos a noite nos contar histórias também. Historia sobre um casal que tinha se apaixonado sem a menor intenção. Um casal que mal sabia as coisas das quais ainda teriam que lidar.

☯☯☯

Estralei os dedos quando os dela se fundiram aos meus. Meu corpo todo parecia estar prestes a explodir em um milhão de pedacinhos só para ser consumido por aquela sensação maravilhosa que ela me causava em todo o corpo. O suor ameno do meu corpo dançava pelo seu corpo, como o dela deslizava sobre o meu. Sua respiração estava pesada e seu corpo todo parecia estar prestes a desabar em alguns minutos. Soltou o peso de seu corpo pela cama e caiu ao meu lado. Ela se deitou ofegante, enquanto eu respirava tão rapidamente quanto ela. Meu coração disparava mas não somente pelo fato dela estar por cima de mim a poucos instantes, mas sim por tudo que ela significava. Charlie me fazia sentir a mesma coisa de quando você se aconchegar debaixo de um cobertor em um dia frio enquanto um filme muito bom passa na TV. Aquela sensação se expande seus pulmões e te deixa gratificado por ter feito aquilo. Bem, eu nunca pensei que diria isso, mas era muito grato por ter ficado bêbado em sua porta.

O corpo dela virou de lado para me encarar e ela o envolveu em um lençol branco quase transparente que havíamos trago. Fiz o mesmo com meu corpo. Estávamos parado olhando um para o outro, enquanto nossos corações batiam tão forte que eu sabia que a qualquer momento eles poderiam parar. Levantei a palma da mão e deslizei as costas dos dedos em sua bochecha. Ela fechou os olhos tranquilamente, e sorriu levemente. Um sorriso pacífico, como se ela tivesse encontrado o nirvana. Suas mãos vieram correndo em encontro a mão, e ela a segurou forte trazendo-a para os lábios. Ela abriu os olhos um pouquinho, apenas para continuar me fitando, e eu queria congelar aquele momento da mesma forma que minha alma havia sido congelada.

Ela era tão bonita. Não bonita de um jeito superficial que a gente inventa padrões na sociedade para estabelecer o que é bonito ou não, o que é agradável ou não. Ela não era assim. Ela só era bonita. Simples assim, um simples ato de ser bonita. Um ato de olhar para alguma coisa e isso lhe trazer paz por dentro de uma forma que parece que consegue desabrochar todas as coisas boas dentro de você.

Passei meu braço pelas suas costas nuas e a trouxe para mim. Sua cabeça pesada de sono, apenas caiu pelo meu peito nu, enquanto sua respiração encontrava minha pele a esquentando, mais do que ela já estava, a qualquer momento eu poderia esquentar tanto que derreteria, e tudo isso seria culpa daquele amor que eu não poderia conter. Seu braço passou por cima da minha barriga e ela prendeu os dedos em sua lateral deslizando as unhas devagar para cima e para baixo. Não sei como ela estava conseguindo dormir com meu coração daquela forma. Ele estava batendo tão rápido e alto que eu me assustava de não ter acordado aquele hotel inteiro. Eu nunca pensei que poderia sentir aquilo dentro das minhas veias, dentro de mim, dentro de uma parte de mim que eu nem sabia que existia. Achei que ela tinha morrido, mas a verdade era que ela só estava se renovando.

Deslizei meus dedos por entre as mechas do seu cabelo, e depositei um beijo bem no topo de sua cabeça. Eu estava tão feliz aquele momento que poderia chorar a qualquer momento, não de tristeza, mas porque todo aquele amor teria que sair de mim. Ele era transbordando ali dentro. Ele precisava ser retirado antes que meu corpo todo entrasse em combustão e estourasse. Eu tinha tanto medo.

Não podia perdê-la. Não ela. Nem a machucar. Poderia fazer qualquer coisa em minha vida menos machucá-la. Tinha que pensar em cada movimento para nunca se quer, nem menos sem querer a machucar. Se pudesse queria ficar naquele quarto para sempre. Não queria ir embora. Me recusaria a ir embora mesmo se ela me obrigasse. Gritaria com ela se preciso, mas ficaríamos nos dois ali. Escondidos do mundo. Das notícias que poderiam ser tragas até nós.

— Temos reserva no restaurante e vamos perder se a gente não se mover.

Ela somente riu, e um silencio correu por nossa volta.

— Wade? — Um sussurro saiu de sua boca, e condensou em meu estômago enviando um vapor quente por toda minha traqueia.

— Amor?

— Como fazer para congelar o tempo, e ficar parada neste momento para sempre, ou como petrificar esse amor para ele nunca mudar, talvez apenas evoluir? — Uma pausa. — Como parar de me afogar nestes teus olhos, que mesmo castanhos parecem o mais calmo mar revigorando meu ser?

— Onde leu isso? — Fechei meus olhos.

— Eu acabei de inventar.

— Não disse que você era pura poesia? — O ar condicionado fez um barulho. — É realmente uma pena que André não soube como te ler.

— Agradeço por ele ter desistido de me ler. — Suas mãos continuaram dançando pela lateral da minha barriga. — Assim, já estava na hora de outra pessoa.

— Porque eu tenho medo de piscar os olhos e você não estar mais aqui.— Soltei uma risada.

O corpo dela todo endureceu, e suas mãos se cravaram em mim como se precisasse daquilo para saber que tudo a nossa volta era real. Seu peito subia e descia muito rápido, e eu contrai. Alguma coisa molhada entrou em contato com meu peito.

— Amor, você está chorando?

Ela contraiu o rosto contra meu peito para que eu não a visse, mas conseguia sentir suas lágrimas me molhando. Meu coração ficou tão grande naquele momento, que acreditava que não existia mais Wade, e sim um coração gigante bombeando sangue e me fazendo sentir todas aquelas coisas.

Ergui minhas costas, e a encostei na cabeceira da cama, com Charlie espremida contra meu peito. Passei ambos os braços por suas costas, e ela elevou o rosto até meu ombro. Onde deitou e deixou as lágrimas caírem. Seu peito soluçava alto, e eu não sabia o que estava acontecendo. Queria que ela desabafasse comigo, mas ela ainda estava chorando muito. Toda espremida contra mim, nua, deixando as lágrimas caírem como uma chuva de verão.

— Me desculpe. — Ela trouxe os braços para meu pescoço e continuou com a cara amassada em mim.

— Ei, tá tudo bem. — Deslizei a mão por suas costas. — Você pode chorar o quanto você precisar eu vou estar aqui, não vou a lugar algum, estou aqui com você Charlie.

Ela respirou fundo, tirou o rosto do meu ombro, e limpou as lágrimas de seu rosto. Ela estava toda vermelha, com a cara amassada. Poderia ter rido se não estivesse tão apavorado.

— Eu tinha dez anos quando Mallu ia ter seu primeiro encontro. — Conseguiu soltar um sorriso mesmo com o rosto todo inchado.

Meu peito estava pesado. Eu não sabia quem era Mallu, mas parecia ser mais uma daquelas histórias. Meu coração já estava transbordando tristeza antes mesmo que ela continuasse a falar.

— Eu fiquei muito brava com ela porque tinha certeza que logo ela ia arrumar um namorado e ia me esquecer para sempre, então eu comecei a esconder as roupas dela. Ela ficou tão brava, pensei que nunca mais ia falar comigo. Ela saiu toda irritada do quarto e disse para mamãe que eu tinha feito o favor de esconder todas suas roupas. As duas vieram até mim, me deram o maior sermão de todos, e fiquei de castigo. — Tinham lágrimas se formando nos seus olhos. — Achei que ela ia me odiar para sempre, mas antes del sair, ela se sentou do meu lado, e beijou minha testa, e perguntou o porquê de eu ter feito o que eu fiz.

Olhei atento para ela, mas não entendia onde aquela conversa levaria. Talvez ela só quisesse conversar sobre aquilo. Mallu parecia ser tipo sua irmã, mas Charlie nunca havia falado sobre uma irmã.

— Eu respondi para ela “Porque eu tenho medo de piscar os olhos e você não estar mais aqui.”

Travei os olhos nos dela, e ela nos meus. Ficamos conversando silenciosamente por aquele olhar e eu não sabia o que responder. Charlie parecia que queria falar algo verbalmente, mas nada saia dos seus lábios. Suas mãos estavam extremamente geladas, era praticamente como se ela tivesse enfiado as mãos em uma bacia de água com gelo, e agora estava ali abusando me tocar. Estava com medo. Com medo do que ela pudesse me contar a seguir.

— Ela morreu há dois anos. — Um som abafado saiu de sua garganta. — Tinha voltado para casa porque minha prima tinha inventado que daria essa grande festa e seria ótimo se todos nós fossemos juntos, só que era aquelas festas em que você senta e fica olhando as pessoas transitarem sabe?

“Mallu veio me buscar porque estávamos morando na mesma cidade na época. Ela era uma puta advogada, teve que resolver uns negócios correndo pra poder ir. Era super respeitada, e tinha esse namorado que era o maior amor do mundo. Não tinha a menor necessidade dela ir me buscar.”

“Quando ela estava no segundo ano de faculdade, ela teve um maldito câncer de mama que em menos de meses poderia atingir seu pulmão. E de repente uma sombra de tristeza nem mesmo bateu na porta para entrar lá em casa, ela só veio tomando o lugar. Eu não conseguia ficar perto o bastante de Mallu sem começar a chorar, e isso a matava. Mas eu não fazia por querer sabe? Eu tinha 12 anos, e minha irmã, uma das pessoas que eu mais amava no mundo estava morrendo com dezenove anos por causa de um puta câncer de mama. Eu queria simplesmente me jogar no chão e gritar como eu odiava o mundo. Eu odiava todo mundo. Eu odiava as pessoas que não podiam fazer nada para salvar minha irmã. Ela tinha 19 anos.”

Ela precisou parar por conta das lágrimas e a envolvi com meus braços. As lágrimas queimavam meus olhos, mas eu não poderia chorar. Precisava ser forte por mim e por ela naquele momento. Precisava que ela visse a força que eu estava passando por ela naquele gesto de envolvê-la em mim. Beijei lentamente sua bochecha e se afastou de mim. Respirando profundamente.

— Fora a pior experiência em toda a vida, porque ela teve de deixar a faculdade para voltar a morar em casa, e ter que escutar que os tratamentos estavam fracos, quase nulos, e que seu pulmão poderia parar de funcionar se deixasse o câncer atingi-lo. Então, ela teve que retirar uma das mamas, e simples assim tudo começou a girar na vida novamente. Os tratamentos estavam sendo efetuados, o câncer tinha desaparecido, encheram nossas mentes com promessas que eles mesmos sabiam que não podiam cumprir, mas qual era o mal? Mallu tinha a vida dela de novo. Ela conseguia andar nas ruas sem parecer estar morrendo ou prestes a vomitar, o cabelo tinha começado a crescer de novo, a cor da sua pele estava quase do mesmo tom, ela conseguia sorrir de novo e eu parei de chorar perto dela. Até porque ela voltou para a vida dela, para a faculdade dela. Para seus amigos.

“Os anos passaram normalmente e ela viveu praticamente trabalhando no tribunal com casos que eu sabia que era estressantes demais pra quem já tinha tido um maldito câncer. Era só o que ela fazia, o dia todo. Eu ligava para ela e ela estava ocupada demais trabalhando, tentava falar com ela, ela estava trabalhando, eu nem sei como ela sobrevivia a essa rotina, eu só sei que nessa época toda a merda voltou. O câncer voltou e dessa vez ele era metastático indo para o pulmão, se espalhando por ele. O tratamento era muito mais pesado, os remédios para enjoo mal faziam efeito, e dessa vez quem não conseguia parar de chorar era ela. Ela que estava começando a construir uma vida maravilhosa. Ela que mesmo tendo tido um câncer tinha gastado horas da maldita vida só trabalhando. Eu queria poder ajudá-la, mas sabia que não podia.”

Ela soltou um ar pesado, encostei minha cabeça na sua, nossas lágrimas estavam praticamente se fundindo. Suas mãos tatearam seu rosto para poder de livrar de algumas, mas ela não parecia muito eficiente já que voltava a chorar quase no mesmo instante.

— Ela curou. — Ela soltou um sorriso que veio acompanhado de milhões de lágrimas. — Curou de dois malditos canceres que podiam ter acabado com sua vida, e eu a matei um acidente de carro porque estava entediada demais para ficar naquela festa. Porque eu não tive a menor consideração de que ela podia ter ficado, talvez somente eu poderia ter…

— Ei, não foi sua culpa. — Prendi seu rosto em minhas mãos. — Olha para mim aqui, não tinha como saber, entendeu? Não foi sua culpa, Charlie. Nunca. E onde quer que Mallu esteja ela sabe que não foi sua culpa. Não foi sua culpa. Não foi sua culpa, amor. Não foi.

Prendi ela em mim, e seu peito soluçava alto. Ela tremia muito e meu coração parecia estar pronto para se romper em puro tristeza por não saber o que fazer, por não poder mandar toda aquela dor que ela sentia para longe dela.

— Sabe quando você fica com esse sentimento que você podia ter evitado as coisas de acontecerem, mas a verdade é a que a gente não pode, e isso não faz isso se tornar nossa culpa. Tenho certeza que você estava ali para ajudá-la, e amá-la. Eu sei disso porque conheço seu coração, amor. Conheço esse coração melhor do que a mim mesmo.

Os olhos dela estavam começando a se secar.

— E pelo que você me contou de Mallu tenho certeza que ela odiaria saber que você se culpa pelo que aconteceu com ela. A gente não tem culpa das coisas horríveis que acontecem na vida. Elas só acontecessem sem nem ao menos pedir, elas vem entrando nas nossas vidas quando a gente menos espera. — Passei a mão direita no seu rosto limpando as lágrimas restantes. — Precisa se perdoar.

— Eu só… — Os olhos se ergueram para o teto, seus lábios ficaram prensados um do outro. — Sinto tanta falta dela.

— Eu sei, amor, mas tem que saber que você não é a culpada disso.

Ela se prendeu em mim, e eu deslizei o corpo deixando que ela ficasse ali, quieta. Abracei-a de uma forma apertada tentando soprar por dentro da sua cabeça e expulsar todos os monstros do passado que viviam ali. Eu não tinha nem ideia da dor que deveria ser me contar aquilo aquela noite, e até mesmo cogitei dizer sobre Lorena. Sobre os monstros do passado que dançavam na minha cabeça e achavam graça, contudo, não conseguia. Tudo que se passava em minha mente poderia assustar Charlie, assusta-la de uma forma que eu não queria que ela se sentisse mal. Queria ela grudada em mim daquela forma, mas sabia que mais cedo ou mais tarde teria que confessar tudo. Teria que dizer todas as coisas de minha relação com Lorena. Infelizmente, eu não estava nenhum pouco preparado para aquilo.




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