Surpresas do amor escrita por Anchorage


Capítulo 1
Capítulo Único




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Draco Malfoy não se considerava romântico. Porém, naquele dia específico ele se sentia romântico. Talvez fosse o sol, que emanava por entre as nuvens, ou talvez fosse o fato da cidade de Londres estar apinhada de casais apaixonados comemorando o dia quatorze de fevereiro. Não que esse dia significasse algo de verdade para ele. Draco acreditava fielmente que era apenas mais uma oportunidade para as grandes corporações midiáticas extorquirem dinheiro das pessoas.

No entanto, Astoria Greengrass era considerada romântica. Draco sabia muito bem que ela gostava de gracejos, surpresas e declarações inesperadas. Obviamente o dia dos namorados não era nada inesperado, era quase uma obrigação: os homens deveriam encomendar flores, organizar um jantar romântico, comprar um presente estonteante. E a cada ano, Draco fazia o seu melhor para providenciar um dia inesquecível à Astoria. E esse não seria diferente; seria ainda melhor.

Pequenas gotas começaram a cair no momento em que o celular de Draco começou a tocar.

— Oi, amor. — A voz de Astoria soou entristecida. — Tenho péssimas notícias.

—O que aconteceu? — Draco perguntou enquanto se abrigava em um café.

— Vou ter que trabalhar até mais tarde. Só porque Miranda não tem com quem passar o dia dos namorados, ela acha que pode arruinar o dia para todos! — Draco podia sentir a irritação dela e não conteve o sorriso ao ouvi-la bufando.

— Não pense que eu não sei que você está feliz por ter se livrado do nosso jantar anual, Malfoy. — Draco gargalhou e Astoria suspirou, enrolando um de seus dedos no fio do telefone.

—Você sabe o quanto eu aprecio nossos jantares românticos. — Draco usou seu tom de voz baixo e rouco. — É só que eu prefiro o que vem logo depois do jantar.

— A sobremesa, você quer dizer. — Ela soltou uma risadinha.

— Se considerarmos que você é a sobremesa, sim.

— Muito engraçado, Draco. Mas como não teremos nosso jantar, receio que não haverá sobremesa. Em todos os sentidos.

Draco soltou um muxoxo de desaprovação e ouviu uma voz ao fundo gritando ordens.

— Isso que dá ser uma excelente profissional. — Ela bufou novamente. —Eu preciso ir.

— Tudo bem, te vejo mais tarde.

— Até mais tarde, namorado-que-eu-não-vou-namorar-no-dia-dos-namorados.

— Compensaremos amanhã, com um jantar magnífico! Não se preocupe com isso.

Mas Draco sabia muito bem que Astoria se preocuparia com isso.

— Certo.

Assim que ela desligou, Draco sorriu. Tudo estava caminhando como ele havia planejado. Astoria estava visivelmente decepcionada e Draco se sentia culpado por causar aquilo à namorada, mas era algo que precisava ser feito. No fim das contas, ela entenderia. Ele colocou uma de suas mãos em seu bolso e segurou a pequena caixa de veludo. Ela com certeza entenderia.

Do outro lado da cidade, Astoria estava completamente desolada com aquele dia dos namorados. O objetivo desse dia erajustamente namorar e lá estava ela, confinada em um escritório com uma mulher incrivelmente mal-humorada e mandona.

Parecia que naquele ano o próprio Cupido havia decidido que ela e Draco não teriam um bom dia dos namorados.

Para começar, o despertador não havia tocado e Astoria acordou completamente atrasada e por isso nem se deu conta de que era um dia especial. No entanto, assim que chegou em seu escritório e viu dezenas de corações pendurados no teto,  flores,cestas de chocolates, bichinhos de pelúcia  e cartões apaixonados, ela se deu conta de que era dia dos namorados.

Astoria adorava aquele dia! E ela não conseguia acreditar que havia se esquecido.

Como se não bastasse ter tido um péssimo começo, o seu dia não teria um bom final também, pois ela teria que ficar até mais tarde para ajudar a chefe a finalizar as obrigações da empresa e o jantar preparado por Draco seria desmarcado.

Na hora do almoço, Astoria teve quinze minutos para comer. Então, ela foi até a Delicatessen que tinha logo ao lado do seu trabalho e pediu o de sempre. Quando estava voltando para o prédio da empresa, algo engraçado aconteceu: um homem  que vestia apenas uma fralda pulou em sua frente e fez com que ela gritasse assustada.

— Boa tarde. Eu sou o Cupido! — O homem puxou uma flecha e a apontou para o rosto de Astoria. — Tenha um ótimo dia dos namorados. — Ele lhe entregou uma rosa e saiu correndo para abordar outra mulher.

Astoria encarou sua rosa e suspirou. Draco não parecia estar decepcionado por passar o dia dos namorados sozinho, mas ele sabia o quanto Astoria se importava com esse tipo de coisa. Infelizmente, não era o que parecia.

Sinceramente, ela estava afim de ir até a casa deles, onde funcionava o escritório de Draco, e socar aquela cara pálida, mas ela respirou fundo e logo se esqueceu de seu desejo violento, pois recebeu uma ligação de Miranda, perguntando onde ela estava.

xx

Draco consultou seu relógio e suspirou ansioso. Eram oito horas, Astoria deveria ligar com novidades sobre a que horas ela estaria liberada. E assim ela o fez.

 — Você não vai acreditar. — A voz de Astoria estava baixa. — Eu sou a única palhaça que ainda está aqui e agora a Miranda me mandou buscar um quadro que ela encomendou no ICA. Agora! Oito horas da noite do dia dos namorados!

— Tori, eu sei que você está irritada com tudo isso, mas não tem porquê. Amanhã eu reservo uma mesa no Gordon Ramsay e comemoramos o nosso dia dos namorados. O que você acha disso?

— Você realmente não entende, não é? — Ela fechou os olhos e balançou a cabeça. — Tenho que chegar ao ICA antes que ele feche. Tchau, Draco.

Astoria bateu o telefone com força e se jogou em sua cadeira. Ela sabia que Draco achava que aquele dia era como qualquer outro, mas ela adorava tudo naquele dia: as flores, as músicas, as decorações, as demonstrações de afeto. Era um dia repleto de amor e Astoria argumentava que o mundo precisava de amor.

Ela juntou suas coisas, deixou o escritório e se encaminhou até o Instituto de Arte Contemporânea. Astoria não era o tipo de mulher que esperava um príncipe encantado, ela era independente e autônoma. Ela acreditava no amor, mas não o idealizava; sabia que o amor não era perfeito, ele tinha suas falhas e seus obstáculos. Além disso, acreditava em destino e, sendo assim, ela entendia que cada pessoa estava destinada a uma outra.

Assim que ela avistou as pilastras do ICA, Astoria se sentiu mais feliz, pois logo iria para casa, só precisaria deixar o quadro no prédio de Miranda.

— Olá, boa noite. Eu estou aqui para pegar uma encomenda da Miranda Rocher.

— É só seguir por esse corredor. — O guarda indicou o corredor da esquerda e Astoria assentiu.

Ela caminhou apressada até o fim do corredor, que dava entrada a um enorme galpão escuro. Ela esticou sua cabeça e observou o espaço; estava tão escuro que seus olhos não conseguiam ver nada. Ela caminhou até o meio do galpão e de repente as luzes se acenderam. Draco estava ali parado, bem a sua frente.

— O que você faz aqui? —ela perguntou com um sorriso bobo no rosto.

— Você é Astoria Greengrass? —ele perguntou com uma sobrancelha arqueada e ela assentiu confusa. — Nós somos muito rigorosos com nosso sistema de entregas.

Draco bateu palmas e um homem adentrou o galpão carregando um imenso buquê de rosas vermelhas. O entregador entregou o buquê para Draco e saiu apressado. Nessa hora, as luzes se tornaram mais fracas, dando um tom avermelhado ao ambiente, e então diversas imagens começaram a ser projetadas sobre a parede principal. Draco e Astoria juntos no campus da faculdade, a viagem dos dois para o Chile, o dia em que eles adotaram um gato, o momento em que eles compraram um apartamento juntos e, logo depois, o dia da mudança e, por último, surgiu uma foto do dia em que eles haviam se conhecido, numa sessão de cinema.

— Draco... — Astoria sussurrou chorosa. Ele se aproximou dela com o buquê ainda em mãos e apoiou o queixo em sua cabeça. — Seu bastardo!

— Não era isso que eu esperava ouvir. —Ele franziu o cenho.

— Você fez um complô com Miranda para que ela me prendesse no escritório! —Ela o acusou.

— Culpado! — Draco deu de ombros.

— Eu não sei se eu choro de raiva ou de felicidade.

— Raiva? Por que raiva?

— Eu estava odiando o dia de hoje e você não parecia se importar, mesmo sabendo o quanto eu gosto do dia dos namorados.

— Era tudo parte do plano. — Draco rebateu começando a se irritar. Astoria estava reagindo de uma maneira totalmente inesperada.

— Um plano muito idiota, por sinal.

— Um plano que você está estragando, Greengrass.

Ela se calou e Draco respirou fundo, enquanto caminhava lentamente até ela.

— Eu sei o quanto esse dia é importante para você, eu sei que você gosta da energia desse dia, eu sei que você adora ouvir as músicas melosas nas rádios, sei que você ama um belo buquê de rosas vermelhas, por mais clichê que isso seja. —Ele entregou o buquê a ela e prosseguiu. — Mas esse dia é como qualquer outro para mim, porque eu vou sempre te amar, por todos os dias e com a mesma intensidade, vou me declarar todos os dias, vou te surpreender todos os dias. Eu não preciso de um dia especial para demonstrar meu amor por você.

Ela se inclinou e o beijou de uma maneira tão passional e calma que o coração de Draco parou de bater por um segundo.

— Eu estava sendo idiota. — ela murmurou. — Me desculpe.

— Com uma condição. — ele disse. —Que você me dê mais um beijo desses.

Astoria riu e se aproximou dele mais uma vez.

— Eu te amo.

— Eu sei. —ele respondeu e sorriu galanteador. — Vamos!

Draco a puxou pela mão e a guiou até uma limosine preta, que estava estacionada em frente ao ICA. O motorista abriu a porta para que Astoria pudesse entrar e ela agradeceu. O interior tinha um cheiro de baunilha, com uma iluminação bem fraca, duas taças de champagne e uma enorme caixa branca sobre o banco de couro.

— O que é isto? — Astoria perguntou divertida.

—Você não pode ir vestida assim, não é mesmo? —Draco franziu o nariz ao olhá-la de cima a baixo e ela socou seu ombro.

Assim que abriu a caixa, Astoria boquiabriu-se.

— É lindo! — Ela depositou um leve beijo na bochecha do namorado e gargalhou.

— Imagine no seu corpo. — Draco piscou e Astoria sorriu maliciosamente enquanto desabotoava sua blusa azul de seda.

Astoria retirou sua blusa e se aproximou de Draco.

— Você tem o prazer de observar, meu amor. — ela sussurrou baixinho e mordeu o lóbulo da orelha dele. Ele a puxou para um beijo intenso e ela começou a rir. — Eu preciso me trocar. Não posso ir vestida assim. —Ela o imitou e ele revirou os olhos.

— Sinceramente, não me importo mais com o que você vai vestir.

— Uma pena, porque eu fiquei deslumbrante nesse vestido!

Astoria apoiou o cotovelo na parte superior do banco e fez um biquinho. Draco segurou o queixo dela e ela sorriu ao perceber que os olhos dele brilhavam de desejo.

— Senhor, nós chegamos. — A voz do motorista ecoou pela pequena caixa de som e Draco respirou fundo.

— Vamos? — Astoria perguntou sorridente.

Draco a segurou pela mão e eles saíram do carro.

— Feche os olhos, está bem?

Astoria tampou os olhos com as mãos e Draco a segurou pela cintura, mostrando-lhe o caminho.

—Você se lembra daquela empresa Secret Cinema, que organiza sessões secretas de cinema?

— Sim! Eles marcam um ponto de encontro e depois te levam para o local em que o filme vai ser reproduzido. —Astoria falou animada, ela adorava cinema. — Foi em um desses eventos que a gente se conheceu. — ela completou.

— Bonnie e Clyde no IndigO2.

Astoria riu e balançou a cabeça afirmativamente.

— Eu entrei em contato com eles e esse é exatamente o nosso programa de hoje! — Draco segurou as mãos de Astoria e ela abriu os olhos, maravilhada com o que via.

Uma grande tela de cinema estava montada no centro do lugar, e posicionada em frente à tela havia uma mesa iluminada com velas e duas poltronas despojadas, uma de frente para a outra. Os dois se sentaram e Draco segurou a mão de Astoria.

— Você gostou?

— Sim. — Astoria bebericou o champagne. — Está tudo perfeito.

A tela se iluminou e a contagem regressiva começou. Draco puxou sua poltrona até o lado de Astoria, mas não se sentou. Ao invés disso, ele se pôs de joelho, e, assim que o três se materializou na tela, ele segurou a mão dela, atraindo sua atenção.

Ela o olhou confusa por alguns segundos e então seus olhos se arregalaram e um enorme sorriso se estampou em seu rosto.

—Astoria Greengrass, você me daria a honra de se tornar minha esposa?

Ela cobriu sua boca com as mãos e fechou os olhos, deixando algumas lágrimas caírem.

— É claro que sim. Eu aceito, Draco, eu aceito!

Ele deslizou o anel pelo dedo dela e beijou sua mão.

— Eu te amo, Astoria Greengrass.

— E eu amo você, Draco Malfoy.

Os dois se levantaram e se acomodaram nos diversos puffs que estavam espalhados pelo chão.

— Eu lembro que você tentou roubar meu puff! — Astoria gargalhou com a lembrança.

— Eu tinha visto primeiro! E quando você viu que eu estava chegando, você saiu correndo que nem uma louca.

Ela continuou a rir e deitou sobre o peito de dele.

— Mas eu sei que, sendo o cavalheiro que você é, você teria me cedido o puff. — ela disse baixinho enquanto contornava os lábios dele com um de seus dedos.

— Ah, Greengrass, você subestima minha generosidade.

— Não, eu sei o quanto você pode ser generoso.

—Só você desperta esse lado em mim. — Ele sorriu.

— Eu gosto que seja assim, me sinto única! —Ela riu. —Isso é egoísta, não é?

— Sabe o que é egoísmo, Greengrass? Eu aluguei esse espaço inteiro para nós dois assistirmos Bonnie e Clyde, mas nós não estamos assistindo ao filme, nem fazendo algo de útil.

— Nós estamos conversando, isso é útil!

— Eu consigo imaginar algo ainda mais útil. —Ele sorriu e se pôs por cima dela.

—E se eu disser que eu quero assistir ao filme?

— Eu posso fazer com que o filme rode de novo. E de novo. E quantas vezes forem necessárias.

Draco começou a rir e Astoria logo se juntou a ele.

— Bom, se é assim...

Ela o puxou pelo colarinho e os dois se beijaram apaixonadamente.

Aquele havia sido o melhor dia dos namorados que os dois poderiam imaginar.


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Notas finais do capítulo

Olá!!!

Essa é one foi feita - com muito carinho - para a minha amiga secreta do grupo Madame Pince Ficlibrary: a Nina (https://fanfiction.com.br/u/583562/).

Escolher o ship para a minha amiga foi muito difícil; eu queria fazer algo diferente, fora da minha zona de conforto e, coincidentemente, ela gosta de vários casais que não estão na minha rotina de fics.

Por isso, escolhi Drastoria, um casal que ela gosta e um ship que eu comecei a me interessar. Encarei essa fic como um desafio e espero que o resultado tenha sido bom!

Gostaram????????

Espero que sim - principalmente você, Nina!!!!!!

Beijos,
Mi.



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