Stronger feeling escrita por Iza


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Estou de vooltaaa. Bem, eu meio que converso sozinha, já que quase ninguém comenta~snif snif~ mas aqui estou novamente. A mesma coisa de sempre, qualquer erro me avisem.
A linha de tempo na fic é meio diferente da que acontece na série, pois nessa sequência a historia ficou melhor na minha cabeça.



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POV Daryl

Estava anoitecendo novamente, e eu estava fazendo a fogueira, já que nenhum dos outros integrantes parecia saber fazer uma descente. Natasha, a louca, estava em uma conversa animada com o coreano, sorrindo sem parar e com aqueles longos cabelos dançando conforme ela balançava a cabeça. Desviei o olhar irritado e foi ai que vi quando Rick se afastou da esposa e fez sinal para  Glenn, que falou algo com a loira e foi a seu encontro. Pouco depois, também fui chamado para a conversa. Confuso levantei, batendo a poeira das calças e fui até lá.

—O que é?- rosnei logo de frente, sem paciência para rodeios.

—Estamos discutindo quanto a devolver as armas a Natasha.- disse Rick. Lá estava ela novamente, como em todos os assuntos desde que tinha aparecido.

—Não, você está discutindo. Eu já deixei bem claro que as armas são dela, e que é melhor entregar antes que ela fique falando na sua cabeça até você enlouquecer. Ela adora as Saís.- disse Glenn sério, defendendo-a com fervor, e eu senti uma raiva estranha borbulhar dentro de mim.

—Não é porque ela é sua namoradinha que podemos deixar ela armada- disse com a voz ainda mais seca que o normal.

—Ela não é minha namoradinha.

—Glenn- chamou Dale-  preciso de uma ajudinha aqui com o trailer.

—Vocês sabem minha opinião- disse Glenn dando de ombros e se encaminhando para o trailer.

— E então?- perguntou Rick

—Não sei se é uma boa ideia, mas se vamos deixar a menina ficar não custa tanto assim arriscar- admiti de má vontade. Verdade seja dita, duvido muito que ela vá nos atacar- amanhã vou procurar Sophia.

—Imaginei mesmo. Nesse caso, você vai entregar as armas para ela. Espere aqui, vou pega-las – nem sequer tive tempo de recusar e ele já tinha ido em direção  a própria barraca, me deixando que nem um retardado esperando.

—Entregue para ela o quanto antes- disse me entregando o suporte com as Saís e já saiu como se pudesse mandar em mim.

Bufando e batendo os pés me virei para onde anteriormente a loira se encontrava, só para encontrar o banco vazio. Olhei ao redor, procurando por ela, mas a doida tinha evaporado.

—Onde ela está?- perguntei mal humorado a Carl, que se encontrava mais perto.

—Glenn entregou a barraca para ela, e ela foi montar. - respondeu

Segurei uma risada imaginando a princesinha tentando montar uma barraca sozinha e se enrolando toda. Virei as costas sem agradecer e fui para a área das barracas, que é próxima ao trailer.

Encontrei ela agachada sobre um quadrado de lona preta  com a barraca estendida a sua frente enquanto ela arrumava os pauzinhos. Infernalmente o lugar que ela escolheu é exatamente em frente a minha barraca.

—Precisa de ajuda?- perguntei enquanto me posicionava estrategicamente as costas dela, largando o suporte no chão. Ela virou o olhar para mim, balançando a cabeça para os cabelos saírem da frente do rosto. Malditos olhos verdes.

—Não, obrigada. - não consegui evitar a onda de surpresa e acho que ela de alguma maneira conseguiu ver isso em meu rosto, mesmo que eu não tenha expressado nada realmente. –Eu sei montar uma barraca, caipira. Já acampei antes. Mas, se quer me ajudar tanto assim, de uma olhada na caixinha, pois acho que esqueci um dos pauzinhos lá.

Com um dar de ombros fui até a caixinha e a balancei fazendo o ultimo dos pauzinhos cair em minha mão. Entreguei para ela, e ela habilmente o encaixou, logo depois se levantando e puxando a barraca fazendo esta se erguer. Depois de montada, ainda fixou ela no chão com as estacas, mostrando que realmente sabia o que fazer.

—E então, o que quer?- perguntou se virando para mim. Não consegui evitar olha-la de baixo a cima, desde suas botas de um marrom avermelhado, suas calças jeans escura e regata preta, passando por todas suas curvas, até seu rosto lindo, boca  tentadora e olhos penetrantes. Maldita. – Você está com uma cara engraçada, Daryl.

—Já me disseram muitas coisas, mas que tenho uma cara engraçada é a primeira vez.- respondi dando de ombros- Mas vim aqui para te devolver suas agulhas.

—Agulhas?-perguntou confusa, levantando as mãos e amarrando os cabelos em um rabo de cavalo alto, o que deixou seu rosto mais a vista ainda.

—Sim, essas suas agulhas de tricô – respondi pegando pela alça o suporte com as espadinhas que eu tinha deixado no chão e entregando a ela.

Primeiramente assisti um sorriso lindo brotar em seus lábios enquanto ela agarrava aquelas coisas e as vestia, os olhos brilhando tanto que eu até me senti mal por ter separado ela daquilo anteriormente. Depois, seus olhos escureceram e ela me olhou zangada.

—Vou tricotar sua cara Dixon, se continuar chamando minhas Saís de agulhas. Onde está a arma?

—Você pode até tentar loirinha, mas ambos sabemos quem ganha essa briga. Nenhum de nós fica com armas de fogo aqui, regras do velho.

—Aquilo foi sorte, fora que vocês estavam em dois. - rosnou para mim e eu vi seu rosto ficar corado de raiva. Pela primeira vez desde que Merle sumiu eu gargalhei.

—Isso é desculpa de perdedor, você sabe- respondi ainda sorrindo e me virando para sair.

—Daryl- ao ouvir o chamado parei sem me virar, e ela não se intimidou por isso. –Obrigada.

—Está agradecendo pelo que?- perguntei virando minha cabeça em direção e ela e me perdendo por um segundo naquela imensidão verde.

—Por ter se oferecido a ajudar com a barraca, e por ter me devolvido o que é meu. Você sabe, eu disse que se testasse sua educação comigo eu faria o mesmo.

Limitei-me a concordar com a cabeça e sair.

Acordei antes do sol nascer e sai da barraca, me espreguiçando do lado de fora, o que me fez sentir as costelas e a parte que o chute da maluca atingiu, e olhei ao redor. As pessoas ainda não começaram a levantar, mas sei muito bem que o velho estava quase levantando, sempre pronto para se meter onde não é chamado. Shane estava sentando no posto de vigia e balançou a cabeça e cumprimento e me obriguei a fazer o mesmo. Andei pela propriedade com a intenção de esticar o corpo, lavei o rosto com a água que cederam para nós e entrei na floresta e voltando um tempo depois com  dois esquilos.

Ao chegar no acampamento me deparei com quase todos acordados, Carol já ao redor de uma fogueira provavelmente feita por Rick preparando alguma coisa. Entreguei os esquilos para ela que fez uma careta, e peguei um pote de comida enlatada me sentando na mesa improvisada.

—Vamos atrás de Sophia hoje? –Perguntou Glenn se sentando ao meu lado e colocando umas comidas em cima da mesa.

—Na verdade, eu vou. Vai ser bem mais rápido e produtivo se for assim.

—Podemos sair em grupos- disse Rick se aproximando também – Mais gente cobre mais terreno.

—Eu vou a cavalo, sei rastrear, vai ser mais rápido.

—Rastrear quem?-me virei instantaneamente ao ouvir aquela voz, e dei de cara com uma loira doida se espreguiçando.

—Sophia. A filha de Carol.- respondi  tentando em vão controlar meu olhar que seguiu para sua barriga lisa que apareceu quando ela levantou os braços para espreguiçar. Não foi exatamente minha culpa, já que ela estava em pé  eu sentado, então ficou bem na minha faixa de visão.

—Ah, certo. Ouvi falar. Querem ajuda?-perguntou se inclinando sobre mim e pegando uma das latas em cima da mesa.- se arreda coreano.

—Te derrubaram Tasha?-Perguntou Glenn se afastando para ela sentar entre ele eu  e sorrindo- Você dorme mais que a cama.

—O sol começou a bater na barraca- respondeu dando de ombros – e ai, quer ajuda?

—Não mesmo. Muito mais fácil você me atrapalhar do que ajudar.- respondi fazendo careta.

—Não, mas tem um ponto aqui. Você não viu uma menininha enquanto  estava por lá?- perguntou Shane, que eu nem tinha visto se aproximar.

—Claro que vi uma menininha perdida no mato e deixei ela lá como ração para os zumbis. Se liga, eu em. - respondeu fazendo um gesto de desdém. Isso ai garota. Não, pera, você só pode conversar assim comigo.

—A Tasha sabe rastrear, Daryl. Pode te ajudar mesmo. - disse Glenn ignorando totalmente Shane.

—Rastrear? Faça-me rir, você?-Murmurei apontando para ela, que franziu a testa pra mim.

—Sim, gracinha. Sou maravilhosa nisso, só para deixar claro.

—Sei, super caçadora.

—Sou mesmo,  e teria comido um bom esquilo se você não tivesse acabado com a minha graça e enfiado aquele treco no meu ombro.- balancei a cabeça negativamente, ela não tem jeito mesmo.

—Esquilo é? Você estava caçando?

—Não só caçando, caipira, como já tinha pego um. Mas ai rolou toda a confusão e ele caiu no chão. Me deve um esquilo.- disse me dando uma piscadinha.

—Certo então.

—Você conhece o terreno?-perguntou Rick, e tive que admitir que se ela soubesse estaria alguns passos  a minha frente-Quanto tempo passou na floresta antes de me encontrarem?

—Não. Eu estava na floresta a tipo vinte minutos quando vocês brotaram.

—Você levou vinte minutos para ser sequestrada?

—Não. Levei vinte minutos para entrar, achar um esquilo, achar e encontrar vocês.Você tem noção que acabou de admitir que me sequestrou né?- respondeu dando de ombros e me lançando uma especie de sorriso vitorioso- Posso ajudar, se você engolir essa marra inútil ai.

—Não vai rolar, loira. Trabalho melhor sozinho.- respondi fazendo cara feia.

—Tanto faz- disse e se virou para Glenn conversando sobre qualquer coisa.Fechei a cara ainda mais, e senti aquela raiva vindo novamente. Que coisa, esses dois não ficam sem assunto não?

—Vou agora- disse para Rick, com a voz ainda seca e a raiva borbulhando.

—Deixe para depois do almoço Daryl, podemos usar sua ajuda  com umas coisas aqui- pediu Rick, e eu simplesmente concordei com a cabeça segurando um rosnado.

—Você sabe usar aquela arma, Natasha?-perguntou Shane e observei ela olhar para ele entediada.

—Não, ela é enfeite. Que bobeira.

—Se você não souber posso te ensinar hoje, junto com os outros.- Sei. Pelo jeito que ele vinha olhando para ela, ele queria ensinar muitas coisas.Todas os argumentos para ela ir embora tinham sumido quando ele a viu

—Sei usar muito bem, obrigada.

—Não acredito em você, vai ter que ir e me provar isso.- eu estava pronto para enfiar um murro na cara desse idiota quando Natasha largou sua lata em cima da mesa, contornou a mesa e ficou de frente para ele.

—Me de sua arma.- disse com a voz firme e irritada. Ele olhou confuso para ela.

—Não andamos com armas de fogo aqui. São as regras.

—Não se faça de bom moço que segue as regras. Sua arma esta com você, não no coldre, mas provavelmente no cós da calça. Me.Dê.A.Arma. Vou te provar que sei usar uma muito bem.

Muito interessado no que estava acontecendo, me levantei e encarei tudo aquilo. Ela estava realmente irritada, mas ao contrário de como é comigo, manteve uma postura fria, com a mão estendida esperando a arma. Interessado no desenrolar da historia, Shane entregou a arma a ela.

—Escolha um alvo. – a voz dela saiu séria, e ela nem se deu ao trabalho de olhar para ele.

—Vê aquele galho retorcido ali?- disse ele apontando para um galho meio distante e alto mas perfeitamente visível. Ele definitivamente estava afim de fazer ela errar- na base dele.

Sem nem responder ela separou as pernas na largura dos quadris, fazendo base, segurou a arma com as duas mãos, ergueu os braços mirou e atirou. Atirou, atirou e atirou. Três tiros perfeitos  na base grossa do galho,formando  uma fileirinha de buracos perfeitamente alinhados.

—Agora pode parar de encher o saco.- respondeu travando a arma e jogando para ele. Segurei um sorriso franzindo os lábios e dei as costas a eles.

Não a vi pelo resto da manhã, enquanto ajudava Rick e T-dog com um dos poços que estava com pedaços de madeira e coisas assim caídos lá dentro. Era hora do almoço quando voltamos para o acampamento e com um olhar geral vi que nem ela, nem Glenn estavam por lá. Franzi a testa e cerrei os dentes, mas me distrai indo em direção a Carol, com a intenção de pedir os esquilos para limpar,já que nem ela nem Lori sabiam fazer isso.

—Hey Carol, onde estão os esquilos?

—Natasha os limpou antes de ir com Glenn ajudar Maggie com uma espécie de horta. Já estamos cozinhando, pode ir descansar.

Então a menina não estava brincando quando disse que sabia caçar. Interessante.

Estávamos nos servindo quando ela e Glenn apareceram. Estava com o cabelo amarrado em um rabo de cavalo alto e vinha espendurada nas costas do asiático sorrindo. Senti meu mal humor normal aumentar absurdamente e ilogicamente.

—Eai- disse saltando das costas dele e indo se servir – Deu tudo certo, Carol?

—Sim, espero que tenha ficado gostoso.- respondeu ela sorrindo

Sem hesitar ela me empurrou com o ombro, se sentando ao meu lado. Olhei para ela com cara feia mas nenhum dos dois disse nada. Terminei de comer rapidamente e me levantei pronto para ir na busca por Sophia.

—Então você vai em busca da garota agora?- me perguntou engolindo rapidamente o que estava mastigando até então e lambendo os dedos. Ela provavelmente não tenha nem ideia do quão atraente aquele gesto era.

—Sim.

—Posso ir com você?

—Não.

—Ok- respondeu se levantando e ajustando o suporte nas costas- Nesse caso vou caçar.

—Não vai não. Vai ficar quieta aqui.- respondi irritado

—Adivinhe só, caipira: você não manda em mim. Não vou ficar aqui comendo a suas custas ou à custa do resto do grupo.

—Ninguém está se importando.- respondi sério.- Eu não estou.

—Você pode ser um bom caçador, mas precisa de ajuda para alimentar todos eles. E não estou pedindo sua opinião, só avisando mesmo.

—Mas..- fui interrompido no meio do meu argumento por um grito, e enquanto eu olhava ao redor tentando entender o que estava acontecendo ela saiu correndo em direção a floresta.

Xingando várias vezes corri atrás dela com a besta em punho, e de onde eu estava assisti ela desembainhar as espadinhas com sincronia e habilidade. Vi de relance um walker em cima do Carl e um outro se aproximando

Antes que eu, ou os outros que vieram correndo também pudéssemos assimilar o que estava acontecendo ela passou uma das espadas pelo crânio do que estava se aproximando e se jogando contra o que estava sobre Carl, fazendo ambos rolarem para longe do garoto. Eu comecei a mirar o walker,mas ela o empurrou com o pé e deu impulso enfiando as suas espadinhas nele ao mesmo tempo.

Ao olhar ao redor vi que todos estavam tão pasmos quanto eu com tudo o que tinha acontecido. Lori passou por nós correndo e agarrou o garoto com desespero e preocupação.

—Está bem? Arranhado? Mordido?- perguntou Natasha encarando o garoto.

—Não, não. Estou bem.- disse ele apesar de estar ofegante- Obrigado, Tasha.

—De nada. Só não saia andando por ai sozinho de novo. Queria fazer o que?

—Achar Sophia.- respondeu se apoiando na mãe, que o abraçava. Se virou para ela e completou- Eu queria encontra-la.

—Carl, querido, você não pode fazer isso sozinho. Rick e Daryl vão encontra-la.NÃO SAIA POR AI ANDANDO SOZINHO MAIS. – disse Lori.

—Carl- chamou Natasha e ele virou o olhar para ela- eu entendo. Entendo que queira ajudar, encontrar sua amiga e tudo mais. Mas se você for atrás dela, estarão os dois perdidos, vai dificultar ainda mais encontra-la e você vai passar a ser a prioridade, pois sumiu a menos tempo e é mais fácil de ser encontrado. Daryl vai rastreá-la, e vai trazê-la para o acampamento. Entendeu?

—Sim. Não vou mais fazer isso, juro. Desculpa.- ela o encarou e concordou com a cabeça

—Glennie, vou caçar. Volto em duas horas. - e sem esperar mais nada, saiu. Ninguém fez nada para impedir, pois ela demonstrou saber se cuidar.

Xingando por ela ter ido sozinha, voltei para a fazenda peguei um cavalo e sai em busca da menina.

Eu sai mas não consegui me focar em nada, só pensando na loira maluca sozinha no meio desse mato, podendo se machucar seriamente. Tudo bem que ela claramente sabe se defender, mas eu não sabia como evitar meus pensamentos de ficaram voltando a ela. Irritado comigo mesmo por estar mais preocupado com ela do que com a criança, incitei o cavalo a ir em frente.

O cavalo se assustou sei lá porque e cai rolando por uma espécie de barranco. Cavalo estúpido. Uma das minhas flechas entrou pelo meu abdômen e doía pra caralho. Rasguei um pedaço da minha camisa xingando ainda mais e tentei estancar o sangue e firmar a flecha.

 Me forcei a levantar e andei pelo lago procurando por minha besta. Encontrei ela e algumas flecha, e coloquei a besta de volta as minhas costas.  A alguns passos estava uma boneca, que creio ser de Sophia. Eu tinha que voltar para aquela fazenda. Guardei a boneca no bolso.

Depois  disso comecei a tortura de subir aquele barranco feito pelo capeta. A dor me fazia me sentir pesado e eu cai.

E cai de novo. E então comecei a alucinar.

—E ai irmãozinho, vai ficar ai deitado como um maricas? Eu sempre soube que você é um bebezinho.

—Eu estou tentando.- rosnei irritado- quem você pensa que é para vir me julgar?

—Pelo menos não sou a putinha do xerife.

—Voltamos por você mas você já tinha ido.

—E você desistiu de mim, o que eu não esperava de você. Agora está ai, como capacho daquelas pessoas. Eles não se importam com você, só te usam.

— Você não sabe o que está falando. Você não sabe de nada- rosnei, e passei a ignora-lo

 -Vai morrer ai, deitado descansando como a marica que sempre foi.

Senti como se ele estive me puxando pelo pé e acordei com um daqueles filhos da puta mordendo meu sapato. O chutei para longe e peguei um pedaço de madeira afundando na cabeça daquilo.

Outro se aproximava e eu  me lembrei de Natasha arrancando minha flecha e enfiando no walker que foi para cima dela, então segui seu exemplo e com um puxão arranquei a flecha enfiando ela no outro que se aproximava.

Praguejando me  virei para o barranco e já estava me preparando pra subir quando me veio a ideia de evitar que mais daquelas coisas viessem atrás de mim. Pensando nisso cortei as orelhas dos walkers que matei e fiz um colar improvisado.

Voltei a tentar e subir, e vagarosamente fui me aproximando do topo. Sentia todo o meu corpo doendo, pesado, dolorido. Uso toda minha força, vou chegar no topo, sei que vou. Passo pelo ultimo obstáculo e me deixo deitar no chão por um instante aliviado.

Caminho me arrastando, e cada passo é um horror. A fazenda parece estar a milhões e milhões de quilômetros de distancia, mas continuo firme. Depois do que pareceram horas,  avisto a fazenda. Me forço a continuar indo.

Pouco depois de sair da cobertura das árvores vi alguns deles vindo em minha direção. Finalmente. Espera, estavam armados, porque diabos estavam  armados?

Quando dou por mim Rick está com a arma apontada pra minha cara, com T-dog logo atrás dele  e  por cima do ombro acho que vejo uma cabeleira loira correndo em minha direção. Natasha?

—Atire de uma vez ou pare de apontar essa coisa pra minha cara – digo irritado para Rick, ainda tentando enxergar quem eu queria ver.

Então primeiro ouço o som, para depois sentir o baque, e caio pela milésima vez no dia feito um saco de batatas.

—Eu estava brincando- aviso quando sinto Rick começando a me apoiar, e então a vejo.

—O que diabos?- ela diz e  então minha visão escurece de vez.

Acordo em um lugar muito confortável que julgo ser uma cama. Forço meus olhos a se abrirem  e encontro Hershel guardando seu kit de socorros e Rick e Shane sentados  me encarando.

—Como se sente?- pergunta Rick se levantando e caminhando para perto da cama

—Maravilhoso- respondo irônico – Achei a boneca de Sophia. Está no meu bolso. Foi aqui perto, vocês tem um mapa?

—Não agora- responde Rick, e eu me mexo desconfortável, só então sentindo que só estou de cueca.

—Onde está meu cavalo?

—Aquele louco? Provavelmente ainda correndo. Quase me matou.

—É um cavalo arisco, se tivesse me pedido teria te avisado – disse irritado e eu segurei minha vontade de rolar os olhos. O velho ainda não entendeu que o mundo acabou.

—Nós vamos sair e te deixar descansar um pouco.- diz Rick se dirigindo a porta e sendo seguido por Shane  e Hershel. –Alguém vai te trazer o jantar daqui a pouco.

Me limito a concordar com a cabeça e me ajeitar na cama. Estava quase cochilando quando a porta se abre bruscamente. Me viro fazendo careta pela dor e encontro a loira louca segurando uma bandeja e fechando a porta com o pé.

—Eai, como se sente?- diz colocando a bandeja no criado mudo e me lançando um sorriso divertido

—Dolorido.- resolvo ser sincero, e faço uma careta.

Ela balança a cabeça em negação e me ajuda a me sentar. Sinto o lençol escorregar e revelar o meu peito, mas ela não liga a mínima e se senta na beira da cama, colocando a bandeja no meu colo.

—Come tudo, esquisito. Tem que recuperar as forças e coisa e tal.- diz com sua voz, pela primeira vez desde que a conheci, sem ironia.

—Vou comer.- respondo mal humorado e ela ri

—Parece uma criança que ficou de castigo.

— É quase isso. Isso vai me limitar e odeio estar limitado.- respondo com sinceridade e começo a comer. Ela dá de ombros e me encara.

—Soube que encontrou algo da menina. Ela deve estar perto.- diz e sinto seu olhar que ate então estava fixo em mim descer por meu corpo. Franzo a testa.

—Sim. Você esta me encarando com uma cara de psicopata.

—Estou mesmo. – responde dando de ombros, e me olhando de novo soltando um sorriso completo de orelha a orelha-  confesso que me sinto vingada apesar de não ter sido eu a puxar o gatilho.

—Estava planejando puxar o gatilho, loira?- pergunto arqueando a sobrancelha e sorrindo.

—Sim, mas saiu melhor que a encomenda sabe? Foi o gatilho e uma flechada de brinde. Como é sentir o próprio veneno, gracinha?

—Um horror- respondo sem conseguir parar de sorrir.

—Foi o que imaginei.

—Se te faz sentir bem, você não só teve sua vingança como o seu chute maldito me deixou um roxo- digo apontando distraidamente pro roxo próximo a onde a flecha entrou.

—Me sinto maravilhosa. Vou dormir como um anjo essa noite- diz se levantando. Observo cada movimento, sem conseguir evitar.

Termino de comer em silêncio, e assim que termino ela vem em minha direção e pega a bandeja.

—Vou ter que te pedir um favor- diz séria, e eu entendo que foi por isso que ela veio até aqui e fez tudo isso. Talvez a alucinação estivesse certa, e eu seja um tipo de capacho.

—Diga- respondo seco.

—Não rosne com as pessoas. Eu não me intimido, mas isso não quer dizer que as outras pessoas não se assustem. E elas só querem cuidar de você- disse com um tipo de diversão.

—Vou tentar- respondo, mas sai como um rosnado.De um jeito ou de outro sinto uma felicidade estranha brotando em mim por ela não me ver como um capacho, ou estar aqui por querer algo.

—Boa noite, Daryl- diz rindo da forma que respondi e se virando para sair.

—Natasha?-chamo sem me conter.

—Você disse Natasha?- pergunta se  encostando no batente da porta e me encarando- É a primeira vez que diz meu nome, gracinha. Sempre Wayland, Loira, Louca, garota, menina...

—Disse a garota que diz constantemente Dixon, caçador e caipira- respondo dando de ombros. Ela repara em como eu a chamo?- Obrigado.

—Pelo que?

— Por me trazer o jantar. E você sabe, se você testar a sua educação comigo, eu testo a minha com você. – respondi usando as palavras dela e sorrindo.

—Ah, gracinha. -Ela me encara, ri, balança a cabeça e sai fechando a porta atrás de si. Maluca.


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Notas finais do capítulo

Vamos lá, comentem, sei que tem alguns fantasminhas por aqui. Se vocês não falarem nada não vou saber o que melhorar ou o que manter. E paciência com o POV Daryl , é um pouco mais complicado. Até o proximo.