Stronger feeling escrita por Iza


Capítulo 29
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

Hey,
Quero agradecer a Isabella, a Uma leitora e a Lika Trevas pelos comentarios ( eu adoro cada um deles) Fico feliz que ainda me acompanhem.
Aqui está mais um. Eu particularmente não soube o que achar deste, mas espero que gostem.
Boa leitura.



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POV Natasha

—Acho que você não tem noção do quão perigosa eu sou agora- digo segurando firme a besta de Daryl. Ele ri as minhas costas.

—Tá se achando a senhora caçadora agora né?- Ele me dá um leve beijo na nuca e se afasta novamente.- Ainda é uma iniciante.

Depois de queimarmos aquela casinha, acho que ele se libertou um pouco do que pesava  sua consciência, e por incrível que pareça, me ensinou a usar sua besta. Por livre e espontânea vontade.

—Só admita que minha mira é maravilhosa e que um dia vou ser que nem você.

—Sonhar não custa nada- ele diz dando de ombros e fazendo pouco caso.

—Ainda to tentando entender o sentido de seguirmos um zumbi quando eu poderia treinar minha mira com essa coisa num esquilo- digo carrancuda e observo ele apertar os lábios em seu típico segurar de um sorriso.

—Porque esquilos estão em arvores, e o risco de você me fazer perder uma flecha é ainda maior.

Paro de andar, e me viro como uma criança mimada colocando língua para ele, que por sua vez deixa uma risada sair pelo nariz e me puxa para si mordendo meu lábio inferior.

O rastro fica mais fresco, e sei bem que é só virar para encontrar nossa presa inútil. Os gemidos também ajudam a confirmar minha teoria. Toda a brincadeira e leveza somem, e começo a me concentrar de verdade. De uma maneira estranha quero provar a Daryl Dixon que sou capaz.

Procuro uma visão melhor e firmo o braço me preparando para o coice da arma. O peso faz com que meu braço trema um pouco, mas ignoro isso. Não fiz ginastica olímpica por anos para ficar fraquinha.  Paro de andar, sentindo que tem algo errado, então desvio o olhar para o chão procurando algo estranho e franzo a testa para um montinho de folhas próximo ao meu pé.

—Natasha, foco- Daryl diz as minhas costas quando o zumbi finalmente nota  a minha presença e se vira para mim.  Volto meu olhar para ele, e então atiro.

 A flecha vai diretamente para seu olho e ele cai para trás, assim como eu por causa do coice. Movo meu pé esquerdo para o lado buscando apoio para meu corpo, mas o que encontro é uma armadilha de urso. A dor lancinante sobe por minha  perna e caio de joelhos, um grito preso na garganta. Olá maldição do chiclete na cruz. Maldito montinho de folhas.

Segundos depois Daryl está ao meu lado, a expressão preocupada e até mesmo um pouco desesperada. Se eu não estivesse tão atordoada poderia ter rido.

—Tudo bem, tudo bem- ele murmura e não sei bem se é para mim ou para si mesmo. Ele força a armadilha até que ela solte meu pé. Olho para o sangue que encharca minha bota e xingo baixo, meu pé pulsando. Fecho os olhos e tento sentir o estrago. Agora que a armadilha se foi não parece tão ruim- Está doendo muito? Se apoia em mim.

Obedeço, me apoiando em seu ombro e deixando que ele me erga. Arriscamos alguns passos assim, e dou conta numa boa.

—Pegue a arma- digo e ele me olha incrédulo.- O zumbi tem uma arma, pegue-a. Não segui esse treco e tive o pé ferrado pra sair de mãos abanando.

—Você é ridícula- ele me acusa, mas faz o que pedi.

Ameaçamos alguns passos, mas ele para.

—Não vai forçar seu pé, não mesmo.- diz enquanto passa a besta para frente e se agacha na minha frente. – Sobe.

Penso em negar, mas sinceramente, quais as chances de eu andar de cavalinho no Daryl de novo? Dou o impulso e o agarro pelo pescoço.

Caminhamos por alguns minutos e então vemos uma casa branca arrumadinha, com um cemitério na frente. Isso mesmo, um cemitério. Só isso já é uma placa luminosa de temos assombração para mim, mas ela ainda parece uma daquelas  casas de filme de terror onde ela é ser toda linda por fora e só acontece desgraça dentro, mas estamos em um apocalipse zumbi e esse tipo de coisa não é relevante.

Passamos por entre túmulos e túmulos e paramos na varanda. Ele se abaixa e desço cuidadosamente. O pé já nem dói, apenas lateja e creio que a bota tenha protegido bastante.

—Você espera aqui, vou dar uma olhada.- rolo os olhos, mas pela primeira vez na vida deixo que faça o trabalho sozinho.

Instantes depois ele aparece novamente e diz que está tudo limpo. Ao entrar me dou conta de que é uma coisa literal. A casa está limpa de verdade, sem poeira. Franzo a testa e comento sobre isso em voz alta, mas ele se limita a dar de ombros. Tão comunicativo.

A cozinha também está em ótimo estado, e – graças a Deus-  cheia de enlatados. O resto da casa conta com  um quarto com cama de casal, um cômodo com um piano e um caixão, e outro com um corpo parcialmente maquiado em uma maca. Estranho, mas novamente, estamos em um apocalipse zumbi, quer coisa pior que morto andando?

Daryl me senta em uma cadeira e tira minha bota com cuidado. Ao redor de meu tornozelo estão varias marcas dentadas cheias de sangue, mas apenas uma delas é preocupantemente funda, e acabo tendo que contar com um ponto nela.  

Depois de  ter o machucado limpo e enrolado em um curativo, vamos para a cozinha. Nunca antes comida enlatada foi uma coisa tão boa, e nós dois comemos nosso banquete com refrigerante quente. Ah, como eu queria um gelo nesse momento.

É estranho, mas ali em meio a uma refeição decente depois de dias, eu ainda me perdi nos olhos dele. Essas coisas de paixão ainda me pegam desprevenida. Quero dizer, que eu o amo eu já sei há algum tempo, mas todos esses efeitos colaterais ainda são novidade, e acho que sempre vão ser.

Eu nunca esperaria de Daryl Dixon os cuidados que ele tem comigo. Não esperaria um anel, consideração, dividir uma cela e todas as coisas dentro dela. O prazer de simplesmente dormir agarrada com ele. De um jeito ou de outro, quando o conheci, ele era apenas um cara misterioso e marrento que me instigava de um jeito diferente. Um desafio tangível que poderia me ajudar a passar pelo caos que o mundo é agora. E então eu resolvi que queria ajuda-lo também. E mais ainda, que o desafio era infinito e que eu adorava isso. Ai as coisas saíram dos eixos a atração virou paixão.

O momento é totalmente aleatório, mas ao invés de reprimi-lo, deixo que flua. Deixo minhas lembranças boas vagarem levemente e meu sentimento se expandir.

—O que?- pergunta lambendo os dedos como sempre faz, os olhos queimando nos meus.

—Nada.- digo desviando o olhar, constrangida pela primeira vez em tempos.

—Você está ficando vermelha- me acusa, enquanto se recosta na cadeira e coloca os pés em cima da mesa.

—Eu sou malditamente branca, é claro que eu fico vermelha.- respondo colocando mais um pouco de comida na boca e o encarando desafiadoramente. Meu rosto ainda arde.

—Estou com você a um tempo, loira- diz como se me analisasse. Sinto seu olhar em minha alma- Sei diferenciar seus tons de vermelho. O vermelho de raiva, de excitação, de cansaço, e o de vergonha. Esse é vergonha.

—Desde quando você repara nesse tipo de coisa?- pergunto  mexendo com uma linha solta de meu casaco.

—Desde o  momento que uma maluca entrou na minha vida. É importante saber quando você está prestes a fazer merda para eu me preparar para as consequências.

—Eu nunca faço merda. – respondo empinando o nariz de brincadeira e ele balança a cabeça negativamente. – Então você se importa comigo. Desde quando?

—Ah, você sabe.- ele dá de ombros, e é a vez dele ficar constrangido. Aperto os olhos em sua direção.

—Não me venha com “ah, você sabe”. – digo me inclinando na cadeira para mais próxima dele. Ele me encara intensamente, e se recusa a responder.

Ignorando completamente o que eu disse, ele se levanta e me pega no colo estilo noiva. Aparentemente eu sou bem leve. Subimos as escadas e ele me pousa na cama.

Depois de andar pelo quarto vasculhando as coisas ele volta com cobertas e travesseiros. Se deita ao meu lado e me puxa de encontro a ele.

—O que vamos fazer?- pergunto pensando em tudo o que acontece ao nosso redor. Precisamos encontrar Glenn, Maggie, Rick e os outros.

—Não planeja nada hoje- ele meio que manda, meio que pede. A voz está naquele típico tom de caipira mal humorado. – Só dorme.

—Não consigo- confesso sentindo mil e um pensamentos rodando em minha mente.

—Consegue.- ele diz seco, olhando para o teto e se recusando a me encarar de volta. Ficamos em silencio por um tempo, então eu bufo irritada.

Fixo meu olhar na janela e começo a fazer desenhos imaginários no peito de Daryl. Ele não reclama, mas também não expressa nenhuma reação boa, até que para minha surpresa ele levando o braço que abraçava minha cintura e começa um carinho desajeitado em meu cabelo, que logo se transforma em cafune. Meu corpo todo relaxa, e um sorriso me escapa.

E então eu vou para a acolhedora escuridão do sono.

(...)

Acordo com a luz do sol entrando pela janela e rolo na cama para encontra-la  vazia. Meu corpo reage instantaneamente e quando vejo já estou sentada na beirada da cama pronta para me levantar.

Paro por um momento, e escuto seus passos no andar de baixo. Meus músculos relaxam e eu resolvo ir com calma. Olho ao redor procurando minhas saís e encontro o suporte próximo a cama. Sorrio por saber que foi ele quem as colocou  ali, e que ainda teve o cuidado de por perto de mim.

Forço meu corpo a se erguer, e depois de testar o pé no chão e descobrir que está tudo bem, pego minhas saís e vou para fora do quarto. No corredor encontro o banheiro e acabo descobrindo que temos água.

Começo o banho, planejando que seja um dos rápidos e cantando uma musiquinha antiga mentalmente , além de claro agradecer  a Deus e quem mais der pra agradecer pela água. Antes que eu possa chegar perto de terminar meu banho, Daryl aparece, entra no chuveiro comigo e o banho fica para segundo plano.

 Visto uma roupa limpa, mesmo sabendo que ela não vai ficar assim muito tempo, e lavo a suja. Mais ou menos. Descemos juntos e comemos um pouco de nosso estoque.

Passamos a manhã discutindo rotas no norte que podemos pegar, ao mesmo tempo em que atentos porque está tudo muito limpo para não ter morador recente.

(...)

Não sei bem que horas são, nem mesmo estou preocupada com isso, mas ouvimos um barulho na porta. Instintivamente levo as mãos as saís, mas Daryl me faz um sinal para que eu espere.Como se eu fosse fazer isso.

 -O que era?- pergunto quando ele fecha a porta.

—Um cachorro.

—E você deixou o coitadinho ir embora? Ele vai virar ração de zumbi.

—Antes ele que eu- responde daquele jeito insensível e dá de ombros.

Rolo os olhos e começo a me encaminhar para a cozinha quando a porta faz barulho novamente.

—Quer conhecer o maldito cachorro?- pergunta encostado na parede. Olho para ele com uma sobrancelha arqueada. Por favor, é um cachorro.- Vamos conhecer o maldito cachorro.

Ele abre a porta tranquilamente, mas somos surpreendidos por vários zumbis.  Por puro reflexo corto  a mão que agarra o braço de Daryl e o ajudo a fechar a porta.

—Pegue as coisas e vá. Te encontro lá fora perto da estrada- ele grita enquanto força a porta.

—Eu não vou deixar você- rosno irritada.

—Que maldição, garota. Estou te dando tempo para pegar a mochila.

Aperto os olhos para ele.

—Não me chame de garota. E se você estiver me enrolando...

—Vou estar logo atrás de você- ele me garante e concordo atordoada.

Corro escada acima e pego a mochila, que novamente estava pronta, e desço as escadas tão rápido quanto é possível. Ele ainda segura firmemente a porta.

—Pule a janela- olho para ele de cara feia- Agora. E deixe ela aberta.

Penso em xingar negar e espernear, mas acabo concordando e corro até a janela dos fundos. Emperrada. É claro que essa porcaria ia estar emperrada. Uso todos os nomes feios do meu vocabulário e forço mais a janela, que com muito custo abre.

 Pulo para fora com a experiência que o apocalipse nos dá e corro em direção a estrada.  Todos os meus impulsos querem me fazer voltar. Pouco antes de chegar no asfalto me dou conta de que Daryl ainda não veio atrás de mim, então cedo aos meus impulsos e começo a voltar.

Um carro passa em alta velocidade na estrada próxima, e derrapa. Olho confusa ele parar e três homens vestidos de policiais saltarem dele. Não tenho tempo para pensar direito, tudo acontece muito rápido e então um deles está sobre mim.

Xingo em alto e bom som e luto contra. Dou um soco potente que quebra o nariz e o chuto para longe de mim. Outro deles chega perto também, me agarrando por trás e murmurando alguma bosta como “calma lindinha”, mas me limito a lançar minha cabeça contra a sua e pisar no pé.

A briga vira uma bagunça, mas eu finalmente consigo espaço para pegar minhas saís. Não hesito nem por um segundo. Infelizmente o tempo é curto e só consigo pegar uma. O maior deles se joga contra mim, e eu reajo cortando-o na barriga. Ele solta um grito abafado, e a próxima coisa que acontece é uma arma de choque me atingir no braço. Grito de for e minha saí cai no chão. Tento me mover para rancar aquele negocio de mim mas outro tiro me atinge no peito. A descarga de choque é forte e sinto minha consciência esvair. Penso em gritar por Daryl, mas minha voz não sai.

Um deles ajuda o grandão a estancar o sangue e o outro se aproxima de mim. Ele fala algo, mas não consigo identificar. Caio no chão com um baque e sinto a escuridão ruim me agarrar.


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Notas finais do capítulo

E então? Aos sumidos, o que aconteceu?
Beijinhos, até o próximo.



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