Dissidia: Final Fantasy – O fim de uma guerra? escrita por Warrior of Light


Capítulo 6
As dunas da morte




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/679832/chapter/6

      -Estação... Hum, a placa está um pouco apagada, e não tem como ver em qual estação estamos.

      -E que diferença faz? Nós nem sabemos em que mundo estamos.

      Lightning tem sido um pouco rude com Warrior of Light nas últimas horas... Mais do que o normal. Apesar de que, depois da última conversa que tiveram na igreja, ele está até que surpreso de não estar mais apanhando. Seu rosto ainda continua um pouco vermelho, mas a dor já tinha passado, ele está acostumado com isso, mesmo levando em conta que a força de sua aliada seja mais do que esperava. Na caminhada da igreja até a estação de trem, não foi proferida uma só palavra das duas, que nem chegaram perto do guerreiro da luz, mantendo passos mais largos para ficar a frente ou, em certas ocasiões, diminuindo a caminhada para ficarem atrás dele, tentando o ignorar de um jeito ou de outro. Ele nada diz ou faz a respeito, decidiu dar espaço pra elas, achou que fosse necessário.

      Apesar de não admitir para Warrior of Light, Lightning se recorda gradativamente daquele lugar. As grandes letras douradas escritas na placa retangular por cima de um fundo preto com detalhes prateados, o piso xadrez nas cores marrom e cinza, a janela levemente transparente com listras pretas e amarelas, o relógio cromado dourado e os postes de luz iluminando o local: sua memória parece trabalhar mais rápido quando nesse lugar, provavelmente pela possibilidade daquele local ser de seu mundo. Apesar do mundo em que estavam e do que estão agora carregarem semelhanças, é perceptível a mudança entre a tonalidade das tintas nas paredes, os civis que andam nas ruas com roupagens diferentes e a estrutura das cidades como um todo. Mesmo assim, a transição entre os lugares demorou, e ainda não se lembrava dos horários que o trem passava, então restaram para os guerreiros de Cosmos apenas esperar.

      ...

      Passado cerca de 30 minutos, o trem enfim vinha, com suas luzes fortes indicando sua chegada. Seus detalhes eram todos escuros, com mixagens de preto e cinza, variando entre tonalidades mais claras e outras mais escuras, com uma grande listra vermelha (também escura). Sem outra opção para prosseguirem, os três então embarcaram.

      -Desceremos na próxima estação. Até lá, tentem descansar, eu as avisarei quando chegarmos. – Diz Warrior of Light no momento em que as duas se sentam nas cadeiras. Antes que ele também se sentasse, Lightning faz um aceno com a mão, indicando para que ele vá ao outro vagão.

      -Sugiro que vá ao vagão da frente. Ficaremos atentas quando chegarmos, e espero o mesmo de você. – Ele até pensa em dizer alguma coisa, mas no fim das contas acabou apenas por balançar a cabeça positivamente, era melhor não começar outra discussão desnecessária. Com sua saída daquele vagão, Lightning se acomoda na cadeira, que era confortável e aconchegante. O trem parecia seguro, com câmeras de segurança ao redor do vagão e piso estável.

      Apesar de estar seguindo Lightning já faz um tempo, Terra ainda não conseguiu ter uma conversa com ela devido aos momentos nada tranqüilos. Achou que agora talvez fosse uma boa hora: não estavam em discussão, em uma luta com um grande monstro e nem em um trem fantasma e outra oportunidade como essa pode demorar a aparecer.

      -Então...

      -Eu quero que saiba que eu não vou ser sua babá. – Lightning a interrompe – Se está me seguindo pensando nisso, é melhor procurar outra pessoa.

      -Não, é que... Eu concordo com você... Sobre o Warrior of Light e seu jeito de tentar ganhar nossa confiança.

      -Ele não sabe nada, não sabemos nem ao certo quais suas verdadeiras intenções, e nem se realmente está do nosso lado.

      -Acha que ele esconde alguma coisa?

      -Deuses sempre têm algo a esconder, e ele é tolo de acreditar no contrário... Mas ele também pode saber de algo que não tenha nos contado.

      -Talvez...

      As duas então passam a olhar o cenário pela janela, que era limpa e clara. Apesar de terem a mesma visão, seus pensamentos são muito diferentes. Enquanto Lightning tenta pensar em coisas que a mantenha firme e motivadora, Terra só consegue pensar em desgraça e morte e, por algum motivo desconhecido, associa tudo isso a imagem de alguém com roupa colorida cheia de bolinhas e listras, especialmente da cor vermelho e amarelo, um palhaço. Nenhumas das duas dizem mais nada até o trem chegar e se preparem para desembarcar.

      Ao saírem, Warrior of Light fica olhando para o lado, esperando ver as duas. Lightning sai sem procurar por ele, enquanto Terra olha para o lado, o vendo, mas sem fazer nenhum tipo de sinal. Curiosamente, eles são os únicos a descerem nessa estação e a primeira coisa que vêem ao saírem é areia... Muita areia, que cobria até parte do piso. Ao caminharem um pouco mais pra frente, enxergam uma montanha de areia, que tinha feição sedimentar, uma estratificação cruzada e marcas onduladas. Seu vento era forte e trazia consigo muitos grãos de areia que dificultavam a visão. Naquela parte do cenário, a montanha de areia tinha inclinação baixa, o que dificultava a caminhada, necessitando de passos mais fortes e largos para qualquer um subir por ela. Julgando por esses detalhes, parecia ser uma duna, tornando-se claro que aquele monte de areia era formado pelo vento e pelo mar, geograficamente falando. Por isso que os guerreiros de Cosmos devem sair de lá o quanto antes, visto que dunas são sujeitas a alterações no tamanho, dependendo da ação do vento. Por um momento, até pensaram em voltar ao trem e ir para a próxima estação, mas tinha a chances deles pararem em um lugar pior ainda.

      -As dunas da morte... – Lightning parecia lembrar-se daquele cenário – Eu sei onde estamos.

      -É um lugar de seu mundo, provavelmente. Tem uma idéia para onde devemos seguir? – Warrior of Light questiona as memórias de sua parceira, se aproximando um pouco, mas se afastando logo depois de falar. Ela apenas olhou pra ele, não indicando uma resposta positiva, nem negativa. O processo de recuperação de memória é demorado, e pode tomar algum tempo ainda, seria preciso andar pelo cenário pra que lembranças venham.

      Ao subirem a montanha a sua frente, enxergam no fundo outras montanhas, também formadas de areias, dando a entender que esse cenário já está abandonado há centenas de anos, e um rio, limpo e claro. O que mais chama atenção dos guerreiros de Cosmos, porém, é uma ponte, que aparenta estar em bom estado. Poderia levar a alguma cidade? Levando isso em conta, os três então vão indo na direção da ponte, que aparentava não ter fim. A dura caminhada também se dava devido ao cansaço, também mental quanto físico, até mesmo Lightning já demonstra sinais de fadiga. Seus passos ficam cada vez mais lentos e pesados, e a tempestade de areia também aumenta e não aparenta que vá cessar. Mesmo assim, eles continuam andando, até acharem ruínas que ainda não foram totalmente cobertas pela areia. As ruínas indicavam que ali já foi uma cidade, com uma ponte com portas quebradas, provavelmente sendo a entrada pro lugar quando ainda existia algo ali que não fosse areia, e a pouca vegetação estava acinzentada. Eles avançam até serem barrados por um furacão de areia, tão forte que os empurrou pra trás antes deles chegarem perto. Eles tentam avançar, mas mal conseguem manter-se em pé.

      -Nós precisamos passar por essa tempestade de areia. – Diz Lightning, com a mão a frente do rosto para tampar a forte intensidade do furacão e os pés fazendo pressão no chão para manter-se no lugar e não ser jogada pra longe.

      -Eu acho que posso controlar por alguns segundos... A tempestade de areia, só preciso de... Tempo. – Terra, falando pausadamente devido à forte intensidade da tempestade, propõe uma possível solução com, obviamente, uso de seus poderes mágicos.

      -Você tem poder suficiente pra isso? – Warrior of Light, usando seu escudo como meio de se sustentar em pé, subestima Terra por um minuto, embora não tenha tanto conhecimento sobre a extensão de seus poderes.

      -Eu tenho que tentar. – Terra então vai à frente, na direção do tornado, usando seus poderes de vôo para conseguir chegar ao centro e começar a usar magia para controlar um pouco a tempestade. Precisaria de aproximadamente um minuto para conseguir atingir seu objetivo... Porém...

      Para que conseguisse parar a tempestade de areia, Terra precisaria de um tempo se concentrando apenas nisso. Um furacão dessa intensidade requer muito poder para pará-lo, e não poderia perder tempo com outras coisas. Mas a presença de um monstro que começa a descer a montanha indo na direção dos guerreiros de Cosmos pode atrapalhar o processo. Seu corpo parecido com um réptil era todo amarelado, seus olhos eram vermelhos, e seus dentes eram grandes, tinha uma cauda pequena. Ele tinha uma carapaça o cobrindo, essa que provavelmente era a única coisa que o impedia de ser jogado pela tempestade. Com suas patas afiadas, o predador se impulsiona e então dá um pulo na direção de Lightning e Warrior of Light, abrindo sua grande boca e tentando pegar suas presas com ela. O guerreiro da luz pula pro lado e Lightning se abaixa. Os dois rapidamente analisam a criatura e chegam à conclusão que a única maneira de derrotá-lo era quebrando a “armadura” que o protegia. O principal objetivo é mantê-lo fora do alcance de Terra.

      Era a vez dos guerreiros de Cosmos atacarem. Lightning é a primeira a fazer isso, dando golpes simples com sua GunBlade para distraí-lo. Com isso, permitiu que Warrior of Light concentrasse um ataque com seu escudo, que pula na direção do inimigo logo após sua companheira ter terminado sua rodada de golpes, e então dá um golpe forte o suficiente pra que o monstro caísse no chão. O mesmo se levanta quase que no mesmo segundo, abre sua enorme boca e solta uma espécie de acido misturado com magia. Os dois dão um alto pulo e, enquanto no ar, percebem que o monstro usou esse ataque para distraí-los e começou a ir à direção de Terra. O próximo ataque deles tinha que ser rápido o suficiente para chegar à criatura sem atrapalhar Terra, mas ferindo a besta ao mesmo tempo. Então, Lightning segurou a mão de Warrior of Light e, ainda no ar, o jogou com intensidade na direção da carapaça. Ele enfiou sua espada na “armadura” do monstro e começou a soltar rajadas de luz sem parar. A carapaça aos poucos foi se desfazendo, até que Lightning caiu dando um ataque que, embora não tenha sido mortal, juntando as magias do guerreiro da luz, quebrou a carapaça do monstro. Com sua defesa acabada, não foi necessário muito mais que alguns golpes para matá-lo.

      No fim da batalha, Terra já estava conseguindo controlar a tempestade de areia. Mas isso foi necessário um grande poder, e ela não conseguiu impedir de controlar sua outra forma, sua forma Esper. Seu corpo e cabelo começaram a ficar vagarosamente na cor de flores de lavanda, púrpura. Apesar de ficar mais poderosa nessa forma, seu aspecto mais selvagem a faz parecer um monstro, e é um poder difícil de controlar, o que a assusta. Com medo de perder o controle e machucar os outros, ela para de usar seu poder e Lightning percebe isso e fica com dúvida a respeito dela, apesar de nada comentar no momento. O tornado cessou por alguns segundos, tempo suficiente para que Lightning e Warrior of Light passem.

      -Você se saiu muito bem lá atrás, Terra. Devo admitir que por um momento não esperava que fosse conseguir, mas agora vejo que seus poderes são bem extensos. – Diz Warrior of Light logo após passarem o tornado.

      Do outro lado, parecia que tinham ido de um deserto pra outro. A vegetação era viva e mais ampla, a areia não estava cobrindo quase nada do solo, e tinha algumas pessoas por lá, parecendo uma pequena vila. Entre os de destaque, tinha dois de cabelos loiros, um com cabelo preso em um rabo de cavalo curto e outro todo despenteado, e uma com cabelos castanhos na altura do ombro, de olhos de diferentes cores (um verde e um azul). As outras pessoas, no geral, eram mais simples, com um aspecto desleixado e roupas sujas, talvez também devido ao local onde estão. Os guerreiros de Cosmos então entraram dentro de uma pequena casa, essa até que bem arrumada, com cortinas coloridas enfeitando e boas cadeiras pra sentar. Tinha um vendedor, com um estoque pequeno de água e bebidas, e do lado um violonista tocando algumas músicas.

      -Aqui, sente-se, você gastou muita energia lá atrás. – Warrior of Light sugere que Terra descanse, essa que olha pra Lightning, como se quisesse permissão. Ela acena a cabeça positivamente.

      -Fique um pouco enquanto eu observo o resto dessa... Vila. – Respondeu Lightning.

      -Lightning, vou junto com você. – Warrior of Light, sempre falando como se fosse o líder da “equipe”.

      -Faça o que quiser. – Respondeu Lightning com um tom de voz mais grave. Os dois continuaram observando, ainda na mesma casa, em outro quarto. Esse era mais organizado, com uma cortina vermelha no fundo, quatro espadas grudadas na parede, e três tapetes (um amarelo com listras vermelhas e verdes, outro azul com detalhes amarelados e outro preto com desenhos alaranjados), um armário com alguns livros, vasos, uma cama e duas cadeiras. Em uma dessas, está sentada uma mulher de cabelos escuros ondulados, com os pés em cima da mesa, segurando uma lança. Quando viu quem era, Lightning ficou surpresa, seu olhar mudou de alguém que estava com raiva para alguém que acaba de ver uma conhecida que há muito tempo não encontra.

      -Chegou na hora certa, sol brilhante. – Começa a falar a mulher sentada, que se levanta quando percebe a presença de Lightning.

      -Fang... – Ela pronuncia seu nome.

      -O que? Sem abraços ou lágrimas derramadas por uma velha amiga? Não é como se eu esperasse, porém. Se você gritasse “Fang!” e visse correndo me abraçar... Eu acho que teria um ataque do coração.

      -Vocês já se conhecem? – Warrior of Light intervém, também surpreso por não lembrar dela. Talvez essa seja a primeira vez que essa tal de “Fang” tenha sido convocada para um ciclo da guerra entre Cosmos e Chaos, e por isso não se recorde dela.

      -Sim, lutamos algumas vezes juntas. – Responde Lightning, nervosa por ele ter interrompido a conversa.

      -Só isso? – Fang responde, se aproximando de Lightning e colocando a mão em seu ombro. – Vejo que você continua a mesma, e isso é bom, afinal já faz muito tempo desde a última vez em que nos vimos. Nós temos muito pra conversar...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

No próximo capítulo, Onion Knight, Squall e Firion avançam pela misteriosa caverna que está em seus caminhos.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dissidia: Final Fantasy – O fim de uma guerra?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.