A Herdeira do Infinito escrita por Cabeça de Alga


Capítulo 6
A Primeira




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Acordei de madrugada pensando no que Lemeth teria para me contar, além das coisas que já tinha dito. A ansiedade estava tomando conta de mim, não conseguia pregar os olhos sabendo que o assassino dos meus pais estavam por ai a solta. A vingança viria, poderia demorar um tempinho, mas eu irei me vingar de todos aqueles que fizeram mal a mim e a minha família. Ainda me intenderei com meu avô, o motivo pelo qual ele proibiu minha mãe e meu pai de ficarem juntos e o por que dele ter atacado o clã de minha mãe antigamente. Se os Reivels estavam em busca de vingança contra aqueles que “destruíram” seu clã, por que atacariam minha tia, sendo que seu reino estava neutro a tudo. Não conseguia entender, não tinha explicação que pudesse me ajudar a intender.

O amanhecer demorou chegar e quando chegou não foi Lemeth que veio me buscar e sim Belona.

— Sr. Clarisse, bom dia. Sinto lhe dizer que Lemeth não poderá estar presente hoje – Disse ela – ela teve que ir resolver uns problemas fora de Everis, então hoje nós iremos começar os treinamentos – Disse ela e sem esperar resposta continuou – Te espero no quintal em cinco minutos – E com isso ela saiu do quarto.

Levantei e fui ao banheiro, me arrumei e desci as escadas, Belona me esperava no jardim em frente a casa. Ela estava vestida com uma camiseta branca e uma calça preta.

— Por que Lemeth teve que sair ?, sei que não é da minha conta.

— Realmente não é da sua conta, então vamos começar a treinar – Disse Belona ríspida.

— Tudo bem então.

Belona foi para um canto e me mandou para outro.

— Agora eu quero que você feche os olhos – Ela disse, então obedeci – agora quero que se conecte com seu eu interior, em outras palavras, com sua alma, seu dom, encontre-o – Então tentei fazer o que ela estava falando, fechei os olhos e procurei dentro de mim mesma por esse dom, sem muito sucesso, não conseguia entender o motivo daquilo tudo, achei que seria apenas eu levantar as mãos e bum aconteceu – Isso não é brincadeira Clarisse, você tem que se concentrar, se quer realmente sua vingança – Quando ela disse isso eu abri meus olhos – Não sinta-se espantada, não contarei nada para Lemeth, apesar dela também já saber. Agora volte a fechar os olhos e concentre-se, por que se isso der errado você ira morrer e eu e Lemeth com você – Fechei novamente os olhos.

Dessa vez eu procurei em cada cantinho escuro dentro de mim, até mesmo partes esquecidas de mim, lembranças a muito perdidas. Lembrei de quando o orfanato pegou fogo, eu estava na casa de uma amiga minha, chamada Jeyne, ela tinha 16 anos, nós estávamos jogando no novo computador dela, nunca tinha tido nada parecido, então mesmo com as irmãs terem me deixado de castigo eu não poderia perder essa oportunidade. Com isso eu cheguei na casa de Jeyne e duas horas depois uma reportagem me fez sair correndo da casa dela, fui direto para o orfanato, pois na reportagem dizia que ele estava em chamas e que uma menina tinha sido deixada la dentro. Quando cheguei as portas do orfanato já tinham sido todas consumidas, os bombeiros tentavam de tudo para abaixar as chamas, mas nada dava certo, quanto mais água eles jogavam mais fogo pegava. As irmãs estavam reunidas com as outros órfãos, me aproximei delas, quando a Irmã Julieth me viu ela deu um grito e correu para meu encontro: “Clarisse querida, que bom que esta bem, como que você conseguiu sair “ perguntou ela “Eu estava na casa da Jeyne, desculpa ter desobedecido vocês” Disse “Meu Deus nunca achei que iria dizer isso, mas graças a Deus que você não me ouviu” Disse ela me abraçando novamente. A lembrança encheu meus olhos d'água, nunca tinha parado assim para pensar em como elas tinham sido importantes para mim, de certa forma eram minha família. Mas tinha uma nessa lembrança que estava imperceptível no momento, era a presença de um homem atrás das arvores, ele me encarava e sabia que eu estava vendo ele, não consegui ver seu rosto estava escuro demais e ele estava encapuzado, mas de alguma forma sabia quem ele era, Victor Reivel, ele foi la para me matar, mas alguma coisa o impediu, não sei o que mas naquele momento ele estava me dando uma trégua. O pensamento dele estar com pena de mim me encheu de ódio, aquele assassino, ele merecia morrer, eu não preciso da pena de ninguém. Comecei a sentir meu corpo flutuar, estava tudo muito quente, não conseguia entender, de repente abri os olhos e eu estava realmente flutuando e Belona estava sorrindo para mim. A minha volta tinha uma luz meio distorcida de um preto desbotado e vários pontos luminosos rodavam a minha volta, Belona parecia que ia explodir de tanta felicidade e eu parecia que ia desmaiar de tanto medo, nunca experimentei nada parecido com isso, era diferente, era bom, na verdade era maravilhoso, me sentia finalmente livre.

— O que é isso ? - Pergunte.

— Isso é seu dom Senhora Clarisse Cronarius – Disse Belona com um meio sorriso – Você conseguiu criar um escudo estelar, uma coisa excepcional, muitos poucos em seu clã conseguia fazer isso. Esse é apenas um passo para o controle completo de suas habilidades. Agora vamos testar esse escudo estelar, para ver se ele é capaz de te proteger de alguma coisa – Disse ela apontando a mão estendida para mim, do meio de sua mão saiu uma raio de fogo, fino mais que poderia queimar gravemente qualquer um. O fogo atingiu meu escudo estelar sem causar dano algum, Belona intensificou o raio, fazendo o fogo tomar conta de todo meu escudo. Por um segundo cheguei a ficar eufórica, eu finalmente tinha conseguido alguma coisa, tinha o que apresentar para os lideres dos clãs, agora eu era realmente uma herdeira do Clã Cronarius, quase que não percebi que era Belona que estava lançando o raio de fogo em mim, não tinha como esquecer que clã que dominava esse poder, ela nunca me falou seu nome completo e nem mesmo Lemeth fez questão de mencioná-lo, por Belona ser uma Reivel, por isso elas não mencionaram. Minha raiva se intensificou, estava cansada de ser enganada por todos, estava exausta de tudo e de todos, todos tentando me matar, chega, eu não vou ser assim mais, chega de ser uma coisa insignificante, agora irei realmente me lembrar de quem eu sou, uma Cronarius. Tentei me lembrar das coisas que Lemeth tinha me dito sobre os dons de meu clã, mas estava tudo bagunçado, não dava para procurar informações na minha cabeça e sustentar um escudo, tudo ao mesmo tempo. “Vamos Clarisse, reaja, não deixe que eles acabem com nosso legado” disse uma voz em minha cabeça, que por um segundo pensei que fosse minha mãe falando comigo, o que me ajudou a ganhar ainda mais força. O legado de minha família e de meus antepassados, agora era também meu: "A Escuridão é o Caminho e a Luz é sua Lanterna”. Deixei o escudo pra la e de alguma forma consegui criar um raio de luz, que mandei diretamente para Belona Reivel, com força total, queria destruí-la por me enganar, por ser daquela família maldita, que matou todos aqueles que se importavam comigo. A reação de Belona não foi a que esperava, ela parecia estar se divertido bastante, estava feliz, ela estava sendo abusada comigo, aquele sorriso de deboche, meu raio estava cada vez maior e mais forte, a luz era muito forte, até meus olhos doíam com ela – Isso é tudo o que tem Clarisse ?, você realmente é uma Cronarius, mas é muito fraca, nunca conseguira vingar a morte de seus pais assim, vamos você consegue melhorar isso – Ela pediu e eu obedeci e com prazer, nesse momento que queria destruí-la, então o raio ficou negro ao invés de branco, negro como o breu, sentia a vida se exaurindo de tudo e vindo diretamente para mim, Belona dessa vez estava com medo, não tentou disfarçar. O medo dela fazia meu dia ficar feliz – Clarisse já chega – Disse ela, mas eu estava apenas começando e não ia parar agora, ia até o final, eu iria começar minha vingança, eu irei destruir a minha primeira Reivel.


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