POV Natasha

—Você só pode estar de brincadeira- resmunguei assim que Rick terminou de descrever seu plano. Ele arqueou uma sobrancelha e ficou naquela posição típica de apoiar o peso em uma perna e por a mão na cintura.

—Porque eu estaria?- perguntou me encarando fixamente.

—Porque é total e completamente sem noção- respondi exasperada. Todos viraram os olhares para mim, inclusive Daryl.- Não sabemos nada sobre eles e até mesmo o pessoal de Hilltop sabe pouco. Não sabemos quem é o líder, e o pior, se é só aquela cede ou se existem mais postos.

—É para lá que nos levaram, e é para onde pediram que levássemos a cabeça- disse o carinha que tinha sobrevivido, o qual eu ainda não vou com a cara.

—Novamente só o que eles mostraram para vocês. Eles podem ser a ponta do iceberg que afundou o Titanic.- digo tentando colocar um pouco de luz na cabeça deles, que por sua fez me olham sem entender muita coisa, então explico- Tem mais merda no fundo.

—A Dixon tem um ponto- aponta Jesus e rolo os olhos, fazendo um gesto de descaso.

—Tenho todos os pontos- ele rola os olhos diante de minha fala e Daryl bufa baixo ao meu lado.

—Sabemos onde é o posto, sabemos o que querem e temos o prazo de usar isso até essa noite. É uma chance muito boa e podemos lidar com os retardatários que sobrarem, somos bons nisso.- diz Rick  e em grande parte o pessoal concorda.

Reprimo um xingamento, e o xerife, assim como Daryl notam minha insatisfação, então os dois agem dispensando o pessoal de Hilltop. Quando estamos apenas com os nossos, Rick pega uma cadeira e se senta em minha frente.

—É nossa melhor opção, Tasha- diz com os olhos azuis fixos nos meus- Precisamos dos suprimentos, e tendo feito parte do que prometemos podemos nos dar bem. Você sabe que podemos.

—Isso é como pular em um buraco ao qual não vemos o fundo e não levamos corda para poder subir de volta.

—Você  tem uma ideia melhor?- indaga cheio de seriedade.

—Observa-los de longe, mapear atividades, descobrir se tem parceiros?- respondo em tom de pergunta.

—É um bom plano a um longo prazo que não temos.

—É melhor estarmos prevenidos, Tasha tem um bom argumento aqui.- argumenta Abraham, me apoiando, o que me faz sorrir em sua direção

—Não temos tempo-responde Rick. Daryl balança a cabeça .

—É uma merda de opção- diz por fim, andando de um lado para outro, para parar ao meu lado em seguida.- Mas apoio Rick no que ele decidir.

Ficamos todos em silêncio por um longo momento. Sei que sou voto perdido, e principalmente, que Rick está muito preocupado com os mantimentos para ver a figura como um todo. Está certo quanto a isso.

—Vamos fazer isso- diz por fim. Nos entreolhamos por e concordamos com a cabeça por fim- Hoje.

Ao fim da reunião Abraham me parou.

—Sim?- pergunto meio aérea.

—Segui seu concelho.

—Que conselho? Vou te falar, nem sempre eles são bons- aviso e ele ri divertido.

—Meios amores não são amores de verdade- diz e eu me localizo.

—Ah, esse conselho foi bom. O que resolveu?

—Terminei as coisas com Rosita- diz e concordo com a cabeça, me dando conta de que isso explica a expressão desanimada dela lá dentro.- E falei com Sasha. Sinceramente, não há tempo a perder no fim do mundo, e eu descobri que estou apaixonado por ela.

—Vai fundo então- digo com sinceridade- Seja bem feliz com ela, porque os dois merecem. Rosita também merece felicidade, e se você não foi capaz de dar isso a ela, alguém vai. Ela mesma pode fazer isso, por exemplo.

Ele concorda com a cabeça e me dá um tapinha nas costas.

—Quem diria, eu um soldado tendo uma amiga mulher, é o fim dos tempos mesmo.- diz e então se afasta.

Caio na risada.

(...)

Depois da decisão final tudo aconteceu muito rápido. Algumas pessoas foram no trailer, e outros de nós no carro. No caso, eu, Rick, Glenn, Daryl e o carinha de Hilltop.

 Fomos na frente, procuramos um zumbi parecido com Gregory, que se você me perguntar não foi difícil de encontrar porque o cara é um bosta e zumbis são uns bostas em geral também.

Depois disso seguimos pelo caminho  apontado, e nos juntamos com um outro carro a uma distancia segura. Nos separamos pelo mato, encobertos pela escuridão.

Daryl aproveita enquanto estão todos se organizando e me puxe em sua direção, nos girando e me prensando em uma arvore.

—Daryl- resmungo baixinho, apreciando o beijo que ele dá em meu pescoço.

Ele me ignora completamente e se ergue para me beijar. Me entrego ao beijo, porque nunca soube fazer outra coisa a não ser me entregar. Nos separamos ofegantes e o encaro intensamente, meus olhos mergulhados em seus azuis.

—Só não faz merda, tá?- digo e ele sorri, aquele sorriso de lado super sexy.

—Tirou as palavras da minha boca, Loira- meu corpo treme com o uso desse apelidinho, que ele não usava a muito tempo.

Voltamos a nossas posições, e assistimos o desenrolar do teatro com a cabeça falsa, esperando nossa hora de entrar em ação, o que não demora muito.

Tudo acontece muito rápido. Eu, Glenn e Daryl começamos a ganhar corredores, cada um entrando em uma porta ao mesmo tempo, e todos aguardando a saída de todos para seguir em frente.

Não vou mentir, é um trabalho bem bosta e me sinto meio mal. Sempre fui alguém que gostava de dar as chances e igual para igual para todo mundo, mas mata-los enquanto dormem é desleal e covarde. Vejo esse sentimento refletido nos olhos de Glenn e Daryl, mas seguimos em frente, sempre em frente.

Em uma das vezes que fazemos isso um alarme ecoa por todo o ambiente e temos que agilizar. Tento abrir uma porta rapidamente, mas ela está trancada e tudo o que consigo é mandar a cara contra a mesma.

Xingo baixo e mesmo no meio do pandemônio que essa merda se tornou ouço a risada de Glenn. Mostro o dedo do meio para ele e me afasto para chutar. A porta treme, mas não se abre. Os dois chegam em meu socorro depois de acabar com os caras que apareceram. Saco a Ak e começo a atirar em todos que viram o corredor, enquanto eles arrombam a porta.

Passamos para dentro no momento em que um grupo chega armado. Demos ums sorte danada, acabamos dentro do deposito de armamento. Cada um pega mais umas armas e então começamos a atirar. Uns barulhos secos do outro lado indicam luta, e abrimos para encontrar Jesus mascarado dando pancada no povo.  Ajudamos.

Depois de um tempo o massacre acaba, e não me sinto muito bem com isso. Não somos muito melhores, mas digo a mim mesma que só fizemos o necessário.Sempre fazemos o necessário.

Um sobrevivente tenta fugir com uma moto, que acaba por ser a do Daryl, que fica uma fera. O tiro não é fatal, mas quando Daryl está pronto para faze-lo o rádio toca e alguém fala que está com Maggie e Carol.

Meu sangue ferve alucinado, e quero socar alguma coisa. Quero socar varias coisas, mas tenho que engolir a raiva e ajudar Glenn a se controlar. Daryl assume a dianteira e começa a procurar rastros. 

Quero saber quem foi o retardado que deixou Maggie vir no trailer, mas isso não vem ao caso agora.

(...)

Cada segundo da busca pareceu durar uma eternidade. Ian e eu ficamos sempre ao lado de Glenn, garantindo que nada saísse absurdamente errado. Ouço Sasha falar com Tyresee pelo rádio, informando nossa situação e perguntando sobre Alexandria, mas está tudo bem. Noto que Abraham está ao seu lado, sempre muito consciente de tudo e de um jeito estranho, já o vejo como um casal. Rosita está mais a frente, decidida a ignorar isso e entendo seu lado.

—Vamos encontrar Maggie, e ela vai estar bem- Glenn diz para si mesmo, e volto minha atenção para ele.

—Vamos sim- responde Ian.- Pode ter certeza disso, porque se eu voltar com a irmã de Beth com um mínimo arranhão estou fodido.

Sorrio de lado.

—Como conseguiu fazer Beth ficar?

—Aleguei que precisamos de médicos em segurança.

—Foi uma boa- admito e ele dá de ombros.

—Ela está uma fera comigo, mas prefiro ela irada e viva do que calma e morta.

Concordo com a cabeça, não podendo achar o ponto de vista mais certo do que isso.

Depois de um longo tempo e de uma longa caça, chegamos ao lugar. Não duvidei nem por um segundo que encontraríamos, porque Daryl estava aqui, e bem, eu também.

Nos posicionamos e estamos prontos para uma invasão quando nada mais nada menos que Maggie e Carol aparecem na porta. É um alivio geral. Maggie não está machucada, nem Carol. Pelo menos não exatamente.

Observo a de cabelos curtos com atenção, alguns avisos ecoando baixinho enquanto visualizo um olhar perturbado. Hum, temos um problema aqui, com certeza. A verdade é que Carol nunca superou um problema pra valer, e só foi empurrando com a barriga, e tenho medo do momento em que não vai mais poder fazer isso.

Ela finalmente para de abraçar Daryl ( o que para mim durou uma eternidade também, sim eu estava com ciúmes, que Daryl nunca sonhe com isso), mas minha atenção passa para Maggie que me abraça.

Rick se vira para o sobrevivente babaca e pergunta onde está Negan.

—Eu sou Negan- ele responde cheio de certeza, e sem me convencer nem por um segundo.

Rick atira em sua cabeça e nos diz para voltarmos para os carros, que acabamos por agora. Por agora talvez, mas algo me diz que aquele frouxo ali não era Negan. O cara não tinha pinta nenhuma de líder. Não mesmo.

Voltamos para o antigo posto dos “salvadores” e pegamos todas as armas e mantimentos que encontramos assim como todos os veículos. Ao fim da coleta estou exausta, de verdade.

Tara e Heath partem para uma busca com um trailer  e o resto de nós vai para casa descansar um pouco antes de ir até Hilltop devolver Jesus ( o que é muito estranho já que Jesus deveria ser de todos, o que eu iria querer muito se não fosse casada e totalmente apaixonada) e o outro carinha frouxo do qual não me dei ao trabalho de decorar o nome.

Mal posso esperar por um banho para logo depois me jogar em minha cama maravilhosa com Daryl ao meu lado.