Will and Youth escrita por honeychurch
Notas iniciais do capítulo
para Odd Ellie :)
Quando a madrugada tinha avançado o suficiente, Benjen dormia por necessidade, Eddard descansava por bom senso, e Brandon caia na inconsciência por conta da bebida, foi quando Howland sentiu que seria seguro ir até Lyanna.
Com sua voz apenas um tom acima do silêncio, ele sussurrou contra a lona da tenda da jovem Stark.
– Lya! Lya sou eu Howland!
– Pelos deuses Howland, o que está fazendo aqui?
A resposta dela veio mais rápido do que ele haveria esperado, e um segundo depois a cabeça de Lyanna estava para fora abertura da tenda.
– Não fique parado como uma pedra, ande entre!
Com um puxão que o deixou desequilibrado Howland foi dragado para dentro
– Você... vo – Ele começou a gaguejar, cheio de apreensão e alívio – Que bom que está bem! Deuses, você não tem ideia de como se arriscou! Isso...isso tem que parar Lya.
Seus dedos apontavam trêmulos para o corpo de Lyanna. Ela usava nada menos que o acolchoamento velho de armadura que eles tinham encontrado largado na arsenal do castelo, estar vestida daquele jeito só podia significar que sua amiga estivera praticando, e o pior, sozinha.
– Sim eu vou parar.
Howland que esperava por algum tipo de protesto e reunia em sua mente motivos para convencê-la ficou sem ter o que dizer. Timidamente começou a falar baixo e com as sobrancelhas fincadas.
– O rei mandou que fossem atrás de você, quero dizer, do cavalheiro da árvore sorridente. Robert está entre os que se mobilizaram para ir atrás dele.
Lyanna sorriu e suspirou.
– Eu sei, sei que estão atrás do cavalheiro. E meu noivo... ele ama tanto caçadas, eu deveria ter imaginado que iria querer participar.
As sobrancelhas dele se juntaram ainda mais.
– Como pode saber? Você não estava lá quando o rei falou, foi hoje a noite! Você sabe, mas como?
A jovem Stark se sentou em seu colchão. Howland não podia deixar de notar que seus longos cabelos escuros estavam soltos, e se derramavam ao lado do rosto da garota, escorrendo por seus ombros, e refletindo o brilho das velas. Naquele momento ele se deu conta de que nunca havia tocado nos cabelos dela. Como eles seriam contra seus dedos?
– O príncipe me contou.
A voz dela o trouxe de volta, mas para onde? Aquilo era a realidade?
– Rhaegar?
– Ele me encontrou treinando, e riu! – Ela disse com um olhar raivoso e depois abaixou os olhos para as próprias mãos – Contou as intenções do rei. Meu pai ficará perplexo pelo fato da senhora ser uma dama, achará uma afronta aos deuses, ele verá a fogueira como única sentença adequada. Foi o que ele disse.
Howland mordeu os lábios e se ajoelhou na frente dela, questionando se seria sábio tocar em suas mãos.
– Mas eu teria ido! Teria enfrentado a liça, e o rei, e Robert, e tudo mais o que viesse! Mas ele me fez prometer! Oh, Howland, por que eu prometi?
– Me atrevo a dizer que foi o melhor que você poderia ter feito, e me atrevo a dizer também que deveríamos ir embora. Não podemos confiar nele, não o conhecemos, e ele sabe do seu segredo. E se for louco como dizem que o pai é?
– O príncipe não é louco Howland – Ela disse com um sorriso, até que o sorriso morresse – Mas tem qualquer coisa nele que me faz ter arrepios.
Agora, sem pensar, ele apanhou ambas as mãos dela nas dele, como se o gesto fosse ter o poder de protegê-la. Logo ele protegê-la! Um rapaz da altura de uma moça de treze anos, incapaz de se defender de escudeiros.
– Ele parece triste Lyanna, e pessoas tristes tendem a trazer tristeza para outras pessoas.
Ela apertou as mãos nas dele, e depois o olhou, meio apavorada, meio curiosa.
– Teve outra coisa. Ele me disse que eu merecia vencer o torneio, e que eu iria vencer, de uma maneira ou de outra.
Naquela hora nenhum deles entendeu o que Rhaegar queria dizer, mas depois, quando ele colocou a coroa de rosas azuis no colo de Lyanna, tudo ficou claro.
A nova rainha do amor e da beleza não parecia feliz, e sim apreensiva. A princesa dornesa do outro lado se fazia o retrato da infelicidade e da vergonha. Harrenhal caiu no pior dos silêncios.
Pessoas tristes... Howland pensou.
Um ano depois ele iria de novo atrás de Lyanna, desesperado por mantê-la a salvo, mas agora ao invés de atravessar um acampamento adormecido, ele cruzaria um reino ensanguentado.
E era aqui terminava seu caminho, nos degraus da torre da alegria, e quem os escalava não era mais o garoto de Harrenhal, aquele garoto não tinha podido enfrentar alguns simples escudeiros, mas quem ia agora até Lyanna tinha derrotado os cavalheiros mais habilidosos do rei. E o que haveria no topo daqueles degraus? Alegria?
O que ele encontrou foi sangue, morte, e o choro de um bebê. Howland se sentou na cama ao lado de Lyanna, seus olhos não podiam ver como ela estava, as lágrimas turvavam a imagem, mas seus dedos sentiam a textura do cabelo dela, suaves e fortes como havia sido sua dona.
E era isso que uma pessoa triste como Rhaegar tinha trago, tristeza. Um reino inteiro de tristeza, e para Howland nenhum outro lugar tão triste quanto a torre da alegria.
– Eu fiz uma promessa para Lya – A voz embargada de Ned disse. Nos braços do amigo havia um embrulho de lãs barulhento – E agora você tem que fazer uma promessa para mim.
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