Silver escrita por Isabelle


Capítulo 21
Capítulo 20 – Charlie


Notas iniciais do capítulo

"Você vai sentir a minha falta
Quando não houver nada para ver?
Me diga, como isso aconteceu?
E agora não há mais esperança para você e para mim"
— The XX



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Como parecia?

Pensei comigo mesma enquanto a água do chuveiro batia nas minhas costas. Ela estava quente. Mais quente do que o comum. Tinha certeza que minha pele tinha ficado vermelha por conta dela, mas não me importava.

Como parecia, Charlote?

Bem, parecia que eu havia acabado de levar um soco no estômago, e todo o ar tinha sido retirado dos meus pulmões lentamente. Como se esvazia uma bexiga quando se quer fazer barulho, lento e doloroso. Meus olhos observaram com atenção para ter certeza que eu entendia o que estava acontecendo, mas meu cérebro não conseguia processar. Ele havia parado no momento em que havia acontecido, e não parecia querer voltar a funcionar tão rápido. Na verdade, tudo aquilo parecia realmente uma situação para dar risada se tudo não fosse trágico. Extremamente trágico, eu só não entendia o que poderia ter feito a vida achar que aquilo seria engraçado. Ou se o ponto dela era só me magoar.

Como tudo isso aconteceu, Charlote? Como deixou tudo isso acontecer?

Tivemos uma semana maravilhosa, depois que eu e Wade dormimos juntos. Eu nem ao menos conseguia me lembrar das coisas que me chateavam, e mesmo se sim, Wade simplesmente entrava em contato comigo, e nós dois pegávamos fogo, e junto a isso, todos os problemas eram incendiados sem nem ao menos me fazer perceber que tinha alguma coisa errada. Eu deveria ter sentido que aquilo atrairia confusão. Eu era um ímã de confusão, mas meu Deus, eu não me importava porque estava dando tudo certo.

Saímos para jantar, fomos a uma quermesse, vimos filmes antigos e séries, dormimos juntos, almoçamos juntos, rimos juntos e compartilhamos coisas. Eu mal podia acreditar que agosto batia de cara conosco em menos de alguns dias, e que todas as minhas aulas já estariam de volta. Eu queria simplesmente parar o tempo naquela semana, e fazer tudo de novo, de novo e de novo. Eu não queria ter saído do apartamento dele aquele manhã. Eu não deveria ter saído.

O sol bateu bem em frente ao nosso rosto, e eu sorri, mesmo que aquilo fosse incomodo. Meus olhos se abriram e encontraram o corpo de Wade pressionado ao meu com uma respiração leve e controlada no meu pescoço. Eu amava a simplicidade que era estar com ele. Amava simplesmente como tudo era tão mais fácil quando se tratava dele. Eu não precisava escolher quais palavras usar, porque elas saiam de mim com tanta facilidade que praticamente nos encaixávamos, nem precisava pensar em como me comportar, era simplesmente toda essa facilidade que eu deveria perceber. As coisas não costumavam ser fáceis na minha vida desde que Mallu tinha partido desta pra melhor. Elas simplesmente tinham o habito de ficar cada vez pior, e aquela facilidade? Bem, ela era reconfortante.

Girei lentamente e adentrei seus braços, deixando minha respiração bater em seu peito. Meus olhos percorreram rapidamente por cima de seu pescoço, e encontraram o relógio revelando que eu ainda tinha meia hora para chegar na biblioteca. Soltei um suspiro de descontentamento, e me joguei de volta para o travesseiro, acordando Wade. Eu nem sabia que horas ele tinha que trabalhar e só esperava que não fosse agora. Queria ficar com ele aquela última manhã, sem pressa, sem correria, sem pensar que eu teria que ir para faculdade e me encontrar com Dani e André todos os dias. Precisava simplesmente apagar aquele detalhes indesejados da minha cabeça.

— Bom Dia.

Sua cara amassada no travesseiro, o cabelo todo descabelado. Não tinha como não sorrir ao vê-lo com aqueles olhos cerrados de sono. Meu Deus, eu queria que você tivesse parado aquele momento para sempre, queria que nada tivesse dado errado. Meu único desejo era que Wade e eu nunca tivéssemos saído daquele apartamento aquele dia. Que ambos tivéssemos ficado deitados naquela cama, enquanto a luz do sol nos nossos olhos era nossa maior preocupação.

— Bom Dia. — Respondi, com a voz tão sonolenta quanto a dele.

— Você dormiu vestida? — Havia uma careta em sua face. — Por que está vestida? Odeio quando está vestida.

Soltei um riso fraco, e encontrei seus lábios lentamente, eles se abriram para mim, e eu deslizei a mão para seu cabelo.

— Preciso me arrumar para o trabalho. — Disse suavemente.

Outra careta, mas dessa vez com os olhos mais abertos, e menos sonolentos.

— Podíamos ficar aqui o dia todo igual fizemos ontem. — Ele fez um biquinho. — E ai, você podia tirar essas roupas do seu corpo.

— Você, e eu. — Me sentei em cima do seu corpo. — Precisamos ir trabalhar, então, levante-se, vou fazer café, e te espero na cozinha em cinco minutos. — Dei um beijo rápido nos seus lábios, e sai da cama.

Deslizei para a cozinha que de repente tinha se tornando tão familiar para mim. Ergui meu corpo e peguei as xícaras, medi um tanto bom de água, e ouvi os passos de Wade. Seu corpo todo estava meio bambo de sono, mas ele encostou na parede da sala e ficou me observando. Seus olhos dançando em cima de mim sem o menor pudor, me deixando vermelha. Queria poder falar alguma coisa, mas minha voz tinha ficado presa em algum lugar dentro de mim.

— Amo quando você cora desse jeito, e ai não consegue manter o olhar em mim. — Seu corpo começou a se mover novamente, e eu revirei os olhos.

— Você é ridículo. — Me afastei da cafeteira, e me virei.

Ele estava sentado no banco do balcão, observando alguma coisa em alguma revista que estava ali em cima. Apenas aproveitei o momento para deixar meus olhos observarem-no por alguns minutos. A curva do rosto, os olhos castanhos focados na revista deslizando lentamente pelas palavras estampadas, a boca presa em um meio sorriso, o abdômen descoberto.

Seus olhos se ergueram e encontraram os meus.

— Posso ajudar? — O meio sorriso preso se tornou um sorriso.

— Não tira esse sorriso do rosto. — Disse.

O olhar dele travou, os lábios automaticamente viraram aquela linha fina, mas depois voltaram a um sorriso. Sorri de volta, e me virei indo até a geladeira para pegar os pães que haviam sobrado.

— Então, vou passar no meu apartamento rapidinho quando chegar da biblioteca, e aí, a gente se encontra rapidamente, e eu vou correndo pra facul.

Coloquei o café em ambas as xícaras, e peguei o celular dele que estava em cima do balcão, para olhar as horas. Tinha quinze minutos para chegar na biblioteca e nem ao menos tinha começado a me organizar.

— Tudo bem, parece dar certo para mim. — Ele cortou o pão. — Se quiser posso te levar.

— Não, não vai precisar.

Mergulhei o pão no café, e o mordi rapidamente. O olhar de Wade pareceu me repreender.

— O que? — Ri. — Estou com pressa.

— Quem molha o pão no café?

— Como assim você não molha o pão no café? — Olhei horrorizada. — Eu fiz isso ontem.

— Ontem estava muito distraído para perceber que você faz isso.

— Qual o problema? — Bufei descontente.

— Nenhum. — Ele sorriu.

Tomamos o café rapidamente, e eu sai do apartamento depositando um beijo rápido em seus lábios. Me enfiei em algumas vestes, e entrei rapidamente no elevador, saindo quase tão apressada que nem ao menos conseguia me foca no que estava acontecendo a minha volta.

Entrei no carro, e digiri direto para a biblioteca tentando manter meus pensamentos focados em não morrer de ódio por saber que tinha que ir para a faculdade. Eu odiava a rotina que viria agora, mas sabia que tinha que aguentar. Eram somente mais um ano e seis meses, eu conseguiria aguentar mais um semestre sem querer matar nenhum dos meus professores. Pelo menos pensava isso.

Jéssica prendeu os olhos por mim a tarde toda me deixando extremamente desconfortável. Ao me passar os livros ela ficava comentando sobre algo sobre sua vida pessoal, mas de uma forma mais atenta do que o comum, como se estivesse tentando ler meus pensamentos. Sentada ao meu lado na mesa de entrada, os olhos dançavam sobre mim como se suspeitasse que eu havia cometido um crime, e se mantivesse os olhos atentos a mim daquela forma, ela me faria confessar. Podia admitir que queria rir dela. Mas não o bastante para dizer que não estava assustada. Porque eu estava. Ela não prestava tanta atenção a mim normalmente.

— Você transou. — Ela disse enfim, alto o suficiente para todos olharem para nós.

Olhei assustada para a todas as pessoas que pararam para nos olhos, e sorri levemente, fuzilando-a com um olhar. Dona Cassandra fuzilou ambas com seu olhar, mas estávamos tão acostumadas com aquele olhar, que apenas nos focamos nos outros. Seu rosto passou de firme, para um sorriso tímido e o vermelho brincou com a sua bochecha, infestando rapidamente todo seu rosto. Ela poderia se agachar e se esconder a qualquer momento, e eu podia afirmar que me juntaria a ela.

— Podia ter regulado o som da sua voz.

— Eu sei, me desculpe, mas eu estou certa, não estou? — Riu. — Você transou.

— Eu não transei. — Revirei os olhos, e bufei, mas o sorriso voltou.

— Está sorrindo tanto que parece que dormiu com um cabide no rosto. — Ela disse, e eu olhei-a firmemente. Aquilo era uma citação. Era uma citação de friends.

— Você está citando friends?

— Você assiste friends? — Perguntou com os olhos brilhando.

— Você só pode está brincando, eu amo friends. — Gritei, novamente os olhares.

— Silencio. — Dona Cassandra disse com uma carranca no rosto.

— Desculpe. — Nós dissemos juntas, e sorrimos.

— Mas, não mude de assunto, ele é gato? — Me fitou com aqueles olhos dos quais eu não podia fugir.

— Sim, ele é. — Dei uma risadinha, quando ela colocou a mão na boca para não falar alto novamente.

— Não é seu ex, não é? — Olhos suplicantes. — Por favor, me diga que não é ele porque senão eu vou te dar um soco bem na sua cara.

Ri alto. Era tão estranho pensar daquela forma. Em algum futuro alternativo que Wade não estivesse jogado na minha porta bêbado, sim, eu poderia ter voltado com André. Wade e Alex haviam me dado a força necessária para superar aquilo. Ambos tinha feito com que eu me sentisse tão confortável que eu percebi que alguma coisa entre meu relacionamento com André não estava certo. Passar o tempo com Wade era como respirar. Não tinha que me esforçar para aquilo. Eu poderia apenas deitar no sofá, e ele no outro e simplesmente ver a tarde toda passar por nós enquanto um filme passava na TV, sem conversar, somente com a presença um do outro. Com André as coisas não eram bem assim. Era como se ele tivesse que estar perto de mim o tempo todo para eu saber que ainda existia algo entre nós. Não era fácil como tinha que ser. Não era como sorrir de uma piada, ou bocejar quando se está com sono. Era mais algo mecânico como quando você encontra uma pessoa conhecida na rua e não sabe se deve acenar ou passar reto de cabeça baixa.

— Não, não é André. — Suspirei feliz. — Você não o conhece, ele não é da nossa faculdade.

— Então ele é mais velho? — Ela perguntou, eu afirmei.

Não fazia a menor ideia de quantos anos Wade tinha e isso parecia estranho. Tínhamos tantos tópicos para falar quando estávamos juntos que nem ao menos isso se passava na minha cabeça. Mentalizei para perguntar a ele quando nos víssemos de novo.

— Ele é… — Ri, e fechei os olhos, com meu coração aquecido.

— Oh meu Deus, Charlie.

Ela parecia realmente feliz e alegre com aquele sorriso gigante me encarando. Ela parecia tão feliz quanto Gabi haveria ficado se eu tivesse contado para ela. Era estranho pensar que depois de todos esses anos com Jéssica ali comigo sendo apenas uma ouvinte, ela tivesse se apegado a mim de uma forma amigável. Contudo, naquele momento, parando para analisar todas as vezes que ela acenava para mim eufórica na faculdade, ou quando me chamava para festas, e tentava me persuadir para conversar, ela não estava tentando ser somente educada. Ela realmente estava tentando deixar com que ela entrasse, e eu nunca havia dado uma oportunidade. Então, contei tudo a ela. Todos os detalhes. E no final, ela me disse várias coisas sobre como eu estava fazendo certo de seguir em frente, mas segurar um pouco esse negocio já que tinha acabado de sair de um relacionamento e eu assenti com ela, e nunca me senti tão feliz por finalmente ter alguém com quem conversar.

No fim do trabalho, entrei no carro e fui direto para casa. Bati no apartamento de Wade, e até abri a porta entrei, contudo não havia ninguém, então cogitei a ideia de que ele ainda estava no trabalho. Ranquei um pedaço de uma folha de um caderno que havia em cima na estante onde ficava a TV, e anotei algumas palavras avisando que já estaria na faculdade quando ele chegasse.

Entrei em casa e deixei minhas costas serem engolidas pela água morna, antes de sair correndo por estar quase atrasada, me jogar dentro de uma calça preta e uma blusa vermelha regata, e sair correndo porta a fora, e esperando o elevador. Dei de cara com Noah que também estava descendo para ir trabalhar, e conversamos um pouco antes de tudo. Ele continuava o mesmo, só que alguma coisa estava diferente. Ele não tentou me cantar daquela vez, todas as piadas sem graça e imoral havia se perdido no caminho e eu até poderia perguntar o que havia com ele, se não estivesse atrasada.

Estacionei o carro na faculdade alguns minutos depois, e olhei bem os meus próximos seis meses. Quis bater a cabeça no volante, mas apenas tentei colocar um sorriso no meu rosto, pegar minha bolsa jogada no banco de trás, e sair do carro como se tudo estivesse maravilhoso, porque se fosse para eu pensar bem. Tudo estava maravilhoso.

André e Dani estavam rindo junto com outras pessoas perto da rampa onde eu deveria passar para poder ir para meu bloco. Suspirei fundo ao pensar nisso, e de repente um braço se prendeu ao meu. Olhei rapidamente ao lado e dois olhos azuis profundos me fitavam, enquanto o cabelo vermelho descia em curvas por seu rosto.

— Eu poderia te agradecer para sempre por isso, Jéssica.

— Você pode começar a me chamar de Jessie, já seria ótimo. — Ela piscou, e riu.

Seguimos reto e encontramos a multidão parada. O assunto parou no instante em que todos colocaram seus olhos em mim. Dani prendeu os olhos em André, e eu apenas tentei não me aborrecer aquela noite. Jessie me puxou para frente, mas o corpo de André se manteve firme no mesmo lugar com os olhos calmos pedindo para que eu falasse com ele. Revirei os olhos em desagrado puxando o braço dela para conseguirmos desviar e eu não precisar ter que falar com ninguém. Eu realmente não estava nenhum pouco no clima de brigar com Dani, só porque André ainda tinha sentimentos por mim.

Jessica me deixou na porta da sala, e eu sorri para ela antes dela ir embora para sua turma. Entrei na sala e observei os rosto tão familiares que já estavam sentados nos melhores lugares me cumprimentando enquanto eu acenava para todos rapidamente de uma forma tímida. Tinha intimidade somente com algumas pessoas dali, e a maioria, estava la fora na mesma roda de amigos com Dani, e provavelmente eles não teriam mais tanto afeto por mim, quanto eu tinha por eles.

O ar-condicionado gelava a ponta do meu nariz enquanto eu estava, sem um pingo de concentração, olhando para o quadro que não continha nenhuma palavra. Eu deveria ter sido esperta, e chegado mais cedo para não acabar bem embaixo do ar-condicionado. Tinha feito uma promessa que chegaria mais cedo aquele dia para poder pegar um bom lugar, e ali estava eu, congelando com as densas nuvens geladas que deslizavam por toda a minha pele, até se deslocar por toda a sala, porque eu tinha um trabalho que não me permitia sair mais cedo.

Peguei uma caneta, e abri meu bloco de anotações verde-água. Muitos dos alunos não tinha trago nada, e eu também teria sido uma dessas, se é claro, eu não fosse quem eu era na época. Minha organização chegava a ser praticamente um toque, e isso me irritava as vezes.

Uma loira chamada Erica, amiga de Dani, jogou o cabelo gigantesco e crespo, em minha mesa e eu suspirei lentamente, dizendo a mim mesma que não me incomodaria com aquilo. Era o primeiro dia de aula. Não chamaria atenção para mim. Eu já tinha tido muita atenção por causa do meu termino ridículo com André, me recusaria naquele dia a chamar atenção para mim.

Um garoto entrou na sala, e se sentou ao meu lado. Seu cabelo era loiro da mesma cor que o de Alex, e eu tinha quase certeza que nunca havia o visto. Seus olhos correram até os meus, e eu soltei um sorriso de caridade. Ele me retribuiu.

Desci meus olhos pelo bloco de notas enquanto anotava para não esquecer de ligar para Gabi e contar sobre Wade, e escutei os passos do professor entrando na sala. A garota loira na minha frente soltou um assobio, e as meninas a sua volta riram alto. Revirei meus olhos e os ergui até a mesa onde o professor se organizava.

Meus olhos travaram

e minha garganta secou

o mundo parou de girar

minhas mãos começaram a suar

meu peito subia e descia rapidamente

Não pode ser verdade. Não pode ser verdade. Não pode ser verdade. Não pode ser verdade. Não pode ser verdade. Não pode ser verdade. Não pode ser verdade. Não pode ser verdade. Não pode ser verdade. Não pode ser verdade. Não pode ser verdade. Não pode ser verdade. Não pode ser verdade. Não pode ser verdade. Não pode ser verdade.

O olhar de todas as meninas estavam tão presos quanto o meu por isso ninguém reparou, contudo, o desespero nos meus olhos era evidente, qualquer pessoa que tivesse olhos e conseguisse enxergar poderia olhar para dentro dos meus olhos e ver o mais puro e tipo de desespero que eles estampavam. Mas é claro que ninguém estava prestando atenção em mim, todos estavam muito focados no professor a nossa frente.

Joguei meu bloco de notas para dentro da bolsa junto com todas as outras coisas, e me levantei fazendo um estrondo. O olhar de todo mundo saiu do professor para vir até mim, e até mesmo ele o fez.

Seus olhos travaram

e sua garganta secou

o mundo parou de girar

suas mãos começaram a suar

seu peito subia e descia rapidamente

Wade estava me olhando como se não entendesse o que estava acontecendo, e eu senti uma vontade súbita de gritar para que ele me explicasse o que ele estava fazendo ali. Ele não podia ter se envolvido comigo daquela forma sabendo que era meu professor, ele simplesmente não poderia ter feito isso comigo.

Desviei das carteiras rapidamente, e sai da sala sem manter meus olhos aos dele. Sem nem ao menos ouvir ele exclamar meu nome. Eu sabia que ele não podia. Ele sabia muito bem que não podia me conhecer, não podia haver nenhuma relação comigo. Era extremamente proibido relação de alunos com professores, então aquilo só deveria ser um mal-entendido. Wade não poderia ser meu professor. Não tinha possibilidade daquilo estar acontecendo justamente comigo.

Meu corpo foi para dentro do banheiro feminino e eu queria gritar, mas haviam várias outras meninas ali. Liguei a torneira e enchi minha mão de água jogando tudo contra meu rosto. Aquilo deveria ser algum tipo de brincadeira comigo, e em alguns minutos Alex apareceria e diria que tudo era somente uma pegadinha de primeiro dia de aula. Aquele dia deveria ser divertido. Diferente. Era o primeiro dia de volta as aulas e inicio de uma novo semestre, não poderia estar acontecendo aquilo comigo. Não poderia.

Peguei meu telefone, e disquei para Alex.

— Charlie? — A voz soou preocupada. — Você está bem?

As outras meninas pareciam me fitar. Eu sentia as lagrimas na boca da minha garganta.

— Você pode ir para meu apartamento agora? — Mordi os lábios. — Tipo agora?

— Claro, o que houve?

— A gente conversa lá, tudo bem?

— Tudo bem.

Eu desliguei, e refiz todo o caminho até o carro. Meu mundo tinha começado a girar rápido demais e eu não estava conseguindo acompanhá-lo. Senti uma sabitu vontade de fazer o caminho de volta e ir até a sala perguntar para Wade se aquilo estava realmente acontecendo. Queria me jogar em seu peito e fazer ele me falar todas as palavras que ele havia me dito uma noite atrás. Eu não conseguia pensar, e nem mesmo iria. Eu só precisava chegar no meu apartamento. Naquele exato momento.


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Notas finais do capítulo

♥ ♥ ♥



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