A Herdeira do Infinito escrita por Cabeça de Alga


Capítulo 15
Luis




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Sebastian, como era chamado o pai de Clarisse, disse que tinha forjado a própria morte e entregue sua filha para uma amiga da terra, para que cuidasse dela. Ele falou que ainda sentia a dor da perda de sua mulher, que não poderia perder a própria filha, a única coisa que tinha restado do amor deles. Logo depois que Susana tinha mandado ele fugir com Clarisse ele teve a noticia por uma amiga que viu tudo, ela tinha dito que Susana e Lyanna tinham morrido se defendendo, foi nesse momento que eu o cortei e disse que Susana não estava morta, disse que ela estava em Everis e que estava escondida, que tinha se camuflado como se fosse Lemeth e que Clarisse estava com ela sem saber, mas que Victor e Lorde Bron Reivel, tinham atacado Everis e capturado Susana, dando a Clarisse alguns dias para resolver o que faria. Mas que nesse meio tempo ela tinha passado para o lado negro ou pelo menos sido possuída por um antepassado do lado negro.

Sebastian ficou calado durante um momento, provavelmente tentado digerir tudo o que tinha falado.

— Então quer dizer que ela ainda esta viva ? — Perguntou ele meio abalado.

— Sim e acha que você morreu tentando proteger a filha de vocês – Sebastian parecia que ia chorar, tinha o rosto pálido de dor, ele queria esconder mas o medo e o desespero estavam estampados em sua cara – O que você fez ? – Perguntei já sabendo que ele tinha feito algo que não se orgulhava. Cristian e meu pai começaram a me adivertir, mas Sebastian cortou eles com um abanar e começou a falar.

— O menino esta certo, eu fiz uma coisa horrível, estava desesperado, não sabia o que fazer e nem como agir. Ela nunca me perdoará, eu sou um monstro.

— O que você fez ? – Perguntei de novo, ele me olhou com seus olhos vermelhos e com lagrimas neles.

— Vendi Clarisse no dia em que sua mãe morreu – Aquilo sim foi um choque para todos, olhamos para ele, que estava prestes a sair correndo do quarto – Antes que falem alguma coisa – Disse ele – Eu estava transtornado, não sabia o que fazer com ela, eu a culpava pela morte de minha esposa, a odiava silenciosamente, então a vendi para um Lorde de uma Galaxia distante, ele se chamava Lorde Vermort. Disse que a trataria como uma filha e que precisava de algum sucessor para seu trono e, quando soube que ela era a ultima Cronarius, veio pessoalmente para realizar a troca. Só que algumas horas antes de realizarmos a troca, eu percebi o que estava fazendo e que estava errado, mas não tinha volta, eu já havia recebido metade do pagamento. Então levei minha filha para aquele orfanato, onde tinha uma amiga, que prometeu cuidar dela. Voltei para o ponto que marcamos a troca com uma boneca no lugar de Clarisse, quando ele viu que não era o que queria ele se enfureceu, exigiu saber onde ela estava, foi ai que tive a certeza de que ele não queria ela para ser sua herdeira, mas sim alguma outra coisa maior. Não falei nada, isso para ele foi a gota d’água, mandou seus capachos me matarem, o que foi um erro, não tinha poderes, mas tinha outras habilidades, que nem mesmo Susana sabia. Tinha frequentado o curso de mago por dois anos, mais três e eu teria me formado, foi isso que me salvou. Criei um clone meu e desapareci, eles pensaram que tinham me matado, então pararam de me perseguir e Victor Reivel foi a mesma coisa, depois que soube do ocorrido ele parou de me procurar e passou a sua busca para Clarisse. Sabia que ela estaria protegida contanto que eu não aparecesse, então fiquei aqui. Sempre sonho com ela, sonho que eles encontraram e a mataram, igual fizeram com Susana, todas as noites eu me culpo pelo que fiz, todas as noites eu choro, choro por ter sido cético quanto ao aviso de Susana, choro por não ter feito nada naquela noite, por não ter dito a ela que eu poderia proteger a nós três, choro por ter deixado que elas morressem – Disse ele por fim chorando realmente, mesmo assim não conseguia sentir pena alguma dele, o que tinha feito era pior que qualquer coisa, ele tinha vendido sua filha e “matado” sua esposa.

— Por que ? – Perguntei – Por que não disse a ela que tinha habilidades de mago, mesmo que vagas ?.

— Por medo, de que ela me julgasse, por m….

— E esse medo quase levou ela e sua filha a morte, se não fosse por ela ter descoberto que o poder dos Cronarius tinha passado para ela, estaria morta agora – Disse cortando ele.

— Ela herdou o poder de sua irmã ? – Perguntou ele.

— É claro que herdou e graças a Deus por isso – Disse sendo ríspido – Se não fosse por isso ela estaria morta agora.

— Luis pare com isso – Disse meu pai.

— Como você pode pedir para mim parar ?, ele é..é uma coisa que me da repulsa.

— Luis eu disse para você par…

— Não, deixe, ele tem razão, eu não mereço compaixão, desculpas e nem mesmo perdão. Se pudesse voltar no tempo eu mudaria tudo, tentaria salvar ela. Se pudesse voltar eu….

— Mas não pode – Disse farto de toda aquela ladainha de um cretino – Agora você já pode dizer como traremos Clarisse de volta.

— Essa é a questão – Disse ele – Não podemos.

— O que ? – Perguntei estupefato.

— Apenas ela pode voltar, se o que vocês falaram for verdade e ela foi possuída por Prometheus, não poderemos fazer nada. Ela ainda esta lá dentro, mas presa, sua consciência esta ativa ainda, provavelmente Prometheus e ela tem conversado bastante.

— Então que dizer que a única coisa que podemos fazer é esperar sentados ?.

— Exatamente isso, mesmo que quiséssemos fazer algo não daria, não sabemos onde ela esta.

— Eu tenho uma ideia de onde eles estão – Disse Cristian do nada.

— Onde ? – Perguntei.

— Em Brimoudo, terra dos Bongolis, esse foi o único clã que ficou ao lado de Prometheus até depois da morte.

— Sim é uma boa ideia, mas o que ele iria fazer lá, todos os Bongolis estão mortos – Disse Sebastian.

— Nem todos – Meu pai falou – Existe uma criança, que Eryna não conseguiu matar na época, parecia que seus pais tinham dado sangue de demônio para ela, assim impossibilitou que ela fosse morta.

— Mas do mesmo jeito isso tem o que ?, mais de duzentos anos, ela já estaria morta agora.

— Ou talvez não – Disse Sebastian – As vezes quando uma pessoa com certas habilidades tomam sangue de um demônio maior, elas se tornam imortais e só podem ser feridas ou mortas por seu criador, ou seja, pelo demônio que deu seu sangue para ela.

— Então quer dizer que essa garota pode estar presa em Brimoudo por cerca de duzentos anos ? e que Prometheus provavelmente foi buscar refugio lá.

— Exatamente isso – Todos ficamos em silêncio, por alguns minutos, até que me lembrei do que Clarisse tinha falado sobre Lorde Bron Reivel.

— Também tem Bron Reivel.

— Sim sobre ele estar com Susana, depois que recuperarmos Clarisse vamos atrás de Susa…

— Não é isso – Disse cortando meu pai – Clarisse disse que quando ele atacou Everis, ele disse que para ter o poder que os Cronarius tinha, ele teve que tomar sangue de demônio, então pode ser que ele esteja junto com eles também – Disse – E também tem que a Rainha Irys esta presa lá.

— Então quer dizer que Susana pode estar no mesmo lugar que Clarisse e que Irys Loriel também esta lá, mas agora essa e a questão, o que ele quer com todos eles reunidos ?.

— Vingança, ele esta com uma Loriel, que foi o clã que matou ele, as duas ultimas Cronarius, que por acaso as duas tem as habilidades do seus clãs, mas Clarisse é mais especial, ela tem os mesmos poderes que ele. Talvez por isso ele a escolheu. E a garota Bongolis, por seu clã ter sido fiel a ele, mas por que trazer os Reivel para seu lado ?, isso não faz sentido.

— Realmente isso não tem lógica alguma, o único jeito para resolvermos isso é indo para Brimoudo e descobrir se eles estão lá. Mas antes precisamos descobrir como ir até lá – Disse Cristian, novamente me assustando.

— Bem mas a questão é: Quem nos ajudara a ir até um planeta exilado ? – Perguntei.

— Talvez eu conheça uma pessoa que possa nos ajudar – Disse Sebastian.

— Quem ? – Perguntou meu pai curioso.

— Meu pai – Disse ele com um tom de cansaço.

— Primeiro: teremos que chegar em Vornal, que por acaso fica em Morbidus, planeta dos Cronarius, mas que é governado atualmente pelos Reivel, segundo: como criaremos um portal ? e terceiro e ultimo: ele nos ajudara ?.

— Essa é a questão, não sei se ele me ajudara a salvar duas Cronarianas, sendo que o clã Gonums e o clã Cronarius nunca foram dos mais amigáveis.

— Mas você é o filho dele né!, se seu pai ainda estiver vivo claro.

— Não queria falar isso, mas tomara que meu irmão já tenha assumido o lugar de meu pai.

— Bem só descobriremos se formos lá. Então levantem essas bundas dai e vamos! - Disse.

— Você tem razão, mas teremos que arrumar alguém para abrir o portal.

— Mas você não tem alguma habilidades de mago, pois então use-as. E também tem os Reivels, o que faremos com eles ?.

— Frequentei apenas dois anos, se fossem três eu poderia abrir, mas eu não sei. E sobre os Reivels resolvemos depois que chegarmos lá. E se eles realmente estão em Brimoudo, que dizer que Morbidus estará vazio.

— Eu conheço alguém que pode abrir o portal – Disse meu pai.

— Então estamos esperando o que ? – Disse.

— Hoje não, vamos amanhã – Falou meu pai.

— Por que ? – Perguntou todos juntos.

— Porque eu preciso descansar, essa conversa me deixou exausto.

— Mas precisamos fazer isso o m…

— Já disse!, não vou antes do amanhecer de amanhã – Sua voz saiu realmente cansada, mas tinha alguma coisa a mais por trás dela. Algo novo até mesmo para mim.

— Ok. Vamos amanhã – Falou Sebastian quebrando o silêncio – Agora vamos comer alguma coisa, eu estou me sentindo faminto.

— Prefiro ir me deitar – Disse sendo um pouco abusado – o dia foi muito cansativo, né papai – Ele me olhou como se estivesse prestes a me enforcar, sei que era errado, mas a melhor coisa que aprendi com Clarisse era como ser abusado, dei um sorrisinho debochado para ele, me levantei e subi as escadas.

Não sabia onde ficava nada, mas não ficaria lá. Fui para o quarto andar da casa, lá tinha um corredor que dava para as portas que deveriam ser de alguns quartos. No corredor tinha quadros das paisagens mais belas que já vi, arvores em um tom amarelado, rosa e vermelho sangue. Gramado verde fluorescente, rochas e montanhas, cachoeiras e lagos cristalinos, a que mais me intrigou foi a de um castelo, ele era verde jade, suas muralhas deveriam ter uns quinze metros, suas torres de jade deveriam ter de vinte a vinte e cinco metros, o que mais me impressionava na pintura era a ponte levadiça, que dava entrada para o castelo, ela estava fechada, o que possibilitava ver suas características. Ela era de ouro gravado com runas antigas, me lembro de ver uma dessas em um livro de história, ela significa proteção, fertilidade e poder, ela tinha uma arpa de ouro em cada ponta. Suas muralhas eram de granito branco, o mais bonito que já vi.

— Lindo não é ? – Disse Sebastian chegando por trás.

— Sim, é muito lindo – Disse – Onde é esse lugar ?.

— O antigo lar dos Gonums – Sua voz saiu melancólica, como se olhar para aquele retrato lhe causava dor – Sabe nunca estive lá, mas é como se fosse uma parte minha, que foi tirada. Sei que demos motivos para isso, mas ainda sim fico pensando se ainda existe algo lá, se nosso palácio ainda esta de pé, já faz tantos anos – Seus olhos remitiam saudades de um lugar que ele nunca conheceu – Esse quadro foi a única que os Gonums conseguiram tirar do castelo a tempo. Pode-se dizer que é uma lembrança de casa.

— Talvez ainda esteja de pé, talvez você e Susana possam restaurá-lo depois que tudo se resolver – Ele me olhou sonhador, como se pudesse ver isso apenas em sua cabeça.

— Entre tantos talvez de uma coisa eu tenho certeza, ela nunca mais ira querer ver minha cara – Sua voz dessa vez veio com dor, uma dor que poderia consumir qualquer um – Quando ela souber o que fiz com Clarisse, que a deixei por medo, que a vendi, nunca olhará na minha cara novamente.

— E quem disse que ela precisa saber – Sabia que era errado, mas ele realmente estava arrependido, dava para ver em seus olhos que ainda a amava e muito. Quando ele virou a cabeça para me olhar, pude ver em seus olhos uma idade que não era dele, um cansaço eterno.

— Ela ira saber – Disse ele – Eu mesmo a contarei, não tenho o direito de esconder isso dela. Não tenho o direito de mentir para ela mais uma vez, não, dessa vez eu não mentirei – Tinha que admitir, talvez estava começando a me simpatizar com Sebastian, mesmo diante de todos seus erros ele não escondia, nem mesmo para manter a pessoa que ele mais amava do seu lado – Bem acho melhor você descer e comer algo.

— Estou sem fome – Menti.

— Bem, já que é assim o quarto é aquele dali – Apontou ele para uma porta no final do corredor – Partimos amanhã.

— Tudo bem, obrigado Sebastian – Disse.

— Quem deveria agradecer era eu, você cuidou de minha filha, enquanto eu n.. - Parou ele de repente , seus olhos arregalaram de susto – O que você esta fazendo aqui ? – Ele estava falando comigo ?, mas por que estava falando assim ?, ele sabia porque estava lá. Olhei para ele confuso, foi quando percebi que ele não me olhava, seus olhos estavam fixos atrás de mim, me virei para me deparar com uma mulher de branco, seus cabelos eram loiros ouro, sues olhos verdes, seu rosto era perfeito, quase de um anjo, tinha uma pele clara, igual a de um floco de neve, ela vestia um vestido branco com fios de ouro, que faziam desenhos antigos, os mesmos que estavam no quadro do castelo, um sinto dourado pendia em sua cintura, nele estava uma faca encrustada de rubis e diamantes de várias cores diferentes, ela estava descalça, em sua cabeça estava uma coroa azul quase transparente. Ela olhou para mim e depois para Sebastian e sorriu, aquele foi o sorriso mais maligno que já vi na vida.

— Que bom que me reconheceu Sebastian, pensei que ninguém saberia quem sou, já que tecnicamente morri a cerca de duzentos anos – Foi naquela hora que descobri quem era, poderia pensar: A estou doido, mas não a coroa esta lá e ela também – Bem venho aqui para te dizer que a guerra esta chegando e que eu fui encarregada de matar todos vocês, mas claro que isso não acontecera agora. Tera a hora e o momento certo para isso. Hoje eu só vim aqui para dar um aviso a vocês, que é bem, isso que vocês estão vendo – Disse ela com o sorriso no rosto – Rainha Eryna Loriel esta de volta – Nós dois corremos escadas abaixo, ela começou a rir, uma risada de divertimento – Corram, se escondam façam o que quiserem, mas nada adiantará, eu os encontrarei e acabarei com vocês.


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