A Herdeira do Infinito escrita por Cabeça de Alga


Capítulo 21
Clarisse




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Depois de uma bela reunião em família e de uma mais bela ainda discussão entre eu e meu pai, partimos para o Castelo dos Cronarianos, esse negocio de deuses e deusa já esta me cansando, queria acabar logo com isso, a começar com essa guerra idiota. Tinha que arrumar um jeito de trazer tudo de volta a normalidade, seja qualquer que fosse ela. Nesse momento estamos passando pelo Bosque dos Angelos, não sei o por que desse nome e nem quero saber, parece que tudo aqui tem um nome para algum acontecimento especial, resumindo chato.

Lorde Koly veio esta manhã, me avisar que mais três dias e chegaríamos em nosso destino. Sério juro que se vencer isso eu vou trazer carros para cá, andar nisso é horrível, a bunda fica toda dolorida, sinceramente não sei como eles aguentam isso.

Cerca de 55 mil homens e apenas um é realmente meu. Era até engraçado, a cerca de três meses eu era uma pessoa normal, com um emprego e uma vida normalmente horrível, com um apartamento pior ainda e um vizinho maravilhoso e agora sou uma pessoa tudo menos normal, não tenho mais emprego, sou uma Rainha de um reino inteiro e nem sei como governar, tenho um castelo e meu vizinho gato é gay. Parece até aquele filme “Diário de uma Princesa”, só esta faltando minha avó aparecer aqui e dizer “Minha querida neta, que bom ver você e a saiba que eu não morri, estou escondida por você”, já estou quase acreditando que o lobo mal realmente comeu a vovozinha da chapeuzinho vermelho.

O pior dessa viagem não era a carruagem que fazia a bunda doer, mas sim que a Senhora Bruxa Voltys, que ficaria comigo até o castelo, isso sim era horrível, acho que preferiria Prometheus. Belona pelo visto fugiu, a cinco dias que ela não aparece, isso mesmo cinco dias nessa pocilga de carruagem, cinco dias com essa bruxa, tente imaginar isso, não, melhor não, o resultado não vai ser bom. As únicas palavras que trocamos foi “Como vai ? e “Não é dá sua conta”, isso durante cinco dias, meu Deus ainda faltavam três dias nessa carruagem e com ela.

 

— Sabe ficar a culpa é sua – Disse Brindigite me tirando do meu desvaneio – Se tivesse ficado no meu castelo com minha filha, você não precisaria estar comigo e eu não precisaria estar com você – Ela estava olhando pela pequena “janela” da carruagem, parecia até mesmo estar apreciando a paisagem.

— Estou amando sua companhia – Disse soando totalmente falsa e sarcástica – Foi a melhor coisa que fiz – Revirei os olhos e abri o cortinado que fechava a pequena janela. A paisagem era até que bonita, as folhas das arvores eram cor de outono, vermelhas e douradas, o caminho que estávamos era de terra e tinha muitas pedras, o que provocava muitos solavancos.

— Sinceramente, até agora não sei como nenhum homem desse exercito ainda não morreu – Disse ela tirano os olhos da paisagem e me encarando e eu fingindo que nem tinha percebido – Uma marcha longa assim causaria milhares de mortes.

— Sim creio que a Senhora sabe bastante disso – Ela continuou me encarando, só que dessa vez um sorriso se formou em seu rosto.

— Queria tanto assim voltar a sua vida antiga ?— Olhei para ela e decidi ignorá-la – Sabe ninguém confia em mim, também não posso julgá-los, sempre dei motivos para isso e mesmo quando não dou, as habilidades do meu clã é muito peculiar – Disse ela com aquele sorriso de uma senhoria idosa indefesa, uma senhora feia e enrugada, mas ainda sim indefesa – Você pode até pensar que não, mas eu sei como se sente – Dessa vez eu a encarei.

— Como você sabe como eu me sinto ?— Perguntei já ficando cansada daquele joguinho imbecil deles – Não sabe de nada, não sabe o que é ter sido enganada a vida inteira, não sabe o que é ter que abandonar o que era, para ser isso. Sabe alguns poderiam dizer que é destino, mas eu digo que é uma maldição.

— E você acha que eu queria ser isso ?— Perguntou ela – Não minha querida Rainha, eu nunca quis, eu fiz de tudo para poder ser banida desse planete miserável, queria ter ido para a terra, onde tudo é mais simples e fácil. - Olha a terra pode ser tudo, menos simples e fácil – Disse – Era melhor estar lá como uma pessoa normal a estar aqui, sim era, mas nem tudo é aquilo que queremos né – A carruagem deu um solavanco e parou – O que houve ?.

— Você que é a Rainha, não eu – Disse ela e logo depois Sor Richard abriu a porta da carruagem.

— O que houve Sor ?.

— Vossa Alteza, temos um pequeno problema.

— Sério ?!, nem percebi – Disse ironicamente.

— Tem uma mulher na estrada – Disse ele, fingindo não ter percebido minha ironia – Ela diz que quer falar com Vossa Alteza.

— E se eu não quiser falar com ela ?.

— Ela disse que se a Senhora se recusar, ira se arrepender amargamente – Aquilo foi o suficiente para eu me levantar e ir até onde ela estava, de certa forma era até um alivio estar fora daquela carruagem. Sor Richard me levou até um grupo de soldados, quando me viram eles abriram espaço, no centro tinha uma mulher loira, ela tinha olhos azuis e vestia roupas verdes, poderia até mesmo falar que eram folhas, o que me faltava né, por que não aparecer a Tinkerbell agora e abrir suas asinhas ?.

— Vossa Alteza – Disse ela se curvando – Preciso falar com Vossa Senhoria – Disse ela olhando em volta – a sós, se for possível claro.

— Venha comigo – Mandei, apesar de não saber para onde iriamos.

— Vossa Alteza posso levá-las para um local bem reservado se quiser – Como sempre, Richard me salvando, ele vem fazendo isso durante esses cinco dias, toda a vez que preciso de algo que não sei onde fica ou que preciso que me tire daquele lugar, é ele quem me ajuda. Acenei com a cabeça e ele nos guiou para um pouco adentro da floresta, até que chegamos perto de um riacho – Tenho certeza que ninguém as incomodaram aqui.

— Já pode falar – Disse me virando para a mulher – A começar por seu nome.

— Mas eu disse a sós – Disse ela olhando para Richard.

— Ele ira ficar – Falei olhando para ele – Confio nele.

— Então esta bem – Disse ela – Bem meu nome é Jaqueline Klevis, uma camponesa qualquer, como dizem vocês.

— Pois bem Jaqueline, pode começar a falar – Disse me sentindo impaciente.

— Tenho noticias de Prometheus – Mais uma vez aquele maldito nome – Ele esta reunindo vários líderes de antigos e novos clãs, para uma batalha.

— Disso eu já sei – Falei.

— Sim, mas ele esta marchando para cá, ele pretende retomar o castelo assim que a Senhora o tomá-lo, ele a quer morta – Aquilo até que poderia ser novo para mim, mas não inesperado, então minha reação foi a mais normal a possível – A Senhora não esta nem um pouco preocupada com isso ?.

— Não, eu não estou – A camponesa parecia estar mais preocupada comigo, do que eu mesma – Que ele venha.

— Tem mais uma coisa, ele conseguiu recuperar seu corpo – Aquilo sim foi inesperado, sabia que ele o recuperaria uma hora ou outra, mas assim tão rápido. Olhei para a camponesa e uma nova dúvida começou a me incomodar.

— Como sabe disso tudo ?— Perguntei.

— Eu ouvi algumas pessoas dizerem – Disse ela como se fosse no automático.

— Mentira – Falei – Ninguém tem acesso a informações de um planeta que foi banido, a não ser que estivesse lá ou que tenha alguém que esta lá, então se eu fosse você começaria a abrir a boca e bem rápido – Ela fez tudo, menos o que eu esperava, ela deu um sorrisinho para mim.

— Ora, ora, então é verdade o que dizem sobre você – Disse ela mudando sua voz de uma Santa camponesa para uma maldita não camponesa – Não falha, mesmo sendo nova aqui é bem esperta.

— Aprendi a não confiar nos outros, isso da pior forma – Falei – Agora fale, quem é você ? e o que quer ?— Ela me analisou de cima a baixo, como se tentasse decidir se uma briga começasse quem ganharia.

— Meu nome é Kely Hylstel, do Clã Hylstel, que não existe mais, deixou de existir a mais de um milênio – Falou ela ainda me analisando, tentei não demonstrar surpresa e nem medo, já que Prometheus que esta ressuscitando os líderes de antigos e poderosos clãs – Ah antes que tente me matar, eu não estou do lado de Prometheus, ele tentou utilizar seu sangue em mim depois que me ressuscitou, mas eu consegui fugir.

— Como que você conseguiu fugir de um planeta exilado ?— Perguntou Richard, Kely olhou para ele, como se fosse um pequena pulga, que se a incomodasse demais ela acabaria com ele.

— Não lhe devo satisfações garoto – Disser ela.

— Mas me deve, esta em meu reino e outra você era para estar morta, então responda a pergunta – Ela olhou para mim novamente, o que me deixou desconfortável.

— Não sei se os Conselheiros Brancos daqui sabiam, mas tem como entrar e sair de um planeta exilado sem a ajuda dos outros. Que por acaso foi o que Prometheus fez com você, ele usou os buracos negros para isso.

— Então quer dizer que os buracos negros, são como portas para planetas exilados ?— Perguntei.

— Exatamente isso – Falou ela, soando animada.

— Agora me responda, o que você veio fazer aqui ?.

— Já disse te avisar – Falou ela.

— Mais uma vez, mentira, vamos fale logo, sem rodeios, estou farta disso.

— Muito bem – Mais uma vez aquele sorriso – Não queria ter voltado, mas agora não tenho mais escolha, a não ser ficar aqui e esperar mais uma vez morrer de velhice. Mas enfim eu quero vingança e sozinha não da, ele conseguiu reunir mil líderes dos mais poderosos clãs já vistos, quero sua ajuda e a de seus soldados claro.

— E quem disse que eu a ajudarei ?.

— Disso eu não tenho a menor dúvida – Disse ela.

— O que houve com seu clã ?— Perguntei me sentindo curiosa, já que todos eles de acordo com aqueles deuses doidos, foram aniquilados por batalhas, ela tem que saber.

— Olha, essa é uma boa pergunta – Disse ela – Eu não sei, fui a primeira Hylstel a ser criada.

— Como assim criada ?— Pela primeira vez seu rosto ficou em dúvida, como se tivesse se esquecido do passado.

— Eu, não me lembro – Disse ela – Sumiu, simplesmente sumiu – Aquilo foi meio frustrante claro, essa era minha oportunidade de saber a verdade.

— Qual era a habilidade de seu clã ?— Seus olhos brilharam de alegria por eu ter feito aquela pergunta.

— Nós podíamos controlar os seres vivos – Disse ela – animais eram mais fáceis, mas com um certo esforço poderíamos controlar também os humanos, mandávamos eles fazerem o que queríamos – Uau, como se não bastasse agora temos uma Doutora Dolittle avançada.

— E por que não mandou Prometheus se matar ?.

— Por que ele não é humano – Disse ela como se fosse a coisa mais obvia existente, o que na verdade era, mas eu tinha me esquecido disso.

— Quem mais ele trouxe de volta ?.

— Eu não sou uma agenda não querida, mil pessoas é muita coisa – Ela me olhou e percebeu que essa não era a resposta que queria – Tá, me lembro de alguns deles, no exercito dele tinha Glinda Lunter, Safira Creir, Jason Vorte e Halter Klonpre, são aqueles do meu tempo, que conheci, os outros eu não faço ideia de quem são.

— Suas habilidades.

— Você é exigente.

— Fale logo.

— Tá, tá vou falar, Glinda pode controlar o tempo, ou seja, ela pode adiantar, atrasar e parar, Safira pode invocar demônios, Jason pode controlar o clima e Halter pode matar alguém apenas olhando para a pessoa, ele mentaliza a morte e bum aconteceu.

— Já ouvi falar dessa Safira Creir, tem alguma coisa sobre ela em uma história que li – Falou Richard – Ela podia invocar os demônios, controlá-los e tomar um pouco de seus poderes, ela usava muito eles para lutar suas guerras e protegê-la daqueles que a queriam morta, ela foi a primeira e última Crier, alguns outros Clãs se uniram e marcharam contra ela, diz a história que ela morreu invocando demônios demais.

— Não foi bem assim, ela morreu por que invocou um demônio grande demais para ela controlar, ele ficou furioso e a matou, por que senão nós é que teríamos morrido – Corrigiu ela.

— Isso agora não importa, pois ela esta aqui e pelo visto é de grande utilidade para ele.

— Clarisse, creio que isso tenha passado pela sua cabeça, se Safira pode controlar demônios, então ela pode controlar Prometheus, ou seja, ela pode mandar ele de volta para o inferno – Isso não tinha nem cogitado em passar pela minha cabeça, mas não iria dizer isso a ela.

— Por que ele a traria ?, sendo que ela é uma arma contra ele ?.

— Ela é e não é, se ela estivesse conosco ai sim, mas como ela esta com ele, ela não é um perigo, quantos mais demônios ela invoca, mas forte ele fica.

— De qualquer maneira, não quero que ele vá para o inferno – Falei – Quero que ele morra definitivamente, ele foi para o inferno uma vez e voltou de lá, quem garantiria que ele não fara o mesmo se o mandarmos para lá ?.

— Bem nisso você tem razão.

— Vossa Alteza e não você – Disse Richard.

— Hum – Ela o olhou novamente e depois me olhou e depois para ele de novo para mim e então sorriu – Fala sério, não me diga que o consagrou seu guarda pessoal ?.

— Por que da pergunta ?.

— Sor, tenho a certeza de que não esta aqui apenas pelo reino, mas sim por ela – Disse ela olhando bem para ele e depois se virou para mim – E você lindinha, não o consagrou seu guarda pessoal apenas para te proteger, disso tenho certeza.

— Como pode ter tanta certeza assim ?— Perguntei.

— Conheço a natureza humana querida, sei quando desejam e amam algo – Disse ela sorrindo – Ou vocês se esqueceram de que eu controlo seres vivos – Aquilo me pegou desprevenida, não sabia o que responder, até por que era verdade – Mas enfim, não ganharemos nada ao ficar aqui.

— Para onde esta indo ?— Perguntei quando ela começou a virar as costas e ir em direção da onde vinhemos.

— Para a carruagem, para mais onde eu iria ?— Disse ela indo em direção de onde vinhemos – Vocês não veem ?— Eu e Richard nos entreolhamos e partimos em direção onde ela ia.

 


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