Stronger feeling escrita por Iza


Capítulo 30
Capítulo 30


Notas iniciais do capítulo

Mais um para vocês, e dessa vez foi bem rápido né?
Espero que gostem



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/679613/chapter/30

POV Daryl

Suspiro aliviado ao ver que a loira fez o que eu pedi e corro deixando que a porta se abra. Uso a faca para acabar com alguns e puxo uma maca para bloquear o caminho. Parece que os walkers brotaram no chão.Depois de derrubar alguns sigo derrapando até o fim do corredor.

Depois de pular  a janela que Natasha deixou aberta para mim corro em direção a estrada, onde sei que vou encontra-la. Conforme me aproximo sinto falta da cabeleira loira. Ela não está lá. O alivio que senti minutos atrás se esvai rapidamente dando lugar a uma sensação ruim. Ouço o derrapar de um carro e corre nessa direção para encontrar um carro marrom com uma cruz branca de partida. Por um instante insano acho que ela me abandonou mas então vejo que a mochila dela está no chão, próxima a estrada e isso faz com que todos os alertas pisquem em minha cabeça. Ela não deixaria a mochila caída no chão daquela maneira. Na verdade, ela não deixaria a mochila facilmente. Inferno sangrento.

Grito por ela e corro atrás do carro desesperadamente até que minhas pernas cedam. Encharcado de suor, deixo meu corpo cair em uns trilhos próximos a estrada, meus músculos tremendo, meus pensamentos bagunçados e desesperados. Sinto minha garganta apertada em uma sensação retardada de choro. Porra. É a minha mulher e eu não pude protege-la.

Idiota, é isso o que eu sou. Tinha dito a mim mesmo que não iria passar pela dor da perda novamente, e olha eu aqui de novo. Confuso, sem saber o que pode ter acontecido, o coração apertado de medo,  encosto a cabeça no joelho e xingo. Xingo todos os elementos, todos os fatos e acontecimentos. Porcaria, xingo até a mim mesmo. 

Não sei se minutos ou horas depois ouço a aproximação de um grupo. Permaneço parado, na esperança de que simplesmente continuem seu caminho. A mochila está bem protegida próxima de mim, e institivamente deixo a besta pronta.

É um grupo de homens, claramente nada bons.  Armados pra caramba, me lembram um pouco da vida de Merle antes do apocalipse. Vagabundos drogados e sem escrúpulos. Lido da melhor forma que posso.  Me levanto com agilidade para poder encara-los de frente.

—Esse colete vai ser meu- diz um magrelo esquisito que tem um arco nas costas.

—Essa besta vai ser minha.- um outro diz.

—Vem pegar- digo colocando-a na mira.

—Calma rapazes, ele ainda não está morto- diz um mais velho, claramente o manda chuva dos retardados- Eu sou Joe.

Me limito a encara-lo desafiadoramente.

—Sabe eu sempre tive uma admiração com arqueiros- diz como se falasse do vento- Acho que você seria um ótimo acréscimo ao grupo.

—Não estou interessado- digo e reconheço esse tom como o que eu usava com os traficantes que Merle se envolvia. Ameaçador e ignorante.

—Ah, você parece com alguém que perdeu uma mulher. Perdeu uma mulher ?- ele me encara como se eu fosse responder alguma coisa. Diante do meu silencio ele continua- provavelmente era uma das boas para te deixar nesse estado.

Continuo em silêncio, a mira fixa.

—Nossas regras são fáceis - continua sério, enquanto ainda me analisa - Não somos um grupo de difícil convivência, e estamos aceitando mais um, já que perdemos um integrante. E eu gostei dessa sua marra.

Não é exatamente um convite, sei ler as entrelinhas, se eu disser não eles atiram em mim e levam tudo o que tenho, mas de qualquer forma já perdi Natasha, não acho que tenha mais o que perder.

— Tudo bem- digo por fim completamente ciente do fato de que nunca vou desistir dela, e de que vou encontra-la. Só preciso me livras desses filhos da puta.

Seguimos para o Norte. A direção poderia ser certa, mas só se ela estivesse por aqui também.

POV Natasha

Não preciso nem abrir os olhos para saber que tem algo errado. Sinto meus braços puxados para frente,  os pulso juntos claramente presos, além de ter plena noção de que meu corpo está todo dolorido. Estou sentada com o pescoço inclinado para trás de um modo desconfortável do qual eu me obrigo a continuar. Mantenho os olhos fechados e me concentro em ouvir.  Vozes masculinas giram ao meu redor, irritadas com um deles gemendo de dor.

—Tudo culpa dessa vadia- o que aparenta estar com dor diz, as palavras entre cortadas. - Vou morrer por culpa dessa vadia.

—Bem, pense positivo, é uma vadia que vale muito a pena. Olha esse corpo. – alguém responde e preciso apertar os lábios para não rosnar. O som parece vir do meu lado.

As lembranças da briga me voltando com claridade. Ah, eu definitivamente vou fazer aquele vagabundo engolir a arma de choque. Ah se vou.

Eles continuam a falar sobre mim como se eu fosse um objeto conforme o carro anda. Penso nas possibilidades de fuga, e bem sei que os pés vão ser meus maiores aliados. Um momento de silencio e depois um suspiro.

—Ele morreu. A vadia o cortou pra valer - a voz pinga a ódio. O carro para.

 Arrisco abrir os olhos e me encontro sentada no banco da frente. Não preciso me virar para saber que tem outro homem no banco de trás, acompanhado por um cadáver. Ouço  a porta do motorista se abrir, e então o som de um corpo sendo arrastado para fora, seguido pelo baque de um homem se levantando.  Aproveito a oportunidade para olhar ao redor, sem movimentos bruscos, e fico aliviada ao ver minhas saís no suporte no piso do banco de trás.

A porta ao meu lado se abre bruscamente e um dos homens me puxa para fora pelos cabelos. Meus olhos lagrimejam pela dor, mas não esboço reação. Ainda não, digo a mim mesma. Deixo que me arrastem.

—Vamos comer essa vadia é agora- ele diz puxando meu rosto para perto do dele- Antes que tenhamos que dividir ou disfarçar.

—Ah lindinha- o outro se aproxima também, me fazendo sentir nojo dobrado- Nós só vamos fazer com força e violência. Você vai desejar nunca ter nascido, e mais ainda nunca ter matado um dos nossos.

—Pelo menos a causadora de todos esses problemas é uma gostosa de primeira.

—Vai ser bem gostoso, não se preocupe. Bem, pelo menos para nós.

—Você deveria nos agradecer por te salvar desse inferno, vamos te levar para um lugar limpo e que tem comida. Você só vai ter que abrir as pernas para nós sempre. Principalmente para nós.  O hospital está mesmo precisando de umas putinhas novas.

—Não que você tenha escolha- diz fazendo um carinho nojento meu rosto. Seguro o impulso de me jogar para frente e quebrar o nariz dele com uma cabeçada.

Só espere uma brecha, digo a mim mesma. Sem perca de controle. Sinto medo, sinto ódio e sinto nojo, mas me obrigo a ficar fria. Ser calculista nessas horas é o que pesa entre vencer ou morrer. No caso, entre matar ou ser estuprada para morrer mais tarde.

 O que segurava meu cabelo se afasta enquanto o outro leva as mãos até a minha calça. O que se afastou fala alguma coisa e o que segura minha calça se vira para responder e essa é a minha chance.

Sem dar tempo para mais nada uso minhas mãos algemadas na frente do corpo lançando-as para frente, sobre a cabeça dele e então puxo de encontro a mim, enforcando-o. O outro corre em nossa direção e puxa a arma do capeta apontando para mim. Quando ele atira giro colocando o colega dele na frente, que começa a tremer com o choque. Aperto mais forte sua garganta, ouvindo ele arquejar por ar e chuto seu joelho, fazendo com que caia.

Me abaixo com ele, ainda usando o idiota como escudo tiro as mãos de seu pescoço  e pego minha faca que fica escondida na bota, em seguida enfiando-a no pescoço de meu escudo. O outro grita de ódio e avança para cima de mim, aparentemente sem mais munição de choque, mas dessa vez não são três contra um, e sim mano a mano.

Não posso dar o soco que eu gostaria já que minhas mãos estão presas juntas, então uso e abuso dos chutes e um soco improvisado com as duas mãos mirando a garganta. Com um chute alto quando ele abaixa a guarda  acerto-o no rosto. Ele cambaleia xingando alto e cai. Vou para cima dele e continuo com os chutes. 

Deixo-o gemendo  e cuspindo sangue no chão por um instante, pensando em como acabar com isso. Queria minhas saís, mas não estou exatamente afim de ir até o carro para pega-las, então o chuto novamente, fazendo com que caia deitado no chão e me abaixo quebrando seu pescoço em seguida. Não é legal, agradável ou fácil, mas a minha raiva é tanta que não consigo me sentir culpada.

Preciso de mais força do que o imaginável e por um instante chego a pensar que não vou conseguir, mas o sonoro crack de osso se partindo me avisa que tive meu objetivo atingido.  Me sinto uma assassina corrompida por um instante, mas me recuso a me sentir culpada por ter tirado essa porcaria do mundo. Engulo a culpa, e tiro as chaves do bolso dele.

Depois de arrancar as algemas de minhas mãos jogo-as no chão e me levanto abotoando minha calça. Rosno baixinho só de pensar no que poderia ter acontecido e vou até o outro corpo pegando minha faca de volta. Uso-a novamente para garantir que não venham a ser zumbis, e depois de fazer isso com o segundo limpo-a no uniforme dele.  Vasculho os dois, pegando as armas de verdade, porque não acho que as de choque sejam uteis para quem não quer sequestrar as pessoas.

Encontro alguns cartuchos cheios e guardo no bolso, assim como minhas armas que voltam para os coldres em minhas coxas. No porta-malas encontro mais uma arma e mais algumas munições em uma bolsa, que levo para o banco da frente. Visto o suporte com minhas saís, me sentindo completa novamente, e logo em seguida dou partida no carro. Pela janela consigo ver alguns zumbis se aproximando e sei que eles vão ter um banquete com os três corpos que ficaram no chão. Com sorte vão ser totalmente devorados e essa existência inútil vai sumir da história.

Coloco o carro em direção ao norte, suspirando aliviada e agradecendo a Deus por ter me ajudado com aqueles brutamontes.  Passo por uma placa que me mostra que estávamos indo para Atlanta e franzo a testa, pensando na cidade abandonada, destruída e tomada por zumbis que deixei para trás a um bom tempo. Não permito que as lembranças de minha vida pré-apocalipse venham agora, até porque tenho coisas mais importantes com o que me preocupar.

Xingo alto. Agora estou mais longe da possibilidade de encontrar Glenn ao norte, e claramente longe de qualquer rastro dos outros, assim como também perdi Daryl novamente,sendo que essa ultima coisa me atordoa um pouco mais, além de me deixar bem triste. Encontra-lo da primeira vez já foi dificil, agora então...

 Não preciso ser uma vidente para saber que ele está preocupado, e que pode ter se metido em confusão.Espero que ele continue indo para o norte, para facilitar para mim encontra-lo.

Atropelo um walker ou outro que aparece em meu caminho, minha única preocupação com o perigo de estragar o carro com os restos de um desses nojentos.

Piso forte no acelerador, indo em direção ao meu homem, e com sorte, em direção ao resto de minha família.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Stronger feeling" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.