A Herdeira do Infinito escrita por Cabeça de Alga


Capítulo 28
A Batalha Final - Segunda Parte




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A sala do trono estava um caos completo, já se passara os dois dias em que Prometheus chegaria em minhas muralhas. Todos os líderes vinham me cobrar sobre a tática que deveríamos utilizar, todos diziam que tinha sido um erro enfrentar Prometheus assim, que deveríamos ter deixado o castelo antes e depois com uma força maior vir e retoma-lo. Apesar de Prometheus ter apenas mil homens a seu lado e, eu ter quase oitenta mil, já que a maioria do exército que veio com Lady Geséle, ficou ao meu lado. Prometheus ainda tinha vantagem, pois os seus mil homens e mulheres, eram antigos Lordes e Senhoras poderosos e os meus tinham razão, eu tinha que planejar alguma coisa, Prometheus tinha sido avistado por um camponês a meio dia de viajem do castelo, então provavelmente estariam aqui ao entardecer. Não adiantava falar nada, eu estava completamente sem ideias, nunca fui boa em estratégias. Me levantei do trono e sem dizer nada a ninguém sai da sala, os Lordes fizeram exclamações de onde eu estaria indo, mas até eu queria saber disso. Depois que sai os guardas fecharam a porta, eu decidi ir para o meu quarto, lá eu poderia pensar melhor no que fazer, com todos me pressionando daquela forma, não, assim não dava. Ao passar pelo Pátio onde alguns guerreiros treinavam incansavelmente, avistei Richard sentado ao lado de seu cavalo de guerra negro, me aproximei dele, ele parecia estar afiando sua espada, quando ele me viu abriu um enorme sorriso, o que quase apaziguou o desespero que sentia.

— Como foi a reunião, minha Rainha? – Perguntou ele ainda sorrindo, apesar de ser um guerreiro bom, ele era um péssimo estrategista, durante aqueles breves dias, ele tentou me ajudar a formar uma tática de batalha que fosse eficiente, mas nenhuma foi boa o bastante, nem mesmo para vencer uma arvore.

— Péssima – Disse me sentando ao seu lado – Todos estão me cobrando o que farei, não sei mais o que vou fazer, sinto um desespero enorme se apoderando de mim e o pior de tudo, não posso nem mesmo criticar eles, pois estão certos em me cobrar.

— Deixe-a lhe ajudar Clarisse – Olhei para Richard como se aquilo fosse a pior ideia do mundo, o que na verdade era.

— Já se esqueceu do que ela fez a nós? – Perguntei soando um pouco ríspida.

— É claro que não – Disse ele – Mas nesse momento devemos colocar o braço a torcer, isso se trata de uma guerra Clarisse. Tudo bem que agora é a Rainha, mas, me perdoe dizer isso, é uma Rainha totalmente inexperiente, você não ganhara nada se não fizer alguns sacrifícios – Ele estava certo, não sabia nada de como governar, quem dirá sobre comandar uma estratégia de guerra, mas ela não, confiei nela e em troca recebi uma facada m minhas costas – Kely fez muitas coisas boas também, ela é a melhor para isso, conhece o ser humano como a palma de sua mão – Mais uma vez ele estava certo, mas Kely tinha tentado matar minha mãe e meu pai, tinha tentado me matar e matar a Richard, mas isso não tinha sido a pior coisa, nem de longe.

— Richard ela matou Luis – Disse com lagrimas nos olhos, no segundo dia depois da conquista, ela foi até o quarto de Luis e Cristian, que tinham acabado de se reconciliarem e o matou, a sangue frio, Cristian não morreu apenas por que Luis mudou seu destino, o salvou para que morresse em seu lugar e então depois ela foi para o meu quarto e deixou uma bela ferida no meu braço – Sei que preciso vencer a guerra, mas ela pedira coisas, coisas que não darei, nem mesmo que seja para vencer Prometheus.

— Clarisse, nós nem sabemos por que ela fez isso – Disse ele tentando de qualquer maneira aceitar sua sugestão – Mesmo que tenha sido por pura maldade, você tem, nós temos um reino inteiro para proteger e esse reino talvez precise da ajuda dela. Apenas peço para que ouça a voz da razão e não a de seu ressentimento, pois com ele perderemos essa guerra – Abaixei a cabeça, ele tinha razão mais uma vez – Mas peço que seja rápida, pois Prometheus logo, logo estará em nossas muralhas e quando isso acontecer pretendo estar bem longe com você – Richard planejara desde o dia em que mandei Kely para as masmorras, ele disse que, se ela não ajudasse perderíamos e se perdêssemos, eu e ele não teríamos utilidade mortos, então armou um plano de fuga, o que não aceitei.

— Está bem Richard, eu pedirei...pedirei ajuda a ela – As palavras saíram como se fossem veneno, queimou até o último centímetro da minha garganta – Mas juro se ela vier com alguma gracinha de Luis, eu mesmo a mato – Richard sorriu.

— Eu irei com você – Disse ele colocando a espada de lado e se levantando.

— Não você irá ficar, quero ir sozinha – Richard ia protestar, mas com apenas um olhar ele deixou de lado.

— Tudo bem, mas enviarei Sor. Jon e Sor. Petris com você – Eles eram um dos melhores guardas que tínhamos e também os que eram mais confiáveis, bem pelo menos de acordo com Richard e a Senhora Brindigite.

— Tudo bem, chame-os, irei agora mesmo – Me levantei e aguardei enquanto Richard foi chamar eles, depois de cinco minutos ele veio com os dois, Sor. Jon tinha quase quarenta anos, ele possuía uma barba rala e era calvo no centro da cabeça, mas ninguém via, pois ele andava com o elmo, apesar da idade não cooperar para um guerreiro, ele era forte o suficiente para acabar com dez homens iguais a Richard, já Sor. Petris era o contrário dele, ele tinha vinte e dois anos, era forte, mas não tanto igual a Sor. Jon, tinha um rosto rústico, cheio de cicatrizes, de acordo com Richard eram todas por batalhas ou torneios, seus cabelos era fartos e pretos e seus olhos eram quase da cor da neve, o que era a coisa mais bonita em seu rosto – Muito bem, vamos guardas.

— Guardem a Rainha com a própria vida se for necessário – Disse Richard antes de saírem.

— Não precisa nos dizer isso Sor. – Disse Sor. Jon, me limitei a apenas olhar para Richard e sorrir, depois disso partimos para as masmorras, onde Kely estava presa. Passamos por várias torres até chegarmos a uma pequena casa de pedra, onde era a entrar para as masmorras, os guardas a abriram para se depararem com outros três cavaleiros armados lá dentro.

— O que querem aqui Sores? – Perguntou grosseiramente o outro guarda.

— Quero ver uma prisioneira – Disse para um dos guardas.

— Claro Vossa Alteza – Disse ele fazendo uma pequena reverencia – Poderia me informar quem é a prisioneira minha Senhora.

— Existem apenas duas prisioneiras aqui, creio que essas duas estão alocadas em celas próximas – Disse e o guarda acenou a cabeça e disse que era para seguirmos, era a minha primeira vez que entrava naquele local horrível e fedorento, aqui tinha cheiro de mofo e sangue seco, descemos vários degraus, as paredes estavam úmidas e com musgo nelas, deveríamos ter descido durante uns quatro ou cinco minutos, até que chegamos em outra porta, onde dois soldados a guardavam, o homem que nos guiou até aqui falou alguma coisa com o outro e ele abriu a porta. Dentro tinha tochas acesas, para iluminar o ambiente, juro, quando a situação melhorar vou trazer a luz elétrica para esse lugar. As grades das celas estavam enferrujadas, mas pela sua grossura, dava para perceber que era impossível alguém quebra-las. Não deveria, mas comecei a sentir pena da Lady Geséle, que está presa aqui também. Passamos por várias celas vazias, perguntei ao Sor. que nos guiava, o por que não as colocaram mais a frente, ele me informou que as consequências decidiam onde as prisioneiras ficariam, quanto mais afastadas da porta, pior era seu crime e pior era a cela. E ele estava certo, as primeiras celas tinham pequenas básculas no teto por onde entrava um ar mais fresco e tinha também colchões de feno, depois de uma dez celas, a báscula sumiu e a cama deixou de ser de feno, para ser de pedra e, era ali que estava Lady Geséle, quando ela me viu seus olhos se arregalaram.

— Vossa Alteza, por favor me perdoe – Disse ela me fazendo parar para lhe olhar – Nunca quis te ofender, foi apenas o momento eu...eu...por favor...perdoe-me – Até que senti pena, mas fazer o que né, ela fez coisas que apenas um julgamento decidiria.

— Lady Geséle peço que não peça perdão, não agora – Disse soando mais fria do que pretendia – Isso não lhe ajudara em nada, apenas um julgamento para decidir o que será feito de você e seu Clã – Naquele mesmo momento as lagrimas pararam, ela me olhou bem nos olhos e disse:

— Que sua morte seja lenta e sofrida – Disse ela recompondo a estrutura. Apesar de tudo eu apenas sorri para ela.

— Espero que a sua seja bem rápida – Disse arrogantemente – Pois não iria suportar por muito tempo os sibilos de uma cobra – Seus olhos inflamaram de ódio, se ela pudesse me mataria ali mesmo – Vamos tenho coisas melhores a fazer – Com isso seguimos para as outras cela, cinco depois da de Geséle se encontrava Kely, cujo rosto estava vermelho de sangue seco. Durante a prisão ela tentou resistir e os guardas usaram da força nela, o que não me agradou, mesmo tendo feito o que ela fez, suas vestes estavam rasgadas e seu cabelo embaraçado e ela parecia ter chorado durante horas. Quando ela me viu chegando ela se ajoelhou.

— Clarisse por favor eu não fiz nada – Disse ela rompendo em lagrimas.

— Não lhe dei permissão para me chamar pelo meu nome – Disse fria – Não tente entrar em minha mente e tentar me fazer acreditar em você, isso nunca acontecera, você matou meu melhor amigo e tentou me matar, isso não é nada Kely Hylstel – Ela levantou os olhos, que estavam vermelhos.

— Eu juro, estava apenas te protegendo dele....

— CALE-SE – Gritei com ela, me virei e respirei fundo, voltei a olhar para ela com mais calma – Confiei em você Kely e o que você me dá? Apenas uma facada nas costas e no coração, não existe desculpa para o que você fez.

— Então me diga o que Vossa Alteza quer, já que não está aqui para ouvir o meu lado da história – Disse ela rouca, sua voz estava abalada, como se eu realmente tivesse cometido um erro.

O seu lado da história — Disse nervosa, me virei novamente de costas para ela e tentei respirar fundo, não poderia me deixar levar, precisava salvar meu reino – Preciso que me ajude – Disse logo de uma vez, as palavras saíram como garras, que rasgavam meu pescoço. Ela não respondeu, então me virei e a olhei e ela sorria – Por que está sorrindo?

— Então quer dizer que não acredita que possa ser inocente, mas confia em mim para lhe ajudar? – Aquilo parecia realmente absurdo.

— Bem tem razão – Disse – Vamos embora daqui.

— Não espere – Disse ela apressadamente – Eu... eu aceito, mas com uma condição.

— Você não está em estado de pedir condições – Disse a ela.

— Apenas me ouça, é isso que peço, depois que lhe ajudar no que quer que seja, peço que ouça o meu lado da história – A vontade de esbofetear ela foi grande, mas como Richard tinha dito antes, para se salvar um reino inteiro, é preciso fazer alguns sacrifícios.

— Tudo bem, mas apenas depois que me ajudar com o que preciso – Cedi – Agora vamos, preciso sair daqui o mais rápido o possível, me virei e os guardas e viraram comigo.

— E quanto a mim? – Perguntou ela.

— Tirem-na daí e tragam ela para os meus aposentos comigo – Eles fizeram como ordenado, a tiraram dali de dentro e a trouxeram conosco, quando saímos daquele lugar horrível, foi que pude realmente respirar direito – Podem soltar ela – Disse a encarando – Ela não tentara nada contra mim – Eles a soltaram, mesmo que contra suas vontades – Apenas vocês dois me acompanhem – Disse para os Sores que Richard tinha mandado vir comigo, eles vieram comigo e Kely. Quando chegamos a meu quarto ordenei que eles ficassem na porta e que qualquer coisa eu gritaria. Então apenas Kely e eu entramos, me sentei na cama e ela ficou em pé perto do baú – Já que está aqui pegue uma cadeira e sente-se – Ela fez o que tinha falado e sentou-se à minha frente.

— Clarisse me desculpe – Disse ela chorando novamente – Mesmo que não tenha sido eu, me desculpe. Nunca faria isso a você e seus amigos e pais, você foi a única com quem me preocupei em toda a minha vida, você foi a única que foi minha amiga verdadeira e não por meus dons – Meus olhos se encheram de lagrimas, mas não pelas palavras, mas por causa da dor que ela tinha me casado quando fez aquilo – Apenas deixe-me explicar tudo a você, eu juro que....

— Chega – Disse com a voz fraca – Disse que a ouviria apenas depois que me ajudasse, então cale-se.

— Então do que precisa? – Perguntou ela.

— De suas estratégias de batalha – Disse levantando a cabeça e enxugando as lagrimas – Preciso que me ajuda a formar uma tática para agora, mas tem que ser uma que me ajude a vencer essa batalha com Prometheus – Olhei para Kely e ela sorria, mas não um sorriso debochado, mas sim um sorriso de animação.

— Essa foi a melhor coisa que ouvi até agora – Ela falou se levantando e indo até uma mesinha perto da janela – Preciso de alguma para montar os guardas e os líderes.

— Use sua criatividade – E com isso ela passou duas horas, pegava pedras e joias de meu baú, cada uma era um Lorde e Senhora diferente, ela pegou uma pedra negra e outra branca, para distinguir eu de Prometheus. Três horas depois ela terminou sua arte, então começou a me explicar o que era o que e como funcionaria tudo, me disse o ponto fraco de cada um e também como utilizar eles a nosso favor. Mesmo não querendo admitir, mas era uma coisa de gênio aquele plano, se não ganhássemos com aquilo, não ganharíamos com mais nada. Voltei a me sentar na cama – Pode dizer seu lado da história – Disse a ela, Kely rapidamente saiu a mesinha e veio novamente para a cadeira a minha frente. A olhei bem nos olhos – Peço que conte a verdade, pois se não contar, mandarei pessoalmente que a matem bem devagar.

— Eu irei, juro – Disse ela – Bem, então vamos lá. Noite retrasada, quando estava em meu quarto, eu ouvi um barulho estranho vindo do lado de fora, mas não liguei, precisava dormir um pouco. Mas alguma coisa estava me impedindo, estava sentindo algo de errado, algo extremamente errado, então me levantei e fui para o corredor, desci as escadas e fui para o pátio. E foi lá que vi, Cristian e outro homem, não vi seu rosto, mas tinha certeza de que era uma das aparições de Prometheus – Queria interromper e dizer que era um absurdo, mas por algum motivo não consegui – Eles estavam conversando baixo, não conseguia ouvir nada, então me aproximei deles e pude ouvir claramente o que planejavam. Prometheus disse a Cristian que você deveria ser morta antes que ele chegasse a esse castelo, então pensei que Cristian fosse rir na cara de Prometheus, mas não, ele sorriu para ele e disse que iria acabar com você naquela noite ainda, mas o que mais me espantou foi o fato de Cristian ter chamado Prometheus de pai, ele disse com todas as palavras, eu juro pai, eu irei acabar com ela, a mãe dela e seu pai, irei matar todos esses falsos Cronarianos e o Senhor poderá finalmente retomar seu Clã. Nosso Clã, disse Prometheus. Eles deveriam ter sentido que estava alguma coisa errada, pois pararam na mesma hora de conversar e olharam em volta, me escondi atrás do estábulo para que não me vissem. Esperei alguns minutos, para que pudesse sair dali e avisar você, mas quando olhei novamente eles já tinham sumido, então corri para o seu quarto, foi quando o encontrei com uma faca apontada para você. Não pensei duas vezes, entrei em sua cabeça, ou pelo menos tentei, pois tinha uma coisa tão maligna ali dentro que me expulsou no mesmo momento. Ele então olhou para mim e sorriu, corri para ele e entramos em uma pequena luta pela posse da faca, ele então me deu uma facada no ombro – Olhei para suas vestes, que estavam rasgadas no ombro, exibindo um corte mal curado – Então eu gritei e foi quando você e Richard acordaram, mas ele já tinha sumido e você estava esfaqueada, mas no braço e eu estava com a faca na mão, naquele momento percebi que não acreditaria em mim se contasse a verdade, então fugi, tinha que pegar Cristian e sabia onde ele iria depois. Parti para o quarto de seus pais e lá estava ele, mas dessa vez não tinha uma faca comum nas mãos, aquela era negra como o breu e envenenada, apenas um corte mataria qualquer um. Ele olhou para mim e disse: Você será a próxima sua intrometida, acha mesmo que meu pai deixaria Clarisse ganhar alguma coisa, acha mesmo que ele deixaria ela sozinha naquele mundo? Ah não mesmo, ele me designou para me assegurar de que ela estaria viva até o momento certo, mas infelizmente atrapalharam isso. Então se virou para atacar sua mãe e seu pai, que estavam em um sono profundo. Com a faca que estava em mãos eu arremessei e acertei suas costelas, ele gritou de dor, foi quando seus pais acordaram e mais uma vez Cristian tinha sumido e seu pais me viram, seu pai se levantou quando viu que estava ferida, mas parou assim que viu a faca negra ao lado de sua esposa, então mais uma vez eu corri, corri para longe de todos. Tinha que achar aquele maldito, mas ele já tinha ido em todos os lugares, como o encontraria, daí tentei pensar como ele. Se eu fosse matar alguém sem que ninguém soubesse, mas por algum motivo alguém me visse fazendo aquilo, o que eu faria, pois provavelmente contaria para alguém? Foi então que me lembrei de Luis, se Cristian voltasse para o quarto deles, ele teria um álibi de que estava mentindo, então fui para lá, quando cheguei lá, ele estava deitado, fingindo estar dormindo, me aproximei dele e de Luis, que acordou com o barulho. O que você está fazendo aqui? Perguntou Luis e Cristian fingindo mais uma vez, “acordou”, Kely já é muito tarde, volte para sua cama, disse ele sorrindo um pouco. Foi ai que explodi, gritei para ele que tinha tentado assassinar você e seus pais, Luis me disse que estava ficando louca e que eu saísse do quarto, mas eu não fiz isso, eu avancei para Cristian que pegou a faca e apontou para o pescoço de Luis. Se você der mais um passo eu o mato, disse ele Cristian tirando um fio de sangue de Luis, aquele momento eu pensei que era tarde demais para mim tentar agir. Luis confuso perguntou o que ele estava fazendo, Cristian riu e disse que nunca sentiu nada por Luis, disse que ele era apenas um a mais para ele, um que seria descartado logo. Luis tinha começado e chorar um pouco, quando percebi que ele estava tentando usar seus poderes, mas que precisava de um tempinho, então tentei arranjar esse tempo para ele, perguntei a Cristian por que ele tinha falado que Prometheus era seu pai, ele riu e então disse que mesmo Prometheus tendo sido morto e ser um demônio ele ainda poderia ter filhos, ele estuprou a Senhora do Clã Crepitas, ela não soube que era Prometheus, pensou que era seu marido, mas não era o meu pai, disse ele, nasci metade demônio, mas não sabia de nada, por isso fiquei escondido por algum tempo, até que Prometheus veio até mim, quando tinha cinco anos e me disse que era meu pai, disse a verdade, disse que poderia escolher ser um Crepitas e um humano normal ou ser igual a ele, um demônio, um bem melhor que ele na verdade, um bem mais forte, ele disse que decidiu ir para o lado de seu pai e desde então tem seguido suas regras e lhe obedecido fielmente. Luis estava pronto para mudar seu destino, quando Cristian percebeu o que estava tentando fazer, ele então agiu com pressa e esfaqueou Luis, que já estava no escudo de espaço e tempo, achei que era impossível atacar alguém nesse escudo, mas ele conseguiu e ao invés de Luis foi Cristian quem mudou de destino. Depois que ele sumiu eu corri até Luis, tentei estancar o sangue, mas a ferida em sua garganta era grave demais, tentei entrar em sua cabeça para impedir ele de morrer, entrei e procurei sua parte de sofrimento, sua parte que avisava de sua morte para seus organismos, cheguei até lá e tentei juro, ele...ele morreu dez minutos depois, quando estava quase conseguindo imobilizar essa parte, então fui expulsa de lá, foi quando seus guardas entraram e me acharam lá, caída no chão, tentei dizer a eles a verdade, mas eles me bateram e me puxaram pelos cabelos escada abaixo – Disse ela por fim. Seus olhos estavam novamente cheios de lagrimas. Não conseguia acreditar nela, não dava, isso era impossível e ela percebeu isso em meu rosto – Sei que é difícil de acreditar – Disse ela se levantando – Mas posso te mostrar, mostrar esse dia para você, mostrar o que realmente aconteceu e eu juro não será uma invenção minha, pois não posso fazer isso comigo mesma – Ela se aproximou e eu recuei – Não tentarei nada contra você – Mesmo não podendo eu deixei ela tocar em minha cabeça e segundos depois eu estava lá, vi quando Prometheus e Cristian conversavam, vi quando tentaram me matar e matar meus pais e vi a parte mais dolorosa da minha vida, vi quando ele matou Luis e Key tentou salvar ele. Quando ela removeu suas mãos meus olhos se encheram de lagrimas e daquela vez não consegui segurar. Abracei Kely e ela me abraçou, nós duas choramos juntas por tudo.

— Me...me desculpe – Disse a ela.

— Não faça isso – Ela falou – Você não sabia, não tinha como saber, você fez a coisa certa, eu era evidentemente culpada aos olhos de todos – Olhei para ela, para sua boca que tinha sangue seco e seus cabelos que estavam todos sujos e bagunçados, olhei para suas roupas rasgadas e meu coração doeu, uma dor de culpa, quase igual a de quando perdi Luis.

— Venha disse a ela – Ela me deu sua mão e eu a conduzi para o guarda roupa – Pegue um vestido que queira, tome um banho, coloque joias, se arrume bem e vá para a sala do trono, os dois guardas a levaram para lá, deixarei avisado a eles, irei falar o nosso plano para os Lordes e Senhoras – Disse a abraçando mais uma vez – Me desculpe novamente, deveria ter perguntado sua versão antes, mas agora iremos fazer justiça, irei chamar Cristian a sala do trono logo depois que dizer as táticas para eles. E será lá que o desmascararemos e o mataremos, é isso que ele merece.

— Muito Obrigada Clarisse – Disse ela – Irei fazer o que falou e depois vou para a sala do trono.

— Ok – Fui para a porta e bati duas vezes, os dois guardas a abriram – Quero que a levem para a sala do trono quando ela terminar de se arrumar. E por favor sejam cuidadosos, não a machuquem, ela não é a culpada pelo que aconteceu – Os dois guardas se olharam intrigado, mas concordaram, então eu fui para a sala do trono. Quando cheguei lá os Líderes já estavam lá, eles discutiam sobre alguma coisa, mas quando cheguei a conversa parou totalmente, dessa vez eu não fui para o trono, parei entre eles – Bem Lordes e Senhoras, vocês me cobraram uma tática para a batalha, pois bem, tenho uma que nos levara a vitória – Comecei a contar a eles exatamente o que Kely tinha me falado, cada detalhe, eles ouviram quietos, atentos ao que falava, quando terminei eles me olharam e então sorriram.

— Isso é genial – Disse Symom e outros Lordes ao mesmo tempo – Isso funcionara perfeitamente, eles nem saberão o que está atacando-os.

— Eu amei a minha parte – Disse a Senhora Brindigite sorrindo – Então quer dizer que serei a primeira a atacar – Ela riu, uma risada de prazer – Prometo, eu matarei quantos deles eu puder.

— Vossa Alteza – Disse Lorde Justino – Desculpa interromper, mas precisamos colocar isso em prática o mais rápido o possível, Prometheus está a apenas duas horas daqui, logo, logo eles estarão em nossas portas.

— O Senhor tem razão Lorde Justino – Falei pera ele – Mas receio que precisarei da atenção de vocês por mais alguns minutos – Todos olharam para mim, suas expressões eram de curiosidade.

— Se me permite perguntar Vossa Alteza, o que temos a mais para discutir? – Perguntou a Senhora Clery Strimbos. Agora sim iria ser difícil, eles não sabiam que ela era uma Senhora de um Clã antigo, que Prometheus a trouxe de volta.

— O caso da camponesa, que matou Luis e tentou matar a mim, meus pais e a Cristian – Todos olharam para mim, esperando para ver o que eu falaria – Para início receio que devo lhes dizer que ela não é uma camponesa.

— Como assim Vossa Alteza – Disse Lorde Queven Scarter – Ela mentiu para nós?

— Uma assassina e mentirosa – Se manifestou a Senhora Vyvien Lunther – Essa sim merece a pior punição de todas.

— Acho que nada precisa ser discutido Vossa Alteza – Disse Lorde Kemp Haven – Sua sentença é a mais óbvia possível, a morte!

— Receio senhores e senhoras que ela não será condenada a nada – Todos assim desataram a falar em conjunto, perguntando o por que eu não a condenaria por um crime hediondo como aquele – Se acalmem por favor e deixem-me explicar – Gritei, para que pudesse ser ouvida por todos, eles então se calaram – Seu nome verdadeiro é Kely Hylstel, ela é ou melhor era a Senhora do Clã Hylstel, que não existe mais, foi Prometheus que a trouxe de volta a vida.

— Como assim? – Perguntou Lorde Queven – Mais uma razão Vossa Alteza de matar ela.

— Deixem-me terminar por favor – Todos se calaram novamente – Ela conseguiu fugir antes que Prometheus utilizasse seu sangue nela, antes que me perguntem como sei, eu revistei o interior dela e sua alma e posso garantir que ela está limpa de qualquer presença ou ação demoníaca.

— E desde quando Vossa Alteza sabe disso? – Perguntou a Senhora Brindigite.

— Desde o primeiro dia em que a vi – E novamente vieram aqueles que falavam, que eu não confiava neles e muitas outras baboseiras – Quietos por favor – Pela terceira vez eles se calaram e eu continuei a falar – É claro que não confiava em nenhum de vocês naquele dia, não para contar uma coisa dessas, mas agora receio que deva confiar. Ela voltou, mas Prometheus não utilizou seu sangue para ela voltar, ele pretendia utilizar ele quando ela já estivesse viva, mas felizmente ela fugiu dele e veio pedir ajuda a mim.

— E em troca ela matou Luis, tentou matar o namorado dele, seus pais e a você – Disse a Senhora Clery – Realmente, ela nem precisou desse sangue de Prometheus para ser uma assassina.

— Desculpe dizer Senhora Clery, mas a Senhora Kely não matou ninguém.

— Como assim? Ela foi vista em todas as cenas de crime e tentativa, até mesmo Vossa Alteza testemunhou que ela tentou matá-la.

— Receio que estava errada, ela apenas tentou me proteger do verdadeiro assassino.

— E quem seria esse assassino Vossa Alteza? – Perguntou Lorde Justino.

— Cristian, do Clã Crepitas – Ninguém agiu como esperava, eu pensei que eles fossem me xingar, jogar cadeiras em mim e me desertar de trono, mas não eles apenas ficaram um pouco surpresos.

— Ele não teria coragem para matar o próprio namorado – Disse convicto Lorde Justino – Os dois decidiram ser expulsos de seus clãs para ficarem juntos, isso não faz o menor sentido.

— Mas fara Lorde Justino, assim que eu explicar tudo a vocês – Olhei novamente para todos aquela mesa, tentando decidir se me chamariam de louca por acreditar em Kely, mas isso não importava agora. Contei a eles tudo o que ela me disse, sem tirar nada e sem pôr também.

— E como ela conseguiu provar isso a Vossa Alteza? – Perguntou a Senhora Clery, logo depois que terminei todo o relato – Se ela mostrou alguma coisa que prove sua inocência a Senhora e que prove a culpa de Cristian, peço que nos mostre também, não podemos apenas confiar em palavras.

— Essa é a parte difícil, o Clã Hylstel antigamente tinha o dom de controle de seres vivos, com isso eles poderiam entrar na mente das pessoas, vendo seu passado, como também mostrando o próprio passado aos outros. Para provar sua inocência ela me mostrou o dia em que viu Cristian conversar com seu pai, Prometheus, e isso era mais que o suficiente para mim, meus dons me oferecem um pouco a mais de compreensão e visão da verdade, para essas coisas.

— Não me importo de ver também Vossa Alteza – Disse ela ainda insistindo – Se puder claro – Não poderia negar, se fizesse isso estaria condenando a nós duas, mas também não havia motivos para temer.

— Muito bem, que assim seja – Me virei e fui para a porta, como o combinado Kely tinha acabado de chegar, ordenei que entrasse, todos lhe lançaram olhares cautelosos – Kely do Clã Hylstel – Falei – Mostre a todos que estão presentes aqui, o dia em que Cristian falou com seu pai, sobre a traição conosco – Kely Olhou para mim e depois foi em cada um das mesas, pôs as mãos em suas cabeças e mostrou-lhes a verdade, cada um deles. Depois que ela terminou a Senhora Clery olhou para mim e em seus olhos tinham fúria e ódio.

— Esse traidor, ele merece... – Parou ela de repente – Mande-o chamar Vossa Alteza e deixe ele conosco.

— Já mandei chamar Senhora Clery, ele estará aqui logo, logo – Cinco minutos depois que eu falei eles bateram na porta informando que ele havia chegado – Muito bem Senhores e Senhoras, chegou a hora da sentença, pois pelo que vi, o julgamento já foi – Fui até a porta a abri e pessoalmente pedi para aquele canalha traidor entrar. Sua expressão de espanto quando viu Kely foi muito reconfortante – Cristian Crepitas, não preciso apresentar-lhe a ninguém nessa sala.

— O que ela faz aqui? – Perguntou ele – Seu lugar é atrás das grades – Seus olhos se encheram de lagrimas, ele então me olhou como se fosse um crime ela estar ali – Ela matou Luis, matou a pessoa que mais amava na vida. Por acaso ela está aqui para ser julgada? Só ficarei de frente a frente para isso, se for para ela ser julgada – Olhei bem para Cristian, fiz a mesma coisa que fiz com Kely, olhei seu interior, sua alma, para ver se tinha alguma influência ou possessão demoníaca. Como ela tinha dito, ele estava sujo por dentro, chegava a feder, um fedor de carne morta. Encarei ele e então sorri – Eu não ficarei aqui com essa assassina, se me permite irei me retirar Vossa Alteza – Disse ele indo até a porta, mas eu o impedi.

— Creio que não irá a lugar algum Cristian – Seus olhos brilharam e ele sorriu.

— Então você acreditou no que aquela ali falou? – Perguntou ele rudemente.

— Era para mim ter varrido sua alma e seu interior a mais tempo, filho de Prometheus – Seus olhos dessa vez deixaram de brilhar e percebi um pequeno desespero de sua parte.

— Como assim Vossa Alteza? Eu...eu não fiz nada...sou inocente.

— Se tivesse escolhido caminhos diferente poderia acreditar em você, mas receio que isso não será possível – Cristian então começou a rir, seus olhos ficaram negros e seus dentes cresceram e se tornaram pontiagudos, me afastei dele, mas ele segurou meu braço, todos se levantaram em uníssimo, ele então olhou para eles.

— Se eu fosse vocês, me manteria bem quietinho ai onde estão – Sua voz ficou mais rouca, como se tivessem espinhos em sua garganta – Clarisse Cronarius – Disse ele me olhando – Como eu quis matar você quando te vi pela primeira vez – Seus olhos estavam me deixando inquieta – Ah e quanto a Luis minha querida, eu sempre odiei sua espécie, sempre que tinha que ficar com ele em um quarto, eu o enojava, me lavava duas três vezes depois. Não suportava ele, mas fazia tudo pelo meu pai, tudo para que ele conseguisse vencer, tudo para que ele conseguisse você, mas felizmente você seguiu o caminho da luz, assim poderei te matar pessoalmente.

— Seu canalha nojento – Falei colocando cada força do meu ódio nelas – Acha mesmo que saíra vivo daqui? Mesmo que morra agora, mas Prometheus e você também morreram.

— A apenas sua morte pode me conter – Disse ele abrindo a boca, de dentro dela saiu um pequeno fiapo de água negra, ele foi para o chão e começou a subir em meu vestido. Kely vendo aquilo tudo resolveu tentar agir, como não poderia controlar ele, ela pulou e, cima dele o jogando no chão, ele me largou e aquele fiapo de água negra sumiu – Sua vadia, sabia que meu pai não deveria ter te trago de volta, mas ele não me ouviu. Mas agora não importa eu a matarei agora mesmo – Fiz um movimento de avançar para cima dele, mas a Senhora Brindigite foi mais rápida, com apenas um movimento com as mãos e ele ficou paralisado – O que aconteceu? Não consigo ver – Disse ele se desesperando – Sua velha imunda eu irei te matar por usar seu truque barato em mim.

— Você morrera antes mesmos disso – Disse ela. Os outros fizeram movimentos para atacar, mas Brindigite negou todos eles – Eu mesma quero matar essa canalha, por fingir ser um Crepitas. Você nunca chegara nem mesmo aos pés de um – Ela então fechou as mãos, nada aconteceu, pelo menos para nós, mas Cristian começou a gritar, como se alguma coisa o estivesse matando, ele então tentou pegar ela, mas não conseguia ver. Ela apertou mais ainda sua mão e ele em um ato desesperado de pegar ela, caiu no chão, bem em cima da espada que Lorde Kemp deixara perto da cadeira. Seu corpo ficou imóvel e seus olhos e dentes voltaram ao normal – Agora mande eles levarem esse traidor para as fornalhas, para que não haja chances dele voltar.


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