Stronger feeling escrita por Iza


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Aqui estou de volta. Quero agradecer os comentários da Pat Black, Dark Lady e Adriana Bertolino. Comentários fazem tão bem...
Aqui tem outro capítulo, espero que gostem.



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Pov Natasha

Outro dia começa na fazenda e eu não posso negar que gostei de ter ficado, e não só por Glenn estar aqui, mas porque as pessoas daqui são boas.

Tomo eu café encostada na mesa enquanto observo o movimento. Depois que Daryl levou o tiro acidental da Andrea, ela voltou a ter umas aulas com Shane, e agora quem está de vigia em cima do trailer é Dale. Lori parece estranha, tensa, e Carol está sempre deprimida por causa de Sophia. Sinto muito por ela.

—Bom dia Tasha- diz Carl sorrindo para mim e eu devolvo um sorriso.

—Bom dia mini xerife. Como estão as coisas?

—Sinto falta de Sophia. Agora que Daryl foi baleado duvido que alguém vá atrás dela. Shane quer acabar com as buscas.

Shane é um idiota mal humorado que não liga pra ninguém, mas não é isso que Carl quer ouvir.

—Tenho certeza que seu pai não vai desistir. E, agora que o Dixon não está em condições posso entrar nas buscas. Sei rastrear. Vamos encontra-la Carl. –mesmo que a encontremos morta, completo mentalmente.

—Tasha- ouço Glenn me chamar e me viro em sua direção. Está com aquela expressão de quem precisa conversar. - Precisamos conversar.

Sabia. Eu meio que tinha planejado conversar com ele ontem para saber o que aconteceu desde Atlanta, mas o dia foi meio cheio e não deu.

—Claro. – concordo encarando-o por cima do ombro. Depois me viro para Carl e me despeço- Até mais xerife.

Ele me lança um aceno e se vai. Sigo Glenn para um tronco caído próximo ao acampamento, mas longe de ouvidos indesejados.

—Diga coreano, sei que aconteceram algumas coisas enquanto eu estava fora da sua vida.

—As coisas foram confusas por um tempo- diz dando de ombros, e encarando o nada- Começamos acampando próximo a cidade e eu buscava alimentos na cidade, me esgueirando pelas ruas pois era quem conhecia melhor a cidade, graças ao meu serviço.

Limito-me a concordar com a cabeça em um incentivo.

—Mas não é isso que quero dizer. Bem, acho que quero compartilhar um segredo. Você sabe que sou um desastre com isso.

—Sei. O que é?

—Lori está grávida. Ou acha que está, não sei. Quando fui a farmácia no dia que chegou, fui em busca de alguns antibióticos para infecção pois Carl estava em risco pelo tiro. De inicio quem iria era Maggie- sinto sua voz mudar quando diz o nome dela, e prendo um sorriso ao me dar conta que estou certa sim.- Mas concordamos em não deixar ela ir sozinha. Quando Lori soube que eu ia, me pediu um teste de gravidez. Não consigo parar de pensar na possibilidade. Sei que Rick não sabe, e ela me pediu segredo.

— E como você é um linguarudo, aqui está- digo balançando a cabeça negativamente. – É uma escolha dela, desde a hora de contar ao que fazer. Pode ficar tranquilo que não é mais algo que está só em suas costas, pois agora é um segredo que eu carrego também.

—Sabia que podia contar com você. Sempre posso- ele ameaça se levantar, mas o puxo pela camiseta.

—Não. Nem pense em ir saindo. Tenho uma pergunta importante a fazer. – ele franze a testa confuso então eu simplesmente mantenho  minha expressão séria e jogo a pergunta- O que está rolando entre você e Maggie?

—Eu, bem, é – ele se engasga e ameaça ficar vermelho e eu não consigo mais manter minha expressão séria e caio na gargalhada.- Natasha.

—Estão juntos eu sei. Mas quero saber o quão juntos, essas coisas. - digo sorrindo e ele relaxa, apesar de sua expressão não demonstrar a felicidade que eu esperava.

—Não sei- diz sério e entendo que é esse o motivo de não estar feliz- Nós, você sabe. Na farmácia. Mas desde então ela não conversa comigo. Nem no caminho da volta. E está sempre com a expressão fechada.

Penso por um instante e deixo as peças se encaixarem em minha mente. É um apocalipse, ela quer que seja sem compromisso porque sentimentos são perigosos, mas mesmo assim se sente atraída, e então uma garota estranha chega abraçando.

Ele não pensa na possibilidade de ela estar com ciúmes, pois ela já tinha ficado distante antes, e porque minha amizade com ele é algo natural demais para nós, somos quase irmãos, de modo que nem ele me vê como mulher nem eu o vejo como homem, e nos esquecemos de que as pessoas não sabem disso.

—Dê um tempo. – digo séria- É o fim do mundo, as coisas estão confusas. Ela pode estar confusa. Converse com ela depois, vão se entender.

—Ou não.

—Se não se entenderem ela não te merece. – digo me levantando e sendo seguida por ele- Vai dar tudo certo, você só está um pouco inseguro.

—Certo. - responde e me abraça – Vou ajudar os homens com umas coisas. Te vejo mais tarde.

—Eu sempre soube que o mundo tinha que acabar para você arranjar uma mulher, coreano.

Ele fecha a cara pra mim e vai embora.

Ajudo as mulheres por um tempo com a separação de mantimentos e roupas. Aparentemente o mundo acabou e elas ficaram responsáveis por lavar roupa de novo. Não concordo com essa divisão. Acho que todo mundo pode muito bem lavar as próprias roupas, mas entendo Lori lavar as dela e da família, e Carol faz isso porque é o que sabe fazer.

Depois de  separarmos as coisas, eu as acompanho até o lugar de lavar roupas, primeiramente porque sou a única armada e depois porque aproveito para lavar as minhas também. Lavo duas camisetas de Glenn, mas o coreano vai ficar me devendo já que não sou empregada dele.

Depois que as roupas são estendidas voltamos para o acampamento.  Hershel aparece na porta da casa e me chama.

Vou até ele pensando que Daryl fez alguma bobagem, mas na verdade ele quer dar uma olhada no ferimento do meu ombro. Ainda repuxa, mas me acostumei com a dorzinha. Ficamos no quarto de Beth, já que o de Hershel está ocupado pelo caipira.

—Está tudo bem. Mantenha limpo e não teremos problemas. Os pontos estão claramente forçados, então vamos tentar não rebenta-los, tudo bem? – me diz com um sorriso gentil e um olhar severo ao mesmo tempo, como um pai danando com uma filha.

—Claro. - respondo lançando um sorriso. - Obrigada.

—Não tem o que agradecer Natasha. Já tomou café?

—Sim- respondo sorrindo. –Obrigada, novamente.

Estava pronta para sair da casa quando ouço Beth chamando o pai, e parece irritada. Sem saber ao certo porque, paro.

—Pai, ele está se levantando – diz chegando a escada vermelha de raiva – Disse a ele que tem que ficar deitado mas me ignorou. Ah, olá Natasha.

—Oi- respondo – estamos falando de Daryl?

—Sim- responde Hershel com uma expressão cansada- ele não quer ficar deitado. Comportou-se melhor que o esperado, é verdade, mas não quer ficar na cama mais.

—Posso ir falar com ele?

—Sim, boa sorte.

Subo as escadas de dois em dois degraus

—Tem certeza?- pergunta Beth – ele está meio irritado.

—Tenho- respondo com um sorriso. - Está sempre irritado quando estou por perto, então não vai fazer diferença.

—Natasha?- me chama quando estou prestes a entrar, e me viro para ela – você poderia ajudar a mim e Maggie na horta novamente, dessa vez na colheita do que está bom? Sei que nunca fez isso, mas é quem aprende mais rápido e estamos precisando de ajuda.

—Claro. Vou lidar com ele  e depois vou até vocês, prometo. – respondo. Ela concorda com a cabeça e desce as escadas.

Abro a porta sem bater e encontro o caipira teimoso em pé apoiado na parede com uma expressão assassina.

—Vai matar quem?- pergunto indo até ele e o obrigando a se sentar novamente na cama.

—Você- responde entredentes.

— Eu? Mas eu acabei de chegar. Ainda nem fiz nada. Fiquei sabendo que anda rosnando com as pessoas. - digo me referindo ao pedido que fiz no dia anterior.

— Não me deixam sair daqui. - diz irritado. - “rosnei” bem menos do que deveria, isso sim.

—Por que o desespero para sair?- pergunto o encarando. Ele encara de volta.

—O velho não gosta nem que fiquemos na propriedade, quem dirá na casa dele. - responde sem desviar os olhos dos meus.

—É isso? Quer dizer que se te levar de volta para a barraca fica tudo bem?- ele desvia o olhar e franze os lábios.

—Depende. – O olho questionadora, e ele finalmente solta a verdade- Tenho que encontrar Sophia. Está perto.

—Certo, mas não pode fazer nada por ela sem estar recuperado. - digo séria, sem amaciar a verdade- desse jeito vai atrapalhar mais que ajudar. Quando estiver totalmente bem, volta com as buscas. Enquanto isso, Rick vai atrás dela.

—Rick não é um rastreador- rosna

—Mas eu sou- rosno de volta.

Ele fecha ainda mais e expressão e me dou conta de que não vai dizer mais nada, então me viro para sair.

—Wayland?- chama em tom de pergunta, como se odiasse faze-lo.

—Sim?- respondo me virando.

—Não vou ficar aqui. - diz se levantando novamente e entendo o que quer dizer. Odeia ficar dependendo de alguém, sabe que Hershel não gosta de ter seu espaço invadido.

—Certo- respondo abrindo a porta para logo depois voltar até onde ele está. Me olha confuso, e ignoro isso passando o braço por sua cintura com cuidado para não pegar onde está machucado.

—O que diabos pensa que está fazendo?- rosna novamente e lhe lanço um sorriso.

—não penso, estou fazendo. - respondo – e caso ainda esteja confuso, estou te ajudando a ir para fora.

—Não preciso de ajuda, ainda sei andar.

—Sei que sabe- respondo e começo a andar arrastando a fera comigo. Ele me acompanha de cara fechada.

Descer as escadas foi mais fácil do imaginei, ele é orgulhoso demais para apoiar o peso todo em mim, então eu o ajudei e ele me ajudou. Ao passar pela frente da casa vejo Hershel querer falar algo, mas lhe lanço um olhar de aviso e ele se limita a concordar com a cabeça em entendimento.

Passo pelo grupo e ninguém tem coragem de comentar nada a respeito e agradeço por isso mentalmente, pois sei que o mau humor de Daryl está mil vezes pior. Paro perto de minha barraca e ele é obrigado a parar também.

—Qual o problema?- pergunta ríspido se virando para mim.

—Não sei qual a sua barraca- confesso constrangida.

Ele me encara por um momento e balança a cabeça em negação para logo depois apontar a barraca que é praticamente em frente a minha. Sem nenhuma palavra a mais a abro para ele e o ajudo a entrar.

—Pronto-  ele rosna para mim –  já fez sua boa ação do dia.

Estava indo em direção a horta dos Greene quando vejo Andrea vindo em direção a barraca e sem conseguir me fazer ir em frente paro para escutar. Ela pede desculpas, dá alguma coisa e por incrível que pareça, ele diz que a desculpa. A mulher dá um tiro nele e tudo bem, eu converso e sou a pior pessoa que ele conhece.

Saio rosnando baixo, sentindo meu  sangue bombear rapidamente. Ajudo as Greene em silêncio, sentindo um mau humor absurdo e incontrolável. Beth puxa alguns assuntos, e tento responder sem ser mal educada, o que exige muito de mim.

Patrícia chama Beth querendo ajuda com o almoço ou algo assim e permanecemos Maggie e eu.

—O que acontece?- me pergunta parando o trabalho. Vejo o esforço que faz para ser agradável e me lembro de Glenn.

—Só estou irritada com algumas coisas. Acho que estou sendo uma péssima companhia.

—Realmente – diz e então ri- mas é o fim do mundo, você tem esse direito.

Sem me conter, solto uma gargalhada.

—Totalmente. Para dizer a verdade nem sei por que estou tão irritada. - digo dando de ombros e me sentando no chão.

—Acontece o tempo todo- diz se sentando ao me lado. Para olhando para o nada por um tempo e depois se vira para mim- vou ter que perguntar. Há quanto tempo conhece o Glenn?

Sorrio internamente, gostando do rumo que a conversa está indo.

—Não sei bem, perdi a noção do tempo, mas acho que faz um ano. -digo observando suas reações. Parece ficar mais tensa a cada instante, mas não vacila. Decido que gosto dela. - É meu melhor amigo.

—Jura?- pergunta se virando para mim e vejo esperança em seus olhos. - como se conheceram?

—Eu passei na faculdade de Engenharia Civil em Atlanta e me mudei. Não conhecia ninguém, e tinha passado o dia todo arrumando as coisas no apartamento, então estava exausta. Pedi uma pizza, e ele foi entregar. Fui sua primeira entrega. Ele tinha se mudado recentemente e também não conhecia ninguém. Estava absurdamente nervoso, e eu vi isso. Conversamos e ele foi o meu primeiro amigo na cidade nova, e eu fui a dele. – paro perdida nas lembranças por um momento. – Me deixava por último nas entregas só de pirraça, e se tornou meu parceiro nas festas. Se tornou meu protetor e irmão que eu nunca tive. Foi um alívio ver que ele está vivo.

—Então não são namorados?- sem me aguentar começo a rir.

—Absolutamente não.  É nojento pensar na possibilidade, apesar de ele ser um gatinho- digo e ela da de ombros. -Já vocês...

—Nós nada- diz séria- Ele disse algo?

—Dizendo ou não, você acabou de se condenar. - digo ocultando a conversa que tive com ele mais cedo- Se gosta dele, vá em frente. Se não gosta, como a irmã de coração que sou vou ter que defende-lo e você vai enfrentar a fúria das Saís.

Dessa vez ela quem ri.

—Não sei o que sinto. Me sinto atraída- para por um instante. – me afastei porque achei que era namorada dele.

—Sinal verde, Maggie.

—Nem sei por que estou aqui, praticamente desabafando com você – diz séria e paro para pensar por um instante.

—Acho que temos algo em comum no meio dessa loucura. Não sei exatamente o que, mas vou descobrir. Além disso, você não tem mais muitas opções de amizade.

—Tem toda razão.

Levantamos e terminamos o trabalho na horta, minha raiva totalmente esquecida. Ela me convida pra almoçar com ela, e acabo aceitando.

Volto para o acampamento no meio da tarde, e as mulheres estão discutindo algo sobre fazer um jantar de agradecimento na cozinha. Acabo ficando com a função de pedir as meninas. Elas adoram a ideia, e tenho a impressão que a opção de não cozinharem seja muito bem vinda.

Acabo me envolvendo completamente, rindo de bobeiras com as irmãs Greene e ajudando com algumas coisas aqui e ali. Quando descubro que temos carne de vaca, não resisto e pego a função de fazer eu mesma. Uso meus dotes culinários, com a boca enchendo de água conforme o cheiro vai se espalhando.

—O que está acontecendo aqui?- mesmo de costas, sei que Hershel está irritado. Invadimos seu espaço e ele odeia isso.

Maggie e ele conversam por um tempo e o sinto relutante.

—Lori, fica de olho na carne para mim por um momento?- ela concorda com a cabeça e  vou até os dois- Hershel?

—Sim, querida?- incrivelmente ele não parece muito irritado comigo

— Sinto muito por invadirmos seu espaço. Sei que não gosta disso.

—Tem toda razão, não gosto, mas posso aguentar um jantar.- diz sério, e acho que é o suficiente.

O jantar fica pronto rapidamente,  e o pessoal todo se junto. Sinto falta de Daryl entre eles, mas sei que o cabeça dura provavelmente não vem.

—Onde está Daryl?- ouço Carol perguntar e não consigo evitar de inclinar a cabeça em direção à conversa para escutar melhor.

—Foi bom você falar nisso, ele se recusou a vir. - responde Rick, que logo depois se vira para mim- tem como alguém separar um prato para ele?

—Claro- diz Carol e sei que ela já está em ação.

O jantar corre normalmente, apesar do clima tenso. Glenn faz algumas tentativas de melhorar o clima, mas essas falham totalmente.

Vejo a troca de olhares entre ele e Maggie, e mais tarde um bilhetinho ser passado. Escondo um sorriso e volto minha atenção a Beth, que apesar de estar acompanhada do namorado conversa bastante comigo.

—Essa comida está muito boa, principalmente a carne- escuto Hershel se manifestar e muitas concordâncias acontecem

—Natasha quem temperou e preparou a carne- diz Lori sorrindo e me sinto ficar vermelha- estava escondendo um talento, afinal de contas.

—Oh, então você já pode casar- brinca Shane, e o ignoro completamente.

Termino de almoçar, lavo meu prato e copo. Me sento no sofá com Beth e Jimmy e conversamos por mais um tempo. Como sinto que Glenn e Maggie têm planos nem me dou ao trabalho de conversar muito com ele ou esperar para ir embora.

Depois me preparo para voltar para o acampamento. Me despeço de todo mundo e estou na porta quando Carol me chama.

—Natasha, você poderia levar para Daryl?- pergunta me estendendo um prato com comida

—Porque eu?- pergunto franzindo a testa – Sem ofensas, mas não tem nada haver comigo.

—É a primeira que está indo embora- diz me olhando confusa- vai só esfriar mais e mais.

Usando da educação que minha mãe me deu, concordo com a cabeça apesar de estar contrariado e pego o prato.

Paro em frente a sua barraca e bato a mão de leve no tecido.

—Dixon?- chego a pensar que ele está dormindo, mas ouço uma resposta abafada depois de uns instantes.

—O que é?- é grosso como sempre, mas isso nem chega perto de me atingir.

—Carol mandou janta para você – digo ainda encarando o pano- vem pegar logo.

—Não.

Irritada, perco a paciência, me abaixo e abro a barraca. Encontro ele meio sentado no saco de dormir. Me olha indignado, mas me limito a por o prato próximo a ele e me viro para sair.

—Por que trazer o jantar?- pergunta me encarando

—Por que ser um grosso?- devolvo irritada.

—Perguntei primeiro.

—Você tem quantos anos? Sete? Trouxe porque me pediram e sou educada quando quero. Se não quiser comer, problema seu.

—Tem toda razão, problema meu.

—Idiota. Eu trago o maldito jantar e é um estupido, Andrea atira em você, e está desculpada. Vá se catar. - rosno e saio de sua barraca, fechando ela atrás de mim e me afastando completamente.

(...)

Acordo sendo sacudida e instantaneamente pego minhas Saís.

—Calma, sou eu- diz Glenn e franzo a testa para ele.

—O que diabos?

—Preciso de ajuda- diz , e sinto que está tenso.- Hoje vamos mais uma vez na cidade, pode ir conosco?

—Conosco?

—Eu e Maggie.

—Claro. Mas isso meio que atrapalha o encontro de vocês.

—Sim, mas da ultima vez tivemos problemas e prefiro ela mais segura do que ter um “encontro”- diz fazendo aspas com as mãos.

—Ok, me de alguns minutos. Já já encontro vocês.- ele concorda com a cabeça e sai.

Troco de roupas,  amarro os cabelos em um rabo de cavalo alto, visto o suporte das Saís e saio da barraca, dando de cara com ninguém mais ninguém menos que Daryl Dixon. Ele me encara intensamente, mas estou ocupada demais para me dar ao trabalho de ficar encarando de volta.

Encontro Glenn sentado na mesa discutindo com Rick sobre a ida na cidade, então me limito a cumprimentar todos com um aceno de cabeça e pego uma lata qualquer para café da manhã.

—E quanto a Sophia?- escuto Rick perguntar.

—Voltamos antes do almoço- diz Glenn- então posso ajudar nas buscas.

—Eu também, sei rastrear e quando voltar ajudo vocês .

Tudo fica decidido e o caminho até a cidade é curto. Sinto um clima tenso no carro e sei que ambos estão escondendo alguma coisa. Vejo que Maggie está séria e sinto uma espécie de irritação.

As coisas acontecem muito rápido. Nos separamos e pegamos alguns suprimentos a mais do que os que eram para serem pegos na farmácia. Maggie está ainda mais irritada na volta, e entendo o porque ao ver dentro da sacola um remédio para aborto. Chego a conclusão que Lori está mesmo grávida.

O fim da linha para Maggie acontece quando ela localiza Lori, e grita com ela dizendo que se quer aquelas coisas que vá ela mesma pegar. Entendo totalmente o ponto de vista e concordo com a maior parte. Não tenho opinião formada quanto ao aborto, não é escolha minha. Vejo Glenn ir atrás dela, e sei que vão se resolver.

Encontro Rick e começamos uma busca. Passamos a tarde toda na floresta mas não há sinal algum  da menina. Estou exausta quando o dia chega ao fim e quando estou passando pelo estabulo, ouço Daryl e Carol discutindo. Entendo por alto que o teimoso quer ir atrás da menina. Com um suspiro cansado vou até eles.

—Não vai encontra-la assim. – digo interrompendo no momento que chama Carol de vaca, ou algo assim.- está ferrado e só vai conseguir se machucar mais, não que seja problema meu.

—Está por perto e vocês idiotas não a encontram- rosna para mim, e Carol sai visivelmente magoada.

—Você idiota também não a encontrou. - rosno de volta e jogo a verdade em sua cara- Encare a realidade de que a menina pode não estar viva, até mesmo Carol sabe disso. Não estou dizendo para desistirmos, antes que comece a ter chilique. A verdade, Daryl Dixon é que encontraremos a menina, viva, morta ou zumbi. É o fato. Se quiser ir até lá fora, se ferrar, cair, se machucar mais e ficar dependendo dos outros, problema seu, vá em frente. Não vou te impedir, apesar de poder fazê-lo.

Observo ele jogar a sela no chão em um rompante de fúria,  e chutar o chão.

—Mulher infernal – grita para mim, com raiva queimando nos olhos azuis.

—Sim, vá em frente. Grite.- suspiro cansada. – seus rosnados não me assustam, já disse.

—Você está bem?- pergunta suavizando a expressão bruscamente-  Está diferente.

—Estou cansada, foi um longo dia.- respondo me virando para sair. – Até mais, caipira.

O deixo sozinho com seu surto e vou até o acampamento. Com um suspiro de alivio, me sento em um lugar qualquer e aceito um prato que Lori me oferece.

—Sei que não posso pedir mais nada a você, ou ao Glenn, mas por favor não fale nada ao Rick. – pede séria.

— Não vou, é coisa de vocês. – respondo com um dar de ombros. – Mas tem que dizer rápido. Não é um peso que tem que carregar sozinha.

Ela concorda e sai. Como em silêncio, lavo meu prato na bacia separada para isso e estou me encaminhando para minha barraca quando Glenn surge.

—Eu... lembra que odeio segredos?-  diz nervoso

—Já arranjou outro? Que saco em – respondo cansada.

—É algo sério. Sério de verdade, Tasha.

—Desembucha – digo m recostando em uma árvore e amarrando os cabelos.

—É que...- para por um momento pensando- o celeiro está cheio de zumbis.

Fecho os olhos e suspiro. Não. Não. Isso não. Mais problemas. Esse dia não vai acabar nunca?

—Onde?

—O celeiro principal. O fechado.

—vamos até lá. Quero ver essa estrutura.- paro bruscamente no meio do caminho e me viro para ele – segredo porque? Todos precisam saber.

—Maggie pediu. Eles acreditam que é uma doença e que existe cura.

—Certo, adoro Maggie, mas isso é estupido. Estão mortos.- digo parando em frente ao celeiro e observando

—Por favor, me deixe pensar em algo antes de contar  a eles – diz- sei que tem eles tem o direito de saber, mas não quero perder-la. Entende isso?

—Sim.- suspiro novamente –dois dias, coreano. É o máximo, concorda?

—Sim- responde passando a mão pelo cabelo. – vou tentar faze-la entender.

—Tudo bem. Vamos garantir que está tudo bem fechado, pelo menos.

(...)

Os dois  dias  passam voando.  Daryl está praticamente todo recuperado, já andando por ai e me irritando constantemente. Fomos em uma busca por Sophia, trabalhamos bem juntos por um tempo.

 Observo de longe Glenn se preparando para contar, e deixo que ele faça como acha melhor. Converso com T-dog enquanto as pessoas vão se juntando em torno de uma fogueira. Quando Glenn finalmente conta, Daryl me encara e arqueia sobrancelha. Entendo a pergunta muda, mas a ignoro.

Como o esperado, a indignação rola solta, sentem medo, correm para o celeiro. Checam as coisas que chequei anteriormente, Shane surta e tenta entrar com a intenção de acabar com aquelas coisas. Rick assume o controle da situação, diz que não podemos decidir isso pois é a terra de Hershel e deixa bem claro que aqui é um lugar seguro que não podemos perder.

Fico em silêncio observando tudo se desenrolar. Por fim decidem deixar vigias, e acho que é uma boa escolha.

—Você sabia- acusa Daryl chegando ao meu lado. - Glenn contou a você né?

—Sim- não minto, não tenho motivos para fazê-lo.

—Por que não disse nada?

—Glenn queria faze-lo.- digo me virando pra ir embora

—Não era uma escolha de vocês- diz me puxando pelo braço, o que faz com que meu corpo bata contra o dele. Nos encaramos intensamente e não consigo evitar que meus olhos se fixem em seus lábios.

Porque diabos esse caipira tem que ser tão sedutor sem nem se dar conta? Maldição. Sem me dar conta me inclino em sua direção e sinto que ele faz o mesmo, passando o braço ao redor da minha cintura e me puxando para mais perto. Consigo sentir sua respiração em meu rosto conforme ele se inclina  mais em minha direção e estou prestes a fechar os olhos quando ouço alguém me chamar ao longe.

Sinto meu rosto esquentar, me desvencilho dele e corro em direção a Carl que é quem me chamou.

Acabo indo até a casa dos Greene no meio da tarde com a intenção de conversar com Maggie. As coisas estão tensas e nem chego a conseguir conversar com ela. Peço Patricia para chama-la e espero na varanda. Ouço os típicos gemidos dos mortos e me viro pronta para reagir, mas me deparo com a cena mais estranha que já vi. Hershel e Rick trazem zumbis em coleiras.

Franzo a sobrancelha e desço os degraus da varanda correndo, ouço Maggie me seguir e dizer algo para Beth, como um pedido para que a mesma volte para dentro. Corro mais rápido em direção a aquilo no momento em que Shane aparece e surta totalmente. Ele grita, saca a arma e atira naquelas coisas, desperdiçando balas no peito na coisa em uma espécie de tentativa de mostrar que as coisas não estão vivas.

Saco as Saís e assisto Shane abrir as portas do celeiro em um rompante. Daryl surge ao meu lado de repente, pega meu braço e me puxa pra trás em uma espécie de extinto de proteção. Não reclamo, apesar de ser algo totalmente inesperado e desnecessário. 

As coisas começam a sair, Shane começa a atirar, Rick xinga e também saca a arma  se juntando nos tiros. Andrea surge atirando também  e Daryl se posiciona também. Guardo as saí e instintivamente levo a mão ao coldre de minha arma para encontrar um nada.

Glenn surge, consegue duas armas jogando uma para mim. Começo a atirar instantaneamente e vejo pela visão periférica ele encarar Maggie e se juntar ao tiroteio. 

Acaba rapidamente, um monte de corpos ficam caídos no chão, e abaixo a arma. E então as coisas ficam tensas, pois uma menininha zumbi sai cambaleando. Entendo chocada que a garota é Sophia quando Carol solta um grito angustiante e corre em direção a menina.

 Daryl é obrigado a soltar a arma e agarrar Carol. Todos ficam em silêncio e Rick anda a passos pesados até ela, levantando a arma e dando um tiro que põe fim a isso.

Em meio a isso, Beth corre em direção a um dos corpos, se abaixando e abraçando a um cadáver feminino, chorando compulsivamente. Observo me aproximando e meu instinto diz que aquilo não está exatamente morto. Capto um movimento e corro em direção a ela no momento exato que a coisa a agarra e se prepara para morder.

Pulo e empurro Beth para longe da coisa, logo depois enfiando uma das Saís na cabeça da zumbi. Ergo meus olhos e observo todos enquanto guardo a saí.

Glenn abraça Maggie que apesar de relutante se deixa cair em seus braços. Hershel está de joelhos chorando e em choque. É dor estampada no rosto de todos, e me sinto mal. Puxo Beth pelos ombros e ela me abraça soluçando. Sinto seu desespero e só deixo que chore.

Meus olhos inexplicavelmente encontram os de Daryl e apesar de continuar segurando Carol ele sustenta meu olhar intensamente.  O olhar dele me dá uma certeza que eu nem sei qual é.


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Notas finais do capítulo

É isso, espero que tenham gostado.. Comentem, juro que o teclado não vai morder vocês. Tem bastante fantasminhas por aqui.
Beijos, até o próximo.